Never Let Me Go escrita por Line Martins


Capítulo 36
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez, o diário de Rony, como eu havia dito. Era pra eu ter postado ontem, mas fiquei com sono, me desculpem.
Boa leitura ♥



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"Querido diário,

hoje foi o meu terceiro dia de treinamento. Luna me ligou às 8hrs da manhã, me acordando. Mandou eu me arrumar para encontrá-la em frente ao prédio dela, e disse para eu não ir de carro.

Depois de tomar banho e me vestir, fui andando até que encontrei Luna e Cho em frente ao prédio. Cho logo começou a dizer que Luna havia contado o que eu havia feito para a velhinha ontem, e disse que estava muito orgulhosa. Confesso que estava gostando daqueles elogios todos.

Depois Luna disse que a tarefa tinha a ver com crianças e meu sorriso logo desapareceu.

Elas sabem que não gosto de crianças, Hermione sabe que eu não gosto de crianças, meus amigos sabem que eu não gosto de crianças, o mundo sabe que eu não gosto de crianças!

Minha mãe vivia me dizendo que eu já havia sido uma, e que crianças eram como anjinhos, os seres mais puros. Eu discordava. Há uma razão para a qual as crianças são o futuro da humanidade, muito simples, elas vão virar adultos! E aí sim, quando virarem adultos, eu posso gostar delas.

No dia em que as crianças deixarem de ter aquelas vozes irritantes, pararem de chorar, pararem de sair por aí com sorrisos banguelas no rosto como se o mundo fosse o mais perfeito dos planetas... aí eu deixarei de odiá-las!

Cho e Luna não quiseram me dizer detalhes da tarefa, e fomos andando até a estação de metrô mais próxima.

Foi a minha primeira vez em um metrô, e não foi tão ruim. Para mim, metrô era aquele lugar cheio de gente suada, pobre e nojenta que não tinham nem como pagar um táxi! Mas não foi bem assim. As pessoas não me pareciam nojentas ou pobres, e elas até podiam não ter dinheiro, mas pareciam como qualquer outras.

Contei isso para Cho e Luna e elas disseram que eu deveria parar de rotular as pessoas. Que isso era uma das coisas mais desagradáveis em mim. E eu meio que concordei. Se eu fosse uma daquelas pessoas, não gostaria de ser chamado de nojento e pobre. As meninas começaram a falar que ser pobre não é um defeito e que eu não deveria usar essa palavra como algo ruim. Muitas pessoas pobres são mais felizes que alguns ricos.

E nisso eu concordava! Vi uma mulher com cerca de 50 anos, vestindo uma roupa simples, entrando no metrô com duas crianças que deveriam ser seus netos. Ela definitivamente não era rica, mas também não era infeliz.

A alegria com que ela olhava para as crianças, com que ela sorria para eles e os fazia rir. Aquilo não tinha preço.

Percebi que meu pai, milionário, nunca havia dado um sorriso daqueles, com tanta alegria. Na verdade, não me lembro da última vez que vi meu pai sorrir. Refletir sobre isso fez com que eu me calasse pelo resto da viagem.

Quando descemos do metrô e saímos da estação, andamos por cerca de 10 minutos até que paramos em frente a um prédio que mais parecia um casarão. Tinha apenas três andares, mas era muito amplo em largura.

Perguntei o que era e Cho apontou para a placa que eu não havia visto. Nela estava escrito "Hospital e Lar para Crianças St. Mungus". Entendi imediatamente por que minha tarefa envolvia crianças. Luna disse que seríamos voluntários durante o dia.

A ideia não agradou muito os meus ouvidos, definitivamente não queria desperdiçar o meu sábado com CRIANÇAS! Aqueles monstrinhos que parecem inofensivos, mas que conseguem me irritar de tal maneira que eu poderia ir parar num manicômio.

Entramos no prédio, em uma recepção. Fomos até o balcão e Cho começou a falar com a secretária, dizendo que tinha ligado dizendo que viríamos voluntariar. A atendente procurou por nossos nomes no computador e nos entregou três crachás, um pra cada.

Ela nos levou até um escritório onde a dona do lar ficava. Nos sentamos e começamos a conversar. A proprietária falou um pouco sobre como abriu o lugar, disse que tinha o sonho de cuidar de crianças carentes há muito tempo, ganhou na loteria e pôde construir o local. Ela falou que a principal função do lugar é cuidar das crianças que não são órfãs, que tem pais que não podem criá-los por condições financeiras. O que ela faz é dar um lar a essas crianças enquanto as famílias procuram um modo de conseguir cuidar do próprio filho. Ela disse que a visita dos pais é muito frequente, eles querem manter uma relação próxima com os filhos, mas não podem criá-los.

No meio da conversa ela mudou completamente de expressão, parecendo preocupada. Disse que há alguns meses o lar vem passando por problemas, que o dinheiro acabou e que é difícil manter as crianças ali. Algumas enfermeiras do hospital não queriam mais trabalhar de graça, e ela não recebia ajuda do governo, já que o Lar para Crianças era uma obra independente.

Depois disso, Luna perguntou como ajudaríamos e ela disse que como ficaríamos aqui o dia todo, poderíamos ajudar bastante. Que nós podíamos fazer várias coisas, bastava irmos até as funcionárias e perguntarmos o que poderíamos fazer.

Saímos do escritório e fomos até o segundo andar. Lá ficavam os quartos das crianças maiores e os berçários. Procuramos por uma funcionária e dissemos a ela que éramos voluntários. Ela disse que nossa primeira tarefa seria procurar pelas crianças que ainda estavam dormindo e mandá-las para o refeitório.

Eu, Luna e Cho nos separamos. Fui entrando de quarto em quarto, mas em todos as camas já estavam vazias. Então, vi em uma cama um garotinho dormindo e fui até ele.

Não sabia muito bem como fazer aquilo, tive a impressão de que se eu mexesse nele, ele começaria a berrar.

Tentei balançá-lo de leve, e funcionou. Ele abriu os olhos lentamente e se sentou. Me perguntou quem eu era e eu disse que era alguém que estava ali para ajudar. Ele sorriu para mim e algo mudou. Parecia que aquele sorriso tinha preenchido qualquer vazio que eu tivesse dentro de mim. Involuntariamente, sorri de volta. Perguntei seu nome e ele disse que se chamava Hugo. Gostei bastante do nome.

Disse que ele deveria escovar os dentes e descer para o refeitório, ele fez que sim com a cabeça e se levantou. Antes que pudesse sair do quarto, ele se voltou novamente para mim, dizendo: "Você se parece com o meu pai... exceto pelo cabelo vermelho".

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Depois de ajudar a servir o café da manhã, fui até o terceiro andar. Lá era onde o hospital funcionava. Não era realmente um hospital, era mais como uma pequena clínica para onde as crianças iam quando se machucavam, para tomar remédios ou fazer pequenos exames.

Perguntei a uma das enfermeiras o que eu deveria fazer, e ela me perguntou se poderia ajudá-la a arrumar os remédios. Foi um trabalho simples, só tinha que passar os remédios das caixas para as prateleiras.

Depois, uma outra enfermeira perguntou se eu poderia fazer o curativo de uma criança que estava no fim do corredor. Ela me disse que era só pegar o remédio e colocar o band-aid. Não vi nenhum problema naquilo e segui pelo corredor até encontrar Hugo sentado em uma das macas, com o joelho ralado.

Ele ficou feliz ao me ver, começou a conversar comigo enquanto eu cuidava do seu machucado. Disse que gostava muito de ler, mas só tinha um livro que a mãe havia dado, mas que gostaria muito de ter outros.

Depois Hugo saiu correndo e eu fui procurar mais alguma coisa que pudesse fazer. Encontrei uma funcionária, que disse que eu poderia ajudá-la a dar a comida dos bebês.

Eu a segui pelo lugar até chegarmos ao refeitório. De um lado estavam várias mesas em que as crianças maiores comiam, e do outro umas cadeiras de alimentação para os bebês.

Foi a primeira vez que vi Luna e Cho depois que nos separamos. Luna estava preenchendo as mamadeiras com mingau enquanto Cho as levava para os bebês. Alguns deles já sabiam como beber da mamadeira sozinhos, outros menores precisavam da ajuda das funcionárias.

A mulher que havia me guiado até ali apontou para um bebê que estava em uma das cadeiras, e disse que eu deveria pegar uma mamadeira e dar para ele.

Peguei a mamadeira e fui até ele. Que na verdade era ela. Era uma menininha com bochechas rosadas e cachos castanhos na cabeça. Seus olhos brilhantes encontraram os meus enquanto eu me aproximava e ela riu para mim. Ela era tão linda. Vi que ela tinha uma etiqueta no pulso, com o seu nome. Ela se chamava Molly, o mesmo nome da minha mãe.

Peguei a mamadeira e coloquei delicadamente entre seus lábios, ela sugou o conteúdo rapidamente, estava com fome. Depois que ela terminou de beber o mingau, me disseram que era hora de colocá-la para arrotar.

Não entendi, mas então vi as outras funcionárias junto com Luna e Cho, tirando os bebês das cadeiras e os colocando no colo, dando tapinhas em suas costas. Deduzi que era assim que colocavam os bebês para arrotar.

Entrei em pânico. Eu nunca havia carregado uma criança na minha vida.

Me voltei para a pequena Molly e fui tirando-a da cadeira, o medo de machucá-la ou derrubá-la tomando conta de mim.

Com um pouco de dificuldade, eu a coloquei em meu colo e a segurei do mesmo jeito que os outros bebês estavam sendo carregados. Comecei a dar tapinhas em suas costas e fiquei assim por alguns minutos, me sentindo bastante confiante de que estava fazendo a coisa certa.

Me assustei quando Molly arrotou, e então comecei a sentir meu ombro ficar úmido embaixo da camisa. Alguém me falou que aquilo era uma "gofada". Eu continuei sem entender até que coloquei Molly de volta à cadeira e olhei para o meu ombro. Ela tinha vomitado em mim!

Ok, eu meio que surtei e saí correndo pro banheiro pra limpar aquilo. Todos no lugar começaram a rir de mim e aquilo foi bem desconfortável.

Depois disso, fiz várias outras coisas. Li histórias para as crianças (que ficaram surpreendentemente tranquilas), fiquei no parquinho enquanto elas brincavam para garantir que ninguém se machucasse, ajudei a servir o almoço e até troquei uma fralda.

Confesso que pensei que trocar fralda seria o maior sacrifício da minha vida, mas foi muito divertido. Metade das funcionárias pararam para me ver fazendo aquilo, rindo enquanto eu me atrapalhava todo. Luna e Cho também não ficaram de fora.

O dia acabou mais rápido do que eu gostaria, eu não queria ir embora. Irônico, não? Eu, que nunca gostei de crianças, entrei em um prédio cheio delas e não quis mais sair.

Na hora de irmos embora, fiz questão de me despedir de Hugo e Molly, mesmo que a bebê não entendesse que eu estava me despedindo.

O St. Mungus foi o lugar mais incrível onde eu havia estado, e eu definitivamente quero voltar algum dia. E mais, eu quero ajudá-los. Vou fazer alguma coisa para ajudar a proprietária a manter aquele lugar maravilhoso.

Ronald Weasley, sábado"


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Notas finais do capítulo

Gostaram? O Rony ta fofo né? hahaha
Deixem comentários, XOXO ;*