Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 2
Sonho Com Cacoetes


Notas iniciais do capítulo

Oi :3
Então gente linda, aqui mais um capítulo fresquinho *0* Está curtinho e simples, mas juro que irá ficar melhor u.u Espero que gostem,
Boa leitura ♥



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O caminho de volta para casa foi a coisa mais estranha já presenciada por mim. Como minha perna estava doendo e machucada, Pedro colocou meu braço direito em volta do seu pescoço, me obrigando a ficar pendurada. Na realidade, longe do chão por dois centímetros. Aquilo foi assustador. Senti-me como um macaco abatido.

Finalmente ficamos de frente à sua casa. Pedro mora do outro lado da rua, bem de frente a minha casa. Mesmo ali, bem longe, dava para ouvir gritos e uma música alta. Eu estremeci só de pensar de como deve estar o meu quarto.

– Vai entrando... Eu vou entregar as bebidas para sua mãe. – Pedro me avisou.

– Vai lá.

Eu manquei até a porta e a abri. A casa era grande. Logo na entrada, à direita, havia uma escada. Já que ele disse para entrar, eu obviamente fiquei na porta. Fiquei esperando ele como se eu fosse uma plantinha esperando ser regada. Eu esperei no frio de dezembro por uns três minutos. Pedro veio saltitante e sorriu quando chegou perto de mim.

– Meu quarto fica lá em cima. – Ele me avisou.

Eu ri.

– Prazer para você... Não adianta falar, me leve até lá em cima.

– Um ”por favor,” seria bom, não seria?

– Não. Eu não peço por favor. Agora me leve.

Ele deu um muxoxo e me pegou pelas pernas. Nós subimos a escada rapidamente. Ele entrou em algum quarto, acendeu a luz e me depositou em sua cama.

Eu apalpei a cama. Era de algodão branco, mas estava amarelo. Não queria pensar o por quê. Eu olhei em volta. O quarto era pintado de azul-celeste. Havia uma guitarra vermelha e vários quadros com gente não fotogênica pendurados nas paredes. Tinha uma estante cinza cheia de livros e coisas estranhas... Como um duende segurando os seios de uma mulher loura e alta. A minha direita, ao lado da cama, havia uma escrivaninha com uma foto. Provavelmente era ele mais novo, pois o cabelo cor de areia era o mesmo.

– Katrina... Pare de ficar olhando as minhas coisas e fique quieta com essa perna... – Ele me repreendeu.

– Não gostei do seu quarto... E qual é daquele duende? Você é algum tipo de tarado?

Ele riu baixo.

– Ganhei do meu tio Moacir.

Pedro puxou os cacos de vidro devagar, e colocou água oxigenada.

– Então o seu tio é tarado. Além de ter um gosto horrível para escolher coisinhas assim.

– Também acho. Já havia lhe dito que não gosto de coisas assim, de enfeite... – Eu levantei minha mão.

– Não estou interessada em sua vida pessoal. – O cortei.

Ele deu um tapa na minha perna boa, como se dissesse: Olha como fala comigo, eu estou enfaixando sua perna e posso te matar com uma tesoura.

Ele enfaixou minha perna. Eu nunca vi uma bandagem tão mal feita em toda a minha vida. Até eu fazia um curativo melhor do que este. Além de ser mal feita, ele colocou um lacinho cor de rosa para fechá-la.

– Cor-de-rosa? Pensa que eu sou alguma princesa? Odeio rosa.

Ele deu um suspiro e relaxou os ombros.

– Katrina, não reclama.

– Humpf... Você que se ofereceu a enfaixar a minha perna.

– E o pior é que eu não ganhei nenhum obrigado. – Ele aproximou seu rosto do meu.

– Você não merece um obrigado. – Eu cochichei.

Ele sorriu.

– Então o que eu mereço?

– Um belo tapa na cara. – Eu assoprei seu rosto. Ele fechou os olhos. – Vou para casa agora. Estou cansada.

– Você poderia dormir aqui... Mas já que você é a Katrina, não vou lhe convidar. Feliz Natal, e mande meus parabéns para sua mãe.

– Você sabe que eu não vou mandar os parabéns.

– É, estava na cara, afinal, eu estou lidando com uma megera. – Ele sorriu.

Eu levantei da cama e com a ajuda de Pedro, desci as escadas. Eu quase caí nos últimos degraus, mas fui salva pelas mãos bobas de Pedro, que foram direto em meus seios.

– Ei, não pegue nas minhas bolas, cara. – Eu o reprendi. Ele soltou os meus seios devagar.

– Desculpe.

Abri sua porta.

– Tchau. Até, se Deus permitir, nunca mais. – Me despedi.

Ele riu.

– Até amanhã, megera.

Eu ri e manquei até defronte à minha casa. Eu suspirei e relaxei os ombros.

– Finalmente em casa.

Girei a maçaneta e entrei em casa.

Mais ai eu levei um tapa na cara.

Não havia mais sofá. No lugar, três mulheres nuas estavam dormindo em um colchão no chão. O chão estava repleto de jornais, revistas e papéis. Na TV, estava escrito com giz: Keep calm and tire essas calças!

No corredor onde dava para a cozinha, caixinhas de lenços e preservativos brotavam como se fossem Marias-sem-vergonha. Eu arregalei os olhos. Andei até a cozinha. Ela estava intacta. Então eu dei meia volta e andei até o andar superior.

– Ai... Meu... Deus...

O corredor estava cheio de roupas. Algumas luzes estavam quebradas e as paredes todas manchadas de... De... De não sei o que. Andei vacilante até o meu quarto. Graças aos céus, ele estava como eu o deixei. Eu suspirei de alívio. Entrei e tranquei a porta atrás de mim. Eu tirei minha blusa e a joguei em cima da cama.

Fui até o guarda-roupa para pegar meu pijama com estampa de serra-elétrica encharcada de sangue, com o Jason nas costas sorrindo cruelmente, do jeito que eu mais o amo. O peguei e o vesti rapidamente. Verifiquei se a porta estava trancada mais uma vez e desabei na cama. Parecia que ela era feita de pluma de pato. Eu me embrulhei nas cobertas e senti algo estranho nos meus pés. Eu xinguei até minha pobre tia Margarida. Sentei-me rapidamente na cama e tirei a coberta do meu corpo, deixando a cama à mostra. Eu sorri quando vi Pulguento, o gato da vizinha.

– Gatinho bonitinho... – O apalpei na cabeça e o peguei pela cintura.

Ele miou feliz. Seus pelos negros estavam brilhosos.

Eu sorri. Andei até a janela e a abri. O joguei de lá de cima. Eu tinha a esperança de que ele iria morrer, mas eu levei outro tapa na cara. Ele caiu no telhado vermelho e rolou até cair de pé no chão.

– Gato desgraçado. Caiu de pé por quê? Queria te ver esfolado para aprender a não miar de domingo, as três horas da manhã. – Eu dei risada quando ele miou indignado e desapareceu por baixo do telhado da dona Lúcia, minha vizinha encrenqueira, gorda como uma televisão de cinquenta polegadas e xereta.

Fechei a janela e me joguei na cama. Amanhã seria mais difícil ainda. Eu despacharia as dançarinas e faria uma cartinha de presente para a minha mãe, como de costume. Eu estremeci só de pensar que eu teria de ver o dono do mercado-de-tudo, o senhor José. Ou velho-cacoeteiro-e-safado, apelidado gentilmente por mim. De qualquer forma, eu acabei adormecendo pensando em cacoetes.


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Notas finais do capítulo

Oi (De novo) :3
Espero que vocês tenham gostado e rido pelo menos um pouquinho *w* Espero também que tenham gostado (Ou não) de Katrina ♥
Até o próximo capítulo, meus gatinhos :3
Chu~