Sam~

Quando acordei era por volta das 10 horas da manhã, estava com uma enorme dor de cabeça por causa do choro de ontem à noite. Mas eu não iria deixar me abater assim, iria resolver as coisas. Tomei um banho quente, escovei os dentes e fui me arrumar, coloquei minha calça jeans azul marinho com uma camiseta com estampas um tanto quanto dadaístas. Desci e encontrei meu pai e minha mãe tomando café.

– Bom dia – disse

– Bom dia – responderam em uníssono.

– Dormiu bem, querida? – Perguntou a minha mãe com um discreto sorriso nos lábios.

– Extremamente bem – Menti, afinal ela não precisava saber que me deixou para baixo – e vocês?

– Muito bem – respondeu meu pai.

– Também – minha mãe respondeu simplesmente.

Fizemos a refeição em silêncio. Vez ou outra minha mãe me encarava e balançava a cabeça. Já estava um tanto quanto incomodada. Meu pai levantou-se e se despediu, avisou que ia precisar passar na Starbucks para resolver algumas questões. Quando a porta bateu avisando que ele tinha ido embora, ela olhou diretamente para mim.

– E então, o que pretende fazer hoje? Afinal, você está acordada em pelo sábado às 10h30 da manhã.

– Vou dar uma saída... não vou almoçar em casa. Tenho planos para o dia todo, chegarei em casa para o jantar.

– Não quero ver você com aquela menina.

– Não precisa ver. E o que os olhos não veem o coração não sente, certo?

Ri e me levantei indo em direção ao meu quarto. Escovei os dentes, peguei a chave do carro de saí para ir atrás da Fê na casa dela. Como eu sei onde ela mora? Simples, quando mamãe descobriu que eu gostava dela, fez questão de me levar lá... para eu ver se era isso mesmo que eu queria. Besteira.

Parei o carro em frente à casa. Toquei a campainha e um senhor muito educado me atendeu.

– Olá moça, em que posso te ajudar?

– Meu nome é Samantha. Gostaria de falar com a Felipa. Sou amiga dela.

– Ora, seja bem vinda. Entre – a casa era humilde mas muito bem arrumada e tinha um jeito fofo até – Minha menina está no quarto, acho que ainda não acordou. Estava cansada do trabalho, mas eu vou chama...

– Não precisa – interrompi – quer dizer, se o senhor não se incomodar, eu mesma posso fazer isso – aproveitei e dei o meu melhor sorriso, ele sorriu de volta e mostrou o caminho para o quarto dela.

Ao entrar pude vê-la dormindo toda torta em cima da cama, sorri com a imagem e aproveitei para me deitar perto dela. Distribui beijos pelo seu rosto.

– Fê?

– Hmm

– Acorda, tenho vários planos para nós duas.

– Tomara que isso não seja um sonho – a ouvi dizer baixo e com voz sonolenta. Sorri.

– Não é...vamos, dorminhoca.

Ela sorriu e abriu os olhos, encarou-me por alguns segundos que mais pareceram horas, seus dedos fizeram um leve carinho em minha bochecha. Em seguida deu-me um selinho, ainda sorrindo. Honestamente, eu poderia abrir mão de todos os planos que fiz para hoje, apenas para ficar ali com ela, desse jeitinho.