Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 1
Experimento um Nariz - Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi :3 Então, esse capítulo é um prólogo, então vai ser um pouco chato, certo? Mas juro que posto o seguinte capítulo o mais rápido possível ♥ Espero que vocês gostem,
Boa leitura ♥



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O meu dia começou muito puxado. Bom, primeiro: Era Natal. E segundo: Era o aniversário da minha mãe. E essa duas coisas juntas significam nada menos do que: Desgraça.

  Por quê? Simples. Mamãe é dona de um cabaré. E o Natal aqui em casa é um pouco diferente do restante das famílias. O Natal para nós só mostra o quanto nós duas estamos na lama, e que é tempo de fazer dinheiro. Em outras palavras, o andar de cima da minha casa vira outro cabaré. Já deu para ter uma ideia.

  Ainda para completar, ela me mandou ir comprar algumas bebidas alcoólicas para a festa. Obviamente eu não queria ir, e nem me arriscava a subir para pegar minha jaqueta. No fim, eu acabei indo.

  A minha rua é a rua mais legal de todas. Por quê? Bem, ela está cheia de gente tão gorda que não consegue passar por uma porta normal, muito menos andar. Acredite, isso é um máximo de olhar.

  A rua estava fria, molhada e cheia de papais-noéis com olhos esbugalhados e sinistros pendurados pelas janelas das casas. Eu vi um muito estranho. Ele estava malhado, com shorts de praia e pele morena. A barba estava aparada rente ao queixo. Usava óculos escuros e estava segurando um preservativo. Eu acho que o sofá com umas crianças escondidas veio junto com o pacote de compra.

  Um vento soprou tão forte que minha blusa quase saiu voando. O bar estava a menos de cem metros, mas ainda sim dava para ver que estava havendo uma briga. Mesmo de longe, eu podia distinguir perfeitamente um rosto. O rosto mais desgraçado, debochado e perfeitamente cínico já criado. Pedro Marconni. Esse é um italiano metido, rebelde e destruidor de lares.

  Eu cheguei aos pés da escada do bar. Eu esfreguei os braços, e entrei sem medo algum. Me desviei de alguns caras voando, de cotoveladas, chutes e socos. Louise, o barman, estava louco. Ele corria de um lado para outro, tentando conter o pessoal, mas ninguém lhe dava ouvidos. Eu me sentei no banquinho ao lado de um cara já abatido.

- Louise! – Eu o chamei por cima dos gritos e sons de socos. Acenei por cima da cabeça.

  Ele me olhou com surpresa e se espremeu entre alguns homens.

- Katrina! Que bom lhe ver!

- Uma pena que não posso dizer o mesmo. – Eu peguei a lista de bebidas no bolso da minha calça, e a coloquei sobre o balcão de madeira. – Aqui.

- Uhm... Sua mãe novamente?

- Ah, não... O que você acha Louise? Eu não bebo. Use o cérebro. Se não ele fica velho e seco. Agora anda que eu estou com pressa. Aproveita e me traz um copo de leite, de preferência bem quente, sem açúcar. Na conta da minha mãe, claro.

  Ele fez um som estranho de aprovação. Passou as mãos no bigode estilo Hitler e entrou na cozinha.

  A minha direita, um homem gigantesco deu um “telefone” em um menor. Ele olhou para o cara no chão, resmungou algo e me viu. Ele abriu um sorriso desdentado. Eu juntei as sobrancelhas.

- O que você está olhando, oh louva-Deus?

  Ele deu uma risada esganiçada. Era como se lâminas estivessem presas em sua garganta.

- Por que está em um bar, querida?

- Não te interessa.

  Louise saiu da cozinha com uma sacola verde escura pendurado no braço e um copo de leite.

- Aqui, meu docinho. – Ele colocou o copo sobre o balcão com cuidado.

- Ah, finalmente. Não aguento mais ficar nesse bar. – Eu peguei o copo de leite e virei de uma vez. O líquido quente queimou minha língua. – Oh, filho da puta.

  O homem ergueu as sobrancelhas. Eu o encarei.

- Nunca viu uma garota xingar antes?

- Bom, pelo menos uma garota decente, não.

  Eu ri.

- Uma pena, pois eu não sou decente.

  Eu pulei do banquinho e peguei minha sacola. Estava a alguns metros da saída quando algo muito estranho aconteceu. Não sei como, nem de onde, e tenho raiva de quem sabe, um copo me atingiu na perna. Isso mesmo, um copo. Katrina Dias foi abatida por um copo. O estralo foi tão forte que eu levei um susto e caí para trás.

  Coloquei minha perna numa posição favorável e a verifiquei. Uns dois caquinhos estavam enterrados na minha pele. Eu gritei.

- Katrina, minha querida! – Louise gritou e rodeou o balcão, praticamente se jogando em cima de mim. – Você está bem? Machucaram-te? – Então ele viu o machucado. – Oh, meu Deus! Katrina aguente! Vamos te levar para o hospital, talvez uma cirurgia, mas nós vamos te salvar!

  Ele já ia buscar o telefone quando eu gritei.

- Cale a boca, Louise!

  Ele rapidamente virou e me olhou com olhos de cachorro abandonado.

- Mas... Eu te vi crescer... Eu... Eu fico preocupado contigo.

  Alguns homens exclamaram “Anw”. E eu só tive a certeza que nesse bar há flores prontas para desabrochar e virar lindas rosas. 

- Não preciso de sua preocupação. Isso não enche barriga ou muito menos tira alguns cacos de vidro da pele. – Ele ia protestar, então levantei minha mão. – O que eu preciso é de um alicate quente.

- Ei, aqui não é lugar para se fazer isso. – Afirmou o grande homem atrás de mim. Alguns outros concordaram.

  Eu virei minha coluna e o encarei.

- O senhor sugere algum outro lugar?

- Não, mas... Ahn...

- Então, se não há sugestões cale essa boca e vire algo útil.

  Eu sabia exatamente o que fazer. 

  Rasguei minha calça na metade de minha coxa. Ajeitei o decote e arrumei o cabelo.

- Vocês... – Eu choraminguei e fiz um beicinho. – Vocês iram colaborar, titios?

  Alguns engoliram em seco. Eles assentiram relutantes. Eu sorri, satisfeita.

- Ninguém irá fazer nada por você, Katrina.

  Eu virei e vi o Pedro. Ele estava apoiado em um taco de beisebol. O seu rosto estava esfolado. Eu ri.

- Por que não, Pedro?

- Simples. Você não merece. – Disse com simplicidade. Eu queria pegar aquele taco e enfiar em seu nariz.

- Não diga isso... Eu sou a vítima aqui! – Eu coloquei a mão no peito, fazendo um teatro.

  Ele colocou o taco sobre o ombro esquerdo.

- Então vamos para a minha casa. Eu lhe faço um curativo.

- Você tem um taco de beisebol.

  Ele riu e passou a mão na boca.

- Eu não vou bater em você, Katrina.

- Claro que não vai. Você não tem coragem. O problema é que eu posso acabar te matando. 

  Alguns homens atrás de mim deram gargalhadas. Eu sorri.

- Certo... – Pedro jogou o taco para um cara atrás de si. – Thomas, fique com isso. – Ele se aproximou de mim e estendeu sua mão. – Vamos logo, megera.

- Não a chame de megera! – Gritou Louise.

- Uau. – Exclamei. – Não me bajule tanto... Posso acabar me apaixonando por você.

  Todos riram no bar. Pedro me pegou pelos braços e me levantou até ficarmos nivelados. Então, quase em um sussurro ele me disse:

- Esse é o ponto em que eu quero chegar. 

    Se eu fosse um pouco mais sensível, diria “Anw”, mas eu simplesmente abocanhei seu nariz. 


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado *O* Se você leu até aqui, muitíssimo obrigada! ~se curva~