Crônicas da meia noite. escrita por JeeffLemos


Capítulo 5
Chuva de meteoros


Notas iniciais do capítulo

Enquanto os discos voadores chegaram, eu estava lá, observando e sendo invisível.



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Era uma noite esplêndida.

   Naquela noite, eu estava junto com meu grupo de estudos. Estávamos acampados em uma montanha próxima a minha casa para vermos e estudarmos os céus.

   Sou aluno de Astronomia e estou no último período do meu curso.

   Esse grupo de estudos é um projeto de a parte. Éramos amigos com gostos em comum e de repente surgiu essa ideia, colocamos em prática e de mês em mês nos reunimos no mesmo lugar para observamos as estrelas.

   Aquela noite o céu tinha um ar especial. 

   As estrelas estavam maravilhosamente brilhantes. Como uma pintura em negro com pontinhos em neon. A lua era gigante e prateada, como um farol guiando os asteroides em um mar de estrelas. Acho que nunca havia visto o céu tão lindo como naquela noite.

   Preparamos nossos equipamentos, notebooks ligados, telescópios apontados para o céu, e nada de fogueiras. A luz da lua era tudo o que precisávamos, e umas lanternas de vez em quando.

   Tudo estava tão perfeitamente visível que chegava a ser espantoso. A mancha da via láctea rasgava o véu negro com um branco leitoso e de tirar o ar. 

   A chuva de meteoros estava prevista para começar às duas da manhã, então esperamos.

    Quando o primeiro risco correu pelo céu, nos corremos para nossos telescópios. Excitados.

   Não havia nada mais belo do que uma chuva de meteoros em uma noite esplendia e brilhante como aquela. Tudo estava contrastando perfeitamente bem. O clima estava agradável e nossos olhos afiados para não perdemos um mínimo detalhe que seja.

   Quando o primeiro risco correu pelo céu, e nós corremos para os nossos telescópios, excitados, eles chegaram.

   De inicio era tudo muito lindo.

   A chuva de meteoros mais nítida e impressionante que eu já havia visto. Eles cruzavam os céus e deixavam rastros brilhantes para trás, como faíscas em fogos de artifícios. E eram tantos que meus olhos brilhavam junto com cada clarão que passava pelo céu.

   De inicio era tudo muito lindo. E então, houve as explosões.

   Foi tão de repente que meu cérebro pareceu não processar o que via. 

   Os riscos que cruzavam os céus começaram a cair na vertical e bombardear o chão causando estrondo que nos sentíamos até nos fios de cabelo.

   Eles começaram a cair a distância. Os tremores vieram primeiro, dos primeiros riscos que cruzaram o céu e atingiram o outro lado do continente. E depois os que vieram após, foram caindo mais perto.

   E cada vez que um caia, uma explosão se seguia.

   Tudo o que fizemos na hora foi observar.

    Ficamos parados, como estátuas, sem reação ou qualquer coisa do tipo. Apenas observando.

   Quando eu olhei para o céu e os riscos que caiam se tronavam mais nítidos, eu percebi que não eram meteoritos. Naquele momento em que olhei para os céus eu vi as formas ovais e tecnológicas que pairavam no ar. Enormes e assustadoras. Um cinza mortal.

   Nessa hora em que eu vi as formas ovais, cinza e mortais, enormes e assustadoras, eu soube que os discos voadores haviam chegado.

   Feixes de luz cruzavam os céus e atingiam a terra e as luzes dos incêndios lá embaixo começavam a clarear todo o monte. As pessoas saiam de suas casas desesperadas enquanto as ruas se entregavam aos caos. Enquanto tudo isso acontecei lá embaixo, eu só observava. Meus amigos acordaram do transe e do choque inicial e me incitaram a correr. Eu me neguei.

   Todos foram embora, mas eu continue lá em cima, observando e admirando, os discos voadores que haviam chegado.

   Me sentei estupefato e entorpecido com tudo aquilo que estava a minha frente.

   Enquanto isso, lá embaixo as pessoas corriam desesperadas. Se agarrando as suas vidas com gritos de ajuda. E o som era sobreposto pelos sons da destruição, do caos e da morte.

   Sirenes de bombeiros e ambulâncias gritavam, e enquanto isso o fogo se alastrava e explosões continuavam.

   Sentia a terra tremer e via um clarão no horizonte a cada minuto. 

   Enquanto os discos voadores chegavam, eu observava, as pessoas corriam e tentavam se salvar e as continuas explosões enchiam de luz o horizonte, o mundo morria um pouco mais.

   

   E eu fiquei lá de cima, só olhando. Eu sabia que aquilo dali era o fim.

   Será que isso seria o Apocalipse? Anjos são na verdade extraterrestres que vieram dominar o nosso planeta e exterminar os injustos com o intuito de tornar um planeta melhor?

   Eu nunca fui de acreditar muito em religiões, mas ali eu sabia, minha hora tinha chegado, pra onde quiser que eu corresse, onde quiser que eu me escondesse o que quiser que eu fizesse, eu sabia de uma coisa. Os discos voadores haviam chegado e quando eles chegam, eles trazem o fim.

   Sentado ali eu observei.

   Eu observei o fim do mundo, eu vi as naves cinza e ovais que disparavam feixes de luz e desintegravam ou explodiam tudo em seu caminho. Vi vultos estranhos correndo por entre a multidão de pessoas que corriam desesperadas para lugar algum tentando salvar suas perdidas vidas.

  Vi tudo isso e continue ali, sentado no monte, esperando.

   Não sabia onde meus amigos estavam, nem mesmo se ainda viviam, mas eu estava vivo, vendo a destruição, vendo as criaturas e vendo os discos voadores.

   E enquanto isso, a noite passava. E durante toda noite, eu vi o mundo lá embaixo se tornar cinzas.

   Carros eram destruídos, casas e prédios desabafam, pessoas eram massacradas e os clarões se tornavam cada vez mais intenso. 

   Quando olhei para o céu, vi que ele estava repleto de naves. Centenas delas. Algumas vezes elas pareciam cinza, mas se mantivesse um olhar fixo, elas se confundiam com os céus e se tornavam pintadas por magníficos brilhos estrelares.   

    As criaturas continuavam a aparecer na terra. Um brilho era emitido na nave e instantaneamente um brilho aparecia no chão e já não era só um brilho, mas uma criatura.

   De onde eu estava, estava longe para distinguir suas formas, mas elas eram enormes. E humanoides, andavam como nós e destruíam como nós.

      A destruição durou toda uma noite e quando o amanhecer surgia, quando os primeiros raios de sol tocaram a terra. Os discos voadores foram embora.

   Assim, sem mais nem menos. Riscos que rasgavam os céus como a chuva de asteroides que ascendiam e desapareciam. Tudo o que sobrou foram cinzas.

    Eu era invisível lá em cima, pelo menos ao que parecia.

.   O mundo morreu e eu permaneci ali, sentado, observando e sem saber o que fazer.

   Talvez eu seja bom demais para ir para o inferno, talvez eu agora esteja vivendo no paraíso e nem mesmo sei.

   Na noite em que o céu estava esplêndido e os discos voadores ovais e cinza chegaram, no noite em que o mundo foi exterminado e as pessoas dizimadas, na noite em que eu observei tudo de cima do monte enquanto estava invisível. Foi a noite em que houve a chuva de meteoros.

   Eu me distrai enquanto acontecia, e não vi.


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