"Querido diário,

hoje foi o meu segundo dia de "treinamento". Eu só saí com a Luna, pois Cho foi trabalhar na biblioteca.

Luna me perguntou se eu já havia andado de ônibus ou metrô alguma vez na vida, e eu respondi que não, pois nunca andei. Ela começou a me dizer que muitas pessoas não tinham carro ou dinheiro pra pagar um taxi, e que apesar da frota de ônibus em Londres ser muito organizada e pontual, pode ser muito cansativa para algumas pessoas.

Até então, não estava entendendo qual seria a minha tarefa, até que ela disse que eu ia ser taxista por um dia, mas de graça.

Achei a ideia patética e discuti com Luna por bons 10 minutos. Eu jamais sairia oferecendo carona pra desconhecidos, pessoas com quem eu não me importava. Eu nunca iria expor Maggie (N/A: Lembram que Maggie é o carro do Rony?) a essa situação, e se alguém fizesse algum mal a ela?

Fiquei transtornado, não queria convidar qualquer um para entrar na coisa mais preciosa da minha vida, meu carro!

Então Luna me convenceu dizendo que eu deveria fazer aquilo se quisesse ficar com a Hermione (apesar de eu achar que Hermione não faria questão de me fazer virar um taxista). Concordei em fazer a tarefa, com a promessa de trucidar Luna caso algo acontecesse à Maggie.

Então, saímos da faculdade. Íamos passando pelos pontos de ônibus e Luna pediu que eu observasse as pessoas em busca de alguém que precisasse de carona.

No segundo ponto de ônibus, vi uma mulher grávida que segurava pela mão uma criança pequena que chorava. A mulher parecia prestes a chorar também e tinha uma expressão exausta.

Encostei o carro enquanto Luna foi falar com a mulher e oferecer a carona. Não consegui ouvir o que Luna disse, mas a mulher parecia meio desconfiada.Depois de mais algum tempo de conversa, a mulher finalmente entrou no carro.

Fiz questão de desejar a ela um animado "boa tarde", e ela sorriu como agradecimento.

Digamos que a viagem não foi muito agradável pra mim. Fui levar a mulher em casa, e ela morava bem longe. Pegamos um pequeno engarrafamento, mas o pior não foi isso. O diabo da criança não parava de chorar!

Não é segredo pra ninguém que eu não gosto de crianças, mas se eu pudesse teria dopado aquela droga daquele menino.

Chegamos à casa da mulher em cerca de 1h20min. Acabou que fiquei feliz por ajudá-la, ela agradeceu bastante antes de sair do carro.

Na volta, vi uma velhinha em um ponto de ônibus. Quando a vi, senti um aperto no peito. Para mim idosos não deveriam andar de ônibus, deve ser muito exaustivo para eles.

Falei para Luna oferecer uma carona para ela, e a velhinha não pareceu desconfiada como a mulher. Aceitou o convite e entrou no carro.

Luna começou a puxar assunto com ela e perguntou para onde ela estava indo.

A senhora disse que estava indo para casa e nos deu o endereço. Disse que estava voltando do banco ao ter o pedido de empréstimo negado pela terceira vez.

Perguntei pra quê ela queria o empréstimo e ela me falou que tinha uma filha chamada Jilian que estava morando nos EUA. Mas que a filha perdeu tudo o que tinha se envolvendo com drogas e que agora estava grávida e que nem sabe quem é o pai da criança. Jilian queria voltar para casa, mas não tem como, pois não tem mais dinheiro. A senhora disse que ela também não tinha dinheiro para mandar para a filha, e que por isso estava tentando o empréstimo.

Seguimos em silêncio até que chegamos à casinha dela. Antes que a senhora saísse do carro, pedi para esperar.

Peguei um talão de cheques e preenchi um com 5,000 libras. Dobrei o cheque e entreguei para a velhinha, dizendo para ela só abrir quando estivesse dentro de casa.

Enquanto voltávamos, Luna ficou cerca de 5 minutos me encarando, até que começou a falar o quanto estava orgulhosa de mim e muito surpresa pelo meu gesto. Disse que por ela encerraríamos a tarefa, que já estava mais que cumprida.

Hoje o dia foi legal, Maggie não sofreu nenhum dano e Luna pareceu muito orgulhosa de mim.

Um garotinho chorou no meu ouvido por uma hora e vinte minutos, eu gastei minha mesada quase toda em um único cheque. Mas no fim do dia, foi um dia produtivo e eu não me arrependo de nada.

Ronald Weasley, sexta-feira"