Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 45
Tenho Uma Caixinha de Maldições


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
O capítulo tá enoooorme. Eu estava escrevendo, de boas, e quando vi... Ficou deeeesse tamanho. Não sei se vocês gostam de capítulos grandes, mas tá aí. Esse capítulo ficou mais fofo do que o normal, confesso. o3o
SASHAUHSAUUSAH Bom... Espero que vocês gostem,
Boa Leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/401604/chapter/45

Era domingo, e o pessoal foi ver o Pedro no hospital. Eu, obviamente, não fui.

  Estava esticada no sofá, com Hércules deitado sobre a minha barriga. Ele cismou em ficar comigo por causa do curativo enorme e branco na minha coxa. Mas eu sei que é por causa do presunto na geladeira.

  Estávamos assistindo novela. Eu estava com um pote de batatas fritas e uma garrafa de dois litros de Guaraná a minha disposição.

- Não mate ele! – Gritava a mocinha. – Eu o amo!

  Comecei a dar risada e olhei para Hércules.

- Idiotas por todos os lados.

   Eu estava pronta para mudar de canal quando o celular da minha mãe, que estava em cima da mureta da escada, começou a tocar.

  Cutuquei Hércules.

- Pega lá pra mim. – Eu apontei para o celular.

  Ele latiu, indignado e desceu do sofá. Lambi meus dedos para tirar a gordura, e quando Hércules apareceu com o celular na boca, eu sorri.

  Peguei o aparelho e o coloquei perto da orelha.

- Que é? – Eu atendi.

  Um riso curto e abafado se alastrou.

- Não muda nunca, né? Não veio me ver hoje por que, megera?

  Tossi.

- Ah, e aí. Só pensei que seria meio desagradável ter a presença tão linda e tão deslumbre quanto a minha aí no hospital. Cheio de gente doente e praticamente morta. 

  Pedro riu baixinho.

- De fato ninguém consegue ser tão lindo quanto um espécime de cobra rara: Katrina katrinus. Mas falando sério agora. – O tom de sua voz mudou relativamente – Senti sua falta. Estava tão animado, pensando: ah, a cobra vem me ver. Só que você não veio.

  Engasguei.

- Larga de ser melodramático. Isso irrita. – Eu disse secamente.

  Ele suspirou.

- Você faz falta. Muita falta. Promete que amanhã vem me ver. Por favor.

  Bufei.

- Puta que pariu, eu te abandonei... Te chutei. Sabe o que eu fiz quando você levou um tiro? Na-da. – Eu disse pausadamente e duramente.

  Pedro deu uma risadinha.

- Um passarinho me contou que não. Você meio que... Salvou minha vida. Devo várias coisas para você. Mas sério, vem me ver amanhã. Eu preciso de você aqui.

  Fiquei intrigada.

- Quem foi o filho da puta que contou? E outra, porque precisa de mim aí?

  Ele riu.

- Não vou dizer. Não quero que essa pessoa morra. Por que preciso de você aqui? Olha, nem eu sei. Só sei que se você não vier, vou ficar ainda mais triste. – O ouvi sorrir. – Vem, por favor.

  Revirei os olhos.

- Larga de ser idiota. Decidi. Vou sim. Mas só para rir da sua cara doentia. E outra, eu preciso esticar minhas pernas. Tchau.  

  Já ia desligando, mas ele disse, desesperado:

- Megera, megera! 

  Assustei-me e coloquei o telefone rente à orelha novamente.

- É bom que seja importante.

- Ti amo. – Ele disse em italiano.

  E desligou.

  Fiquei encarando, cética, o telefone por alguns segundos.

- Pedro, você é um baita desgraçado.

*

  Já eram sete horas da noite quando o pessoal chegou, cheio de sacolas. Estreitei os olhos.

- Por que raios vocês estão cheios de sacolas, já que vocês foram para o hospital? Decidiram abrir uma mini lojinha ali? “Pré-Morto”?

  Eles deram uma risadinha abafada e Jonas jogou uma sacola na minha cara.

- Não seja ingrata. – Ele disse.

  Bufei e vasculhei a sacola.

- É bom que eu goste. Porque se não, vou usar de pano de chão.

  Peguei algo ali no fundo da sacola e o ergui.

  Era um vestido.

  Ele era regata, preto e cheio de bolinhas minúsculas brancas. Batia mais ou menos no joelho. Atrás, para unir as partes da manga, tinha um lacinho bem na altura da nuca.

  Os encarei.

- É... Vai dar um ótimo pano de chão.

  Eles relaxaram os ombros e riram. Jonas se apoiou na minha cabeça.

- Sábado que vem a gente vai com a Marcelita comprar as coisas da festa dela. Como os lugares são chiques, não é qualquer roupa que se pode usar. Esse vestido custou setenta reais. É melhor você o usar.

  Fiquei incrédula.

- Quem disse que eu vou nesses lugares chiques? Vão passar vexame comigo. – Eu avisei.

  Marcela sorriu.

- Ninguém passa vexame com você, Katrina. Não se preocupe.

  Estreitei os olhos.

- Quer apostar? Eu dou uma ótima possuída. 

*

  Eu estava tendo um sonho normal. Olha o milagre.

  Estava andando por um caminho de pedras polidas. A noite estava assustadora e sombria. Urros de animais desconhecidos invadiam o silêncio, e eu não gostava disso.

  Passei por debaixo de uma ponte de madeira e aço. Foi aí que eu ouvi um galho sendo pisado em algum lugar da noite.

  Virei-me rapidamente para observar de onde tinha vindo aquele som.

  De repente, um lobisomem enorme começou a correr na minha direção.

  Eu gritei e dei um tapa em sua cara.

  Não demorou muito para que eu visse um Hércules chorando no cantinho da cama, enquanto Marcela estava de pé no colchão, descabelada e assustada.

  Pigarreei.

- Foi mal.

  Embrulhei-me de volta nas cobertas, pronta para dormir novamente.

  Marcela me deu um tapa na bunda. 

- São cinco e quinze da manhã! – Ela berrou. – Você me acordou quinze minutos mais cedo... Agora você vai descer comigo para a gente se aprontar.

- Não. – Eu resmunguei.

  Ela puxou todas as minhas cobertas e eu voei para o chão.

- Agora. – Ela disse seriamente.

  Marcela pegou algo de sua mala e desceu pisando duro e resmungando.

  Comecei a rir e me levantei. Quando estava quase girando a maçaneta, olhei para Hércules.

- Desculpa. – Ele não olhou. – Tenho presunto.

  Ele me olhou, esperançoso e se esfregou nas minhas pernas.

- Interesseiro. Você me troca por um pedaço de presunto. Legal, você.

  Ele latiu como se dissesse: “e por um queijinho também.”.

*

  Fomos para a escola de limusine, afinal, minha perna estava dolorida. E sim, eu não gosto de ficar em casa o dia inteiro sabendo que poderia encher o saco das pessoas.

  Eu estava com a minha perna dolorida em cima das pernas de Jonas, servindo de almofada.

  Quando chegamos à escola, ele tirou minha perna com cuidado e correu para a porta. Ele a abriu e desceu. Marcela desceu e ficou me esperando, impaciente e batendo o pé no chão. 

  Jonas estendeu a mão para que eu pudesse descer, mas eu apenas dei um tapa nela e desci sozinha.

  Manquei com certa dificuldade até o portão principal. Encarei de volta todas as pessoas que me encaravam por causa da perna.

  Uma garotinha parou na minha frente e ficou me olhando.

- O que houve com a sua perna, senhorita Gelo?

- Aconteceu que não é da sua conta, palhaça. – Eu disse o mais secamente possível.

  A contornei, ainda mancando e Marcela colocou sua mão no meu ombro.

- Não seja grossa, Katrina. Ela só quis ajudar.

  Bufei.

- Ajudar no quê? Ela vai me dar outra perna? Não, né, Marcela.

  Ela sorriu e me deu um tapinha de leve na cabeça.

- Não seja assim, Katrina. Sua malvada. Se continuar a agir desse jeito, o apelido ficará para sempre.

  Parei bruscamente e a encarei.

- E quem disse que eu quero que o apelido suma? Eu gosto. As pessoas sentem medo de mim. Prefiro ser odiada a ser amada.

  Jonas juntou as sobrancelhas.

- Por quê? Todos gostam de ser adorados.

  Olhei para ele.

- Porque ninguém irá esperar nada de mim. Prefiro ser a pessoa mais odiada de todas. Porque se eu errar, eles irão dizer: “ah, mas ela vive errando. Então de boas”. Se eu acertar vai ser lucro. Mato dois coelhos com uma cajadada.

  Eu virei para entrar no pátio interno.

  Jonas se despediu e desceu as escadas acenando. Marcela sorriu e acenou.

  Ela enlaçou seu braço no meu e nós fomos para a sala.

  Quando chegamos lá, nada da professora de português. Dei aleluia internamente e me sentei no meu lugar.

  Depois de longos três minutos, a professora entrou e depositou uma baita papelada em cima da mesa.

- Bom dia. – Ela disse.

- Bom dia. – A sala disse.

- Hoje nós faremos redação sobre violência nas escolas. Os pares serão seu colega ao lado.

  Arregalei os olhos e virei devagar a cabeça para contemplar meu parceiro.

  João Vitor. O cara que parece um mendigo.

  Sorte brilhou ali no cantinho.

  Ele arrastou sua carteira para o lado e a encostou na minha.

  Ele me encarou.

- Oi. – Ele disse.

- Eu não vou ser simpática com você. Só vou fazer essa porcaria de redação e você irá voltar para o seu canto. Bem longe de mim.

  Ele assentiu.

  João pegou uma caneta vermelha e escreveu o título.

Violência nas escola.

   Pasmei.

- “Nas escola”? Isso não existe. É na escola ou nas escolas.

  Ele tossiu e apagou o s.

- O que iremos escrever? – Ele perguntou.

- Eu dito e você escreve. Rápido. – Pensei por um instante. – A violência nas escolas infelizmente é um caso que sempre aconteceu e sempre irá acontecer. Até os alunos tomarem vergonha na cara e souber respeitar um aos outros, isso nunca irá mudar.

  Ele riu baixinho.

- Você é corajosa de colocar isso em uma redação.

- Só estou dizendo a verdade. Continuando.

  E assim foi meia hora ditando para o mongo do João, que não entendia e ficava perguntando as coisas.

  Quando a professora saiu da sala, Marcela jogou a redação dela para trás e pegou a minha.

  Eu comecei a ler a redação dela e da Ana Vitória, uma menina que não sabe o que é “suficiente”.

  A violência nas escolas infelizmente é um caso duradouro. Os adolescentes hoje em dia estão mais preocupados em ter do que ser. No dia em que eles aprenderem a respeitar uns aos outros, tudo isso irá mudar. A violência tem base em outra violência. Seja em casa ou influência. Em nossa opinião, acho que deveriam passar de casa em casa, procurando dar um apoio moral e financeiro para que realmente precise.

  Essa é a nossa redação, querida professora de português.

  Vou falar um segredo para vocês. Quando a pessoa é burra, ela tenta puxar o saco para não sair por baixo. Foi isso que a minha mãe me ensinou.

  Devolvi a redação de Marcela e ela devolveu a minha.

  Ela se virou para trás e me olhou.

- Sua redação está excelente.

- É, eu que ditei. Não esperaria outro resultado além de um dez.

  Ana se virou e suspirou.

- Nossa... Essa é a primeira vez que eu falo com você.

  Sorri.

- E irá ser também a última. Não gosto de gente como você. – Eu disse, a olhando nos olhos. – Interesseira. 

  Ela deu um sorriso sem graça e se virou para o caderno. Marcela juntou as sobrancelhas e me deu um beliscão na mão.

- Seja mais amorosa, Katrina.

  Revirei os olhos.

- Ser amorosa gasta muito a minha beleza. – Eu enrolei o cabelo no dedo e Marcela soltou uma risada.

  Não tinha percebido, mas o aparelho dela se tornou azul marinho.

  Levantei as sobrancelhas.

- Azul marinho não é a sua cor.

  Ela se virou para mim e fez um biquinho.

- Mas a dentista disse que estava bonito.

  Bufei.

- É óbvio que ela irá dizer que está bonito. Ela tá ganhando dinheiro.

  Marcela ia dizer algo, mas a professora entrou na sala e ela se virou para frente.

- Meus queridos... Tenho uma notícia ruim para vocês. Depois vou fazer uma pergunta relacionada à matéria... Mas bem... As lições vão ser multiplicadas essa semana.

  Todos amaldiçoaram a direção da escola e atacaram várias coisas no chão.

- O.k., o.k.! Chega! – A professora gritou e todos ficaram quietos. – Agora... Só para as meninas... Vocês já choraram por algum homem?

  Um murmúrio tomou conta da sala eu comecei a dar risada.

- Emily... – A professora chamou. – Já chorou por algum homem?

  A menina pensou por um instante.

- Pelo meu irmão.

  A professora assentiu e escreveu no caderno. Ela observou as meninas.

- Ana. E você?

  Ela pensou, o que para mim foi meio que um milagre. 

- Já. Por um amor não correspondido.

  Todos fizeram “anw” em tom de ironia e eu ri.

  A professora focou na minha direção.

- Katrina... Não me acerte com um garfo. – Revirei os olhos e todos começaram a dar risada. – Já chorou?

  Pensei.

- Já.

  A sala inteira se voltou na minha direção.

- Por quem? – A professora indagou.

- Pelo meu cachorro.

  A sala explodiu de risadas e a professora juntou as sobrancelhas.

- Por que pelo seu cachorro?

  Suspirei.

- Nunca fui de chorar. Chorei apenas pelo Billy por que... Porque eu sabia que ele me amava como eu o amava. Não sou do tipo que chora por aqueles que não merecem minhas lágrimas. – Respondi ríspida.

  Marcela se virou para mim e sorriu. Alguns alunos ficaram sérios e ficaram quietos.

- Muito bem. – A professora disse.

  Ela teve meio que dificuldade para prosseguir com os nomes. Ela ficou me encarando um belo tempo, depois chamou Marcela.

  Não quis perguntar o porquê.

*

  Quando o sinal da última aula finalmente bateu, eu levantei com dificuldade e Jonas apareceu na porta, acenando alegremente. Sorri para ele e o coitado pegou a minha mochila.

- Como foi a aula hoje? – Marcela perguntou.

  Ele pensou por um instante.

- Normal. Pessoas me chamando de “viado”, a professora puxando meu saco... Coisas assim.

  Parei bruscamente e o encarei.

- Eles estão te ofendendo?

  Ele assentiu.

- Verbalmente. Até que um deles resolva atacar algo na minha cabeça. Mas não se preocupe, se eu apanhar eu vou gostar. – Ele beijou o ombro e continuou a andar.

  Comecei a dar risada juntamente com Marcela.

  Quando chegamos à frente de sua limusine, eu cutuquei o ombro dela. Ela se virou, surpresa.

- Sim?

- Tenho que ir ao hospital. – Ela arregalou os olhos. – Ver o vadio do Pedro.

  Marcela abriu um sorriso cheio de significado e eu fechei a cara.

- Você entendeu errado.

  Ela arqueou as sobrancelhas e acenou.

- Eu? Imagina! – Ela me de um tapa na bunda e eu quase caí dentro da limusine. – Entra aí, branquela.

  Comecei a dar risada e a puxei. Ela caiu no chão e Jonas fechou a porta.

- Gente. Larga de ser criança.

  Nós duas olhamos para ele.

- Fica na sua, branquelo.

  E aí a gente começou a discutir. Foi engraçado, eu admito.

*

  Chegamos ao hospital e Jonas me encarou com cara de ponto de interrogação.

- Pedro. Visitar. – Eu disse.

  Ele abriu a boca e assentiu.

- Vai na fé. – Os dois disseram.

  Revirei os olhos e desci da limusine. 

  Quando estava quase entrando no hospital, o vadio do Jonas me gritou:

- SE ENTREGA, AMIGA!

  Ignorei totalmente e entrei marchando no hospital. Encarei a recepcionista.

- E aí. – Eu disse. – Vim visitar o Pedro Marconni.

  Ela assentiu e olhou no seu computador.

- Você é a Katrina?

  Assenti.

- Tá certo. Sobe lá. Quarto duzentos e treze. Terceiro andar. Pedro disse que você viria, então já nos avisou.

  Cerrei os dentes.

- Valeu.

  Caminhei pelo corredor, desviando de cadeirantes e vários senhorzinhos tartarugas.

  Entrei no elevador junto com uma senhorinha com um chihuahua que parecia ser do diabo.

  Ele estava rosnando e lambendo os dentes. Seus olhos estavam vermelhos.

  Cutuquei a senhorinha.

- Olha... Desculpa, mas esse seu cachorro não é de Deus. – Eu disse.

  Ela olhou para o chihuahua.

- Ah, mas o Sr. L é tão bonzinho.

  Tossi.

- Bonzinho até arrancar a sua perna.

  O elevador abriu e eu saí, olhando o número das portas.

  Duzentos e quatro. Andei para direita. Fiquei alguns segundos andando até que encontrei a porta duzentos e treze.

  E foi aí que eu vi o problema. A família inteira do Pedro estava sentada em banquinhos no corredor. Quando eu passei pelo pessoal, eles me deram um olhar de ódio. Sorri o mais descaradamente possível e girei a maçaneta do duzentos de treze.

 A porta era toda azul marinho e cheio de anjinhos.

- Cheguei ao meu quarto. – Resmunguei.

  Abri a porta devagarzinho e eu vi uma sala enorme, cheia de velhinhos, televisões e camas.

  Pedro estava deitado em uma cama bem de frente para a porta. Ele estava de óculos e conversava com uma menina mais ou menos da minha idade. Ela tinha o cabelo preto, bem comprido.

  Os dois estavam falando italiano e Pedro parecia incomodado.

  Fechei a porta e ele prestou atenção em mim. Pedro se sentou na cama e abriu um sorriso nada moderado.

- Você veio. – Ele disse. Ele olhou para a menina ao seu lado, que provavelmente não estava nada satisfeita. – Essa é a Katrina que eu te falei, Valentina.

  Ela forçou um sorriso.

- Ah... Essa é a Katrina. – Ela falou como se esperasse uma velha com cacoete. – Tudo bem?

- É. – Olhei para o Pedro. – Cadê a cara de doente, depressivo e  um cara que precisa de analgésicos?

  Ele riu.

- É muito bom te ver, megera. – Ele olhou para Valentina. – Poderia dar licença? Queria falar a sós com ela.

  Valentina levantou da cadeira e sorriu.

- Eu volto quando a moça sair.

  Ela fez um tchauzinho e deu um sorriso para ele. Quando ela se virou para me encarar, seu sorriso sumiu e um olhar de ódio tomou conta dela. Ela esbarrou em mim de propósito, que eu sei.

  Valentina saiu do quarto e fechou a porta com força.

  Arregalei os olhos e olhei para Pedro.

- Gente.

  Ele sorriu e fez sinal para que eu me sentasse do seu lado.

  Andei até a cama e me sentei na beiradinha. Cruzei as pernas e fiquei balançando a de cima.

- Katrina... – Ele disse. – Eu acho que eu me apaixonei por você de novo.

   O encarei.

- Que.

  Ele riu baixinho e passou a mão no meu braço, fazendo uma linha imaginária.

- Vou fazer de novo uma pergunta que eu já havia feito para você.

- Manda.

- O que você sente por mim?

  Engasguei.

- Sei lá... Ódio?

  Ele riu e apertou de leve o meu braço.

- Sei que não é isso.

  Senti um calorzinho subindo nas minhas pernas.

- Então você está enganado.

  Ele suspirou e se enterrou no travesseiro.

- Katrina... Pelo amor de Deus, para de ferrar com o meu psicológico.

  Olhei para ele.

- Não ferro com o seu psicológico.

- Você ferra comigo por inteiro. É a única que me confunde, diz que me odeia e depois faz uma loucura dessas para me salvar. Só tenho uma única certeza: eu consigo te amar cada vez mais. – Ele se sentou de novo na cama e me encarou. – Sabe por que eu te chamei aqui?

- Não. – Eu resmunguei, tentando olhar para outro lugar.

  Pedro pegou gentilmente meu braço e deslizou até minha mão. Ele a apertou de leve e a subiu até a altura de sua boca.

  Ele depositou ali um beijinho de leve e me encarou.  

- Só para confirmar minha teoria que eu estou me apaixonando novamente por você. Eu realmente te amo, Katrina.

  Tirei minha mão de sua boca e me levantei.

- Pode parar com essas conversas para boi dormir. – Eu sufoquei. – Até... Tchau.

  Eu me virei e fui marchando até a porta.

  Eu peguei a maçaneta e a girei. Mas Pedro foi mais rápido.

  Dali mesmo, da cama, ele gritou bem alto:

- Ti amo davvero!

  Cerrei os olhos e abri a porta em um solavanco.

  E foi aí que eu pude ver uma família bem assustada. Eu nem sabia o que diabos significava aquilo, só sei que teve um impacto grande na mãe de Pedro, porque essa pegou o braço de Valentina e ficou me encarando, cética.

  Bati palmas, tentando disfarçar meu constrangimento e os encarei.

- É isso aí, mano.

  E corri para a saída.

  Esbarrei em vários velhinhos, que me amaldiçoaram internamente.

  Mas eu já estou acostumada com essas maldições. Mais algumas para a caixinha não faz mal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi, gente :3
Capítulo polêmico, sei não. UHASHSUHSAHU Katrina sendo bem sensível. Confesso que tem horas que eu queria agir que nem ela o3o Mas eu sou uma pessoa que odeia magoar as outras. Então fica difícil. UHASHSAUHSAH
Eu ia comunicar vocês sobre alguma coisa, mas eu esqueci o3o Depois eu aviso vocês, nem deve ser importante -q
Mas é isso, espero que vocês tenham gostado,
Comentem Bastante! ♥
Ps: http://25.media.tumblr.com/8c0155fc84f787b92ae36143e86ed690/tumblr_mkf226y7sU1s77zr6o1_1280.png
Qualquer semelhança é mera coincidência, heheheh. o3o