Saí mais cedo da aula de Defesa Pessoal sexta. Depois de derrotar todos os meus colegas da aula (inclusive o professor), me entediei, e decidi andar um pouco por aí.

Me contive ao impulso de nocautear um cara, parado na frente de uma vitrine da Victoria's Secret que assoviou para mim. Quem ele achava que era? Pensei que talvez, eu tivesse ficando muito agressiva.

Nunca fui como as outras garotas, que só se importavam com acessórios, e quantos quilos queriam perder, ou qual era o mais gato da turma. Sim, eu me importava com a minha aparência, com meu cabelo, minhas roupas e usava maquiagem. Mas aquilo para mim era rotina. Não era obececada com elas.

Por isso, sempre fui deixada de lado dos grupos de garotas toda a minha vida. Não fiquei nem um pouco triste quando terminei o colegial.

Quando fiz 18 anos, me mudei para New York, onde existe um dos melhores clubes de luta dos Estados Unidos. Meus pais ficaram em New Orleans, pois achavam que já era hora de eu me virar sozinha. Além disso, eu consigo me defender melhor do que muito homem por aí.

A Center Fights America (CFA) era uma das mais qualificadas academias de toda a América. Campeões que vocês nem podem imaginar treinaram lá. É claro que eles torceram o nariz quando eu me candidatei, mas depois de me ver em ação, ninguém teve a cara-de-pau de recusar.

Eu treinava três dias na semana, e o resto do meu tempo livre, trabalhava com recepcionista de um hotel. Não era o melhor emprego do mundo, mas eu precisava me sustentar de algum jeito.

Andando com todos esses pensamentos na cabeça, percebi um tumulto na esquina. Pude ver as rodas de um carro para cima, e a sirene da ambulância ligada. Não estava afim de ver sangue, e muito menos de encarar aquela multidão. Meu apartamento ficava do outro lado do acidente.

Decidi cortar caminho pelo beco. Já passei muitas vezes por ali, e nunca aconteceu nada. Nem comigo, nem com ninguém. Porém, aquele atalho pode ter sido a pior escolha da minha vida. Ou a melhor.

O silêncio dominava a atmosfera do beco, pois todo mundo estava vendo o acidente. Ouvi vozes atrás de mim, mas quando virei, não havia ninguém.

Foi aí que eu senti:

Alguém segurava minhas mãos com força atrás do meu corpo, e havia uma faca em minha garganta. Uma voz muito próxima ao meu ouvido, sussurrava para eu ficar quieta. Felizmente, eu havia aprendido a lidar com qualer tipo de situação.

Joguei minha cabeça com toda a força para trás, e acertei o alvo em cheio. Quando a faca se afastou o suficiente do meu pescoço, consegui livrar minhas mãos, e joguei o objeto cortante para longe do alcance de qualquer um. Quando me virei, e encarei os olhos do responsável por tudo aqui, me dei conta do perigo que eu havia estado: Loki. 

Ele quase destruiu New York em um passado nada distante. Foi preso, mas todos sabemos que se libertou. Ninguém o tinha visto, até agora.

– Olá, Zoe, finalmente nos encontramos - ele disse, com um sorriso malicioso nos lábios.