Harry Potter e a Fúria dos Deuses escrita por almeidalef


Capítulo 1
Capítulo I - Uma visita inesperada


Notas iniciais do capítulo

Após ler os livros de ambas as séries, como muitas pessoas, apaixonei-me cegamente. Decidi, então, reunir esses personagens memoráveis numa só aventura que envolve o mundo Olimpiano e o mundo Bruxo.

Peço que se gostarem ou não, mandem reviews com suas opiniões nuas e cruas. É a primeira vez que escrevo algo do gênero e não espero nada além do que pura objeção. Mas, se os reviews me mostrarem o contrário, lhes acompanharei nessa estrada que não sei onde nos levará.

Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/402256/chapter/1

No dia que antecedia o início do ano letivo daquele ano, o grande Castelo de Hogwarts erguia-se, como sempre, imponente e encarapitado no alto de um penhasco. Envolto por campos a perder de vista. Suas várias janelas cintilando charmosas à luz do sol do meio-dia e suas muitas torres e torrinhas exibindo-se no alto. Nas cozinhas do subsolo, elfos domésticos trabalhavam incessantemente nos preparativos para o banquete do dia seguinte, no qual todos os alunos voltariam e calouros chegariam. O começo do ano letivo. Anormalmente silenciosa devido as férias, apenas alguns sons ecoavam naquela vasta imensidão, um deles era o piar alto das corujas no corujal, uma sala circular revestida de pedra; um tanto fria e varrida por correntes de vento, porque nenhuma das janelas tinha vidro. O chão era coberto de palha, titica de coruja e esqueletos de ratos e arganazes que as corujas regurgitavam. Centenas e mais centenas de corujas de todas as espécies imagináveis estavam aninhadas ali em poleiros que subiam até o alto da torre. Podia-se ouvir, também, o chocalhar das ondas na beira do lago profundo produzidas não pelo vento, e sim pelos vários tentáculos ligeiros de uma lula gigante que divide sua moradia com sereias, grindylows, dentre outras criaturas marinhas.

Há uma boa distância dali a Floresta Proibida exibia suas árvores gigantescas e antigas, algumas musgosas e retorcidas, outras largas e nodosas, outras delgadas e compridas. Úmida, densa e escura, a floresta da propriedade era o esconderijo de animais e criaturas perigosas, algumas nenhum pouco amistosas. Centauros, unicórnios, testrálios, lobisomens, assim como outras criaturas desconhecidas. O farfalhar da folhagem parecia sussurrar uma cantiga maldosa, outras vezes parece rumorejar indiferente, apenas o diálogo entre o vai-e-vem dos galhos e o som do vento se deslocando, suave, interrompido pelo barulho de água correndo de algum riacho por perto. Esse falso silêncio era maculado muitas vezes pelos passos das criaturas, que fazem o chão coberto de folhas e galhos secos estalarem. Em diversos pontos a trilha íngreme e estreita se bifurca, é preciso conhecer a região para não se perder e sobreviver aos perigos que a mata guarda, mesmo quando ali se aventura durante o dia. À orla da Floresta Proibida uma pequena cabana soltava bolotas de fumaça de sua chaminé. A cabana do Guardião das Chaves e das Terras de Hogwarts - Rúbeo Hagrid, um homenzarrão de cabelos, barbas e sobrancelhas castanhas, grandes e espessas, que quase encobriam todo seu rosto. Encontrava-se próximo às cercas dos hipogrifos - grandes cavalos alados com cara de águia, de olhos esbugalhados e alaranjados, patas munidas de garras e asas cobertas por penas espessas que variam de cor, podendo ser negros, cor de bronze, cinza ou ruão -, alimentando-os. Acompanhado por seu enorme cão de caçar javalis, ao qual dera o nome de Canino.

Nas masmorras, Sr. Filch - um velho esquelético e asmático e também zelador da escola - estava lendo um maço de pergaminho, que tirara de um envelope onde se lia "FEITICEXPRESSO" sentado à escrivaninha. Sem janelas e iluminada por uma única lâmpada de óleo pendurada no teto baixo, sua sala era encardida e escura. Um leve cheiro de peixe frito impregnava a sala. Arquivos de madeira estavam dispostos ao longo das paredes; pelas etiquetas era possível ver que continham detalhes sobre cada aluno que Filch já castigara. Excepcionalmente, Fred e Jorge Weasley tinham uma gaveta separada. Uma coleção muitíssimo polida de correntes e algemas estava pendurada na parede atrás da sua escrivaninha. Era do conhecimento de todos os alunos que Filch estava sempre pedindo ao diretor de Hogwarts que o deixasse pendurar os alunos no teto pelos tornozelos, pois, acreditava que as atuais detenções impostas aos alunos que cometiam algum delito eram fracas demais. No seu colo magro, encontrava-se enrolada uma gata quase mais magra ainda, chamada Madame Nor-r-r-a, como quem ronrona, com pelos cor de poeira, olhos saltados como lâmpadas, iguais ao do dono. Ela patrulhava os corredores sozinha. Se alguém desobedecesse a uma regra em sua presença, ela corria buscar Filch, que aparecia em dois segundos.

Já no sétimo e último andar do castelo, escondida atrás de uma gárgula de pedra feiíssima, de uma parede que se abre em dois e de uma escada caracol que sobe suavemente, como uma escada rolante, está o gabinete do Diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts - Alvo Dumbledore. Era uma sala bonita e circular, cheia de ruídos engraçados. Havia vários instrumentos de prata curiosos sobre mesas de pernas finas, que giravam e soltavam pequenas baforadas de fumaça. As paredes estavam cobertas de retratos de antigos diretores e diretoras, todos eles conversavam entre si tranquilamente em suas molduras. Havia também uma enorme escrivaninha de pés de garra, e, pousado sobre uma prateleira atrás dela, um chapéu de bruxo surrado e roto - o Chapéu Seletor. Dumbledore era alto, magro e muito velho, a julgar pelo prateado dos seus cabelos e de sua barba, suficientemente longos para prender no cinto. Usava vestes longas, uma capa púrpura que arrastava no chão e botas com saltos altos e fivelas. Seus olhos azuis eram claros, luminosos e cintilantes por trás do óculos em meia-lua e o nariz muito comprido e torto, como se o tivesse quebrado pelo menos duas vezes. Encontrava-se logo atrás de sua charmosa escrivaninha, os olhos baixos, movendo os lábios silenciosamente as palavras que rabiscava com uma pena de pavão no pergaminho à sua frente. Batidas quase inaudíveis e decididas à porta de carvalho do seu gabinete.

– Entre, Minerva. - convidou, sem mesmo tirar os olhos do que escrevia.

A porta se abriu e de lá saiu uma mulher de aspecto severo que usava óculos de lentes quadradas. Ela, também, usava uma capa, porém dourada. Trazia os cabelos negros presos num coque apertado, escondidos por um grande chapéu pontiagudo. E parecia decididamente irritada.

– Olá, Minerva! - cumprimentou Dumbledore suavemente. - Estou à procura de algumas palavras para dizer amanhã aos alunos. Pateta, chorão, destabocado e beliscão já estão fora de moda! E creio eu, que, babuínos bobocas balbuciando em bando não se parece comigo...

– Alvo, é... é verdade? - gaguejou a professora. - O que estão dizendo é que alguns alunos... especiais... estão vindo para Hogwarts... é simplesmente espantoso... como vão estudar a magia se não são bruxos?

– Todos nós temos um bruxo dentro de nós, Minerva - ponderou Dumbledore, agora pousando os olhos no rosto preocupado de Prof.ª McGonagall.

– Mas, por Deus... - tornou a gaguejar a professora. - Você não quer dizer, você não está dizendo... Francamente, Alvo, como conseguirão aprender o mais simples dos feitiços?!

– Só podemos imaginar - disse Dumbledore calmamente. - Talvez nunca chegaremos a saber.

– Você acha que é sensato trazer esses adolescentes para Hogwarts?

– É o melhor lugar para eles. Imagine que aventuras os aguardam nos terrenos deste castelo, Minerva - falou Dumbledore num tom sonhador. - As coisas magníficas que podem fazer...

– E não é só isso. Estão dizendo que um deles nem é humano! - exclamou a professora, arregalando os olhos severos por detrás dos oclinhos quadrados. - Ah, Alvo...

– Eu sei... Eu sei... - disse olhando muito sério por cima dos óculos de meia-lua - Mas ele sabe como se disfarçar, já viveu muito tempo com os trouxas e nenhum deles suspeitou. Estou fazendo um favor à um amigo, preciso mantê-los seguros aqui, em Hogwarts.

– É, é, você está certo, é claro. Mas como é que eles vão chegar aqui, Dumbledore? - Ela olhou para a capa dele de repente como se lhe ocorresse que talvez os estivesse escondendo ali.

– Hagrid irá trazê-los.

– Você acha prudente confiar a Hagrid uma tarefa importante como esta? Não estou dizendo que ele não tenha o coração no lugar - concedeu a professora de má vontade -, mas você não pode fingir que ele é cuidadoso. Que tem uma tendência a...

– Eu confiaria a Hagrid minha vida - respondeu Dumbledore.

– Claro, claro. Bom, Alvo, tenho que voltar à minha sala e preparar minhas aulas... - informou Prof.ª McGonagall caminhando em direção à porta de carvalho. - Agora que vou ter que ensinar magia à...

A professora saiu da sala sem mesmo terminar a frase.

– Exatamente - falou um Dumbledore sorridente à sua escrivaninha, voltando os olhos ao pergaminho. - Este ano nos guarda feitos extraordinários!

________________________*________________________

Rua dos Alfeneiros, 4. Menor quarto da casa.

Harry Potter acordara decidido: Nada. Nem mesmo seu primo balofo, Duda, estragaria seu dia. O dia em que voltaria para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. O dia em que veria seus melhores amigos, Rony Weasley e Hermione Granger, durante todas as férias comunicando-se apenas por cartas. No quarto ao lado, era possível ouvir os passos sonolentos de tio Válter, que era diretor de uma firma chamada Grunnings, que fazia perfurações. Era um homem alto e corpulento, tinha um rosto grande e rosado, pescoço curto, olhos azuis pequenos e aguados e cabelos louros muito espessos e assentados na cabeça enorme e densa. Ouvia-se também o ranger dos degraus da escada criados pelos pés de tia Petúnia - uma mulher magricela e loura que tinha um pescoço quase duas vezes mais comprido que o normal, o que era muito útil porque ela passava grande parte do tempo espichando-o por cima da cerca do jardim para espiar os vizinhos -, encaminhando-se à cozinha para preparar o café-da-manhã. Havia um malão de madeira aberto ao pé da cama de Harry, deixando à mostra um caldeirão, uma vassoura, vestes negras e vários livros de feitiços do quarto ano que a mãe de Rony, Molly, comprara para Harry semana passada e a entrega de Errol, a coruja da família Weasley resultou-se num enorme estrondo no quarto de Harry na madrugada, que fez Tio Válter rugir feito um búfalo por uns dias. Rolos de pergaminho atulhavam a parte do tampo de sua escrivaninha que não estava levantada por causa de uma enorme gaiola onde sua coruja, Edwiges, de penas branquíssimas piava baixo para Harry, dando-lhe bom-dia. Ele acendeu o abajur ao seu lado, com uma das mãos estendida à procura dos óculos redondos que deixara na mesa de cabeceira. Os colocou e o quarto entrou em foco, saiu da cama, atravessou o quarto, abriu o guarda-roupa e espiou o espelho que havia do lado interno da porta a direita.

Um menino magricela de catorze anos olhou para ele, os olhos muito verdes e pesados sob os cabelos negros em desalinho. Harry esfregou os olhos por debaixo dos óculos e dirigiu-se à janela. Afastou as cortinas para olhar a rua lá embaixo. A rua dos Alfeneiros tinha o aspecto exato que uma rua de subúrbio respeitável deveria ter nas primeiras horas do dia. Todas as cortinas estavam fechadas. Até onde Harry pôde ver no escuro, não havia um único ser vivo à vista, nem mesmo um gato. Sua luz de cabeceira parecia estar se enfraquecendo à media que a luz fria e cinzenta que antecede o nascer do sol penetrava devagarzinho no quarto. Quando o sol nasceu, quando as paredes de seu quarto ficaram douradas e ele pôde ouvir o rastejar dos pés enormes de Duda na escada, Harry espreguiçou-se e abriu mais uma vez o guarda-roupa. Sem olhar para a imagem refletida no espelho, começou a se vestir para tomar o café-da-manhã que os tilintares de xícaras e talheres no andar de baixo anunciavam que estava pronto.

Harry finalmente chegara a cozinha e os três Dursley já estavam sentados à mesa. Nenhum deles moveu um músculo quando o garoto entrou ou se sentou. A caraça vermelha pimenta de tio Válter estava atrás do matutino Daily Mail, e tia Petúnia entregava panquecas ao prato de Duda, que parecia furioso, e, por alguma razão dava a impressão de estar ocupando mais espaço do que de costume. E isso não era novidade, porque ele sempre ocupava sozinho um lado inteiro da mesa quadrada e ao sentar, grande parte do seu traseiro ficava para fora da cadeira. A casa dos Dursley tinha quatro quartos: um para tio Válter e tia Petúnia, um para hóspedes, um onde Duda dormia e o outro, o menor, para onde Harry se mudou no ano que ingressou em Hogwarts já que o garoto ficava em um armário debaixo da escada. O quarto de hóspedes em geral era ocupado por tia Guida, irmã de tio Válter. Embora não fosse um parente consanguíneo de Harry (cuja mãe fora irmã de tia Petúnia), a vida inteira ele tinha sido obrigado a chamá-la de "tia".

Tia Guida morava no campo, em uma casa com um grande jardim, onde ela criava buldogues. Raramente aparecia na rua dos Alfeneiros, mas cada uma de suas visitas permanecia horrivelmente nítida na cabeça de Harry.

Na festa do quinto aniversário de Duda, tia Guida tinha dado umas bengaladas nas canelas de Harry para impedi-lo de vencer o primo em uma brincadeira. Alguns anos mais tarde, ela aparecera no Natal trazendo um robô computadorizado para Duda e uma caixa de biscoitos de cachorro para Harry. Em outra, um ano antes do garoto entrar para Hogwarts, ele pisara sem querer o rabo do cachorro favorito da tia. Estripador perseguira Harry até o jardim e o acuara em cima de uma árvore, mas tia Guida se recusara a recolher o cachorro até depois da meia-noite. Na sua última hospedagem na casa do irmão, Harry a transformou acidentalmente em um balão e a mulher ficou batendo com o corpanzil inchado no teto da cozinha dos Dursley até que os funcionários do Departamento de Reversão de Feitiços Acidentais do Ministério da Magia chegaram no local e esvaziaram e alteraram a memória de Guida.

As horas seguintes passaram rapidamente depois que o garoto subiu para seu quarto e começou a organizar seus materiais escolares necessários para o quarto ano em Hogwarts. Incluindo sua Firebolt para Quadribol, a vassoura mais rápida da atualidade, presente que Harry recebera de seu padrinho, Sirius.

O quadribol - na opinião de Harry, o melhor esporte do mundo - era o esporte mais popular do mundo bruxo. O campo onde o jogo ocorre tem formato oval, em cada lado do campo são encontradas três balizas, cada uma com 15 metros de altura, em frente às quais fica o goleiro que as defende de três artilheiros de cada time que lançam a goles - uma bola de couro vermelha aproximadamente do tamanho de uma bola de futebol, cada gol vale 10 pontos. O quadribol possui dois tipos de bola além da goles. Os batedores precisam desviar com bastões parecidos com de baseball os balaços que tem a função de atrapalhar o apanhador. A função do apanhador é capturar o pomo de ouro. A bola mais importante do jogo. Quando o pomo de ouro é capturado o jogo acaba e o time do apanhador que a capturou recebe 150 pontos, mas isso nem sempre garante a vitória do time que a capturou.

Depois que Harry arrumara tudo o que levaria para Hogwarts naquele ano, dirigiu-se até a sala, onde encontrou tio Válter esparramado na poltrona.

– Hum... tio Válter? - começou Harry preocupado.

Tio Válter virou a caraça avermelhada para Harry mas não tirou os olhos da tevê.

– É... preciso estar na estação daqui uma hora para... embarcar para Hog... para embarcar para a escola. Será que o senhor podia me dar uma carona?

Quase dissera Hogwarts, o que resultaria em um tio Válter furioso.

– É. - resmungou tio Válter tateando a mesinha de centro à procura de um dos cookies distribuídos em um grande prato.

Harry supôs que aquele "é" significava um sim.

– Muito obrigado.

Uma hora mais tarde, a mala enorme e pesada de Harry fora colocada no carro dos Dursley. Duda espremia-se contra a porta à direita, pois desde que Hagrid os visitara anunciando que Harry tinha uma vaga em Hogwarts e dera a Duda um rabo de porco, temia cegamente que Harry o desse um focinho. Tia Petúnia parecia extremamente feliz já que não teria que esconder as coisas estranhas que Harry fazia acontecer dos vizinhos durante um bom tempo. A viagem foi incomodantemente silenciosa. Apenas tio Válter e tia Petúnia trocaram algumas pequenas frases.

Chegaram à estação King's Cross às 10:43. Tio Válter jogou a mala de Harry num carrinho e empurrou-o até o garoto. E com um sorriso maldoso foi-se embora sem dizer nada, Harry se virou e viu o carro dos Dursley partir. Duda parecia decididamente aliviado.

Harry atravessou a estação empurrando o carrinho até entre um grande número nove de plástico no alto da plataforma e um grande número dez no alto da plataforma seguinte. Sabia o que tinha que fazer. Virou o carrinho diretamente para a barreira entre as plataformas nove e dez. Ele começou a andar em direção a ela. As pessoas a caminho das plataformas o empurravam. Harry apressou o passo. Ia bater direto no coletor de bilhetes e então ia se complicar - curvando-se para o carrinho ele desatou a correr - a barreira estava cada vez mais próxima - não poderia parar - o carrinho estava descontrolado - ele estava a um passo de distância - fechou os olhos se preparando para a colisão...

E ela não aconteceu... ele continuou correndo... e abriu os olhos.

Ao seu lado, a já conhecida locomotiva vermelha a vapor estava parada à plataforma apinhada de famílias despedindo-se. O letreiro no alto informava Expresso de Hogwarts, 11 horas. Na sua retaguarda um arco de ferro forjado encontrava-se no lugar onde estivera o coletor de bilhetes, com os dizeres Plataforma nove e meia.

A fumaça da locomotiva se dispersava sobre as cabeças das pessoas que conversavam, enquanto gatos de todas as cores trançavam por entre as pernas delas. Corujas piavam umas para as outras, descontentes, sobrepondo-se à balbúrdia e ao barulho das malas pesadas que eram arrastadas. Os primeiros vagões já estavam cheios de estudantes, uns debruçados às janelas conversando com as famílias, outros brigando por causa dos lugares e outros que Harry nunca vira - provavelmente os calouros. Enquanto empurrava o carrinho pela plataforma procurando um lugar vago Harry viu rostos conhecidos e os cumprimentou com acenos de cabeça e apertos de mão.

Há uns passos à sua frente Harry avistou um casal de ruivos despedindo-se de seus filhos. E correu em sua direção.

– ...Fred comporte-se e Jorge... Ah, Harry! - a mãe dos garotos lhe deu um grande abraço. A Sra. Weasley era uma senhora baixa, gorducha e de rosto bondoso, porém muito severa quando se tratava do mau comportamento de seus filhos.

– Olá, Harry! - falou o Sr. Weasley sorridente, apertando as mãos de Harry. Era um homem magro, começando a ficar careca, mas o pouco cabelo que tinha era ruivo como o de todos os filhos. Usava vestes marrons e longas, que estavam empoeiradas e amarrotadas. O Sr. Weasley era incrivelmente entusiasmado com todas as coisas que envolvessem os trouxas a ponto de declarar que seu objetivo na vida era descobrir como os aviões permanecem no ar. Por causa desse hobby, trabalha na Seção de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas no Ministério da Magia e não perde uma chance de perguntar à Harry como alguns objetos funcionam.

O Sr. Weasley ajudou Harry a colocar sua grande mala num compartimento vago juntamente de Edwiges em sua gaiola. Em seguida, Harry subiu na locomotiva que já começara a se movimentar enquanto os pistões assobiavam. Cumprimentou os gêmeos ruivos - que carregavam fogos de artifício Dr. Filibusteiro e uma caixa oscilante -, se sentou na cabine onde Rony e Hermione estavam e respondeu aos acenos do Sr. e Sra. Weasley na plataforma. Antes mesmo do trem fazer sua curva, os dois aparataram.

Harry levantou-se e rapidamente fechou a porta da cabine.

– Como Errol está?

– Ah, aquela coruja velha! - exclamou Rony, contendo um sorriso que amassava suas sardas. - Chegou em casa e caiu de cabeça na panela de ensopado da mamãe. Mas vai ficar bem.

Harry e Hermione riram.

– Tio Válter ficou enfurecido quando ela o acordou. - contou Harry, sentando-se de frente para Rony. - Vocês precisavam ver a cara dele!

A conversa se estendeu com Rony contando, entediado, como um dragão que Carlinhos trouxera da Romênia colocou fogo nos relatórios de Percy sobre os fundos de caldeirões. Hermione narrava teatralmente suas visitas a pontos turísticos da França e os gostos das comidas típicas.

– E como foram suas férias, Harry? - questionou ela, depois que Rony pigarreou irritado enquanto ela explicava que a Torre Eiffel não é tão pesada quanto aparenta.

– Uma tortura! - exclamou Harry, lembrando-se de quando tia Petúnia o obrigara a arrumar o quarto de Duda, encontrando vários sacos de salgadinho, restos de bolinhos, bolachas recheadas e comidas gordurosas e vencidas debaixo da cama. - Sirius me mandou um bolo de cenoura no meu aniversário. Mas não recebi nenhuma carta de Hagrid...

– Talvez esteja muito atolado preparando as aulas. - sugeriu Rony, olhando os campos verdejantes passarem na janela.

Hermione abrira a boca para dizer alguma coisa mas foi interrompida por batidas leves na porta da cabine. A senhora do carrinho de doces estava postada ali, a toda sorrisos e covinhas, chocalhando um pacote de sapos de chocolate.

– Vão querer alguma coisa, meus queridos?

Harry despejou no banco vazio feijõezinhos de todos os sabores, balas de goma, chicles de bola, sapos de chocolate, tortinhas de abóbora, bolos de caldeirão, varinhas de alcaçuz, pastelões de carne e vários outros doces estranhos. Hermione mordera a ponta de um feijãozinho escarlate e fizera uma careta horrível. "Vômito!". Rony fez uma bola de chicle tão grande, que quando explodiu grudou em todo seu rosto sardento, precisando do auxílio de Harry e Hermione para ser removida, em meio a grandes gargalhadas. Harry comeu uma bala de goma que, literalmente, fez fumaça sair de suas orelhas. Eles se divertiram comendo de tudo, enquanto riam sem parar das reações de cada um aos sabores sortidos dos feijões.

Harry estava mordendo uma varinha de alcaçuz quando uma gritaria prorrompeu das cabines da frente.

– O que está acontecendo? - perguntou Hermione mascando um chicle de bola e indo em direção à porta da cabine, abrindo-a.

Hermione foi empurrada para trás por um grupo de estudantes do segundo ano, já vestidos com os uniformes, gritando desesperados em direção ao último vagão do trem. Rony e Harry levantaram-se e Rony puxou um garoto da Sonserina no meio da correria, pelo colarinho, e perguntou-o o que estava acontecendo.

– Os ruivos! Estão explodindo fogos de artifício e soltando uma criaturas horríveis! - explicou ele com a voz fina e esganiçada.

– Fred e Jorge... - sussurrou Rony, soltando o garoto, que desaparecera em segundos no meio da correria de alunos.

– Eu os vi com fogos Dr. Filibusteiro e uma caixa - comentou Harry, pensativo. - Mas, que criaturas horríveis são essas?

– Isso com certeza fará Grifinória perder pontos! - exclamou Hermione, irritada. - E ainda nem chegamos em Hogwarts!

– Devemos ir lá ver? - perguntou Rony, colocando a cabeça para fora da porta novamente.

– Não! Vocês não podem! - ordenou Hermione, com ar de superioridade. - Se algum professor os virem lá, concluirão que vocês participaram de tudo!

– Vamos. - anunciou Harry, levantando-se e puxando pelos braços uma Hermione contrariada.

Rony, Hermione e Harry seguiram, por entre os corredores estreitos, a origem da balbúrdia. Duas garotas do primeiro ano que choravam soluçantes empurraram Rony contra a porta de uma cabine e seguiram em disparada para o fim do trem. Ao passarem pelas várias cabines distribuídas no vagão, Hermione olhara de esguelha e notara que todas estavam abarrotadas de alunos que olhavam arregalados para eles.

Com muita dificuldade, contornando alunos descontrolados e amedrontados que saíam aos montes, finalmente chegaram à porta que dava no próximo vagão. Um grupo de alunos do terceiro ano da Lufa-Lufa passaram zunindo por entre os garotos. E então, quando o caminho estava livre, eles abriram a porta e viram.

O cenário era de total destruição. Havia alunos escondidos embaixo dos bancos de estofado azul-meia-noite. Outros no alto, espremendo-se por entre as bolsas e malotes. Alguns apanhavam as varinhas, pensando em algum feitiço. Alunos do primeiro e segundo anos corriam desnorteadamente para outros vagões, gritando feito loucos. O carrinho de doces que passara por ali, encontrava-se tombado no carpete acinzentado. Feijõezinhos coloridos espalhados e pisoteados por todo o chão. Hermione soltara um grito sufocado, anunciando que encontrara os causadores do pandemônio. Criaturas avermelhadas de mais de um metro rastejavam-se ligeiras pelo recinto, escalando prateleiras de bagagem, disparando faíscas ardentes e malcheirosas de suas caudas, brotando pernas dos lugares mais estranhos de seus corpanzil que pareciam de lagostas sem cascas. Explosivins. Alguns puxavam os cabelos de alunos escondidos e outros rasgavam suas vestes. Com suas vantajosas pernas, agarravam-se nas lâmpadas que ao balançar davam ao lugar um aspecto sombrio. E então, no meio da algazarra, Harry avistara duas caraças sardentas e cabelos cor de fogo, protegendo-se atrás do penúltimo banco a direita.

– Fred e Jorge, ali! - apontou Harry, elevando a voz para se sobrepor a gritaria ensurdecedora. - Precisamos chegar até eles!

– Você enlou... - a fala de Rony foi interrompida quando um Explosivim saltou em cima de seu peito, fazendo-o cair para trás e gritar ensandecidamente.

Com um chute, Hermione expulsou o Explosivim de cima de Rony antes que ele o retalhasse com suas imensas garras de caranguejo.

Incrível, Hermione! - exclamou Harry, estupefato.

– É... você sabe... futebol... - gaguejou Hermione, um tanto corada.

Harry já ouvira falar de futebol, mas nunca tivera oportunidade de assistir a um jogo na tevê ou ir ao estádio. Rony fazia cara de perplexidade, jamais ouvira falar de futebol já que morava com uma família bruxa - que o esporte mais comentado era o quadribol -, e não com trouxas, como Harry e Hermione.

Desvencilhando os pensamentos do futebol, os três avançaram em direção a Fred e Jorge e, obviamente, os Explosivins não gostaram nada disso.

Um Explosivim saltou em direção ao rosto de Harry que rapidamente apanhou sua varinha. "Expelliarmus!", berrou, fazendo com que as garras de caranguejo do Explosivim voassem três metros dali, deixando apenas um corpo de lagosta descascada rastejando-se dolorosamente no chão. Outro corria anormalmente rápido às pernas de Hermione. "Immobulus!", gritou ela, transformando a criatura numa estátua, pairando no ar. Outro Explosivim agarrou uma aluna do segundo ano da Corvinal - que estava escondida debaixo do banco -, e começou a arrastá-la pelo vagão. Rony aprumou-se e tomando o devido cuidado para não acertar a garota desesperada... "Bombarda!", berrou, transformando o Explosivim em pedaços avermelhados espalhados. Finalmente, depois de Hermione acotovelar uma das criaturas lançando-a contra a janela e Harry pisar em outra, alcançaram os gêmeos Weasley no final do vagão.

– Vocês vão ser expulsos! - vociferou Hermione, agachando-se ao lado deles. - Ou pior: Grifinória vai começar o ano com 200 pontos a menos.

– Nós só íamos dar um susto no pessoal da Sonserina - disseram os gêmeos em uníssono, sorrindo.

– E acabaram desencadeando uma catástrofe... - falou Rony, olhando entediado para os irmãos, que pareciam indiferentes.

– Quebrando umas zilhões de regras do regulamento! - berrou Hermione, indignada.

– A vida é muito curta para seguir regras - disse Fred calmamente, debochando.

Observando o vagão, Harry notara que absolutamente nada mudara. Uns vinte Explosivins ainda atormentavam alunos amedrontados. E derrubavam malas e bolsas, espalhando seus pertences pelos bancos.

– Preciso destruí-los. - disse Harry, levantando-se, apanhando a varinha e a apontando para um Explosivim que derrubara um malão na cabeça de um aluno do terceiro ano da Sonserina, fazendo-o desmaiar instantaneamente. Uma lista de feitiços possíveis para atordoá-los transcorreu na sua mente. Lembrou-se de um. Confringo. Ergueu a varinha e um clarão esbranquiçado recheou o vagão. Mas não fora Harry. Uma voz às suas costas murmurava: Sectusempra!, Sectusempra!, Sectusempra!.

Quando o clarão cessou, os Explosivins haviam sido resumidos em pó e, todos os alunos que não estavam desacordados olhavam para Harry, com cara de estupefação.

Harry se virou e à sua frente viu uma mulher magra, de cabelos longos e castanhos, vestindo uma camiseta preta e por cima uma jaqueta jeans-clara com parte de um maço de cigarro à mostra, em um dos bolsos. Vestia uma calça jeans escura e All-Stars vermelhos. Tinha olhos esverdeados e grandes, um nariz pontiagudo e lábios extremamente carnudos e vermelhos, onde um cigarro estava pendurado exalando sua fumaça dançante perto de seu rosto jovial. Usava pulseiras, colares, brincos e anéis dourados e extravagantes. As unhas enormes pintadas num tom de vermelho-berrante. A mulher não parecia uma bruxa, estava mais para uma modelo trouxa...

Ela tragou demoradamente o cigarro e soprou sua fumaça enquanto começava a dizer.

– Você deve ser Harry Potter - disse, numa voz calma, quase etérea. - A julgar pela cicatriz...

Harry não conseguiu responder, e o pior de tudo: não sabia o porquê. Olhou de esguelha para Rony e os gêmeos e não sabia se o aliviava ver que os três estavam perplexos ou o preocupava ainda mais.

– Quem é você? - perguntou Hermione, desconfiada.

– Lana Griffith. Sou sua nova professora.

– Nova professora? De quê? - perguntou Hermione, determinada.

– Hoje à noite, o Prof. Dumbledore me apresentará à escola, Granger - respondeu Lana, que em seguida desapareceu.

Sem abrir quaisquer portas ou fazer um movimento.

– O que foi aquilo? - perguntou Rony, recuperando-se da perplexidade inexplicada.

Não houve respostas. Depois da confusão com os Explosivins, o Expresso de Hogwarts voltou ao normal muito lentamente. Os que haviam desmaiado voltaram a si aos poucos, sendo auxiliados por um grande copo de suco de abóbora do carrinho de doces, agora restaurado. Os pertences esparramados voltaram ao seus devidos lugares com as maletas e bolsas. Fred e Jorge foram levados para os vagões da frente, provavelmente com os monitores. Harry, Rony e Hermione voltaram à sua cabine, vestiram os uniformes e não trocaram nenhuma palavra. Harry notou que o silêncio não era comum, era um silêncio palpável e incômodo.

Quando o Expresso de Hogwarts chegou em Hogsmeade, os alunos desceram lentos, ainda abalados com o que acontecera, principalmente os do primeiro ano. No meio da multidão na plataforma, Harry esticara o pescoço várias vezes para tentar enxergar seu amigo Hagrid, o guarda-caça que sempre se encarregava de levar os calouros até o castelo, em barcos. Mas, se ele estava na plataforma, Harry não o viu. Desanimado, seguiu pelo lado oposto da plataforma com o resto da escola e desceram para uma trilha enlameada, cheia de altos e baixos, onde no mínimo uns cem coches os aguardavam, cada qual, puxado por um cavalo invisível. Os garotos embarcaram em um, fecharam a porta e o veículo saiu andando, aos trancos e balanços, formando um cortejo.

O coche cheirava levemente a mofo e palha. Harry se sentia entediado. Rony e Hermione não paravam de lhe lançar olhares de esguelha, como se temessem que aquela bruxa maluca aparecesse às suas costas outra vez.

Quando o coche foi se aproximando de um magnífico portão de ferro forjado, ladeado por colunas de pedra com javalis alados no alto, ele se recostou no banco encalombado e o coche ganhou velocidade no caminho longo e inclinado até o castelo; Hermione se debruçou na janelinha, espiando as muitas torrinhas e torres que se aproximavam. Por fim, o coche parou balançando, e os três desembarcaram e se juntaram aos muitos alunos que enchiam as escadas, cruzavam a soleira das enormes portas de carvalho e penetravam no saguão cavernoso iluminado por tochas ardentes, onde havia uma magnífica escadaria de mármore para os andares superiores.

A porta que levava ao Salão Principal, à direita, estava aberta; Harry seguiu o grande número de alunos que se deslocava naquela direção, mas apenas vislumbrara o teto enfeitiçado para parecer o céu a noite, e que àquela noite mostrava-se escuro e anuviado.

Havia um mar de chapéus cônicos e pretos; cada uma das compridas mesas das casas estava lotada de estudantes, os rostos iluminados por milhares de velas que flutuavam no ar, acima das mesas. O Prof. Flitwick, que era um bruxo franzino de cabeleira branca, carregava um chapéu antigo e um banquinho de três pernas para o centro do Salão, colocando-o à mesa dos professores que ficava defronte as demais mesas. A Prof.ª McGonagall, que ensinava Transfiguração e dirigia a Casa da Grifinória, estava segurando em suas mãos um grande pergaminho com os nomes dos calouros. Os novos alunos de Hogwarts eram distribuídos pelas quatro casas do colégio, pondo na cabeça o Chapéu Seletor, que anunciava a casa (Grifinória, Corvinal, Lufa-Lufa ou Sonserina) que melhor convinha ao recém-chegado. Enquanto muitos nomes eram chamados pela professora, em ordem alfabética, Harry notara que Hagrid não estava sentado à mesa dos professores, próximo de Snape - professor de Poções, de cabelos negros e oleosos, nariz de gancho e pele macilenta -, como de costume. E, também, notara que a mulher que destruiu os Explosivins no trem - Lana Griffith, estava sentada entre o Prof. Binns - História da Magia -, e Madame Hooch - professora de voo para alunos do primeiro ano.

O Prof. Dumbledore encontrava-se sentado em sua enorme cadeira no centro da mesa dos professores, aplaudindo rapidamente a cada Casa que o Chapéu Seletor anunciava aos alunos, que se levantavam, sorridentes.

Ao último aluno enviado para sua respectiva casa, Dumbledore levantara e o vozerio que se estendia por todo o Salão, cessou-se.

– Sejam bem-vindos de volta! - vociferou ele, suavemente. - Eu tenho alguns avisos à se fazer.

"É do conhecimento de todos, que a Floresta Proibida é extremamente perigosa, e por isso não se deve nela aventurar-se sem o auxílio de um professor. O Sr. Filch me pediu para avisar que nenhum tipo de brincadeira deve ser executada nos corredores. Como vocês podem ver, temos novas caras na mesa dos professores."

Dumbledore virou-se para uma mulher magra, de olhos verdes, bocas carnudas, vestida em uma jaqueta jeans-clara.

"Esta é a professora Lana Griffith! Que a partir de amanhã será sua nova professora de Defesa Contra as Artes da Trevas!"

Uma grande balbúrdia desencadeou-se no meio de palmas em todas as quatro mesas dispostas no Salão e, com um pequeno sinal de mão de Dumbledore, tornou a silenciar-se.

"Os materiais necessários já estão em seus dormitórios."

Harry encarou a nova professora por alguns segundos e ela o respondeu com um pequeno aceno de cabeça, sorrindo, agradecendo ao aplausos.

– Uma última e pequenina coisa. Novos... - Dumbledore, que fora interrompido pelo ribombar das grandes portas do Salão Principal, estava sorrindo.

Todos os alunos esticaram seus pescoços para ver quem estava à porta e Harry viu Hagrid, mas não pôde enxergar com quem ele estava, devido as capas pretas em sua frente.

– Quero lhes apresentar os novos estudantes de Hogwarts! - vociferou Dumbledore. - O Sr. Percy Jackson, as Srtas. Annabeth Chase e Rachel Elizabeth Dare e os Srs. Grover Underwood e Nico di Ângelo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esperando seu review ansiosamente!