Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 33
Capítulo trinta e três – A última coisa


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está o capítulo que encerra a segunda fase da fic... Espero que aproveitem muito ele, pois foi escrito com uma animação desconhecida por mim... (e me desculpem se faltou sentimentos)
Enfim, boa leitura!! ô/ =D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/402418/chapter/33

E assim se passou um mês.

Neji e Tenten recebiam constantemente a cobrança de um bebê da filha, que havia realmente gostado da ideia de ter um irmãozinho, porém não conseguiam realizar o pedido de Akemi, porque não se sentiam preparados para a vinda de mais uma criança. Conversaram com a pequena Hyuuga, tentando explicar que ainda era muito cedo para um irmão aparecer na família, certamente a menina ficou desapontada, mas prometeu ser mais paciente.

Hinata e Naruto iniciaram a organização do casamento, que quanto mais o loiro folheava revistas e acessava a internet, mais assustado ficava com tudo o que tinha que providenciar. A data exata já estava decidida, o casal juntaria suas escovas de dente no final do mês de maio. A morena também ficava de cabelos em pé, pois tinha que conciliar o seu tempo, dividindo-o com o planejamento escolar e do casamento. Mesmo assim a felicidade não cabia nos corações do casal.

Era começo de novembro, o mês em que o filho do casal Nara nasceria, e por isso Temari estava muito ansiosa, não via a hora de conhecer o pacotinho de vida que carregou nos últimos meses. E ela ria a cada ação desesperada do marido que a qualquer movimento ou som diferente corria para perto dela pronto para leva-la ao hospital, isso de certa forma acalmava a grávida que cada dia que despertava, sonhava que no final deste estaria com o filho nos braços. E a ideia de ter um filho na água já estava mais que confirmada.

Entretanto, nem todos os casais estavam juntos. Gaara ainda estava irredutível, não queria reatar o namoro com Ino, mesmo que a loira tenha ido três vezes a seu escritório, no intuito de conversar. Mas o ruivo sempre pedia para ela ir embora, pois via pela aparência muito magra da modelo que nada havia mudado, e isso o deixava com o coração apertado. Já Ino, após suas tentativas corria para Kohana, que a tratava de forma dura chegando a aparecer grossa, e com esse tipo de tratamento a loira percebeu que a amiga não entendia seu sofrimento.

—Ino-chan, você está bem? – a Hyuuga perguntou preocupada. –Quer que eu traga um chá? – estavam as quatro mulheres reunidas no apartamento do Uzumaki.

—Não precisa, Hina. Eu estou bem. – respondeu em um fio de voz.

Dois pares de olhos pararam na Yamanaka, analisando-a.

—É claro que precisa Ino.

—Há quanto tempo você não come?

 Temari e Tentem se pronunciaram.

—Não faz diferença, Ten. Vamos continuar. – deu de ombros e desviou o olhar à revista em mãos. –Olha Hina, esse tipo de decoração vai bombar na primavera, que tal? – tentou desconversar.

Algo dentro da Yamanaka se remexeu, a deixando tensa enquanto as duas Hyuugas e a Nara trocavam olhares preocupados.

—Boa ideia, Ino-chan. Vou colocar na lista de pendencias. – responde nervosa, vendo a amiga voltar a folhear a revista.

Um silêncio tomou conta do ambiente. Nenhuma das quatro se atrevia a falar, tentando se concentrar em revistas e tabletes, pareciam estar constrangidas.

A situação pesou mais ainda nos ombros da modelo que cada vez mais sentia ser pressionada pela própria consciência. Não sabia como iniciar uma conversar e muito menos como agir diante das amigas de infância, mas Ino também sabia que não podia se comportar daquela maneira.

—Como anda a sua recuperação? – foi salva pela indagação da Hyuuga.

Num pulo, a Yamanaka desviou o olhar para o rosto angelical que demonstrava carinho. De repente seus olhos se encherem de lágrimas, dando-se conta da falta que sentia das amigas.

—Ino? – Temari se assustou com a lágrima que escorria pela bochecha magra.

—O que houve? – preocupou-se a morena de coques ao sentir os braços ossudos a rodearem em um abraço.

—Percebi agora que sinto saudades de vocês, que deveria ter ido as nossas reuniões do mês passado e, ter contado que Gaara e eu não estamos mais namorando, que não consigo parar de forçar o vomito e que a Kohana vem me tratando muito mal. – desabafou entre soluços. –Fui ao médico semana passada e ele me disse que se eu não ganhar três quilos, vou passar para anorexia.

As palavras da loira pegaram as três mulheres desprevenidas.

—Isso é mais perigoso que nós pensávamos.

—É sim, Tema. Mas toda vez que como a quantidade normal uma voz na minha cabeça diz que vou engordar.

—É só ignora-la. – Tenten falou em tom obvio de voz enquanto fazia um cafuné no topo da cabeça loira.

—Fácil falar. – rebateu chateada.

—Mas é fácil, Ino-chan. Apenas ignore e volte a comer como antes, garanto que você não vai parecer uma obesa.

—É exatamente como a Hina está dizendo e, para você se sentir motivada, vamos comer a mesma coisa que você.

—E um pouco mais, porque seu afilhado vai precisar... – mandou uma piscadela à Yamanaka ao mesmo tempo em que acariciava a barriga.

Depois de dias andando tristonha e forçando sorrisos às sessões de fotos, a loiro pode deixar um sorriso alegre, porém pequeno se formar em seus lábios.

—Não vamos deixar você ter anorexia. – falou Tenten apenas para ela ouvir.

—Eu nem quero ter. – completou apertando o abraço. –Desculpe se me distanciei de vocês e também sinto muito pelas discussões de meses atrás. Não gosto de brigar com vocês, meninas.

—Relaxa Ino. Vamos considerar que foi uma fase rebelde de uma modelo estressada!

Hinata e Temari concordaram com um aceno de cabeça e o sorriso da loira se alargou quando a morena de coques limpou os resquícios de lágrimas.

—Podemos deixar a decoração de casamento para outro dia e irmos fazer o nosso jantar. O que acham?

—Boa ideia, eu estou com fome mesmo. – acariciou novamente a barriga superarredondada.

Rapidamente, a Hyuuga e a Yamanaka trocaram olhares e concordaram ao mesmo tempo. Então, sem esperar um segundo chamado, as quatro levantaram e foram para cozinha.

Prepararam o jantar conversando sobre assuntos variados, mas principalmente sobre o quão estavam animadas com a vinda do filho da Nara, até entraram em uma discussão de quem seria a tia mais babona.

—A Ino não pode ser, porque ela já é madrinha. – comentou Tenten fazendo bico e concentrada no celular.

—Olha quem fala, a Hinata é madrinha da sua cria e mima mais que a Tema e eu juntas.

—Porque a Akemi-chan gosta muito de mim.

—Vai gostar de você até resolver trazer uma miniatura do Naruto para nós, porque só consigo imaginar a Akemi com ciúmes. – falou Temari tomando suco de uva no canudo. –Durante esses últimos anos, ela foi a única criança entre nós e sempre recebeu todos os mimos, então não seria estranho ela ficar enciumada com a chegada de um priminho ou de um irmãozinho. – riu sendo acompanhada da outra loira.

—Nem fale uma coisa dessas, Tema. Desde o último churrasco, ela cismou que quer um irmão mais novo. – suspirou. –Neji e eu conseguimos convence-la de que ainda era muito cedo, mas antes de dormir Akemi tem que pedir ao pai plantar a semente na minha barriga e fazer a mágica. Sinto-me até pressionada.

Riram maliciosamente ao ouvir a última parte, era incrível a inocência de uma criança.

—Mas não seria melhor se vocês tiverem o segundo filho logo? Para não terem uma enorme diferença de idade e você ter que aprender como lidar com um bebê de novo?

—É... – respondeu incerta. –Mas o aniversário da Akemi está chegando e não quero organizá-lo carregando um serzinho dento da minha barriga. Vai ser no mínimo estressante.

—Fale logo que é pesado. – a grávida disse, arrancando risadas das mulheres.

—Vocês estão mesmo satisfeitas e felizes. – pensou alto encarando as amigas, o que acabou chamando a atenção das mesmas.

—Não se faça de coitada, Ino. Você também é feliz. – repreendeu a morena de coques.

—Eu seria feliz com meu namorado de volta. Mas ele não quer nem conversar comigo. – lamentou-se brincando com um grão de arroz que havia ficado em seu prato.

—Até você mostrar que realmente mudou e quer melhorar, o Gaara não vai querer conversar. Foi o que ele me disse quando veio conversar comigo um dia depois que vocês terminaram.

—Então a sua felicidade via depender de somente de você, Ino-chan.

De cabeça baixa, ela assentiu enquanto sentia o próprio coração doer. Talvez estivesse fissurada com o peso corporal, mas não conseguia se conter ao imaginar seus braços e pernas gordinhos e com as típicas gorduras laterais, o que causaria o fim de sua carreira como modelo. Porém faria um esforço, pois não queria parecer um esqueleto ambulante, como o ruivo havia dito meses atrás. Afinal, era sua saúde que estava em risco com a perda absurda de massa corporal.

—E das amizades também. – falou Temari despertando a loira dos devaneios. –Não sei se você percebeu, mas a Kohana te prejudica de forma bem sutil.

—Ela é minha amiga, nunca faria uma coisa dessas.

—Tem certeza disso? Porque na última quinta-feira de compras de setembro, eu vi ela te fazendo de marionete.

—Você foi? – intrometeu-se Tenten, curiosidade estampada em seu rosto.

—E andar um dos maiores shoppings da cidade com essa barriga? Nem pensar. – balançou a cabeça de um lado para o outro, enfatizando. –Shika e eu encontramos as duas jantando naquele restaurante novo que abriu em setembro, o Gaara estava também. E ouvimos o apoio que ela estava dando à loira, xingando o meu irmão sendo que a errada era Ino. – só de lembrar a cena, a vontade de quebrar o nariz plastificado da Shiroki voltava a se remexer dentro de si. –Calma que tem mais, quando estávamos na sobremesa, a lindinha ainda teve a audácia de dizer que a gelatina light da Ino ia prejudica-la. Observação para a porção de gelatina que vinha numa taça de sobremesa pequena.

—No começo ela era tão legal. – lamentou-se Tenten.

—Ela fingia bem, porque quando pedi para ela se afastar da Ino, mostrou a verdadeira face. Lógico que a chamei de fingida e manipuladora, mas pelo menos queremos o bem da Ino e não somos como Kohana que influência a nossa amiga dizendo...

—“Você tem certeza que consegue comer tudo sozinha? Sabe, é light, mas não quer dizer que não prejudique seu corpo.” – a Yamanka completou, lembrando-se do aviso da Shiroki, que para ela não soava negativo.

—Um conselho, Ino. Se você quer realmente se recuperar, não seja amiga dela. Mas se ainda assim quer ter a amizade da Kohana, preste mais atenção nas atitudes dela. Porque aquele rosto bonito é só bonito, não vejo verdadeira preocupação nele.

—Só que Tema, eu não posso simplesmente me afastar dela do nada, ela vai estranhar.

—Se ela está te tratando mal, o que há de errado em se afastar? – disse a morena. –Mas, é você quem decide Ino-chan, nós estamos apenas dando conselhos.

Novamente, a Yamanka só assentiu com a cabeça, pensativa. Estaria certo o que a Nara e a Hyuuga haviam dito? Realmente a amiga de trabalho queria prejudica-la? E por que se lembrou da irritação que havia sentindo quando a Shiroki praticamente exigiu que dividisse a gelatina? Suspirou, na próxima quinta-feira prestaria atenção nas atitudes da amiga loira.

—Mudando de assunto, vocês preferem sorvete ou brownie? – ofereceu Hinata já retirando as peças de louça para servir a sobremesa.

Entretanto o som de vidro se quebrando e um grito agudo preencheu a cozinha, assustando-as. Temari pendeu para frente de leve com as mãos sobre a barriga, seu filho vinha se mexendo muito naquele dia, mas não deu importância, pois pensava que era normal. Mas a Nara estava enganada e um nervosismo cresceu dentro de si ao sentir um líquido escorrer por entre suas pernas.

—Gente, acho que estou em trabalho de parto.

—Você acha? – retrucou Tenten. –Eu tenho certeza. – e levantou-se para ajudar a amiga de alguma forma.

—Vou ligar para o Shikamaru. – a morena avisou desconectando o celular que carregava.

~~*~~*~~*~~

Deslizava o indicador sobre a tela do tablete. Já era a sétima vez que olhava as imagens que foram as provas para fazê-la abandonar Sasuke em pleno altar, e quanto mais analisava os detalhes, ou melhor, os erros de edição que havia nas imagens, uma voz no fundo de sua consciência a chamava de burra.

A blusa vermelha da primeira imagem era o primeiro erro do photoshop, pois a Haruno se lembrava perfeitamente de que no dia seguinte, o Uchiha a havia jogado fora, pois o tecido irritava a pele dele, causando coceira.

Pulou a segunda imagem e foi para a terceira, era verdade que aquela pulseira era única. Quando foi presenteada com ela, Sasuke a levou à joalheira, alegando que queria trocar as alianças de namoro, mas recebeu a pulseira que havia acabado de ficar pronta e ouviu da própria boa do dono que aquela peça era única e que nunca mais faria igual pelo tempo em que gastou.

Comprovando mais uma vez que havia sido uma burra, sentiu um frio lhe passar pela espinha e a culpa pesou em seus ombros. Se não tivesse fugido estaria cuidando de seu filho e casada com o homem que amava. Porém, será que ainda sentia o amor? Ou também conseguiu estragar o sentimento mais puro que um ser humano pode sentir?

—Ainda pensando sobre aquele dia? – foi despertada pela voz de Itachi que estava com a metade do corpo para dentro de sua sala.

—É impossível não pensar que fui burra o suficiente para acreditar nessa mentira. – levantou o tablete mostrando a última imagem.

—Já disse que você não foi burra, só fez o que achou que estava certo.

—Mas eu tive a opção de procurar pelo Sasuke e perguntar se toda essa merda era verdade.

Um suspiro cansado foi solto pelo Uchiha enquanto adentrava a sala.

—Sakura. –respirou fundo. -Não pode remoer o passado, faz mal para você. Além do mais, a psicóloga disse que você fugiu em uma tentativa de proteger você e a seu filho, e que a opção de procurar por meu irmão nem existia, pois você se submeteria a mais uma suposta humilhação depois de descobrir um lado supostamente podre de Sasuke.

Assistiu a Haruno baixar a cabeça, derrotada.

—É que eu realmente me sinto culpada. – murmurou.

—Bem, diga isso a Inoe-san, quando chegarmos a seu consultório. – disse com um sorriso gentil. –Ou você se esqueceu de que hoje é a última consulta com a psicóloga? – arqueou as sobrancelhas a vendo levantar a cabeça rapidamente e logo se pôr de pé com a bolsa no ombro.

—Vamos logo. – e começou a andar em direção à porta, fazendo o moreno rir de sua pressa.

Após o ‘’dia da verdade’’, como a psicóloga resolveu nomear o domingo repleto de revelações, a rosada passou a se culpar pela bola de neve que havia criado por causa de uma mentira muito bem contada, alegando ter perdido quase três anos de sua vida odiando uma pessoa que foi mais prejudicada que ela mesma. O que a deixou deprimida, preocupando assim Itachi, Namie, Suigetsu e Karin que viam a caçula do grupo triste e sem animação até mesmo para uma caminhada, chegaram a cogitar a ideia de que Sakura havia caído na doença da atualidade, a depressão, porém logo foi descartada pela psicóloga que foi contata as pressas por Namie.

De acordo com Inoe Mika, a rosada só estava tentando processar todas as novas informações e pensando em como suas atitudes afetaram as pessoas ao seu redor, e que com uma boa conversa em um ambiente tranquilo e calmo, ela organizaria seus pensamentos e voltaria ao normal. O resultado das consultas já havia surtido efeito em Sakura, que agora sorria como antes, e até começou a fazer escalada em uma academia em seus dias de folga. Enfim, Sakura estava aceitando com menos culpa a verdade que Yuri revelou, acreditando em cada palavra, pois após refletir por quase um dia inteiro, recordando os momentos que passou ao lado de Sasuke, viu que ele não seria capaz de trai-la.

Entretanto, havia momentos em que sua consciência resolvia cutucar a pequena culpa que ainda a rondava e a fazia pensar nos conhecido ‘’ e se’’.

Lembre-se Sakura, você não é a culpada e se um dia alguém lhe disser o contrário, fale alto e em bom som que é mentira.

A voz doce encheu sua cabeça.

Você teve a opção de procura-lo, mas para que fazer isso, se causaria uma confusão. Você se preservou e preservou a imagem dele não levando uma história falsa para ser debatida em frente de vários convidados.

Abriu a porta do carro e se sentou no banco do passageiro, aguardando o amigo que a levaria para sua última consulta.

Você foi muito corajosa em fugir e enfrentar um aborto espontâneo. Mesmo estando no século XXI, ainda há mulheres que decidem ficar ao lado do marido traidor, sofrendo em silêncio em vez de ir à busca de uma nova vida para recomeçar.

Ouviu o trinco da porta sendo destravado e logo a som da mesma se fechando, um sorriso apareceu em seus lábios, pois se encontrava relaxada.

Então, não se culpe, não lamente ou remoa o passado, pois ele já aconteceu e não pode ser mudado. Foque-se no presente, vivendo ele com a maior intensidade que puder e imagine um futuro.

—Vejo que a tristeza foi embora. – comentou prestando atenção no transito.

—Só me lembrei do que a Inoe-san falou na quinta-feira.

—Ela só repetiu o que todos nós dissemos a você...

—Eu prefiro ouvir de uma profissional. – contrapôs risonha e uma risada melodiosa escapou dos lábios avermelhados ao ver Itachi franzir o cenho.

—Eu também faço parte das humanas.

—Mas você não é psicólogo, e sim advogado.

—Está bem, mas ambas fazem parte da área de humanas. Além do mais, a Karin podia muito bem fazer o que Inoe-san fez por você, pois ela é bem mais qualificada.

—Itachi. – o chamou. –A Karin é enfermeira.

—Mas ela pode trabalhar em conjunto com uma psicóloga.

—Sim, ela pode. Mas não é formada em psicologia.

—Sakura, sério mesmo que vamos discutir sobre as profissões? – arqueou as sobrancelhas em desafio.

—Se você me esperar até às dez e meia. – respondeu dando de ombros observando o carro dar a ré.

—Então, vamos continuar com a discussão. – desligou o carro rindo da expressão fingida de espanto. –Ou você se esqueceu de que seu carro está na oficina e, por enquanto eu estou bancando o seu motorista?

A risada da Haruno foi a única coisa que ouviu antes de vê-la do lado de fora.

~~*~~*~~*~~

—Ainda bem que você melhorou dona Sakura, já estava pensando em te dar algumas palmadas. – comentou a grávida com um sorriso caloroso nos lábios, deixando claro que suas palavras não eram sérias.

A rosada apenas riu antes de sugar o suco de abacaxi pelo canudo.

—Ela fala na brincadeira, mas tome cuidado Sakura. Não duvido que ela dê uns tapas em você por ficar desligada. – falou Suigetsu se referindo aos primeiros dias após o dia da verdade.

—Verdade né, nunca se sabe quando uma mão pode se chocar contra minha cabeça.

—Fique atenta. – e mandou uma piscadela, rindo logo em seguida e foi acompanhado pela Haruno que não se conteve depois de receber um olhar significativo da Hoozuki.

—Engraçadinhos. – bufou e cruzou os braços.

—Vai negar que é mentira? – indagou com um sorriso, o que acabou irritando a grávida.

—Não, não é mentira que eu ainda quero dar umas palmadas na Sakura por ter me deixado de cabelo em pé, porque resolveu entrar no modo automático.

—Eu já me recuperei. – manifestou-se a rosada, na tentativa de evitar uma cena dramática da amiga. 

—Nós sabemos Sakura. – falou Namie depositando uma média travessa com legumes cortados. –Ita, traz logo a carne, todos nós estamos com fome. – elevou a voz uma oitava, demonstrando uma irritação que não estava evidente antes. –Tomoka vem comer! – praticamente gritou, assustando os três presentes. –Desculpe gente, mas se eu não gritar, aquela menina não desce. – encolheu os ombros, sem jeito pelo seu comportamento nunca visto pelos amigos.

Era noite de sábado e estavam reunidos na casa da Okada, pois resolveram comemorar a recuperação da caçula do grupo, que havia voltado ao normal após várias idas à psicóloga no mês de outubro, sendo finalizadas no primeiro sábado de novembro, ou seja, naquele dia. A preocupação não rondava mais as mentes dos amigos da Haruno, e depois da última conversa com Inoe, a mesma estava calma, sem nenhum resquício de culpa em seus ombros.

—Da próxima vez que você me atrapalhar, eu juro que nunca mais falo contigo. – uma nova voz feminina pronunciou-se.

—Tá’ bom senhorita chata. –fez pouco caso. -Agora vem fritar a carne. Fica o dia inteiro em casa sem fazer nada. – reclamou em um tom provocativo.

—Sem fazer nada uma ova. – contrapôs a outra jogando a manteiga na chapa para fazer o famoso jingisukan. -Minhas criações não se desenharão sozinha, sabia?

—Eu não falei? Fica o dia inteiro desenhando, não lava uma louça. Deixa tudo para a chata aqui fazer quando eu volto cansada do estúdio. – disse bancando a mãe indignada.

—Dá um tempo, Namie! – exclamou Tomoka irritada e para deixar evidente o sentimento, mexia na carne bruscamente.

—É melhor dar um tempo para a carne cunhadinha, ou vai deixa-la dura e gordurosa. – pronunciou-se Itachi.

—Só me faltava essa. – suspirou colocando mais pedaços de carne sobre a chapa.

Okada Tomoka era irmã mais nova de Namie, assim como a mesma, a mulher de vinte e cinco anos possuía o cabelo estranhamente branco, formada em moda, era aspirante a desenhista de roupas. Itachi adorava enche-la a paciência junto com a namorada que se divertia muito observando as expressões bravas que Tomoka fazia a cada cutucada.

—Então, amanhã não reclame que se sente inchada. Lembre-se, será culpa sua por ter fritado a carne. 

—Não fode Itachi! – elevou a voz uma oitava sentindo a sobrancelha direita entrar em um tique.

As risadas não foram contidas, fazendo com que Tomoka bufasse em pura irritação por estar sendo o motivo dos risos.

—Ignore o Itachi, ele não serve para ser cunhado. – a rosada falou com um sorriso compreensível nos lábios. –Experiência própria. – e mandou uma piscadela que foi respondida com um sorriso.

Apesar de as palavras da Haruno terem um lado ruim, o grupo de amigos resolveu ignora-lo e concentrar-se nos legumes e carne fritos, que combinava perfeitamente com o outono.

Após se dar por satisfeita, a rosada relaxou sobre a cadeira e pendeu para o lado direito, onde encostou a cabeça ao ombro da amiga ruiva. Sem pedir permissão levou a mão para a barriga arredondada fazendo um carinho, só de imaginar que em alguns dias o menino tão aguardado pelo casal Hoozuki conheceria o mundo, não continha o sorriso animado em seus lábios, pois não via a hora de mimá-lo como uma boa tia – de consideração – coruja faria.

Desviou seu olhar para Itachi e Namie que enchiam a paciência de Tomoka enquanto terminavam de comer. Sentia uma enorme gratidão por ambos, porque não a criticaram depois de descobrirem a verdade, muito pelo contrário, eles a ajudaram a superar o momento de confusão que enfrentava, mas não podia ignorar uma pequena culpa pesar em suas costas quando se lembrava de que havia afastado, mesmo que inconscientemente, a única pessoa que Sasuke chamava de família. E pensava que só perdoaria a si mesma quando os visse agindo com a cumplicidade de irmãos que possuíam um pelo outro.

Com um meio sorriso pulou seu olhar para Suigetsu e Karin. Estes também foram compreensíveis após ouvir a versão de Morinaga Yuri por Itachi. Está certo que a grávida custou a acreditar, dizendo com total certeza que era uma história inventada para Sasuke se passar de inocente, mas teve que engolir as próprias palavras ao conversar com a ex-secretária substituta e ver o arrependimento nos olhos da mulher por uma tela de notebook. Entretanto, ainda ficou com a pulga atrás da orelha e fez o Uchiha chamar o irmão para confirmar toda história.

Não queria nem se lembrar de como o clima em sua sala de estar tornou-se pesado. E só quando Sasuke jurou que nunca havia sido infiel e se irritado com a conversa nada amigável que estava tendo foi que Karin pediu desculpas e acreditou.

Contudo várias questões ainda estavam sem respostas, como: quem foram as pessoas que tiveram a ideia mirabolante de separa-los? Sasuke e Sakura pretendiam virar a página e reatar o compromisso? Eles ainda se amavam? Ou seguiriam cada um para o seu lado? Quando questionados simplesmente abaixaram as cabeças na tentativa de ignorar as perguntas. 

Decidiram então que não tocariam mais no assunto, já estava de bom tamanho descobrir que todo o sofrimento de Sakura e de Sasuke foi planejado por pessoas que no mínimo os detestavam e resolveram deixar o tempo agir, ele traria todas as respostas que estavam faltando.

Puxou todo o ar que conseguiu para dentro de seus pulmões e relaxou os ombros enquanto o soltava lentamente, deixaria suas dúvidas para pensar quando estiver em sua casa, no conforto de seu colchão. Por agora, aproveitaria os doces de feijão.

—A Sakura não estava brincando quando falou que já fui cunhado dela. – ouviu a voz de Itachi. –Ela já namorou meu irmão mais novo, mas não sou chato. – o viu fazer uma expressão ofendida e Sakura logo deduziu que ele estava explicando o porquê da frase EXPERIÊNCIA PRÓPRIA.

—Então você entende a minha situação, né? – dirigiu sua atenção à rosada que levava o último pedaço de monaka* à boa.

Com um sorriso, a Haruno assentiu, o coração falhou uma batida, tinha a sensação de que o Uchiha mais novo seria o assunto da vez, pois o grupo não o condenava como antes e até trocaram algumas palavras amigáveis depois do momento de tensão, se arriscava a pensar que estavam em uma espécie de acordo de paz.

—E como ela entende, me lembro que Sasuke ficava uma fera comigo quando eu dizia que a Sakura precisava de uma visita para aliviar a tensão, se é que vocês me entendem! – e sorriu sacana tirando risos dos presentes e deixando a rosada corada.

—Itachi! – exclamou. –Eu não preciso que você fique revelando esses detalhes sobre a minha vida. – irritou-se. –Por favor, continue enchendo o saco da sua atual cunhada.

—Eita. Não precisa ficar brava, Sakura. Você sabe como o Itachi gosta de tirar uma com qualquer um de nós. – Suigetsu interveio.

—Eu sei, mas saiba que não é nada legal ficar ouvindo sobre a sua antiga vida sexual. – e franziu o cenho em irritação.

Porém ela sabia que sua repentina irritação não era pela menção da sua vida sexual passada e sim da atual, pois se Itachi, Namie, Karin ou Suigetsu sequer sonharem que ela tem recebido a visita um tanto quanto estranha de Sasuke, o acordo de paz pararia no fundo do Oceano Pacifico em um piscar de olhos.

Um arrepio passou pela sua espinha ao se recordar da primeira aparição que o dito cujo resolveu fazer treze dias depois da conversa com a amiga grávida, num sábado.

(...) Sei que estamos incertos sobre o que sentimos um pelo outro e que nem deveria estar aqui, mas prefiro enfrentar um clima tenso com você do que ficar em casa com a cabeça lotada de perguntas sem respostas.

Palavras de um perfeito marmanjo safado! — pensou ainda em seus devaneios, lembrando-se da forma abrupta que havia sido beijada naquele dia. Mas não negou ou fez menção de parar o contato, se não havia mais a história de infidelidade ou paternidade, Sakura não via motivos para impedir um momento intimo entre eles. Poderia soar ousado ou absurdo, mas a ideia de ter uma relação sem compromisso parecia ótima, ambos eram solteiros, independentes e livres de acordo com a Constituição Japonesa.

Além do mais, era uma forma alternativa de se conheceram novamente, de descobrir as mudanças que sofreram nos últimos anos, pois não faziam apenas sexo, conversavam também, de maneira distante, mas conversavam amigavelmente.

E não se surpreenderia se encontrasse com o moreno quando retornasse para casa naquela noite.

Entretanto, o que ninguém havia percebido era que a Okada mais nova ouvia atentamente a conversa entre os amigos de sua irmã com as engrenagens de sua cabeça girando.

~~*~~*~~*~~

—Ele é lindo. – falou pela décima vez naquela noite.

Um riso anasalado foi solto perto de si e não pode deixar de abrir o sorriso. Desrespeitando todas as regras do hospital, Temari trouxe o pacotinho de vida para sua cama e se deitou bem próximo, encarando a pele ainda rosada que aparecia.

—Quer dizer que fizemos um ótimo trabalho. – comentou uma voz masculina.

Uma fraca risada foi a resposta, seu coração estava inundado por um sentimento muito bom, a espera havia acabado, a ansiedade de poder ver o rosto do filho foi embora, agora ele estava ali, apesar de pequeno e muito mole, mostrava ter ótimos pulmões e saudável. Era tudo que uma mãe de primeira viagem como ela desejava saber após pegar o recém-nascido no colo.

—Só falta o nome dele agora. – disse Shikamaru para logo em seguida sentar no lado oposto da esposa.

—Acho que com os problemas que a Ino e o Gaara estão enfrentando, eles não pensaram em um nome. Nós podemos escolher o nome e só para deixar claro, eu gostaria que derivasse do seu, Shika. – falava enquanto assistia o marido se deitar de lado, em uma posição no mínimo desconfortável.

—Você pode brigar comigo, mas podemos chama-lo de Shikadai. Tem um pouco do meu nome como você quer e garanto que ele não sofrerá bulliyng, pois nosso filho não será um grande veado.

—Vou ser sincera, eu também adorei Shikadai, só o significado que não me agradou.

—Então vamos muda-lo, Shikadai é nossa única grandeza de amor*.

Em segundos os olhos verdes da Nara se encheram de água e quando ouviu um resmungo baixo deixou a primeira lágrima descer pelo seu rosto. Os momentos mais torturantes de sua vida depois de casada voltaram com força total, havia sentindo as contrações durante a madrugada inteira daquele sábado e depois de quase doze horas finalmente teve a dilatação necessária para entrar na piscina de água morna e esperar mais algumas horas para trazer, no sentido literal da palavra, o filho ao mundo. Lembrava-se de sentir um pequeno pânico ao assistir seu filho sair de dentro de si e quase por causa disso quase não conseguiu traze-lo para superfície, se Shikamaru não tivesse entrado na piscina também com certeza estaria desesperada.

—Para o nosso filho, SHIKA vai significar a partícula que usamos para expressar o sentindo de unicamente, somente; DAI você já sabe que é grande e só complementei com amor, porque é o que sentimos um pelo outro e nosso filho é a prova disso. 

—Pare já com isso Shikamaru, não me faça chorar, eu estou muito emotiva por causa do seu filho. – esbravejou a mais nova mamãe.

—Então não me faça o homem mais feliz do mundo. – contrapôs e pegou a mão direita da esposa, entrelaçando seus dedos.

Os olhares se cruzaram no mesmo instante, fazendo sorriso cúmplices se formarem nos lábios do casal.

Eles nem reparam, mas a porta foi aberta e fechada com rapidez pela enfermeira que havia ido buscar o bebê, mas acabou desistindo ao reparar que o embrulho estaria mais seguro entre os pais do que no berçário do hospital. E também, ela se sentiria culpada por interromper um momento tão íntimo, então decidiu voltar mais tarde.

~~*~~*~~*~~

Empurrava o carrinho com certa pressa pelo setor de laticínios, se olhasse para os variados iogurtes que estavam ali, tinha a absoluta certeza que a vontade de levar um de cada tomaria conta dela e, naquele sábado ela não poderia nem pensar em tal vontade, pois o jantar que havia prometido a Sasuke no último domingo sairia muito atrasado.

Enfim chegou aos caixas, agora teria que encontrar um que não tivesse uma fila cumprida. Porém sua busca não adiantou de nada, pois justo naquele dia, as pessoas de Kohana resolveram sair para as conhecidas ‘’compras do mês’’ e por isso o mercado estava lotado. Sem alternativa, empurrou o carrinho até o caixa mais próximo, onde havia uma fila considerável.

Torcia mentalmente que a atendente fosse ágil e passasse as compras das três pessoas que estavam a sua frente com rapidez. Estava ansiosa para ver o Uchiha naquele fim de semana, pois há exatos sete dias, ficou sabendo pelo mesmo que o filho de Temari e Shikamaru nasceu e a curiosidade em saber como era o bebê a estava incomodando. Por um foto do recém-nascido, ela havia prometido fazer curry bem picante, como o Uchiha gostava.

Mas a ansiedade não era apenas voltada para a foto do bebê Nara e, ela sabia disso, pois já havia se acostumado com as saudações nada discretas de Sasuke quando ela pisava para dentro de sua casa. No começo ela pensou que era um atrevimento por parte dele e até mesmo ficou com receio de que ele atrapalharia em sua organização mental com a psicóloga, porém agora não se importava em ser recebida por um agarre em sua cintura e descobriu que a ajudou muito em sua recuperação.

—Minha sobrinha não toma jeito mesmo. Continua se encontrando com o patrão, diz ela que está apaixonada por ele e que o sentimento é recíproco.

—Mas ela não está feliz, Sora?

—Parece que sim, mas eu não aprovo o relacionamento, pois o homem é noivo e com o casamento já próximo. – falou em tom de lamentação. –Minha sobrinha deveria tomar vergonha na cara e parar de ser a amante. Já perdi as contas de quantas vezes eu disse que isso é errado, mas ela me ignora, me chamando de antiquada.

—Calma Sora. Ela logo perceberá que está fazendo tudo errado, pelo menos você a avisou.

—Minha sobrinha sabe o que está fazendo e espero mesmo que ela abra os olhos logo. – suspirou profundamente. –Mas o que mais me preocupa é a minha filha.

—O que ela fez, amiga?

—Acho que ela está levando a vida na brincadeira. Já faz um bom tempo que a vejo saindo com um cara cinco anos mais velho e quando perguntei se estão namorando, ela negou e ainda falou que eles fazem sexo, uma espécie de transa casual.

—Esses jovens de hoje em dia. – lamentou a outra mulher fazendo uma expressão de espanto a cada palavra que ouvia da amiga.

—Se ela ao menos namorasse o rapaz, eu não falaria nada. Eu e o pai dela já conversamos com ela, mas ela está em uma fase de curtição que não compreendo.

—É o mundo atual, onde nossos filhos esquecem-se dos valores que nós ensinamos a eles. Minha menina também não é diferente, já está com quase trinta anos e ainda não arranjou namorando, sua justificativa para estar solteira é que ainda é muito cedo para algo sério. – fez uma pausa. –E a cada mês está ficando com um cara novo, o de agora está insistindo para namorarem. 

—Esses jovens de hoje em dia. – dessa vez foi a vez da outra mulher se lamentar.

Era a quinta vez que engolia em seco por estar ouvindo a conversa entre as das mulheres que estava a sua frente na fila do caixa. De uma forma estranha, as palavras das duas mulheres atingiram sua consciência com força. Ao ouvir o segundo relato, Sakura se visualizou no lugar da menina que não tinha nada sério com o rapaz cinco anos mais velho que ela e, de repente a vontade de namorar, ter um compromisso de confiança e amor com uma pessoa tomou conta de seu corpo, a fazendo se questionar se estava satisfeita com a relação que vinha tendo com Sasuke nas últimas semanas.

Via claramente que o tratamento do Uchiha para com ela havia mudado, mas não deixava de ser similar ao de quando estavam namorando, por exemplo: ele preparava o café da manhã nas vezes que acaba adormecendo em sua casa, mas não perguntava se havia dormido bem ou como estava no momento em que se sentava à mesa para comer; no meio da noite a abraçava em busca de calor e quando ia embora sempre a beijava, mas não conversavam como antes, Sakura não sentia a cumplicidade que compartilharam um dia e muito menos o brilho de adoração nos olhos escuros de Sasuke quando a via.

E ao perceber que sua relação com o moreno não passava de uma ‘’transa casual’’, como as mulheres de meia-idade disseram, sentiu-se desapontada, como se a animação de minutos atrás nunca tivesse existido.

Talvez eu tenha me contentando com migalhas. — pensou com um gosto amargo em sua boca enquanto uma frustração crescia dentro seu peito.

~~*~~*~~*~~

 Abriu a porta com as palavras das duas mulheres indo e vindo em sua cabeça. Sakura não achava errado o que estava fazendo, pois tanto ela quanto Sasuke tinham a consciência de que só aproveitavam a liberdade de dois adultos independentes, porém a vontade de querer um compromisso sério se instalou em seu coração. Porque se lembrava da época do namoro e se pegava comparado as ações do Uchiha de antes com o atual. Era quase impossível não desejar ser novamente a namorada dele, entretanto, o acontecimento do quase casamento a impedia de exigir alguma coisa.

Sentindo a decepção tomando conta de si, ela retirou os sapatos para calçar os chinelos, sua decisão estava tomada, mesmo que estivesse gostando das visitas do moreno, estava na hora de ser exigente e pensar mais em si mesma, em vez de aceita-lo como se nada tivesse acontecido. Qual foi sua surpresa ao ser recebida por um agarre firme em sua cintura. O susto que levou fez com que soltasse as sacolas do mercado que caíram em um baque sonoro no chão.

—Atrasada. – foi a única coisa que ouviu antes de receber um beijo molhado em seu pescoço.

A onda de arrepio passou pelo seu corpo deixando seus pelos em pé. A pressão exercida naquela região sensível se intensificou e percebeu que Sasuke depositava uma marca ali enquanto era guiada pelo corredor até sentir suas costas coladas na parede que dividia a sala de estar da cozinha.

Com certa pressa, as mãos do moreno foram para debaixo da blusa feminina e sem se conter apertou de forma provocativa a fina cintura trazendo para mais perto de si. 

—Sasuke. – o chamou, mas por conta da pegada firme dele, o mesmo pensou ser um gemido de aprovação. –Sasuke. – dessa vez a voz saiu mais alta. -Espera. – e para mostrar que queria um minuto, o empurrou pelos ombros.

Por alguns segundo seus olhares se cruzarem.

—Muito cedo para pedir água. – e avançou de novo, puxando pela nuca para beija-la de forma desejosa, movendo os próprios lábios lentamente sobre os dela, iniciando assim um ritmo que logo foi aumentado ao deslizar a língua para dentro da boca dela.

Mas foi impedido de explorar cada canto dali.

—Eu falei para esperar. – impôs irritada pressionando os ombros masculinos. -Até quando vamos continuar com isso? – as palavras saíram sem pensar depois de respirar fundo em busca de coragem. –Até você se cansar e ir procurar outra? – completou.

Sasuke apenas franziu o cenho em um misto de confusão e irritação.

—Pareceu interessante no começo, mas cansei, eu não quero mais me envolver com você sabendo que nem sei que tipo de relação é a nossa. – despejou de uma vez sentindo algo se remexer desconfortavelmente dentro de si.

—A nossa relação é apenas sexo. Qual o problema nisso?

O encarou abismada.

—O problema é que eu não quero mais esse tipo de relação. Não é porque namoramos no passado que você pode vir na minha casa e agir como antes, pois não é como antes. – elevou a voz a uma oitava.

—Não comece Sakura. Até minutos atrás estávamos indo muito bem. 

—Só que eu não quero mais. – cruzou os braços abaixo dos seios.

—Não se faça de difícil. Durante todo esse tempo você nunca reclamou, por que disso agora? – falou com as sobrancelhas arqueadas.

O que diria ao moreno? Que não o queria só porque eles eram uma espécie de sexo sem compromisso e ela havia se cansado disso, que de repente se sentiu intimidada com as palavras de duas mulheres com o triplo da sua idade e que essas mesmas palavras despertaram a vontade de firmar um compromisso com ele novamente?

Nem pensar! – gritou em pensamentos ao cruzar o olhar com o do Uchiha, não se abriria daquela forma a ele correndo o risco de ouvir uma resposta debochada. Provavelmente um relacionamento com ela, seria a última coisa que ele teria vendo pelas circunstâncias.  

—Vai embora Sasuke. – resolveu corta-lo sem nenhuma explicação, assim não sentiria o gosto da vergonha.

Sakura fechou os olhos fortemente ao ser puxada bruscamente, desfazendo a distância que ela estabeleceu antes e, em sua garganta formou-se um nó quando sentiu a língua de Sasuke passar lentamente pela extensão de pescoço.

—Eu vou embora depois que fizer meu trabalho. – sussurrou com a voz rouca, próximo ao ouvido da rosada, e para completar inspirou o perfume florar da mesma causando uma onde de arrepios.

—Não chame isso de trabalho, não pense que você está me fazendo um favor vindo aqui. Eu quero que vá embora agora! – não segurou a indignação, disparando exigências em tom nervoso.

Tirando forças de um lugar desconhecido, o empurrou num pedido mudo de afastamento e começou a andar em passos duros até a porta.

—Saia da minha casa e não volta mais! – elevou a voz enquanto abria a porta. –Cansei dessa brincadeira estúpida que estamos fazendo. – o encarou decidida. Se fosse para sentir falta de seu antigo namoro, que sentisse sozinha e não com a companhia de seu ex-companheiro a fazendo imaginar que na próxima visita aconteceria algo mais marcante.

A confusão sumiu das feições masculinas dando lugar à irritação. Não sabia o que aconteceu para a Haruno mudar daquela forma, mas se não teria a sua dose de Sakura, ele não tinha mais nada para fazer ali.

—Eu não sei o que deu em você, mas saiba que você estragou tudo como sempre. – proferiu bravo pegando seus pertences.

—Só percebi que suas visitas estavam sendo desnecessárias. – rebateu.

Cerrou os punhos em pura raiva e saiu como um tiro pela porta. Sakura se arrependeria por tê-lo expulsado de forma tão abrupta de casa, justo no momento em que ele pensava que estava tudo bem entre eles, que estavam se reaproximando. Suspirou em frustração.

Você é uma idiota! — disse em pensamento pisando fundo no acelerador e para contribuir ao mau humor do moreno, uma forte chuva se iniciou para atrapalhar sua visão.

Já na casa da rosada, esta fechou a porta com uma força desnecessária para descontar a onda de emoção que tomou conta de si, sentiu seu coração bater em um ritmo acelerado demais e os ombros tencionarem. Havia expulsado Sasuke de sua casa, mas uma estranha sensação de desconforto cutucava seu peito.

 A reaproximação deles não serviu para nada, pois não podiam continuar de onde pararam sem a devida confiança que deveriam sentir um pelo outro e nem sabiam se ainda existia o amor entre eles.

Se eu não tivesse o abandonado. Se eu não tivesse acreditado naquelas fotos. — lamentou-se.

—Se eu tivesse analisando as fotos com mais cuidado, nada disso estava acontecendo. – colocou seu último pensamento em voz alta. –Só queria consertar o que fiz...

Naquele mesmo momento um som estridente de vidro se partindo ecoou por toda casa da rosada juntamente com um trovão que iluminou a sala de estar. Sakura sentiu algo quente escorrer pelo tronco, mas antes de conseguir ver o que era, seu corpo ficou pesado e pendeu para a direita.

O choque contra a mesa de centro não foi evitado.

A última coisa que viu foi as dezenas de cacos de vidro ao se redor.

A última sensação foi o forte impacto de sua cabeça em algo pontudo.

~~*~~*~~*~~

O coração se apertou de uma forma estranha e num impulso pisou no pedal do freio. Ação que não deveria ter feito, pois a pista estava molhada. E sem saber explicar como aconteceu, perdeu o controle do carro e derrapou parando no contramão. O farol o despertou e o desespero tomou de si ao se dar conta que não daria tempo.

A última coisa que viu foi o outro carro batendo na lateral do seu.

A última sensação foi de todo lado esquerdo de seu corpo dolorido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E eu realmente matei o nosso casal preferido?? '0' Mas calma gente, olhem pelo lado bom, a Ino fez as pazes com as meninas, o filho da Temari finalmente nasceu, são motivos para comemoração!! Ainda temos uma rosada recuperada de sua recaída...
O acidente do Sasuke e o tiro que a Sakura tomou são casos para deixar a fic tensas.... xD Por favor, não briguem comigo...
*: bem, eu vi que o nome do Shikadai é escrita em katakana, ou seja, não tem um significa de importância, então tomei a liberdade de dar um ao nome para o momento família se forme...
MONAKA: é um doce japonês recheado com o feijão azuki, aqui em casa, todos nós comemos essa delícia, quem tiver a chance de experimentar não vai se arrepender... xD
Espero que tenham gostado.... Aguardo suas opiniões... Beijos! Até lá! ;D