Apenas Um Sonho escrita por Vitor Marques


Capítulo 14
A nova mãe da família (Part. I)


Notas iniciais do capítulo

Olá, então, eu já tinha postado esse capítulo semana passada, mas ele estava muito grande, (5.100 palavras O.o) então meu beta me recomendou a dividi-lo em duas partes :) Espero que goste e boa leitura.



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Peguei a pasta e minha mãe deu um grito abafado:

— Fazemos assim Luna: rasgue esses papéis agora que voltamos para nossa casa. Combinado?

Sem pensar duas vezes, rasguei a pasta e dei um abraço em Sthefanni, que falou:

— Pronto, Luna. Agora tudo já se acertou e nós podemos voltar finalmente para casa.

E foi assim que tudo aconteceu. Quatro dias depois voltei para casa, em um dos carros luxuosos de Gerald. Minha mãe não parecia contente, mas também não parecia triste, estava indecifrável. Rowley estava contente, pois iria ver novamente sua namorada — chamada Joana. E eu estava extremamente curiosa para saber o verdadeiro motivo pelo qual minha mãe me mandou rasgar os papéis... Seriam eles a prova de que estávamos correndo perigo de vida ou morte?

— Chegamos. — anunciou o motorista parando em frente ao portão amarelo de minha casa e abrindo as portas.

— Até que enfim — resmunguei. — Na viagem de ida, não demoramos tanto assim.

Minha mãe não riu, nem nada, apenas pronunciou um “Pode ser”.

Rowley abriu o portão e entramos. A casa não estava suja, apenas desarrumada, e não demoramos duas horas para deixar tudo nos lugares adequados. Quando acabamos, dormimos um pouco, mas fui acordada pela campainha.

Abri a porta, e uma garota que aparentava vinte anos, com uma grande barriga, entrou.

— Olá, meu nome é Joana. —falou. — Você deve ser a Luna, não é? — fiz com a cabeça que sim. — Pois bem, nós somos cunhadas. Vim ver seu irmão.

— Ah sim. — falei. — Ele está lá em cima, provavelmente dormindo. Chegamos há umas — olhei no relógio e vi que dormi aproximadamente sete horas. —nove horas.

Ela deu uma risadinha e sentou-se no sofá.

—Nossa, que calculadora. Você costuma ser assim, medir as horas? — perguntou e sentei-me no sofá ao seu lado.

— Na verdade não. É que eu demorei duas horas para arrumar a casa e dormi. Acordei há alguns minutos achando que nem cheguei a dormir direito, mas dormi por sete horas. — terminei a frase gargalhando.

— Então tá... Mas então, eu vim falar com seu irmão, mas como ele está dormindo, gostaria de ter uma conversa com você. Minha mãe disse-me que era bom ter boas relações com a família e com os amigos, para que quando nosso filho nascer, não ocorra nada muito ruim. — afirmou e eu dei uma leve risada.

— Tudo bem, então... Do que quer falar? — perguntei e peguei uma almofada, pois percebi que a conversa iria demorar, e queria conforto.

— Não sei... Faz tempo que não converso com alguém por muito tempo, fale você, o que tá sentindo, as paixonites, sei lá.

Coloquei a mão no queixo e comecei a pensar: “Cara, é a primeira vez que vejo essa garota na vida e ela já quer saber sobre o que eu to sentindo e sobre as paixonites? Se ela me trouxesse comida eu falava tudo para ela, mas a única coisa que ela trouxe foi uma bolsa brega.”.

— De música! — exclamei e troquei a posição no sofá.

— Música... Eu gosto de Rap. — falou.

Rap não é um dos estilos que eu diga: “Nossa, que música ótima” ou “Que maravilha! Rap é vida!”, mas também não é algo de “Nossa, mas que Lixo”. Diria que Rap é mediano.

— Eu gosto de pop. — retruquei. — de Rap não sei nada. Só gosto de pop mesmo.

Ela abriu um sorriso e pegou uma almofada estirada no meio do espaço entre nós duas e colocou-a em seu colo.

— Se você quiser, eu posso te falar sobre tudo no Rap.

— Não, obrigado. —respondi.

Na verdade, eu não acho rap mediano, eu odeio rap, mas ela não precisava saber disso.

— Então, Luna. Eu vim só fazer uma visita mesmo, mas já que seu irmão está dormindo, depois eu volto. Pena que nem deu para conversar direito, mas enfim, a gente tem tempo, não é? — falou com um sorriso estampado em seu rosto.

— Ah, então tá. Vou ficar te esperando aqui, tudo bem? — perguntei e ela assentiu com a cabeça, saindo logo e seguida.

Subi as escadas correndo e acordei Rowley.

— Rowley, sua namorada esteve aí.

Ele abriu os olhos e se levantou rápido.

— Droga. Por que você não me acordou? — perguntou.

— A namorada é sua e não minha. Não tenho que ficar te avisando quando ela vem ou não aqui. E a propósito, ela está com uma linda barriga e disse que o bebê se chamará Efigênita. Adorei o nome. — Ele não precisava saber que eram mentiras as duas últimas afirmações.

Saí de seu quarto enquanto ele resmungava e voltei para o meu, onde dormi até o dia seguinte.

*’*

A rotina voltou ao normal e dois meses se passaram e várias coisas aconteceram.

Joana foi ao médico e comprovou que seu bebê (que ela achava ser uma menina) realmente é uma menina. Rowley (que queria um menino) no fim das contas não se importou e se conformou com a notícia.

Wellington pediu meu celular emprestado, passou as fotos de Finn traindo Mary para seu celular e detonou o namoro dos dois. Mary fez um barraco na frente de toda a escola, o que eu achei um pouco desnecessário e não sei se eu faria isso se acontecesse comigo. Finn foi pisado e humilhado em frente de todos. Depois disso, Wellington começou a namorar Mary, mas depois foi forçado a se mudar da cidade.

Os pais de Gerald tiveram uma briga (que ninguém sabe o motivo), se separaram por duas semanas, mas depois eles reafirmaram o casamento e fizeram uma grande festividade (que minha mãe não me deixou comparecer).

Mas a que mais me intrigou foi o seguinte: Num certo dia (como todos os outros) fui à aula, e voltei para casa. Quando cheguei em casa, um dos meus primos (aquele que andava mandando e-mail falando que “ele realmente está vivo”) estava conversando com a minha mãe, num tom baixíssimo, mas que pude ouvir perfeitamente bem.

—Não sei mais o que faremos. — falou meu primo tomando o café que estava na xícara ao seu lado.

— Eu também não sei mais o que fazer para conter isso. — respondeu minha mãe. — Não queria te contar isso, mas... Ela já vem descobrindo coisas que podem levá-la até ele. Até me mudei, mas fui forçada a voltar.

— Droga! Não fale mais nada, ela está nos ouvindo.

Minha mãe então saiu da cadeira e veio até mim. Eu estava atrás de uma cortina velha e fui pega pela minha mãe.

— Está escutando conversa não é mocinha? Vá já para seu quarto, deve ter bastante lição para você fazer. — falou e eu saí detrás da cortina.

— Olá primo... E mãe, não tem dever nenhum para fazer, e já que me pegou, me fale: o que está acontecendo? Não estou sabendo de nada, e odeio ficar curiosa, você sabe.

— Não está acontecendo absolutamente nada! Anda, suba logo para seu quarto e vá estudar.

— Mas mãe... — resmunguei.

— Sem mas, ande.

Então eu subi, e do meu quarto não consegui mais uma frase sequer.

*’*

Minha rotina teria continuado a mesma durante muito tempo, mas Ken veio até a minha casa protestar sobre o falso namoro que durava até hoje.

— Luna, então... Você é uma pessoa legal, mas eu não quero mais fingir esse namoro com você, não quero forçar a barra, sabe? — falou e eu dei um longo suspiro.

— Tem certeza Ken? É muito bom para nós dois, afinal, me ajuda com Finn e te ajuda com a Sthefanni, não é? — retruquei.

— Tenho, Luna. Acho que a gente tem que conquistar a pessoa pelo carisma, pelo jeito de ser e não causando ciúmes nelas. Então minha decisão final é não, tudo bem?

Como não tinha outro jeito de protestar, aceitei.

— Mas como nós vamos terminar esse namoro? Já vou avisando: é você que vai ser humilhado e não eu. Tudo tem que ser calculado nos mínimos detalhes, para que tudo saia bem, ok?

Ela revirou os olhos e respondeu.

— Ok, Luna. Mas não precisa humilhar muito, tá? Só uma humilhação mais básica ta ótimo, não precisa de mais.

Eu dei uma gargalhada e ele também.

— Está bem, prometo que não vou te humilhar muito na hora que eu terminar com você, mas temos que bolar um jeito bom para ambos. — retruquei e ele assentiu com a cabeça.

— E o que poderia ser? — perguntou e eu revirei os olhos.

— É o que eu estou perguntando burro. — retruquei e ele gargalhou.

— Tanto faz, gorda. — falou e deu de ombros.

— Tanto faz nada, namorado da Barbie. Então... Eu vou pensar em alguma maneira de fazer isso de uma forma boa para nós dois e depois eu te ligo falando o que deu, tudo bem? — perguntei e ele assentiu com a cabeça e foi embora.

Nesse mesmo dia, recebi uma mensagem de texto de Sthefanni falando para eu ir vê-la o mais rápido possível. Lembrei-me da primeira vez que ela falou isso e bem... Descobri que ela estava com câncer. Apavorei-me com a ideia de que algo ruim poderia ter acontecido e tomei um rápido banho, coloquei uma blusa cinza, um short jeans claro e um All Star.

Chegando lá, vi os mesmos olhos tristes e o silêncio pairava sobre a situação, que estava muito tensa por sinal. O pai de Sthefanni estava cabisbaixo, e a mãe de Sthefanni estava sentada no sofá, com a cabeça apontada para a parede. Nesse momento, toda e qualquer coisa que eu pensava, não era nem um pouco agradável. Suspirei e revirei os olhos no pensamento de que ia ganhar algum reconhecimento ou alegria ao fazer aquilo.

— Luna, não temos notícias muito agradáveis da Sthefanni. — falou a mãe de Sthefanni.

Meu corpo estremeceu e senti que iria ter um colapso a qualquer momento.

— Notícias não agradáveis sobre Sthefanni? Quais? — perguntei colocando a mão do peito que estava pedindo por ar.

— É tipo isso. — respondeu. — O seu câncer evoluiu, agora ela está de repouso e qualquer coisa é para levá-la ao hospital.

— Mas é sério? — perguntei. — Tipo, eu sei que é sério, mas to falando se é muito grave.

— Sim, é grave. O médico disse que a única coisa que poderia salvá-la é um cordão umbilical com o sangue compatível ao dela.

— Cordão umbilical? Não sabia que isso poderia salvar um câncer de medula... Que bom saber então. É só arrumar algum. — falei e ela suspirou.

— Não é tão fácil assim. O sangue de Sthefanni é muito raro, e está na fila para conseguir um cordão umbilical com seu estilo sanguíneo, mas até hoje nada. É muito difícil mesmo, ainda mais porque tem muita gente na frente também.

— Nossa, não sabia que era assim tão difícil conseguir um cordão umbilical... Minha cunhada está grávida, mas ainda faltam duas semanas para nascer, então acho que não vai dar.

— É, o médico falou que ela tem que receber o cordão em dois dias, senão alguma coisa mais grave pode ocorrer e ela pode até ficar naUTI.

— Meu Deus, precisamos urgentemente conseguir um cordão umbilical, onde quer que seja. — falei e ela assentiu com a cabeça. — Mas, então... Eu posso ver a Sthefanni? — perguntei.

— Sim, pode. Mas ela não pode falar muito, então já providenciamos um bloco de anotações onde você fala e ela responde escrevendo... E outra coisa. — suspiro. — Ela está achando que o pior vai acontecer e fez uma carta para você, escreveu tudo o que sente, tudo o que acha sobre você e depois ainda colocou uma música no final falando que ela representa e sempre representará a amizade de vocês.

— Mas nada de ruim vai acontecer, ela vai ver. Onde está a cartinha? — perguntei.

— Está ali em cima. — respondeu. — É melhor você ler aqui na sala, pois lá você pode se emocionar e emocionar a Sthefanni junto e você sabe que ela não está podendo abusar de uma condição física e sentimental que ela não está tendo no momento... Concorda?

— Concordo — respondi pegando a carta e me sentando no sofá logo em seguida. — Pode deixar que vou ler aqui para não causar problemas com ela. Espero que tudo fique bem, e vou querer fazer uma cartinha para ela também... Você teria papéis e um envelope? — perguntei.

— Tenho sim. Pode ler a carta que ela fez para você que eu vou pegar os papéis e um envelope para você retribuir. — respondeu e saiu logo em seguida.

Abri a carta e vi uma folha, toda preenchida que comecei a ler.


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Notas finais do capítulo

Agora um comunicado. Gostaria de agradecer aos 97 comentários que recebi até agora e estou torcendo para que com esse capí­tulo eu passe da marca dos 100 reviews. Obrigado também a Ana Lua que fiz um fofí­ssima recomendação. E gostaria (também) de pedir a vocês que se expressem mesmo nos comentários, que deem ideias e sugestões, que opinem a nova capa, enfim, eu quero interagir com os leitores, ok? Beijo e até o próximo capí­tulo.