Diário, sob os Olhos de Um assassino escrita por KXD


Capítulo 4
Capítulo 4




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      Odeio voar, odeio aviões, não me encaixo nessa modernidade toda, mesmo viajando na primeira classe o tédio toma conta de mim, olho pela janela e apenas nuvens e mais nuvens, ao menos posso apreciar belas mulheres em uniformes bonitos, um tanto quanto sexy eu diria, mais meus fetiches não vem ao caso não é mesmo.

      Convém dizer que desembarco no aeroporto internacional de Tókio, uma das minhas metrópoles favoritas no mundo, acredito que seja pela indiferença de tantas pessoas apressadas ou pelos simpáticos hotéis cápsula e sorvetes com sabor cavalo.

      Caminho em passos leves pelo hall de desembarque, espero q minha pouca bagagem, não preciso de nada além de um bom terno e um par de sapatos, meias brancas também,  só uso meias brancas, afinal visto-me para um funeral em todos os meus dias de trabalho, sou apenas o primeiro a chegar e o “morto” não está ainda no caixão.

      No saguão do aeroporto sento e aprecio um bom café, grãos colombianos. Eu abro meu inseparável note book, checo de novo meus e-mails, recentemente fiz um desses bloguinhos da moda, “twitter”, acho que é assim que se escreve, minha falsa vida precisa de certa interação social, mas sinceramente vivo bem abraçado a morte, ela me ama assim tanto quanto a amo.

      Outra das coisas que amo no Japão, a culinária, ou talvez o modo de preparo, enfim me fascino com o movimento suave das facas afiadas que compõe pequenas obras de arte comestíveis e talvez hoje seja meu dia de sorte, preciso ir a um restaurante.

      Pego um táxi e me dirijo a uma rua pouco iluminada pra um daqueles restaurantes pequenos, quase invisíveis da rua, uma refeição fantástica admito, limpo minhas mãos e pego do atendente o envelope deixado para mim, abro-o, as especificação do meu próximo funeral ao qual devo comparecer, o “morto” vou chamar de Sr. Tanaka, apelido padrão para todos os japoneses que conheci.

      Em minha mente a pergunta de sempre, ele deve morrer? A resposta de sempre, sim! Admito desta vez que ele não é má pessoa, inclusive é uma ótima pessoa, empresário bem sucedido, filantropo, o tipo de pessoa que ninguém gostaria de matar, mas para mim é indiferente.

      Lembrei agora mais uma das minhas coisas favoritas no Japão, a Yakuza, mafiosos tem o mal habito de se considerarem poderosos, não são, principalmente os italianos, mas os japoneses, honrados, não negociam pagamentos, apenas querem o serviço feito e dessa vez preciso apenas matar o Sr. Tanaka, nenhum “quadro” a ser pintado, nenhum glamour, uma simples e rápida morte nos moldes dos bons tempos dos gangsteres americanos.

      Chego então ao meu hotel, sento sobre a cama macia e peço uma submetralhadora ao meu “colaborador”, a terei em dois dias, acho que aquele clima gangster acabou me contagiando, ternos risca de giz, chapéus panamá, thopsons, old school.

      Passei dois dias me divertindo pela cidade, esperando meu “pacote” entregue no prazo, uma belíssima Ingram Mac 10, chinesa, mas nem por isso deixa de ser linda, um perfeito instrumento de morte.

      Penso agora, o que fazer? Não tenho muitas alternativas para esse trabalho, Sr. Tanaka é um homem que possui uma rotina complicada, sempre rodeado de seguranças, sua família tampouco é acessível, a segurança é ainda maior, mas querem saber, a dificuldade só aumenta o prazer da “caça”.

      Uma noite em claro para decidir em que ponto atacar, não dormi é fato, mas de excitação, matar para mim é como sexo, o prazer de esfaquear alguém, ou o som de tiro recém disparado fazem meu sangue ferver.

      Por fim decido atacar numa noite comum, num dia qualquer, quando o Sr. Tanaka estiver voltando do trabalho e a segurança relaxa por alguns minutos e algo bem rápido pode facilmente alcançar o carro e os japoneses são mestres em produzir máquinas rápidas. Compro uma moto.

      O ronco desse motor me fascina, posso tranquilamente atingir os 280 km por hora, eu acelero, o capacete aperta-me um pouco, os carros se tornam apenas reflexos de luz, vou costurando por entre o tráfego noturno e avisto minha presa.

      O sinal esta fechado, eu paro a moto tranquilamente ao lado da limusine branca o motor ronca tranquilamente em aguardo e o sinal abre, o carro acelera tranqüilo e eu o sigo, por alguns metros até o próximo sinal, porém desta vez acelero e disparo na frente, a rota já foi traçada.

      Viro a moto na contra mão, acelero passando pelos cruzamentos, a adrenalina corre em meu sangue, meu coração acelera, vejo a limusine se aproximar, a buzina soa me mandando sair, não desvio, até que o grande carro para, paro evitando um coque frontal por poucos metros, desço, tranquilamente me aproximo do vidro do motorista falando qualquer língua que não fosse japonês, bato no vidro gritando num tom agressivo.

      Adoro a educação nos orientais também, o motorista abre a janela com uma expressão confusa, mato-o. Subo pelo capô do carro e chego ao teto solar, alguns chutes e o vidro não resiste, entro na limusine.

      Enfim o tigre captura sua presa, encaro o Sr. Tanaka.

      Deixo o carro abrindo uma das portas, subo novamente em minha moto e o tigre sai para caçar mais uma vez.


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