Kurt Hummel, O Mediador. escrita por BabyMurphy


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/401930/chapter/1

1

Meu nome é Kurt Hummel, tenho 18 anos e nasci em New York e era residente de lá até algumas horas. Eu não sou o típico adolescente, claro que não. Estou sempre me metendo em problemas, sendo suspenso de escolas e, em algumas vezes, sou levado para casa pelos policiais. Mas não é isso que me torna diferente.

Minha mãe morreu quando eu ainda era pequeno e desde então eu vi meu Pai completamente desorientado. Ele não sabia como lidar comigo, muito menos quando os problemas começaram realmente.

Deixe-me lhe explicar. Eu sou o que chamam de mediador. Mas não, eu não sou aquele mediador que guia os grupos de turismos, ou alguma coisa assim. Eu guio os mortos até a outra vida. É, você leu certo. Eu falo com mortos. Eles em muitas vezes são gentis, mas por outro lado, são uns desgraçados, para não falar coisa pior.

E cá estou, preso em um avião.

Há mais ou menos dois anos meu pai se encontrou com uma mulher. Ela era gentil, querida e me tratava bem. Então o relacionamento deles foi ficando mais forte. Isso só podia ter um fim: Casamento. Só havia um problema. Carole, a mulher com quem meu pai se casou, tinha um filho e eles moravam na Califórnia. E como o bom cavalheiro que o Senhor Burt Hummel é, ele se ofereceu para a mudança.

Isso mesmo, eu estou me mudando para a Califórnia.

Eles procuraram casas durante um tempo, e logo que acharam uma “perfeita” para a família eles se mudaram. Óbvio que eu não me mudei imediatamente. Só estou indo agora, quase dois meses depois. Precisava acabar o semestre escolar, e também, não havia escola aqui que me aceitasse.

Finalmente uma vaga surgiu, e justo onde? Em uma escola católica. Sendo que nem em Deus eu acredito. Ou devo acreditar, mas eu não ligo. Não sou nem um pouco religioso. Não mesmo.

Apertem os cintos. Vamos aterrissar em instantes.

Assim que pus o pé, direito claro, para fora do avião encontrei a minha nova família. Carole estava abraçada de lado ao meu Pai, e seu filho, gigante, estava ao seu lado. Ela se virou para o Girafa e disse algo, ele veio correndo e pegou minha bagagem.

– Não precisa, eu levo. – Disse enquanto ele tentava arrancar as malas de mim.

– Que isso, eu levo. – E puxou com toda a força.

– Kurt, que bom que chegou bem. – Meu pai me abraçou.

– Kurt, espero que goste da Califórnia. – Carole sorria.

– É, eu também espero. – Disse franzindo a testa graças ao Sol.

Não pense que eu não sofri um grande choque com a mudança de clima. New York é completamente diferente. Aqui tudo é tão... Limpo. Tudo claro e natural. Não fazem nem dez minutos que cheguei e já sinto falta da minha suja e poluída New York.

– Vamos, o carro está para lá.

Andamos pelo aeroporto até chegar ao estacionamento. E adivinhem. Tudo ainda mais limpo. As pessoas pareciam limpas. Suas roupas brancas e cores em tons pasteis. Sem falar nas inúmeras palmeiras. Porém, o mar. Isso eu adorei. A imensidão azul. Tão clara, tão bela.

Ficamos em torno de uma hora no carro com o Girafa contando como estava indo seu ultimo ano na escola. Ele estudava na tal escola Católica. Ele me disse que era uma boa escola, com pessoas legais e tudo mais. Mas acho que a definição de legal dele é completamente diferente da minha.

– Está vendo, Kurt? Aquela casa vermelha mais ao fim da rua? – Meu pai perguntou animado.

– Sim, estou vendo. – Não tinha como não ver. Era a única casa que não era branca da rua.

– É lá que vamos recomeçar. – Ele sorriu.

Não deixei de sorrir de volta. Ele tinha razão, íamos mesmo recomeçar. E ver aquele sorriso no rosto do meu pai compensava tudo. Todo esse lugar limpo.

– Quando compramos a casa ela estava um caco. Mas reformamos ela rápido. – Disse Carole animada.

– Quantos anos tem essa casa? – Perguntei assim que paramos em frente.

Era uma casa de madeira. Tinha uma varanda e dois andares. Era bonita. As janelas eram brancas e as paredes em um vermelho vivo. Tinha um pequeno jardim a frente com algumas flores. Havia um pinheiro em frente à janela da direita do segundo andar.

– Não sabemos quando foi construída. Mas tem registros que ela já foi uma pousada no século XIX. – Meu pai estava tirando a bagagem do porta malas.

– Século XIX? Isso quer dizer por meados de 1800? – Minha voz se tornou mais fina.

– Isso. Tinha até marcas nas paredes. Devia haver muitas brigas aí. – Ele falava como se isso fosse um prêmio.

– E deve ter tido muitas mortes também. – Sussurrei.

A entrada da casa ia direto para a sala de estar. Tinha dois sofás, uma TV gigante como o Girafa e uma mesa de centro com flores. Na parede da direita havia retratos, vários deles de quando Girafa era pequeno.

– Venha Kurt, vou lhe mostrar o quarto. – Carole pegou minha mão.

Subimos as escadas e entramos em um corredor. Haviam quatro ou cinco portas ao decorrer dele. Paramos diante da última. Uma porta de madeira, com uma maçaneta dourada. A porta tinha detalhes, pareciam flores. Mas não sei bem, ao certo.

Quando a porta se abriu mostrando o quarto meu queixo quase caiu. O quarto era enorme. A cama dava para umas quatro pessoas dormirem. Havia penteadeiras e um guarda roupas enorme. Tinha meu próprio banheiro. Sem falar na vista, uma vista incrível para o mar. E na janela tinha...

Gelei por um momento. Tudo bem, Kurt, apenas mantenha a calma. Respirei fundo e olhei para Carole.

– Está tudo muito bom. – Sorri.

– Gostou? Mesmo? – Ela tinha um enorme sorriso no rosto.

– Sim. Se não se importa Carole, a viagem foi longa. Vou desfazer as malas e descansar um pouco. – Sorri gentil e ela assentiu.

– Claro. Tudo bem. – Ela saiu do quarto ainda sorrindo.

Olhei as malas ao lado da cama. Suspirei. Virei para a janela. Havia uma cadeira ali, almofadada, vermelho bordo com alguns bordados à mão. Respirei fundo mais uma vez. Dei um passo à frente.

– Tudo bem, quem é você? – O garoto sentado na cadeira deu um pulo.

Ele me encarou por alguns momentos. Olhou para trás e para os lados algumas vezes. Seu rosto trespassou em pânico e surpresa.

– Você... – Ele me encarou. – Você consegue me ver?

– Claro. – Disse irritado. – Quem é você?

– Isso é estranho. Ninguém consegue me ver. – Ele parecia pensativo.

– Bom, então prazer, eu sou ninguém. – Disse irônico.

– Seu nome é ninguém? – Ele arqueou uma sobrancelha.

– Não tenho tempo para isso. – Dei mais alguns passos a frente. – Por que ta aqui?

– Essa é a minha casa. – Ele falou sério.

– Não, essa é a minha casa. – Cruzei os braços.

Ele não falou mais nada. Parecia perdido em seus pensamentos. Se é que pensava. Fantasmas pensam? Era isso que esse garoto era. Um fantasma. Um que perdeu o trem para a luz.

– Tudo bem, garoto. Por que continua aqui? – Encarava-lhe nos olhos.

– Blaine.

– Desculpe? – Franzi a testa. – Você ainda está aqui por causa do Blaine?

– Não. – Ele balançou a cabeça. – Me chamo Blaine.

– Ah, ótimo, Blaine. – Dei mais um passo – Por que continua aqui?

– Não sei. – Ele olhou para os lados.

– Ótimo. – Revirei os olhos. – Olha, este quarto é meu agora e você precisa ir.

– Não. – Ele disse sério.

– Sim. Você precisa ir. – Já estava perdendo a paciência.

– KURT! – Ouvi meu pai chamar.

– Olha aqui, Blaine. Eu vou descer para falar com meu pai. Quando eu voltar, não quero ver você aqui entendeu? Volte quando souber o motivo de ainda estar preso nesse mundo.

Saí e bati a porta. Talvez eu tenha sido rude, talvez. Mas eu recém cheguei à uma nova casa e já tem esses pestinhas aqui. Não mereço uma folga?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mereço algum Review ? Gostaram ? Continuo ?