Kurt Hummel, O Mediador. escrita por BabyMurphy


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

oi :D



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23

Eu descobri que tinha voltado no tempo quando os livros que Blaine tanto amava ler sumiram. Eles ficavam em uma prateleira de madeira, ao lado da janela. Agora a parede estava vazia, com um papel de parede desbotado.

Como pode ter sido tão rápido, quero dizer, eu não estava nem concentrado o suficiente. Mas eu estava ali. O jornal indicava que eu estava em 1851. Eu olhei em volta, para o quarto escuro. Uma cama de casal estava no mesmo lugar onde a minha ficava, porém essa era mais velha... e mais simples.

Eu resolvi sair do quarto enquanto estava escuro, pois como eu iria explicar a minha presença ali? Oi, estou me vestindo desse modo porque é a nova moda em Milão. A não conhece Milão. Ótimo.

Seria ridículo.

Eu abri a porta com todo o cuidado possível, caminhei pelo corredor tateando as paredes, já que não tinha nenhuma iluminação. Era óbvio, a energia elétrica nem tinha sido inventada. Edison estava trabalhando nela, mas ainda não era uma coisa disponível para todos.

Quando eu cheguei ao pé da escada uma luz me cegou. Era um lampião, com uma vela no centro. Meus olhos estavam acostumados com a pouca claridade, ou a falta de toda ela, que fiquei cego por alguns instantes. Apenas ouvia uma voz furiosa.

– Quem é você? – A voz soava familiar. – Vá embora. Agora!

– O quê? – Coloquei a mão sobre os olhos e então a luz diminuiu.

Uma mulher estava com um, como posso classificar aquilo, uma vassoura? Já existiam vassouras naquela época? Acho que sim. Sim. Bem, então era uma vassoura. E ela estava apontando para mim. Uma cara furiosa.

– Não aceito esse tipo de coisa aqui. – Ela havia baixado a lampião, deixando a claridade mais amena.

– Tipo de...? – Falei esperando que ela completasse.

– Isso é uma casa de família. Uma família de respeito. – Ela segurou mais firme a vassoura. – Vá fazer seus programas em outro lugar.

– Eu não sou garoto de programa. – Falei espantado.

– Então me explique por que se veste assim, e por que está na minha pensão a essa hora da noite? – Eu fiquei calado e ela sorriu.

Eu saí pela porta dos fundos, mas antes ela disse para nunca voltar. Irei morar aí daqui cento e cinquenta anos, desculpe não pode cumprir a promessa. O quintal onde Girafa construiu a piscina e onde acharam o corpo de Blaine era vazio. Dava direto para uma espécie de floresta. Tudo que tinha ali era um estábulo.

Eu pretendia ficar por ali, ver como estavam as coisas. Mas então começou a chover. Eu corri para o estábulo torcendo para que estivesse aberto. E estava. Eu entrei e lá era mais escuro que dentro da casa. Havia apenas uma fresta da luz da lua que cortava o meio do cômodo.

Comecei a andar lentamente, não queria cair e ter o azar de me sujar com bosta de cavalo. Foi então que eu levei o maior susto da minha vida. Uma mão se pôs na minha boca e sussurrou para subirmos as escadas. Havia uma parte superior, onde estava cheio de feno e coisas velhas. Um depósito.

– Faça silêncio. – Eu conhecia muito bem a voz. Não era “me soa familiar” como a mulher de dentro da casa, eu realmente conhecia.

– Sebastian. – Virei para ele e lhe encarei. – Pode parando, vamos voltar. Agora!

– Não. Eu não vou. – Ele sentou em um monte de feno. – Acredite, Kurt, esse é o melhor pra ele. Você sabe o que ele passou nesses anos? – Sebastian tinha um tom de voz diferente, eu nunca tinha o visto falar assim. – Eu sei que ele te ama, e que esta feliz agora, mas não é justo. Nem com ele, nem com você.

– Sebas...

– Não, você não me ouviu. Eu não conseguia explicar com ele por perto porque ... Enfim, ele viu a família toda morrer. Os amigos. Todos aqueles com quem ele se importava. Kurt, pense que você está preso em uma caixa de vidro, e que sua família esta morrendo na sua frente e você não pode fazer nada. Como conviveria com isso?

– Sebastian, você não pode se meter na vida dos outros. Não pode, simplesmente não pode. Ele escolhe o destino dele. – Falei sentando ao seu lado.

– Tem razão. – Ele suspirou.

– Tenho? – Arqueei uma sobrancelha surpreso.

– Sim. – Ele se virou para mim. – Vamos embora pela manhã. Ainda é muito cedo para viajarmos de volta. Mas quando o fizermos, não encoste em nada. Tudo que estiver com você, vai com você.

– Tudo bem, vou pular quando pensar em casa, – Disse irônico. – para não levar o chão comigo.

– Muito engraçado. – Sebastian se levantou. – Vamos dormir um pouco, essas viagens me deixam cansado. – Ele bocejou.

A luz da Lua deu lugar para uma boa luz do Sol. A claridade era imensa e o Sol parecia mais “potente”. Levei alguns segundos para realmente acordar e perceber que estava amarrado. Minhas mãos, minhas pernas e uma fita adesiva na minha boca.

Isso já tinha sido inventado? Argh.

Sabia que não podia confiar em Sebastian, mas eu sou burro demais, não é? Sempre caio na historinha de todo mundo. Sempre. Droga.

Eu fiquei ali por um bom tempo, olhando para o teto e pensando que Sebastian podia estar matando Mike agora, impedindo que ele matasse Blaine. Assim ele nunca assombraria o meu quarto. Estava tão atônito em pensamentos que não percebi a porta do estabulo sendo aberta.

Meu coração parou no momento em que ele entrou. Estava com um cavalo, conversava com ele, a propósito. Era ele, meu Blaine, só que vivo. E caminhando, não flutuando. Eu tive que me conter para não gritar. Se bem que eu não conseguiria.

Rolei para o canto, onde ele não poderia me ver. Entretanto Sebastian havia deixado o rolo de fita adesiva próximo demais da borda do “segundo piso” e então quando me mexi, ela caiu.

– Quem está aí? – Ah, a voz dele. Tão... Real.

Continuei quieto, com medo. Fechei os olhos e esperei até ouvir a porta bater. Mas isso não aconteceu. Ele falou algo para o cavalo e comecei a ouvir passos subindo as escadas. Meu estomago era puro gelo, minhas mãos tremiam e suavam frio.

Oh, mon Dieu! – Maldito francês.

Eu continuei do mesmo jeito e pude sentir ele se aproximar. Ele colocou a mão em meu pescoço, provavelmente procurando pulso. Ele suspirou e se ajoelhou ao meu lado e então começou a soltar minhas mãos.

Grâce, está vivo. – Ele terminou de soltar as cordas e então começou a dar leves “tapinhas” no meu rosto.

Eu abri os olhos com cautela e lá estava ele. Os cabelos cacheados e bagunçados, um resquício de barba e as mesmas roupas que ele vestia como fantasma. Isso significava que ele morreria hoje.

– Tudo bem, Monsieur? – Ele estendeu a mão para que eu pudesse levantar.

Eu me sentei e continuei lhe encarando. Completamente pasmo. Ele sentou ao meu lado e sustentou o olhar. Ele franziu a testa e sorriu. Ah, aquele sorriso. Era ainda melhor ser aquela luz do além para atrapalhar o verdadeiro brilho.

Monsieur? – Ele me ofereceu água em um cantil. – Água?

– Obrigado. – Tomei alguns goles já que parecia que minha garganta não via uma gota d’água há séculos.

Rien. – Ele estava sorrindo. – Qual o seu nome, Monsieur?

– Kurt, Kurt Hummel. – Lhe devolvi o cantil e ele sorriu ainda mais.

– Então, Monsieur Hummel, é um dos moderninhos? – Ele guardou o cantil e tirou um lenço do bolso.

– M-Moderninhos? – Tremi ao ver que aquele era o lenço que sempre ficava com Blaine, e que ele usou uma vez para limpar minhas lágrimas.

– Sim, esses que sempre se metem em encrenca. – Ele pegou minhas mãos e colocou o lenço em meu pulso, que eu não tinha percebido que estava cortado.

– Ah, não. – Baixei a cabeça.

– Como veio parar aqui, Kurt Hummel? – Vê-lo me chamar assim doeu. Mas eu não esperava que ele continuasse me chamando de ma belle, afinal, ele não me conhecia.

– Problemas. – Ele riu. – Um homem me amarrou aqui.

– Ainda soa como um moderninho que se mete em encrenca. – Ele sorriu.

Ele estava tão lindo, tão vivo. De repente tudo o que pensei parecia tão egoísta. Eu não podia tirar dele a chance de ter uma vida normal. É como dizem, se você o ama, deixe-o ir. Se for pra ser seu, ele irá voltar. Estava tão atônito em meus pensamentos que acabei dizendo o que não devia.

– Já disse que não sou um moderninho, Blaine. – Disse sério e então ele me encarou surpreso.

– Como sabe meu nome? – Eu parei completamente pasmo. Respirei fundo e olhei em seus olhos.

– Sei que vai parecer loucura, mas... – Os olhos dourados me fitavam, o cenho franzido. – Eu venho do futuro. E e-eu vim aqui para salvar v-você.


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Notas finais do capítulo

MUHAHAHAHAHAHAHA
Hey pessoal, se vocês gostam da história recomendem deixem reviews, me deixem saber que vocês gostam. Leitores fantasmas, apareçam de vez em quando como o Blaine. :D
Querem um grupo Klainer com muitos escritores do Nyah!? Venha: https://www.facebook.com/groups/KlainerLikeMe/
xoxo



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