End Of All Days escrita por Mieczyslaw Stilinski


Capítulo 2
Family Blood




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Estava tranquilo em minha cela apenas observando meu reflexo na parede de vidro impenetrável.

A bandeja de comida intocada em um canto no chão. Pilhas de livros do outro lado. Tinha me cansado deles, não aguentava mais passar o dia inteiro lendo. Estava enlouquecendo e precisava sair dali, mas tinha que esperar o momento certo para agir.

Batidas frenéticas no vidro me puxaram de volta à realidade. Era um dos servos que eram responsáveis por me trazer comida. Mas ele não era apenas um servo do palácio. Era um espião, fiel somente a mim. Um sorriso discreto apareceu em meu rosto ao perceber que ele trazia notícias.

A parede de vidro sumiu por alguns segundos depois de um aceno da lança de um dos guardas e o servo entrou.

Um silêncio constrangedor perdurou na cela enquanto o empregado tentava encontrar as palavras certas para falar. Ele pegou a bandeja que estava no chão.

Suspirei alto propositalmente, tentando mostrar a minha impaciência e lhe lancei um olhar ameaçador. Ele se assustou e quase derrubou a bandeja a fazendo tremer com o susto.

- Eu tenho notícias, meu senhor. – gaguejou com os olhos arregalados de medo. Eu adorava essa expressão no rosto das pessoas. Principalmente quando eram causadas por mim.

- Isso eu já sei. – disse com impaciência revirando os olhos.

- É que... Não são boas notícias. – balbuciou num sussurro temendo que eu o atacasse ali mesmo. Claro, eu não podia fazer isso. Tinha que manter as aparências, pelo menos por enquanto.

Esperei para que continuasse, mas ele apenas ficava lançando olhares assustados para os dois guardas do lado de fora. Eles não podiam nos ouvir, não tinha problema. As paredes eram a prova de som. Foi a única coisa que Odin pode me dar. Privacidade. O que não fazia muita diferença já que eu não tinha com quem conversar, mas era útil as vezes.

- Fale! – gritei, já sem um pingo de paciência com aquele verme inútil.

Ele pulou de novo, com medo, dessa vez derrubando o conteúdo da bandeja. Aquilo só serviu para me deixar mais irritado ainda.

- Eu ouvi uma conversa entre seu pai e Heimdall mais cedo. – se abaixou para limpar a bagunça que tinha feito no chão.

Um sentimento de raiva me invadiu apenas na menção de Odin como meu pai.

- Eles estavam falando sobre um possível herdeiro do trono. Parece que Odin já não está mais aguentando.

Me levantei de um pulo do canto onde eu estava sentado até agora. Me aproximei lentamente do empregado com uma expressão furiosa, o que fez com que ele se levantasse e recuasse um pouco. O puxei de volta pela gola, trazendo-o mais para perto, o erguendo um pouco para que seus olhos ficassem ao nível dos meus. Ele começou a tremer e arqueou tanto as sobrancelhas que elas quase se perderam em seus cabelos. Tentou se soltar, mas eu apertei mais ainda o punho em volta da sua roupa o impedindo.

- Ele disse quem? – falei pausadamente fazendo minha fúria e minha curiosidade transparecer através das minhas palavras. Ele apenas concordou fracamente com um aceno de cabeça com medo demais para abrir a boca.

- Quem? – gritei o chacoalhando. Um dos guardas estava olhando diretamente para mim desconfiado, pronto para entrar e salvar o empregado caso necessário. Respirei fundo fechando os olhos e soltei o homem. Ele suspirou aliviado dando alguns passos para trás.

- Ele mencionou um nome sim. – continuou ainda assustado, porém a uma distância relativamente segura. O guarda já não me olhava mais. Eu só conseguia ver a lateral esquerda de seu corpo que não estava encoberta pela parede onde ele estava encostado – Percy Jackson. Um semideus grego.

Meus olhos se voltaram pra ele novamente, dessa vez incrédulos. Como assim grego? Existem outros deuses além de nós? Como Odin tinha a coragem de dar o trono para alguém completamente desconhecido? Ele me odiava tanto assim a ponto de me negar o trono desse jeito? Se ainda havia algum ressentimento por ter feito tudo aquilo contra meu pai antes, já não existia mais agora.

Eu estava com a cabeça cheia de perguntas e dúvidas, andando de um lado para o outro do cubículo que era a minha prisão.

- Você tem certeza?

- Tenho, senhor. – sua voz era trêmula, mas estava falando a verdade.

Acenei com a mão para que ele saísse e não demorou muito para eu ficar sozinho em minha prisão novamente.

Era hora de agir. Não dava mais para fingir que estava tudo bem e que os asgardianos estavam seguros comigo sendo mantido preso aqui.

Odin fora um tolo de sequer acreditar que poderia me conter nessa prisão de vidro com apenas dois guardas na porta me vigiando. Ele já fora mais cauteloso e esperto um dia. Estava ficando velho demais. Eu já escapara de uma prisão como aquela antes, o que foi muito fácil. Não iriam ser dois guardinhas inúteis que me deteriam aqui.

Era hora da minha pequena vingança contra meu querido pai.


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