Houve Uma Vez Uma Primavera escrita por Aline Carneiro


Capítulo 2
Capítulo 1 - O pomo difícil




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/401112/chapter/2

Sábado, 3 de abril de 1971
James Potter tinha que admitir que quando o assunto era quadribol, suas capturas preferidas eram aquelas mais difíceis e disputadas. Não gostava ganhar fácil, queria a emoção da conquista suada, queria o grito da vitória no último segundo; desesperado e pungente, dramático e doloroso. Amava a sensação de alívio que vinha junto com o grito de vitória entalado na garganta, como o urro do predador que capturou sua presa.
O pomo de ouro era a presa e, em seu íntimo, ele queria ser o caçador vitorioso. Portanto, por mais que parecesse tenso naquele dia, quando a Grifinória perdia para a Sonserina na finalíssima do campeonato pelo inacreditável e desesperador placar de 450 a 320, num jogo que já durava quase seis horas, cada partícula de seu ser estava vibrando, empenhada em achar e capturar aquela maldita bolinha com asas que já escapara duas vezes por entre seus dedos e displicentemente dançara na frente da apanhadora da Sonserina fazendo a pobre garota passar um tremendo papel ridículo por não conseguir capturá-la em seu frenético ziguezague antes de acabar dando um tapa no próprio rosto por acidente.
Ele deu uma volta completa pelo campo com sua vassoura bem no instante em que o goleiro reserva do seu time pela primeira vez no jogo conseguiu impedir a goles de atravessar um dos arcos. Aproveitou para maldizer intimamente Sirius, o goleiro titular do time, pela quadragésima sexta vez naquele jogo, que era o primeiro desde que o garoto havia sido suspenso do quadribol no final do inverno passado (indefinidamente, segundo a McGonnagal, por um tempo, segundo Dumbledore) já que havia quase levado à morte o idiota seboso que tinha sido curioso demais sobre o “probleminha peludo” do seu amigo Aluado.
Potter mergulhou com a vassoura e a garota da Sonserina o seguiu. Aquilo era realmente divertido, ele não vira pomo nenhum, mas adorava provocar uma garota bonita como Zelda Zabini. Tê-la em sua cola naquele mergulho de trinta metros era realmente excitante, por que ela era sedutora, misteriosa e estranha. Diziam que sua família era especialista em poções venenosas de receita secreta que matavam sem deixar vestígios. O que James sabia sobre ela era que ela adorava um canto obscuro num corredor esquecido do quinto andar que era bem útil quando um casal queria se agarrar sem ser importunado. Se o goleiro fosse incompetente a ponto de tornar inútil sua busca pelo pomo, pelo menos ele teria se divertido provocando-a e mais tarde lucraria com isso, por que ela sempre ia atrás dele para espezinhar e uma coisa levava a outra, que levava ao corredor do quinto andar.
Mas o que realmente queria era a vitória, a garota era apenas parte do cenário. E exatamente quando mergulhou com a vassoura para provoca-la viu claramente uma oportunidade única de vitória: o pomo flutuava mansamente, despercebido por todos, acima de um gramado logo atrás do estádio. Era um tremendo golpe de sorte ter vislumbrado o pequeno ponto dourado ao olhar de relance entre as duas arquibancadas, e ele não costumava desperdiçar sorte. Deixou que a garota o ultrapassasse e, repentinamente, deu uma guinada para o alto e para a direita, numa manobra em parafuso tão brusca que ela não conseguiu repetir. A toda velocidade, zuniu no estreito espaço entre as arquibancadas, os olhos fixos no pequeno ponto dourado acima poucos metros do gramado do pátio externo em frente ao lago de Hogwarts. A presa. A caça. A vitória.
Antes de conseguir, soube que conseguiria. Achatado sobre a vassoura, já sentindo a apanhadora rival aproximar-se na sua cola, ele seguiu uma trajetória reta e infalível que o levou direto ao pomo. Quando seus dedos fecharam-se em volta da minúscula bolinha, uma carga de adrenalina o fez berrar de contentamento, num grito que confundiu-se com o uivo uníssono da torcida que erguia-se nas cadeiras, mais da metade do público do estádio berrando às suas costas. Deu uma freada e pulou da vassoura já correndo, gritando e... viu algo que acabou com toda sua alegria instantaneamente, como um alfinete que estoura um balão muito cheio.
Uma garota ruiva, deitada de bruços sobre uma toalha no gramado, de costas para o estádio, mas que, ainda assim, era perfeitamente identificável. Tinha um livro aberto entre os cotovelos e não deu a ele mais que um olhar entediado e profundamente superior quando virou o rosto em sua direção. Lógico. A única criatura em todo colégio que simplesmente não ligava a mínima para o time de Quadribol da sua casa. A senhorita-tão-boa-em-tudo,  mas que ele sabia que voava pateticamente mal e por vingança odiava quadribol: Evans, Lilly.
Seu primeiro impulso foi dar um grito de raiva e atirar o pomo longe. Como alguém podia ignorar dessa forma o único esporte no mundo que valia à pena? Como, por Deus, como? Ele já desistira de faze-la entender o Quadribol, já desistira até mesmo de faze-la entender como era maravilhosa a sensação de voar, de competir e então ganhar. Lilly Evans já o havia feito de palhaço várias vezes, mas o incomodava intimamente. Tinha a sensação que jamais desistiria de tentar sair com ela. Era uma captura difícil, ele tinha que reconhecer. Ia virar as costas para a garota, mas não resistiu e voltou à velha carga, mais uma vez.
– Evans?
– O que é? – ela respondeu sem tirar os olhos do livro.
– Você viu isso?
– E podia deixar de ver? Você quase me atropelou com essa vassoura idiota.
– Se você odeia tanto quadribol, por que não fica no seu quarto durante os jogos?
– Se você ama tanto quadribol – ela disse levantando-se rapidamente e recolhendo suas coisas com muita raiva e sem encara-lo – por que não volta para o estádio e ouve toda a escola dizendo pela milésima vez que você é o melhor apanhador do mundo? Definitivamente, Potter, alguém deveria mostrar a você o que realmente importa na vida! – ela saiu, afastando-se rapidamente, ao mesmo tempo que a gritaria da multidão o alcançava. Ele abaixou-se disfarçando o aborrecimento e recolheu a vassoura, que ficara parada no ar. Virou-se então para o estádio e ergueu os braços em triunfo, mostrando o pomo seguro entre os dedos da mão direita e a vassoura na outra, sentindo um leve impulso momentâneo de largar ambos objetos e despentear os próprios cabelos, mas se conteve por que não era elegante um campeão como ele atirar a própria vassoura no chão. Limitou-se a urrar novamente e novamente até que a multidão o alcançou. Num instante estava envolvido pelos colegas de casa, num burburinho sem fim, sendo carregado pele time no alto, rumo a comemoração na sala comunal da Grifinória. No meio do caminho passaram pela garota, que parecia  totalmente indiferente à passagem do grupo barulhento. James contraiu os lábios com raiva, mas, ainda assim, deu um berro de alegria, como se esperasse que ela desse uma olhada furtiva para ele, sem o mínimo sucesso.
Minutos depois, a sala comunal da Grifinória era a sede de uma barulhenta comemoração em que os lances mais animados da partida eram comentados, regada a cerveja amanteigada e suco de abóboras. Sirius bem que tentara contrabandear uma garrafa de firewisky da cozinha, mas fora impedido por um atento (e despeitado) monitor da Sonserina que o delatara para a Professora Minerva.
– Você chegou a ver o batedor da Sonserina quebrando o próprio nariz com o taco? – perguntou um garoto do quinto ano a Sirius.
– De relance... alguém deve ter jogado alguma azaração no taco  daquele miserável  do Jones por que ele me acusou injustamente de derrubar poção de engorda nas plantas carnívoras da Madame Pomfrey. Não sei quem poderia ter feito isso além de mim... – disse o garoto com um sorriso sarcástico pairando nos lábios.
– Sério que você fez isso? – perguntou James rindo, em voz baixa.  
– Não adiantou nada eu ponderar que o sujeito estava voando muito alto e poderia cair da vassoura – reclamou Remus, resignado.
– E ele caiu mesmo – completou Peter – sorte dele que o Dumbledore usou o aresto momentum e ele caiu devagarinho! – disse completando a narrativa com um gesto dramático que imitava o do professor.
– Você não parece ter aprendido muita coisa com o episódio do Ranhoso – disse James em voz mais baixa, para em seguida se arrepender, por que tanto Sirius como Remus pareciam ficar muito sem jeito com a menção ao episódio que pusera em risco tudo que os quatro juntos haviam conquistado. – Bem, pelo menos um taco é mais inofensivo que o problema peludo do Remus...
O outro riu e o clima ruim pareceu se dissipar. James já esquecera o episódio do fim do jogo e despenteava repetidamente o próprio cabelo enquanto brincava distraidamente com o pomo – ele nunca o devolvia logo após o jogo, fazendo a professora McGonnagal andar atrás dele por dias cobrando a bolinha – subitamente, o deixou escapar propositalmente e deu um salto espetaculoso à frente para pegá-lo de forma muito exibicionista, simulando um mergulho com uma vassoura imaginária. Largou novamente o pomo, dessa vez jogando-se comicamente sobre a poltrona com uma cara de pânico, numa fingida tentativa atrapalhada de pegar a bolinha que tentava escapulir, como fosse uma pequena batata quente. Peter ria mais alto que o resto da audiência, Remus balançava a cabeça divertidamente e Sirius conservava o mesmo ar debochado de sempre.
James se sentia o máximo com as risadas dos colegas, às quais foram se juntando novas risadas, formando aos poucos uma claque animada e atenta, até que a sala comunal toda ria de suas gracinhas, que agora haviam evoluído para uma imitação detalhada de cada jogador dos times adversários, de um histrionismo e precisão de detalhes invejáveis. Antes mesmo de dar dois passos imitando outro jogador, alguém gritava o nome do imitado, fazendo que ele logo mudasse o personagem. Os jogadores dos times acabaram e ele passou a imitar professores. Até Sirius caiu sentado rindo quando ele fez uma imitação afetada do Professor Horace Slughorn, que evoluiu para imitação do professor durante uma aula sobre a poção do morto-vivo com direito a uma interrupção de um Severus Snape esquisito e retraído e de todos seus alunos favoritos, numa lista que logo chegou a Lilly Evans:
– Lilly, minha queriiida – ele prolongava a pronúncia de algumas palavras, como o professor fazia enquanto punha a mão no ombro da imaginária Lilly – já disse a você que nunca passou por essa casa um aluno com tamanho talento para as poções? – ele emendou uma imitação afetada e acuradamente cruel da menina –Oh, professor... muito obrigada, eu duvido que eu seja tão boa quanto o senhor... mas definitivamente adoro ser adulada!
James nem notou que durante essa última imitação a sala caíra num silêncio constrangido e prosseguiu, animado, com seu diálogo imaginário:
– E eu, professor, definitivamente amo ser considerada tão boa por uma ameba bajuladora como o senhor... quer dizer, eu consigo enfiar sapos num caldeirão e faze-los borbulhar, mas quem não consegue? Eu sou definitivamente boa, que bom que o senhor reconhece, definitivamente! – ele virou-se na sua imitação afetada e deu de cara exatamente com o objeto de sua pantomima, que o encarava com as mãos na cintura e o rosto quase tão vermelho quanto o seu cabelo acaju.
– Err.. oi, Evans. Espero que você não se aborreça por isso... é só uma... brincadeirinha.
A garota não disse nada, mas parecia ferver por dentro de indignação,talvez mais ainda pelo uso da palavra “definitivamente”, que ela realmente repetia bastante. As pessoas foram se dispersando por que sabiam que o que se seguiria não seria de forma alguma agradável de se presenciar, o que, afinal, era apenas uma reprise das constrangedoras e constantes brigas Potter-Evans. James continuou, agora constrangido pelo silêncio dela:
– Você sabe que eu não tenho nada contra você, não sabe... quer dizer, o velho Slug é quem eu estava imitando e...
– Ele não é nem de longe ridículo como você o faz; aliás, você def... você não o suporta por que ele não vive dizendo que você é o máximo. ­  
– Ah, lógico. É por isso que você o adora, definitivamente. Ele te bajula uma aula sim, a outra também. Diz definitivamente o que você quer ouvir, mas nem todos os professores falam.
– Eu gosto de fazer poções. Por isso sou boa nisso, como você é bom com a sua vassoura.
– Então você admite que eu sou bom? – ele perguntou com um sorriso que nem ele percebeu, mas parecia bem estúpido. Repentinamente ele baixou a voz – eu não quero brigar com você. Por que não vai comigo  no passeio a Hogsmeade no fim de semana que vem?
 – Potter, você defini... você realmente me surpreende. – ela levantou a voz – Eu já disse mil vezes não sairia com você nem que você me desse um caldeirão de ouro. E  você espera que eu te diga sim depois de me imitar ridiculamente diante de todos? Só se eu fosse MALUCA. E você só anda atrás de mim por que eu sou a única que não vive correndo atrás de você e do seu amiguinho – ela apontou ostensivamente para ele e para Sirius, que fez uma cara bastante espantada – por que você é completamente INCAPAZ de enxergar  outra pessoa no mundo que não seja você. Definitivamente, NÃO! –disse com ar de triunfo antes de dar-lhe as costas, subindo as escadas sem olhar para trás, direto para o seu dormitório. James olhou os companheiros, que tentavam fingir que não tinham sido testemunhas do maior “toco” da história de Hogwarts.
– Vocês ouviram isso? Ela me deu o fora de novo! Eu não acredito nisso!
– Definitivamente... – comentou Peter, numa tentativa bem inoportuna de ser engraçado.
– Pois eu que não acredito que você a chamou para sair de novo – disse Sirius, coçando o queixo. Pelas minhas contas, esse foi o vigésimo sétimo “não” que ela te deu.
– E não é por nada – completou Remus – mas esse pareceu ser o mais alto que ela já disse.
– Sem dúvida, um record – acrescentou Peter, para em seguida emendar, sem graça novamente – não que você tenha merecido...
– Larga de ser puxa-saco – completou Sirius – é óbvio que o Pontas mereceu. – James olhou o amigo indignado.
– Como assim? Agora até você acha que ela está certa?
– Dá para a gente conversar em outro lugar? – perguntou Remus – eu acho que essa conversa não é para o salão comunal.
Os quatro subiram em silêncio, James na frente, bufando de raiva. Entraram no dormitório e Sirius, o último, fechou a porta.
– Muito bem – disse James – que história é essa?
– Não é nada demais – disse Remus – nós três estivemos conversando sobre você.
– Sobre mim?  – perguntou James, indignado – desde quando vocês ficam conspirando nas minhas costas?
– Não é conspiração nenhuma – respondeu Sirius – mas, James... você lembra quando eu quase matei o Ranhoso sem querer?
– Não finja que você não queria que ele morresse – disse James – eu te falei que era irresponsabilidade, que você estava sendo pateta e infantil. E lembro-me disso muito bem.
– Pois é. Eu fiquei muito chateado com a droga de vida que eu tive de levar desde então. Sábados perdidos na sala da McGonnagall, sermões do Dumbledore, polimento em caldeirões, compostagem de bosta de Dragão para a Sprout e até curativo nos galhos quebrados do salgueiro lutador já tive de fazer! Mas o pior era o olharzinho de triunfo do Ranhoso, que graças a minha estupidez agora podia posar de vítima, quando todos sabemos que ele mesmo é capaz de tirar sangue de alguém quando tem oportunidade...
James pôs a mão no próprio rosto, onde pouco mais de um ano antes ele havia sido atingido por um feitiço cortante do outro, um feitiço que nem mesmo ele sabia ao certo qual era, e que não deixara cicatriz, mas que às vezes o fazia sentir um formigamento estranho na bochecha. James tinha certeza que se fosse atingido mais abaixo, no pescoço, morreria. E achava que Snape só não o atingira mortalmente porque havia testemunhas.
– Sim, eu sei que ele é assim. Mas...
– Mas você sabia também que eu não sou um assassino, apenas fiquei com raiva das insinuações dele sobre o Remus. – Sirius olhou o amigo diretamente nos olhos – na época eu não te agradeci, por que não percebi que não era o Snape que você estava salvando, mas a mim. – o outro rapaz esboçou um sorriso, mas Sirius permaneceu sério. – Só que... –Sirius respirou fundo antes de seguir para a parte mais complicada da conversa e completou:
– Só que você, nos últimos tempos, tem se achado o máximo e isso está nos enchendo o saco. E além de tudo, você faz papel de babaca na frente dessa garota.
James caiu sentado sobre a cama, largando o pomo que tinha preso na mão até então. A bolinha subiu e ficou batendo no teto, procurando um lugar para se entocar.
– Mas... vocês nunca disseram...
– Eu não concordei com essa conversa, James! – se apressou em dizer Peter, que recebeu um olhar feio de Sirius.
– Realmente. Peter concordou com tudo que dissemos,  mas achava melhor deixarmos isso para lá, por que não tinha coragem de dizer pela frente. – ele encarou o outro, que baixou a cabeça sem jeito.
– Desde quando... – James pareceu hesitar – vocês estão aborrecidos...?
– Não sei se houve um começo – disse Sirius.
– Na verdade você sempre foi meio assim – ponderou Remus – mas isso não nos incomodava. Pelo menos não tanto... mas desde que você recebeu o resultado dos NOMs...
– E desde  que você começou a perturbar a garota nascida trouxa como se tivesse direito de sair com ela só por que os dois estavam entre as maiores médias globais da escola... – completou Peter, ainda mais hesitante.
– Eu não a perturbo! Eu gosto dela!
– Então admita que ela não gosta de você, ou já teria aceitado um dos seus convites. -retrucou Sirius.
– Ela gosta de mim. Tem que gostar. Vai acabar gostando.
Sirius passou a mão pelo rosto. Essa era a parte chata. A velha teimosia de James Potter, que costumava acreditar firmemente no termo “vencer pela insistência” – e muitas vezes vencia.
– Você sabe o que acontece cada vez que ela te diz um “não”?
– Eu fico muito irritado, só isso. Mas uma hora ela vai ter que dizer sim.
– Não é disso que o Sirius está falando – explicou  Remus. – você é um dos caras mais admirados e invejados dessa escola. E faz questão de esfregar na cara de todos o quanto é bom. E cada vez que Lilly Evans te diz não, todos os perdedores dessa escola, ponha o Snape nessa conta, riem de você, com muito gosto, pelas costas.
– Como é que é? – disse James, levantando-se irritado – quem ri de mim?
– Desse último fora até eu tive vontade de rir – admitiu Peter – qualquer um perceberia que ela ia dizer não.
– Ah, então é isso, né? Tudo isso por que Lilly Evans, a tão-bonita-e-tão-boa-em-tudo não me acha bom o suficiente para ela?
– Ou por que você se acha um presente de Deus para ela – respondeu Remus, impassível.
– Se ela sair comigo isso pára, não pára? E se EU disser não a ela?
– Como se ELA fosse te chamar para sair – completou Sirius – se você gosta realmente dessa garota, o que eu duvido, tente ser um cara menos cheio de si, James.
– Eu NÃO sou cheio de mim. Já disse que gosto dela, e ela vai gostar de mim.
– Como? Como você pode acreditar que alguém que te odeia de repente vai se apaixonar por você? Vai dar uma de mariquinhas e usar nela uma poção de amor? – caçoou Peter, numa atitude totalmente atípica que realmente o enfureceu.
– Não. Mas você pode apostar que ela não vai me odiar por muito tempo.– ele disse, com uma nota fria na voz. Remus e Sirius se entreolharam. Podiam calcular o que isso significava.
– Por que você não nos escuta? – perguntou Sirius, racionalmente– essa escola tem centenas de garotas que sairiam com você, que está bancando o bobo por causa da única que não te dá bola. Não faça nenhuma estupidez.
– Não vou fazer estupidez nenhuma. Vou fazer com vocês uma aposta. Sete dias. Em sete dias ela vai estar tão louca por mim que vocês vão vê-la implorando para sair comigo. E eu vou dizer não
– É mesmo? – perguntou Remus, não parecendo muito disposto apostar nada. Posso perguntar como você pretende vencer essa aposta idiota? Vai procurar um desses feiticeiros charlatões que "trazem a pessoa amada em sete dias"?
– Isso é assunto meu – disse ele, dirigindo-se para a mesa de cabeceira como se procurasse algo – eu tenho certeza que estava aqui... – ele achou um pequeno envelope cor-de-laranja e o abriu – sabia que era hoje. – algum de vocês recebeu convite para a festa do Slughorn? – os outros o encararam absolutamente pasmos.
– Festa do Slug? – disse Sirius – você disse que não queria nem saber da festa idiota do balofo! E isso foi hoje de manhã!
– Mudei de idéia... Bem, você não deve ter recebido o convite, não, Sirius?
– Lógico que não. Você sabe que desde que eu saí de casa ele nem olha direito para mim: me encara como um bruxo rico, porém inútil, já que não vou ser mais um capachinho dele no Ministério. Um convite que seria para mim pode ser mais bem gasto com algum calouro babaca ou com meu irmãozinho querido que finge que eu não existo...  
– Tudo bem. Eu vou de qualquer maneira. Mas aqui não diz se posso levar um amigo. Que pena. Mas escrevam aí, rapazes: sete dias, o tempo que falta para o passeio a Hogsmeade. Em sete dias, podem apostar, Lilly Evans vai estar tão caída por mim que eu que vou poder recusar seus convites para sair!
– Ah, sim, inclusive – disse Sirius, irônico, – ela vai te ver na festa do Slug e vai acreditar mesmo que você é o homem da vida dela. Desista, ela não vai querer nada com você, e já que você quer uma aposta... vou colocar dez galeões nisso. Está feita sua vontade, Potter. Aposto contra você.
James não disse nada, apenas pegou sua veste de gala no malão e saiu, rumo ao banheiro .


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Houve Uma Vez Uma Primavera" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.