Crônicas da meia noite. escrita por JeeffLemos


Capítulo 4
Asas escuras, palavras escuras...


Notas iniciais do capítulo

Quando os deuses desaparecem, toda a sua cultura e os seres que orbitam a sua volta se vão junto, e o que resta são apenas lembranças.



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Eu, outrora, fui um ser de visão aguçada, raciocínio rápido e inteligência superior. Hoje já não posso desfrutar dessas notáveis habilidades divinas que me foram dadas. A vida passa tanto para os animais que andam em duas pernas, quanto para nós.

   Há muito tempo atrás, eu fui um deus, servi a um deus, e vivi com os deuses... Hoje o que me resta é uma torre despedaçada, e migalhas jogadas em uma praça qualquer.

   Certa vez tive um irmão, com quem compartilhava cada momento, mas ele já se foi há muito tempo, tanto que nem sei a quanto. Nem mesmo sei se realmente tive um irmão, talvez tenha sido um devaneio de minha velha mente.

   Já vi e vivenciei coisas demais nessa minha vida, sempre levado pelo vento, sentindo a brisa me levar, no bater das minhas asas, o mundo sempre foi pequeno e alcançável.

   Hoje já não tenho mais o vigor de antigamente, por isso não sou mais necessário aos meus senhores. Até mesmo meus senhores já não são tão necessários para a vida como eram em sua era de “deuses”.

   Éramos todos notáveis. Havia o senhor dos trovões, o senhor dos ventos, das águas, do fogo, as senhoras do destino entre muitos outros... E acima de todos existia O Pai.

   Era o Deus dos deuses, o Pai-de-todos. Senhor das forcas, O deus de um olho, Wednesday hoje para alguns, mas para nós ele sempre foi nosso Pai, Odin.

    Eu sempre o servi, e até hoje lhe sou fiel, deuses caem e se levantam, mas do meu Senhor nunca me esquecerei. Já não o vejo a muito, mas sei que ainda o verei, pois o fim virá, e a serpente engolirá o mundo, e espero viver até lá para ver.

 Os dias e as noites passam e eu observo.

 Observo o mundo e vivo de lembranças em que guerreiros em cota de malha lutavam durante os dias e festejavam a noite, somente para começar tudo de novo.

 Sinto falta do meu irmão imaginário e de nossa juventude.

 Sinto falta de coisas passadas enquanto meu presente passa, e cada dia mais curto do que o outro.

   O fim está próximo, posso sentir em minhas penas.

   E assim eu espero, pelo Ragnarök, e o fim dos meus dias, onde deuses e gigantes lutarão, onde toda a existência desaparecerá. Onde o Valhalla será apenas uma lembrança, e os deuses nórdicos serão esquecidos para sempre, em seu Asgard feito de crenças perdidas e preces esquecidas...


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