Apenas Um Sonho escrita por Vitor Marques


Capítulo 19
O começo do futuro


Notas iniciais do capítulo

Depois de 6 meses, voltei. Sei que demorei muito blá blá blá, e que iria postar em fevereiro blá blá blá, mas as aulas começaram, eu desanimei, e perdi a vontade. Confesso que pensei em desistir, muitas vezes. Deixar de lado, afinal, para mim, só dava dor de cabeça.

E hoje estou aqui, com o último capítulo totalmente betado, lindo, e muito cheiroso pra vocês. Gostaria de agradecer a Uan-chan, Eddy alguma coisa, Elton, tanto faz, por betar a minha fanfic e me ajudar a continuar. Gostaria de agradecer também todos aqueles que leram, que comentaram, recomendaram, favoritaram, criticaram, enfim. Todos aqueles que puderem tornar isso real.

E foram 1 ano e 12 dias. Eu contei. Pra finalmente chegar no momento mais importante, ou um dos mais importantes. O final.

Espero que gostem, fiz de coração.



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Definir o fim, porém, não era tão fácil. Ele engoliu em seco a saliva e olhou atordoado a todos. Sua mulher e Gerald olhavam-me desconfiados, mas eu não dei bola, pouco me importava o que eles achariam. Eu gostava muito de Gerald, mas a minha família sempre viria em primeiro lugar. A de George Parks tremeu quando começou a falar:

— Eu sou eu mesmo, sou o pai do Gerald e dono da minha maravilhosa fábrica. Eu não devo satisfações a uma garotinha mimada como você. — Ele se sentou em uma cadeira; todos podiam ver que suava.

Eu poderia ser tudo, tudo mesmo, menos uma garota mimada. Se aquele fosse mesmo o meu pai, eu realmente não nutria sentimento nenhum por ele. Nenhum. Se “ser mimada” fosse sofrer o desgosto da sua mãe, ser considerada um erro na família, crescer se sentindo menos que todos, ser julgada como culpada sem fazer nada, ter que deixar pra trás todos os seus amigos por causa de um cara que me ofendia, sim, eu era mimada, se não ele era um completo canalha.

— Não é isso que os documentos que eu achei mostram — falei, enquanto minha mãe trazia aquela caixa. — Talvez você queira ver de perto, George Parks, não?

— Quem é George Parks, amor? — perguntou a mãe de Gerald. Eu estava com pena daquela mulher, ela não merecia o marido que tinha.

— Não... não é ninguém. Essa guria tá mentindo. — A voz tinha começado calma, mas depois ele havia se perdido, “mentindo” saíra como um grito, só faltava a revelação.

— Por que você não admite logo? Por que você não admite que me deixou largada e abandonada com dois filhos para criar? — os olhos da minha mãe estavam cheios de lágrimas.

— Pai, do que eles estão falando? Luna, o que é isso? — Gerald parecia tão perdido quanto à mãe dele. Não merecíamos o pai que tínhamos.

— Elas são golpistas mentirosas, filho. Não acredite em nenhuma palavra delas. — Ele tentou fazer-se de desentendido, fora inteligente em tomar algumas atitudes, mas dessa vez não iria dar em nada.

— Admita que você é meu pai de uma vez! — gritei. As lágrimas escorriam pelo rosto da minha mãe e os outros estavam quietos.

Minha mãe então contou toda história, desde o início. Não poupou ninguém dos detalhes, e eu descobri mais coisas que não havia conhecimento. Claramente, podíamos ver expressões de surpresa em todos naquela sala, especialmente em Gerald e sua mãe.

Peguei a caixa dos documentos e mostrei a todos. Àquela altura, achava que ele teria se rendido, eram muitas provas contra ele. Eu não estava totalmente certa, já que ele não parava de exclamar “não”, repetidamente e seus olhos estavam totalmente arregalados.

— Que história é essa, Thomas? Quem é George? Explica isso direito, é tudo verdade?

— Não, claro que não! — respondeu ainda negando.

— Você é um vagabundo — retrucou a mãe de Gerald, e já ia começar a estapeá-lo, mas Gerald a segurou.

— Cala a boca, mulher — disse meu “pai” para a sua mulher. — Eu preciso tomar água, mas eu já volto pra resolver isso daqui! — Mas eu desconfiei, desconfiei em todos os momentos, só não sabia que ele iria tomar aquela atitude.

Depois de demorar uns cinco minutos na cozinha, fomos todos até lá. Gerald estava abraçado a sua mãe, olhando-me desentendido e completamente atordoado. Minha mãe tremia e Rowley caminhava de mãos dadas a ela. Fui a primeira a chegar à cozinha e ver aquela cena horrível.

George, ou Thomas, ou meu pai, ou qualquer coisa, estava caído ao lado do mordomo. Os dois pareciam não respirar e a mãe de Gerald foi correndo para socorrê-lo. O choque das revelações com certeza havia acabado com ela, deixando-a em um estado caótico. Havia pílulas caídas no chão e espalhadas por todos os lugares.

Não houvera sangue, não houvera sofrimento, nem dor houvera. O silêncio, e apenas o silêncio, preenchia aquele lugar. Achei que houvessem fugido, que houvessem ao menos planejado uma forma de seguir, mas foi então que vi uma carta em cima da mesa. Eu estava calma, mas a minha mão tremia quando peguei a carta. Todos me olharam e então comecei a ler.

“Se está lendo esta carta, já sabe o que fiz comigo mesmo. Eu me destruí, eu abusei da ganância e do poder que foi me cedido e entrei em falência. Não tenho mais nenhum motivo pra continuar, porque eu já sei que minha filha, Luna e sua mãe — minha ex-esposa — sabem da minha existência. Além disso, quando meu filho, Gerald, e sua mãe souberem disso tudo, não vão querer saber de mim. Sigo tranquilo, o caminho que Deus me deu desde o início.”.

— Um pouco estranho, não? — falei.

Eles concordaram e minha mãe levou-os para sala novamente numa tentativa de acalmá-los, mas não conseguiu. Eu conseguia escutar os gritos dela, então imaginei que a minha mãe não havia conseguido nada.

Comecei a analisar os corpos e vi que tinha algo estranho ali. Peguei as fotos de meu pai e vi que ele tinha uma cicatriz na testa e o cadáver ali na minha frente não. Notei também que o corpo estava muito gelado, o que não acontece em questão de poucos minutos.

Eu continuei na cozinha, afinal, aquilo não acabava ali. Escutei sons estranhos vindo do quarto que fiquei presa e fui até lá, onde vi duas sombras rapidamente, pois logo saíram do meu campo de visão. Com isso, já tinha provas suficientes de que eles ainda estavam vivos e estavam tentando fugir.

Tentei seguir meu pai, pois, obviamente, ele deveria estar numa das passagens que eu tinha descoberto durante minha estadia — provavelmente uma que os deixasse fora da casa. Ele certamente estaria com o mordomo, e eu já sabia o que fazer. Rapidamente entrei nesse lugar e vi as sombras novamente. Eles não correram (até porque não conseguiriam, eles teriam que fazer muita força pra abrir o portão que ficava no meio desse tipo de túnel).

— Vá e nunca mais apareça — falei. — Você também, mordomo. — Eu realmente esperava que eles pagassem caro pelos cadáveres falsos que haviam deixado na cozinha e que queimassem no fogo do inferno. Adeus.

E assim me despedi daquele carma.

Eu estava abalada, arrasada, mas eu não estava triste, por incrível que pareça. Eu estava bem, apesar disso. Eu me sentia bem e leve. Nunca me senti assim. Acho que a sensação de que tudo finalmente havia acabado me confortava, mesmo vendo dois cadáveres falsos debruçados ali no chão daquele palácio.

Claro que, Gerald e sua mãe estavam arrasados. Nós estávamos ali com eles, tentamos ajudá-los de todas as maneiras para que eles conseguissem superar aquilo da melhor maneira possível.

— Ele era meu herói — disse Gerald.

— Heróis não existem — respondi.

Eles sim estavam arrasados. A sra. Johnson foi a psicólogos diversas vezes, e, se tudo der certo, nada acontecerá com ela. Nosso medo era que todos nós entrássemos em uma profunda depressão, mas acho que ele não valia isso tudo.

E foi isso. Depois do enterro falso — acredite se quiser, mas já estava tudo combinado com outros safados — minha rotina voltou ao normal.

Sthefanni ficou três semanas sem ir à escola e, por isso, eu fiquei com Mary todos os dias. Não havia mais nenhum tipo de raiva entre nós duas, eu até considero-a uma boa amiga. Inclusive, até tiramos uma selfie juntas; ela na verdade era meiga (não muito, mas estou tentando ser simpática), e ainda pagava o café pra mim. Também havia o Finn, durante aquelas semanas, ele havia sido bem gentil comigo, havíamos conversado bastante e amizade havia evoluído muito, ainda que eu notasse algo a mais nos seus olhos. Algo a mais que eu também encontrava nos olhos do Ken.

— Tudo bem, realizadora dramática de sonhos? — Ken se aproximou de mim, começando os trocadilhos matinais.

— Tudo, e você, destruidor psicopata de sonhos? — retruquei e ele sorriu, sabia que eu estava falando da boneca da sua prima, que ele havia quebrado sem nenhum remorso.

— Eu faço o que posso — respondeu.

Em geral, não era fácil estar sem a Sthefanni do lado pra conversar, mas eu tinha outros amigos pra fazer isso, bons amigos e amigos em quem eu realmente confio.

Aproveitei aquele tempinho com o Ken para desabafar e conversar. Depois de todas as suas piadinhas, ele chegou mais perto e me abraçou, com um sorriso no rosto, e disse:

— Eu estarei sempre aqui, Luna, nós estaremos sempre aqui. — E com um sorriso meio abobalhado no rosto eu retribuí o abraço.


Dias depois...

QUE DROGA! Notas baixas em Inglês, Matemática, Física, e Filosofia?! FILOSOFIA, uma matéria tão inútil como essa? Fiquei indignada... Os tempos antigos estavam retornando, e nada seria tão fácil como antes. Aproveitei os últimos dias para focar nos estudos e deixar os amigos um pouco de lado. Mas só um pouco, pois eu estava louca para ver e tocar em Sthefanni novamente, e assim eu fiz.

Fui até sua casa e sua mãe me recebeu com um grande e inspirador sorriso, pediu para que eu entrasse e fosse até o quarto de Sthefanni e também que não exigisse muito dela, pois ainda estava se recuperando do hospital.


— Alô, alô... Graças a Deus! — brinquei e ela soltou uma breve risada.

— Que bom que você está aqui, Luna — falou e eu afirmei.

— Estava com saudades de você, tipo, muita saudade.

— Eu também estava — respondeu.

Olhei para a cômoda do lado da cama dela e vi um grande embrulho transparente com um urso gigante dentro.

— Gerald? — perguntei fazendo sinal para o embrulho.

— Sim — falou.

— Me conta tudo, não se esqueça dos detalhes — ela riu.

— Tudo bem — respondeu, — não é muita coisa. Ele veio aqui ontem à noite e trouxe esse presente pra mim e disse que o urso era nosso anjo, nosso salvador. Ficou aqui por alguns minutos, não muito, pois você sabe que ainda não posso fazer muito esforço, e foi isso. Conversamos sobre várias coisas, falei como era o hospital e ele me contou toda a história do pai dele com você — eu abaixei a cabeça. — E o legal é que somos cunhadas agora, cunhadinha — falou e nós rimos.

De fato, éramos cunhadas e eu não havia percebido. Terminei de contar toda a história pra ela, já que meu irmão não teve tempo suficiente para completar. Ela me disse algumas coisas que passou no hospital e agradeceu mais uma vez por tudo que fizemos por ela. Nos abraçamos e, naquele momento, eu podia jurar que éramos o infinito. Depois de contar o saco que estava a escola, a mãe dela veio ao quarto para falar que ela precisava de descanso. Dei mais um abraço nela e fui embora. Aquele havia sido um ótimo dia. Depois de um tempo, ela voltou a ir a escola com a gente, e aí, sim, eu estava completamente feliz.

E foi no meio dessa rotina — que aparentemente não poderia acontecer nada de novo, nada de inesperado — que aconteceu a coisa que eu não esperava acontecer em cem ou duzentos anos.Eu nunca havia lidado com um pedido de namoro, ainda mais assim, quebrado, do nada, sem pé nem cabeça como esse aconteceu. E o melhor/pior: era o menino que eu amei pela maior parte da minha adolescência: FINN.

Bem, desde o começo eu havia sonhado com isso. Sonhei que isso pudesse acontecer comigo e, de fato, aconteceu. E o grande problema é que aconteceu tarde demais. Eu esperei muito e nada aconteceu no momento que devia acontecer. Sei que pode ser confuso, mas é a pura verdade.

Estávamos nós dois ali no infinito (vulgo período vago na escola), e ele estava lindo. Nós nos sentamos naquele banco uns minutos antes do tão “esperado pedido” acontecer. Ele segurou minha mão e acariciou-a.

— Você está linda — disse com um sorriso no rosto.

— Obrigada. — Abri um sorriso também.

Ele estava completamente sem graça, e eu mais ainda. E foi no brilho dos nossos olhares que ele me pediu em namoro. Sussurrou para mim: “namora comigo?”. E foi aí que meu coração parou.

Ele estava completamente fofo — ou seria envergonhado? E foi no brilho dos nossos olhares que ele me pediu em namoro. Se eu fosse apelidar a vida agora, seria ironia eu colocar ironia? Pois era o que definia aquele momento.

— Namora comigo? — sussurrou para mim.

E foi aí que meu coração parou.

Sim, eu fiquei honrada em receber um pedido de namoro do menino mais popular da escola, claro que fiquei.

Sim, eu fiquei envergonhada em receber um pedido de namoro do menino mais popular da escola, claro que fiquei.

Mas não tive resposta.
Nenhuma.
Nada.
Zero.
Nothing.
Mesmo.

Pedi pra que ele aguardasse. Foi duro deixar ele ali plantado, fixo no chão, todos em volta olhando, mas foi necessário. São coisas que você nunca sabe como lidar, e tem medo de lidar de uma forma ruim, uma forma que você não queria que lidassem com você. Mas era necessário.

Fui direto até a Sthefanni para lhe contar o que havia acontecido, pois justo naquele dia ela havia me deixado sozinha. E ela? Ela disse que era pra aceitar. Mas era tão clichê. Clichê, sim, era clichê, muito clichê. E tinha... o Ken. Será que eu gostava dele? Será que eu ainda gostava de Finn? Eu estava confusa. Eu estava realmente muito confusa. Não sei quantas vezes pedi para Deus que alguém gostasse de mim. E agora eu estava ali naquela situação, se eu tivesse que dar um nome para vida nesse momento, seria ironia.

E eu disse não.
Negativo.
Nada disso.
De jeito nenhum.
Nunca.
Impossible.

E foi aí que eu pensei, quando será que ele teve essa idéia? Tipo, como um garoto como ele se interessaria numa garota como eu? Mas eu tive as respostas. Não existe essa de garoto como ele, garota como eu. Existe amor, e o amor é inexplicável. Nada, nenhuma palavra explica o amor, pode procurar. E bem, o que Finn sentia por mim não era amor. Não sei, talvez admiração, talvez me achasse bonita, afinal de contas, talvez me achava sexy, ou até atraente. Mas não era amor. E de que adiantava um namoro se não havia amor? Nada.

Foi nesse mesmo dia que eu fiquei sabendo do baile que eles estavam planejando. Não sei se era um baile antecipado pra formatura, não sei se era um baile de comemoração ao dia dos namorados, mas, de qualquer forma, estava se aproximando, e bem, eu fui indicada para ser a rainha da festa. Eu fiquei super feliz, é claro, mas não sei o porquê de eu ser indicada. Será que apenas o pedido de namoro do Finn iria elevar tanto assim a minha popularidade? Nunca soube a resposta.

Enfim, eu tinha que arrumar o vestido perfeito, e falei isso pra minha mãe. Ela estava sem dinheiro, mas mesmo assim queria comprar o melhor que pudesse pra mim, afinal, não era sempre que isso acontecia, e ela sabia e entendia tudo isso. Não sei se ela já havia sido rainha ou indicada, então perguntei.

— Não, nunca ganhei, nem fui indicada. — respondeu. — Por esse motivo você tem que ir linda e ganhar. — afirmou.

Minha vida mudou um pouco (pra não dizer completamente) desde o baile. Foram muitas solicitações de amizade, e muitos likes também. Eu estava muito nervosa, com certeza. Passei a noite pensando no que eu iria fazer, nas coisas que eu iria dizer no meu discurso, coisas normais quando você é indicada a rainha do baile pela primeira vez.

Decidi então pegar umas fitas antigas e coloquei no DVD. Meu aniversário de um ano, a festa de casamento dos meus pais (sim, apesar de tudo eu ainda gostava de ver), o nascimento dos gêmeos e finalmente o sono veio.

Acordei com os feixes de luz batendo fortemente na minha face. Não ouvi barulho nenhum por um bom tempo, e fiquei ali observando. Pensei em como minha vida mudou nos últimos anos. NOSSA! De uma Luna estranha, sem nada na vida, vazia... Para a Luna de hoje. Sabe, sempre fui um pouco dramática e sempre penso em coisas do tipo, pois fico feliz com isso. Enfim, era sábado, o dia perfeito para comprar sua roupa para o baile.

Eu não sabia nada de vestidos, então a Sthefanni veio comigo, e foi aí que ela também soube que foi indicada. Ela ligou para a mãe — que chegou o mais rápido que pode — para ajudar na compra do seu vestido também. Pelo jeito, ela foi indicada por último, então demorou a informar-se. E nós duas decidimos escolher um vestido parecido, sei lá, a gente só queria. Nunca fiz isso como ninguém, e ela também não, então a hora era aquela.

Eu não sabia nada de vestidos, então a Sthefanni foi comigo ao shopping e só quando chegamos me contou que também havia sido indicada. Na hora, fiquei realmente com muita raiva por ser a última a saber — coisa que eu realmente desprezo —, mas por outro lado fiquei realmente feliz por ela, e por nós duas juntas.

Depois de escolhermos os vestidos mais agradáveis — para mim e para os bolsos das nossas mães — fomos até a sorveteria e nos divertimos muito. Aliás, fazia tempo que nós não nos divertíamos, isto é, eu e Sthefanni, pois, infelizmente, minha mãe nunca teve uma relação boa comigo, pelo menos até aquele momento. Ficamos conversando sobre como era emocionante ser privilegiada dessa maneira e dos nossos vestidos também.

Na verdade, não posso afirmar que era o vestido dos meus sonhos, mas valeu a pena. Sthefanni me olhava com muita intensidade quando o experimentei, e minha mãe também. O vestido era azul claro, ia até um pouco abaixo dos joelhos. Era enfeitado de pedras e mais pedras. E brilhava como minha alma naquele momento. Refletia a luz do meu coração.

Alguns dias depois...

Finalmente o dia do baile chegou. Finn me convidou pra ir ao baile, eu aceitei. Ken também, e eu também aceitei. Eu só poderia ter problemas sérios mentais pra fazer isso, e do fundo do coração, estava muito, muito arrependida. E eu tinha, é claro, que tomar uma decisão, e não seria uma decisão fácil.

Engordei três quilos de ansiedade tentando achar uma solução, mas nada vinha à mente, e eu não conseguia ter nenhuma idéia. Foi aí que decidi ligar pra Sthefanni, com certeza ela teria alguma coisa pra me falar.

Contei tudo pra ela, falei sobre o Finn, sobre o Ken e ela permaneceu em silêncio por longos e torturantes segundos. Certamente, estava pensando em alguma coisa pra me ajudar.

— Alô? — falou. — Tá na linha ainda, Luna?

— Sim, estou — respondi.

— Acho que tenho uma idéia que pode salvar sua vida e ainda ajudar mais algumas. — fiquei feliz ao ouvir isso, uma idéia pelo menos.

— Fala.

— Bom, fiquei sabendo que a Jennifer e a Kriss estão sem par, e estavam à procura de um. Elas não são feias, são legais, divertidas e merecem ir ao baile. Além do mais, já têm vestidos.

— Vá direto ao ponto — falei e ela suspirou.

— Tudo bem. Minha idéia é a seguinte: fale para Jennifer que Finn a chamou ao baile, e fale para Kriss que Ken a chamou ao baile, e antes do baile começar, fale pros dois que tem pares melhores para eles, e está tudo resolvido.

E assim eu fiz.

Depois de tudo pronto, vesti meu vestido, fiz a maquiagem e o cabelo no salão e estava uma princesa, pronta para ser Luna Parks no baile. Fui até a casa de Sthefanni e ela estava linda. Nós estávamos lindas, nós duas (note que pela primeira vez eu estou falando que eu estava linda, isso é um progresso enorme se formos comparar com alguns tempos atrás) e estávamos aproveitando o momento.

Gerald veio buscar a namorada de LIMOUSINE e eu toda sem graça pedi uma carona a ele, que ficou meio sem graça, mas não negou. Entramos os três e escutamos indie.

Não demorou muito para chegarmos e, quando chegamos, todos os olhares estavam centrados em nós, afinal, duas princesas estavam ali, e todos na expectativa para conhecer a rainha. Tiramos várias fotos e meu irmão fez várias selfies com a gente. Foi bem legal e, depois de um tempo, vi Finn e Jennifer chegando. Felizmente, eles conseguiram arrumar tudo antes de começar, e nem deu pra perceber que foi de última hora, pois eles estavam lindíssimos.

Depois, Ken e Kriss chegaram,e eles não paravam de brigar. Talvez, repito: TALVEZ, os dois se mereçam, na verdade eu achei os dois fofos, tipo, os dois juntos.

E a festa começou. Talvez, repito mais uma vez: TALVEZ fosse uma das melhores noites da minha vida. Eu estava entre amigos, não tinha arrependimentos, nem medos, nem preocupações.

— Bom, galera. Primeiramente, uma boa noite para todos, estamos aqui para definir a rainha do baile. Nós temos cinco candidatas, todas lindíssimas: Mary, Caroline, Sthefanni, Luna e Ana. Foi um ótimo ano para todos nós, e agora eu queria que cada uma viesse aqui no palco falar porque merece ser rainha, em ordem.

Primeiro foi a Mary. Ela disse coisas que fez, ajudou velhinhos, e coisas assim. Em seguida, foi a Carol. Ela disse que ama se cuidar, ama ser vaidosa e coisas do tipo. Chegou a vez da Sthefanni — e aquele-friozinho-na-barriga-quando-você-é-o-próximo bateu — e ela fez um lindo discurso:

— Eu não sei por que estou aqui, não sei por que me indicaram para rainha do baile, mas eu acho que se eu fui indicada, os motivos foram bens marcantes e eu espero que possa contar com todos para ser a melhor rainha do baile de todos os tempos.

E chegou a minha vez, finalmente. O problema é que eu não sabia absolutamente nada, não sabia o que pensar, não sabia o que falar, então apenas disse isso:

— Minha vida sempre foi uma mentira, eu fiquei em coma por muito tempo, eu sempre fiz o melhor que pude para mim e para os outros, vocês acha que eu mereço?

E saí. Não havia sentido, no final das contas.

Todos foram votar e nós ficamos apreensivas, não só eu e Sthefanni, mas sim as outras princesas e acho que o resto do salão inteiro também ficou. O chefe da cerimônia foi ao palco com um envelope e disse:

— Aqui temos o resultado da votação para rainha do baile. Espero que todos vocês estejam preparados, pois tudo pode acontecer. Antes eu queria dizer que nosso ano foi repleto de surpresas, foi repleto de coisas novas, alunos novos. Fomos repletos de alegria, mas também tivemos momentos de pura tristeza. E hoje estamos aqui, nesse lugar, nesse dia, nesse ano e devemos primeiramente agradecer a nosso Deus. Uma salva de palmas para todos aqueles que puderam tornar esse sonho algo real.

O salão ficou repleto de palmas, todos estavam sorridentes, todos estavam lá, meus amigos, meus inimigos, pessoas que eu gosto, pessoas que eu não gosto e até pessoas que eu não conheço e nunca vi em lugar algum. Todos eles contribuíram para aquilo ser verdade. E eu devia tudo a eles.

— Em quinto lugar, Mary. — falou, e nós batemos palmas. — O quarto lugar ficou com Ana. — mais uma vez, as palmas tomaram conta do lugar. — Em terceiro lugar: Caroline. — e de novo.

Todos estavam apreensivos e ele não fez discursos, foi direto ao ponto.

— E a rainha do baile é... Sthefanni!!! — eu fiquei feliz, ela ficou feliz, todos estávamos felizes.

E no meio daquele salão, naquele dia, no meio dos meus amigos e conhecidos, eu percebi que posso me divertir. Eu percebi que eu posso ser feliz. Eu percebi que queria ser Luna Parks. E que não precisava de garotos pra dançar, porque sei dançar sozinha.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima. Obrigado por ler o/