Crônicas De Um Casal De Semideuses escrita por Emily di Angelo


Capítulo 2
Conto 1 - CADÊ O SOL - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Não poderia deixar de postar neste dia especial!!
18 de Agosto aniversário do nosso herói favorito!!!

Parabéns, Percy!!!


Quanto a história, o planejamento era fazer em duas partes, mas eu me animei um pouco e vão ser três.

Lembrando que depois terão outras histórias, já que esta fic é uma coletânea de histórias curtas. As outras histórias não terão relação nenhuma.



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POV ANNABETH

 

(NO CAPÍTULO ANTERIOR)

            Ele acelerou o calhambeque, que chegou a vacilar por um momento, mas depois arrancou, subiu rapidamente em direção ao céu, já muito escuro para o horário. Os mortais que ainda estavam no parque pareceram não perceber quando o velho carro subiu em direção ao Empire State, derrubando um pedaço da carroceria no meio da calçada.

–Acho que vamos ter que cancelar o jantar não é? – disse Percy, parecendo decepcionado. Eu olhei triste para ele.

–Sim, Cabeça-de-Alga. Mas não se preocupe, vamos achar Hélio para podermos comemorar nosso aniversário amanhã, na Estátua da Liberdade.

            Ele abriu um sorriso bobo e me beijou. Entramos no carro e Percy deu a partida.

–Ele falou para procurarmos Selene. – falou – Essa não é a deusa-lua?

–Sim, ela é irmã de Hélio, talvez tenha informações sobre ele...

–E onde vamos encontrar a deusa-lua? Ela está aqui em Nova York?

–Não sei. Eu preciso pensar. Vamos passar em seu apartamento. São 19h. Temos até as cinco e meia da manhã, que é o horário em que o Sol normalmente nasce, mas Apolo falou alguma coisa das Horae.

–De quem?

–Das Horae, são as protetoras do Olimpo, cada uma representa uma hora. Apolo falou da Auge e Anatólia, que são a primeira luz e o amanhecer, respectivamente. Elas avisam Éos, a deusa do amanhecer, que está na hora de acordar Apolo.

–Deuses! Eu pensava que o único responsável pelo Sol era Apolo, aí aparece o deus-sol, as Horae, uma deusa que cuida do amanhecer. Que complicação.

            Revirei os olhos, chequei o relógio novamente.

–Vamos Percy, estamos perdendo tempo. Eu preciso pegar o meu boné dos Yankees e o escudo de Dédalo.

            O escudo de Dédalo era a minha esperança. Ele era um mapa holográfico em formato de escudo que nos ajudaria a achar Selene.

 

=_+_=_+_=_+_=

 

            Depois de rápidas explicações à Sra. Jackson deixamos o apartamento de Percy, já munidos de provisões de ambrosia e néctar, o escudo e o meu boné, tudo jogado dentro de uma pequena mochila que fora arrumada às pressas.

–E agora? – perguntou Percy. O relógio marcava 20h e meia.

            Dentro do elevador, retirei o escudo, que estava em forma de um CD. Assim que o peguei ele cresceu até ficar de seu tamanho normal. Era um escudo de 1m de diâmetro, de bronze celestial, após apertar um botão, um mapa holográfico de Manhattan apareceu.

–Escudo, me mostre Selene. – falei. O escudo começou a “dar zoom”, mas começou a se afastar da ilha de Manhattan, para o desespero meu e de Percy. Mas graças aos deuses não mostrou um lugar muito longe. Selene estava no Brooklin.

–Isto é um problema. – falei – Quíron disse que todos os meios-sangues são proibidos de ir até o Brooklin.

–Mas neste caso estamos fazendo um favor para um deus, então acho que não tem problema, né?

            Pensei um pouco.

–Vamos Percy, acelera esse carro.

 

=_+_=_+_=_+_=

 

            Paramos o carro em uma rua próxima ao porto. O mapa havia mostrado Selene, próxima a esse local. Grandes armazéns se espalhavam para a esquerda e para a direita. Desembainhei minha faca, Percy fez o mesmo com a Anaklusmos, cada centímetro do meu corpo formigava, tinha uma sensação terrível que nunca deveríamos ter ido até o Brooklin.

–O que foi Annabeth? – sussurrou Percy.

–Você não está sentindo?

–O quê?

–Eu estou com uma sensação estranha. Eu acho que é melhor ir embora. – dei meia-volta e comecei a andar para o carro. Uma gata amarela nos encarava de perto da porta de um dos armazéns, seus olhos brilhantes nos acompanhavam cautelosos, um pequeno colar mostrava que ela não era uma gata de rua, embora parecesse bem selvagem. Eu estava ficando louca ou percebi medo no olhar dela?

–Annabeth, olhe ali. – falou Percy, apontando para a borda do porto.

            Parada na beira da água, observando a grande Lua Cheia que brilhava no céu e que derramava seu reflexo no East River, estava uma senhora. Ela estava usando uma toga prateada, um pouco abaixo do joelho, ele brilhava levemente, como o Chalé de Ártemis do Acampamento Meio-Sangue. Ela era muito pálida, sua pele era branca que nem cera, seus olhos também prateados (muito diferentes de meus tempestuosos olhos cinzentos) eram contornados por ruguinhas bem leves de expressão. Se eu tivesse que chutar, diria que ela tinha por volta dos 60 anos, mas a experiência me dizia que, se ela fosse quem eu estou pensando, ela tem uns cinco mil anos.

            Nos aproximamos cautelosos, ela estava com uma expressão triste e preocupada.

–Annabeth, me responda uma coisa.

–Sim, Percy. O que é?

–Se os deuses podem escolher a sua aparência, por que ela esta com esta aparência meio acabada?

            Realmente, Percy tinha razão. Quanto mais nos aproximávamos, mais detalhes conseguíamos ver da provável deusa. Suas rugas eram acentuadas, e vários pontos de sua pele alva estavam com manchas escuras.

–Ela é da geração anterior, Percy. Ela é uma deusa idosa, muito mais velha que os deuses. Selene era a deusa da lua na época dos Titãs, hoje em dia este cargo pertence a Ártemis, porém Selene é a própria Lua, então ela continua com uma grande influência. É a mesma relação entre Hélio e Apolo.

            Percy balançou a cabeça, um sinal de que tinha entendido. Eu continuei:

–Selene é serva da grande Nix, a deusa da noite, a principal opositora de Hélio. Quando ela assumiu seu posto como serva a grande deusa, Selene escondeu que era irmã do Sol. Porém ninguém esconde nada de Nix, a que tudo sabe. Quando ela descobriu ficou furiosa e amaldiçoou os dois. Eles nunca mais se veriam. Hélio só surgia durante o dia, e Selene durante a noite. Porém, um dia, eles conseguiram enganar Nix e se encontraram, era o surgimento dos Eclipses Solares.

            Estávamos bem perto da deusa agora. Levantei um pouco a voz e chamei:

–Selene?

            A senhora virou para trás, um pouco aturdida. Por um momento pensei que eu tinha me enganado e que aquela era uma mortal qualquer, mas ela logo começou a falar.

–Sim? Quem pergunta?

–Eu sou Annabeth Chase e esse é o meu amigo... – parei, o namoro era muito recente, eu ainda não tinha me acostumado a chamar Percy de “meu namorado”, ela ficava muito triste quando eu o apresentava como amigo, lancei um olhar de desculpas para ele antes de continuar – ... quer dizer, meu namorado, Percy Jackson...

–Perseu Jackson, filho do grande Poseidon?

            Percy balançou a cabeça positivamente.

–Quando eu era mais jovem – disse a deusa – tive um caso com o seu pai. Eu era bela, minha pele não tinha essas malditas manchas.

A deusa apontou, mas não para ela e sim para a Lua. Percebi que as manchas que estavam em seu corpo eram iguais as que cobriam a superfície da Lua. Ela olhou melancólica para o céu. Eu chamei a atenção dela, novamente.

Lady Selene, nós estamos com um problema. Poderia nos ajudar?

Ela me olhou curiosa, e me instigou a continuar.

–Nós precisamos encontrar o seu irmão, Hélio. Você sabe onde ele está?

–Ora! – falou ela – Ele está descansando neste momento, ele só volta pela manhã.

–Este é o problema – disse Percy – Ele desapareceu, sumiu, foi sequestrado, Apolo não sabe ao certo.

            Ela nos olhou surpresa. Acho que Apolo nos mandou para um caminho sem saída. Consultei o relógio, quase dez horas.

–Não sei se eu posso ajudar vocês. Não vejo Hélio há algum tempo. O último Eclipse Solar foi final do ano passado. Acho que vocês tem que procurar Éos. Ela vê Hélio todos os dias, com certeza poderá ajudar vocês.

–E onde ela está? – perguntei, temendo perder mais tempo em deslocamento.

–No ponto mais oriental da América do Norte. Na ilha de Terra Nova.

–Mas é muito longe! Nunca conseguiremos chegar a tempo. Só temos até o amanhecer, senão as consequências serão terríveis.

            Neste momento, a gata que eu vi nos observando se aproximou. Fez aquele som que os gatos fazem quando estão aborrecidos. Selene entrou em pânico, os olhos arregalaram.

–Vocês não podiam estar aqui. – falou a deusa-Lua. – Vamos, eu levo vocês, vamos chegar bem rápido, estaremos lá antes da meia-noite. Subam.

            Eu ia perguntar “no quê?”, mas quando olhei uma carruagem, parecia com as que faziam os passeios ao redor do Central Park, só com um detalhe diferente, eram puxadas por bois branquíssimos, eram mais brancos que a deusa, mais branco que o leite. Eu e o Percy olhamos desconfiados para a gata que ainda bufava no porto, enquanto subíamos cada vez mais alto em direção à Ilha de Terra Nova.

–É melhor vocês dormirem. – falou Selene – A noite de vocês será longa. Acordo vocês quando estivermos chegando.

            Nem precisamos de outro convite, nos aconchegamos juntos em um dos bancos da carruagem e logo adormecemos.

            Porém antes de dormir, juro que vi a gata lá no porto abaixo de nós indo em direção a um dos armazéns, só que este armazém tinha uma mansão em cima, com piscina e tudo. Mas acho que estava vendo coisas, quem é que teria uma mansão no porto do Brooklin?

=_+_=_+_=_+_=

 

–Acordem! – disse deusa-Lua – Chegamos, eu vou começar a descida.

            Eu e o Percy despertamos, eu tinha dormido abraçada nele, com minha cabeça encostada em seu ombro. Para variar ele estava babando, ainda bem que não tinha escorrido em cima de mim.

–Só mais cinco minutos, mãe... – resmungou ele, me soltando e virando para o outro lado.

–Percy, chegamos! – falei mais forte. Só então ele sentou, passou a mão na cara e olhou para baixo. Estávamos acima do mar, a nossa frente estava a Ilha da Terra Nova, o ponto mais Oriental da América do Norte, o local onde o Sol nasce primeiro.

            A carruagem desceu, com os bois brancos mugindo, praticamente avisando a nossa chegada. Pousamos em um castelo, que eu não sabia que existia nesta ilha, ele ficava no extremo Leste, na beira do mar.

            Descemos, Selene ficou conosco. Disse que era melhor, pois Éos pode ser um pouco rabugenta nesta época do ano.

            Entramos em um grande salão, somente uma cama no meio. Uma bela mulher dormia nela, a cor da pele dela lembrava a cor do céu do amanhecer.

–Éos? – chamou Selene – Minha irmã! Acorde.

            A deusa do amanhecer praticamente pulou da cama.

Di immortales! Já estou atrasada?! Eu sempre me atraso esta época do ano... Aquelas horae. Aonde está a Auge, já está no Olimpo?! – sua roupa brilhava levemente, e o brilho aumentava com o passar do tempo – Oh, Estige! Estou muito atrasada. Preciso ir, tenho que achar Hélio, aquele preguiçoso... Oh, Zeus!...

–Se acalme Éos, ainda é meia-noite. – disse a Lua. Éos olhou ultrajada para a irmã.

–Selene! Por que me acordou? Não é minha hora ainda... – disse sentando na beirada da cama, bem mais calma.

–Éos, estes dois são Semideuses. Este é Perseu Jackson, o filho do deus do Mar.

            Éos, levantou o olhar e encarou Percy profundamente. De imediato, por instinto, entrelacei nossas mãos, para mostrar para aquela deusa que ele não estava disponível.

–E esta é Annabeth Chase, filha de Athena.

–Você me acordou só para me apresentar a eles?

–Não. É que eles estão em uma busca.

–Uma busca... Eles estão buscando o quê?

–Hélio. Ele está desaparecido, minha irmã. Nem Apolo sabe

            Eu e Percy assistíamos o diálogo das duas deusas, imóveis. Elas pareciam desconhecer nossa presença. Continuaram conversando, só que agora em grego antigo. Percy olhou para mim curioso.

–Annabeth, se Hélio está desaparecido o Sol não “funciona”, não é?

–Teoricamente, sim.

–Então significa que o outro lado do mundo, onde era para estar dia, não está?

            As deusas escutaram a pergunta dele e antes de eu poder responder, Éos falou:

–Perseu, nós somos os deuses do Ocidente. Lá no Oriente é dia e o Sol está a pino, lhe garanto. É outro pessoal que cuida das operações por lá.

–Outros deuses?

–Sim – disse Selene – Ou você acha que só os deuses gregos que ainda existem?

            Percy olhou espantado para as duas. Eu já sabia da existência de outros deuses, já tinha discutido esta possibilidade com Quíron. Ele me confirmou que eles existiam, mas não me disse onde estavam e nem como se relacionavam com os mortais.

            A deusa do amanhecer, voltou a falar com Selene. Depois virou para a gente.

–São quase uma hora da manhã. – falou – Como estamos indo em direção ao Equinócio de Outono, a cada dia eu me atraso alguns minutos a mais, e Hélio demora a aparecer. Eu vou atrasar o máximo possível, para dar mais tempo a vocês, mas se não acharem meu irmão...

–As consequências serão terríveis. – completei.

–Exato! Ontem eu falei com Hélio, durante a aurora, ele disse que estava preocupado, ele estava tendo a sensação de que estava sendo seguido. Mas sempre que ele se virava não tinha ninguém atrás dele, somente um ventinho esquisito soprava.

–Então ele foi sequestrado! – disse Percy.

–Sim, gênio! – debochou Éos, mostrando o seu lado rabugento. – Como eu preciso saber onde ele está toda a manhã, eu posso sentir a localização aproximada dele. Neste momento ele está em Chicago. Espero que eu tenha ajudado. Agora, com licença, eu preciso dormir, daqui a algumas horas Auge virá me chamar.

            A deusa deitou e voltou a dormir, como se nunca tivesse acordado para falar com a gente. Saímos em silêncio, a carruagem com os bois brancos nos esperava. Olhei para Selene.

–Você vai continuar nos ajudando? – perguntei.

–Claro, se não vocês nunca conseguiriam achar Hélio a tempo. Vocês tem noção do que vão encontrar em Chicago?

–Tenho minhas suspeitas.

–O deus dos ventos, Éolo. Qual o motivo que ele tem para sequestrar Hélio? Não sei te dizer. Mas ele é malvado. Muito malvado. Eu não posso entrar na fortaleza dele com vocês, mas levo vocês até lá, e espero para levá-los de volta à Manhattan.

–Muito obrigado Selene. – disse Percy – Não sabemos como agradecer.

            A deusa, sempre tão pálida, corou, suas bochechas rugosas ficaram parecendo duas maçãs, e um sorrisinho bobo surgiu. Percy deve estar fazendo ela lembrar-se de Poseidon e de seus tempos de moça bonita.

            Subimos de volta a carruagem e decolamos em direção a Chicago. Os bois mugiam, fazendo esforço para subir, seus cascos trotavam no ar, e as correias estavam esticadas na mão da deusa.

–Podemos ter turbulência no caminho. – gritou, para se fazer ouvir através do vento.

–Principalmente de Éolo não quiser visitas. – continuou depois de um tempo.

 

>>CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO<

 


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Notas finais do capítulo

Reconheceram a gata??? Bastet, minha linda...

E aí, gostaram?

Espero que sim1!!!kk

Até o próximo capítulo!



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