Quem É Aquele? escrita por Vindalf
A menina desceu as escadas da casa simples de fazenda, disposta a dar o recado que a mãe lhe incumbira. Contudo, ela se deteve assim que chegou ao chão. De longe, observou o estranho que conversava com seu pai na porteira. Ela sabia que o portão estava estragado e não fechava direito. Seu pai mostrava para o estranho o defeito.
O estranho com o pai era alguém que ela nunca tinha visto antes: baixo, talvez do tamanho dela, mas não era criança. Ao contrário: ele tinha barba grande, cabelos também compridos (mais que o dela), uma capa de viagem que cobria a maior parte do seu corpo e botas de pele de animal. A menina notou que o estranho estava a pé, sem cavalo. Trazia uma bolsa de couro e era óbvio que tinha também uma espada, mas ela só via a ponta por baixo da capa esverdeada.
De longe, ela viu seu pai apertar a mão do homem pequeno, que foi para o estábulo. O pai dirigiu-se à lavoura. A menina correu até lá.
— Papa, mamãe pediu mais dois baldes de água.
— Eu já vou levar para ela.
— Papa, quem é aquele?
— Aquele é um anão, filha. Não é sempre que eles vêm para esses lados.
— Onde eles moram?
— Mais para Oeste, nas montanhas. Anões moram nas montanhas, cavando a rocha, tirando pedras preciosas.
— E você conhece esse anão?
— Sim, ele esteve aqui antes, mas você era uma bebezinha. Ele fez a pulseira que dei para sua mãe.
— Foi, papai?
— Ele sabe fazer joias e coisas preciosas. O povo dele é especialista nisso. Também fazem facas, espadas e armas.
— Puxa...
— Em troca, damos para eles comida e outros gêneros.
— Mas eles não plantam?
— Não, filha, eles moram no meio da rocha. Dizem que é dentro da montanha.
— Dentro da montanha? E eles não saem de lá?
— Só quando são obrigados.
— Não veem o sol?
— Não deve ser sempre, filha. Mas eu é que não iria querer morar dentro da montanha. Agora vá avisar sua mãe que eu o contratei. Podemos consertar o portão, a porteira do estábulo e as outras coisas da casa. Ela precisa ver o que mais está quebrado para que Mestre Thorin possa consertar.
— Tá bom — A menina se virou, disposta a correr a curta distância até a casa.
— E avise que ele vai dormir no estábulo! Caso contrário, ela pode se assustar quando for ordenhar a vaca amanhã.
— Tá!
— Mas não fique muito perto dele. A gente ouve histórias de anões que roubam crianças.
A menina voltou para junto do pai. Os olhos estavam arregalados.
— Esse anão roubou crianças?
— Não, ele não parece ser desse tipo de anão. Mas vá lá. Não deixe sua mãe esperando, e diga que eu já levo a água que ela pediu.
E a menina foi para dentro, com ordens expressas de evitar o anão.
Mestre Thorin.
continua...
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