Gregos

O conselho se seguia da forma como Percy previa. Chato. Muito chato. Mas ele tinha de respeitá-lo, afinal a guerra havia terminado. O garoto de olhos verdes não ligava muito pra os deuses discutindo a sua frente, nem mesmo quando Zeus parabenizou Thalia. Seus olhos só se movimentaram quando a deusa da sabedoria chamou Annabeth. Ele seguia passo a passo a loira e o olhar temeroso dela frente à mãe. Quase pulou de alegria quando Atena anunciou que ela realizaria seu sonho de construir algo que durasse milênios. Depois do beijo de boa sorte no Monte Santa Helena, ele não conseguia mais vê-la como somente sua melhor amiga. Sorriu quando ela se aproximou e disse ainda em transe de que precisava de lápis e papel; ele estava extasiado por ela.

- PERCY JACKSON! – o velho deus do mar chamou seu filho. O tom de sua voz e o nome chamado fez com que toda a atenção se voltasse a ele. As conversas cessaram. Héstia sorria para ele dando confiança. Ele começou a caminhar, parando em frente ao trono de seu pai e o reverenciou.

- Levante-se meu filho – disse Poseidon.

Os deuses sabiam que ele fora o verdadeiro herói da guerra e não Luke, mas eram orgulhosos demais para aceitar. Tinham convicção do pedido que ele iria fazer. Era o que sempre quis...

- O conselho concorda – anunciou Zeus – Percy Jackson, você pode escolher um presente dos deuses.

O filho de Poseidon hesitou.

-Qualquer coisa.

Zeus assentiu soturnamente.

- Sei o que você vai pedir. O maior presente de todos. Sim, se é o que você quer, será seu. Os deuses não conferem esse presente a um herói mortal há muitos séculos, mas, Perseu Jackson, se você assim deseja, será feito deus. Imortal. Eterno. Servirá como tenente de seu pai para todo o sempre.

Neste momento Percy olha para trás. Annabeth não o olhava nos olhos. Seu rosto estava pálido. Percy lembrou-se de dois anos atrás, quando achou que a loira fosse fazer votos a Ártemis e se tornar uma Caçadora. O pânico o tomará por completo.

Ele pensou nas Três Parcas, e em como viu sua vida passar em um flash. Não queria perder a oportunidade. Podia evitar sua velhice. Ser um adolescente poderoso, imortal, ao lado de seu pai. Teria poder e vida eterna.

Olhou outra vez para Annabeth. Pensou em seus amigos do acampamento: Charles, Michael, Silena e tantos outros que agora estavam mortos. Pensou em Ethan e em Luke. Luke, cuja o corpo estava ali ainda. No chão todo ensangüentado. Ele não sabia o motivo.

E soube o que fazer.

Foi só então que percebeu que entrou em transe, ele estava no espaço. Podia ver estrelas e meteoros. Alguns planetas desconhecidos.

“Perseu. Eu sou Heimdall, o deus da presciência. Posso ver e ouvir tudo o que acontece. O seu destino está traçado heroi. Não deves se tornar um deus. Não deves retornar ao acampamento. Escute-me garoto. Ao final do conselho, não fale com ninguém. Nenhum outro deus. Saia do olimpo. Encontra uma mulher a sua espera lá fora. Sif. Ouça o que ela tem a dizer. Confie em sua palavra... Odin está certo afinal. Você é o herdeiro de MJOLNIR”.

Asgard

Mais um dia tranquilo na cidade dos deuses, Asgard. Depois dos acontecimentos em Manhattan, a cidade havia entrado em uma calmaria nostálgica. Calmo demais pensou Odin. O deus sentiu que algo errado estava para acontecer.

Talvez Loki estivesse planejando algo. Mas o que? Ele não poderia fazer nada preso naquela cela, poderia? Odin nunca subestimou Loki, muito pelo contrário, sabia o quão ardiloso o deus das travessuras poderia ser. Não o subestimaria agora.

Ele estava ficando cansado. A pressão que recebia por governar Asgard era demais, principalmente por causa de seu filho adotivo. Tinha orgulho dele e o amava, mas nenhum asgardiano concordaria em ter um Gigante de Gelo como rei. Precisava encontrar um sucessor para o trono o mais rápido possível. Alguém bom o bastante e de confiança para governar, pois sentia que logo entraria em mais um sono de Odin e algo lhe dizia que talvez não acordasse mais.

O Pai de Todos se lembrou que, pouco tempo depois de Loki ter atacado Manhattana, a ilha foi atacada novamente por algum tipo de força não humana. Ele sabia exatamente quem, apesar de todos pensarem que fora seu filho adotivo, mas o deus das travessuras não saíra da vista de Heimdall por nenhum segundo.

O velho deus sabia de todos os detalhes do acontecido, inclusive a existência dos deuses gregos. Havia um grego em especial, um semi-deus, pelo qual ele se interessava. O garoto de apenas 16 anos tinha salvado todo o Olimpo com a ajuda de amigos. Esse garoto sim, era alguém digno de governar Asgard. Corajoso, leal e responsável.

Definitivamente precisava ter uma conversa com Perseu Jackson.

- Heimdall, preciso de sua ajuda. – disse em voz baixa.

Poucos minutos depois Heimdall apareceu portando sua espada e uma armadura branca reluzente. Por esse motivo muitos mortais o chamavam de deus da luz. Era alto e moreno, com os olhos cor de âmbar que poderiam ver tudo de dia ou de noite. Fora escolhido para vigiar Bifrost e Asgard por ter os ouvidos muito apurados. Tanto que poderiam ouvir até a grama crescendo. E porque não precisava dormir. Era de total confiança de Odin.

O moreno se ajoelhou em frente ao trono levando a mão em punho ao coração.

- Preciso que encontre Perseu Jackson. – Odin disse sem rodeios – Traga-o até aqui. Ele será meu sucessor no trono e portador do martelo Mjölnir.

Mal sabia ele que um dos servos do castelo estava escutando. Servo que era totalmente e somente leal a Loki.