O Choro Das Ninfas escrita por Pessoana33


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Ei, queridos Leitores, estou de volta.
Desculpem pela demora e desculpem pelos erros, mas eu não tive tempo para revisar o capítulo.

Agora sem mais demoras,
Boa Leitura :))



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Juliette

Eu sou uma semente amargurada semeada na terra triste e sou regada com o desprezo. Alimento de tristeza. E cresço feia e desformada.

Vivo com o sabor da desesperança presa na língua.

Se pudesse escolher entre viver e não nascer, eu escolheria com certeza o de nunca chegar a nascer. Preferia que a minha semente fosse seca e que nunca fosse capaz de gerar viva neste mundo estagnado. Mas esse Deus angustiado decidiu por mim que era a minha hora nascer. E por culpa de quem não posso ver, vivo, neste mundo quebrado a onde não há espaço para mim. Pergunto-me o porquê de Deus ter criado uma coisa como eu. A onde ele estava com a cabeça quando decidiu dar – me forma. Talvez estava com a cabeça nas nuvens e não reparou no que criou, porque se reparasse aposto que ele desmanchar-me-ia… no meu interior há tanta ruindade que até foge pelas costuras.

Porém Warner sabe do que sou capaz, por isso não o culpo por me prender na torre mais alta do seu “castelo”. Não o culpo por me esconder dentro deste quarto vazio de paredes mofadas. Não o culpo por não levantar os seus olhos até os meus e nem se quer o culpo por não haver palavras direccionadas a mim. Não o culpo porque a culpa somente minha. Desde daquele dia que quase matei o James, ou talvez o matei, eu não o sei, Warner aprisionou-me num quarto velho dentro de uma torre que fica longe da casa principal. Desde desse dia não vejo ninguém além dele, mas ele não me vê, seus olhos nunca encontram os meus. Ele deixa as três refeições do dia e sai sem sequer dizer um adeus. E eu não sei o porquê de sentir uma pontada em meu coração e uma vontade de arranca-lo do meu peito com minhas próprias mãos.

Porquê que eu sinto-me tão triste? Porquê?

Há noite as lágrimas não me deixam dormir, e eu não sei o porquê delas caírem. Sinto – me sozinha. Nunca senti-me tão só quanto agora. Antes eu tinha as meninas para afugentar um pouco a minha solidão. Agora eu só tenho a solidão para me fazer companhia. Às vezes eu olho para porta fechada e desejo poder vê-lo nem que seja por um segundo. Um segundo bastava para poder aquentar o meu coração e afastar os braços compridos da escuridão. Mas a porta continua fechada e meus olhos ficam cheios, minha garganta seca, e os pensamentos sombrios penetram a minha cabeça. Serei esquecida e morrerei sozinha neste quarto. Talvez esse seja o destino certo para mim. Enterro o meu rosto no travesseiro e os soluços rompem a minha garganta. Não vou chorar, não vou chorar, não vou chorar, mas choro. Eu não queria ser esta maldita coisa, não queria magoar o James, não queria magoar ninguém. Odeio existir e odeio ser quem sou.

(…)

Não sei como cheguei até aqui. Olho em volta e vejo milhares e milhares de portas acastanhadas e todas elas estão fechadas. Há números romanos gravados nelas. Olhando atentamente para elas apercebo-me que elas não são estranhas porque já sonhei mais do que uma vez com uma porta semelhante a estas. Será que eu estou dentro de um sonho?

Ouço sussurros de uma melodia horrenda vem de todos os cantos.

Os meus pés estão frios porque estão banhados em águas frias. Não consigo dar nem sequer dar um passo. E o vento gelado dá-me as boas vindas e um arrepio passa pela minha espinha. Está tanto frio.

Observo e reparo que uma dessas portas está aberta. Caminho até ela e os meus pés protestem a cada passo. Ardem como se eu estivesse a caminhar sobre as brasas. A melodia apodera-se dos meus ouvidos, e não consigo ouvir nada mais além dela, quero fazê-la calar, mas é impossível. Mesmo com a dor presente em meus pés, e mesmo com os meus ouvidos inebriados, eu caminho e não deixo de caminhar. Com muito esforço chego até a porta. Espreito e não vejo nada. É só mais um espaço em branco.

– Bem-vinda ao meu humilde aposento.- Alguém fala mas não a vejo.

– Quem és tu?

– Juliette, Juliette, tu sabes muito bem quem eu sou.

Uma rapariga de cabelos avermelhados surge na minha frente. Seu rosto é idêntico ao meu, e a sua voz é minha. Mas seus olhos são diferentes. Seus olhos são impiedosos. Olhos vermelhos.

– Tu não és real.- Sussurro para mim mesma.

– Eu sou real, Juliette.- Ela sorri, mas o seu sorriso não é inocente.

– Tu não existes. – Berro e a minha voz ecoa por todo lugar. E ela sorri do meu desespero.

Lembranças desenfreadas chegam até mim. Gritos de horror. Sangue. Medo. Súplicas. Ódio. Tudo misturado. Um berro horrorizado sai da minha boca.

– Lembras-te daquele dia em que eu arranquei a cabeça dos sequestradores? Lembras-te daqueles gemidos agonizantes que eram tão excitante? Aqueles bons velhos tempos em que eu aparecia de vez em quando… Enqanto tu ficavas em paz. No silêncio e no vazio, eu matava todos aqueles que te atormentavam.- Um brilho passa pelo seu olhar ao relembra-se desses dias.

– Eu não desejei isso.- Murmuro para convencer a mim própria que nunca quis isso.

– Eu sei minha querida. Tu não serias capaz nem se quer de matar uma mosca…- Ela gargalha.- Eu criei-te para seres inocente, pura, e excessivamente ingénua.

– Quem és tu?- Eu sei a resposta.

– Eu sou tu e tu és eu.- Ambas respondemos em sintonia.

– Não pode ser verdade.- Agora eu compreendo o que nunca compreendi. Eu não existo.

– Tu és só uma personalidade que eu criei só para poder-me resguardar. Tu és nada mais nem nada menos que uma ilusão.- Ela sopra as palavras que eu não queria ouvir. – E está na hora de desapareceres para sempre, Juliette. Não é isso o que sempre desejaste?

Não tenho mais voz para responder. Nem mais forças para continuar. Eu nunca fui coisa alguma. Sempre fui o nada. E agora chegou a minha hora de evaporar.

Ela aproxima-se de mim em seus esbeltos passos, e eu sei que ela irá consumir o pouco que existe de mim. Fechos olhos e uma lágrima angustiada desce pela minha face mortificada. E eu só tenho um último desejo. Poder vê-lo uma última vez. Porquê que neste exacto momento todos os meus pensamentos são sobre ele?

– Descansa em paz Juliette.- Ela sussurra no meu ouvido.

Risadas surgem do nada. Uma criança sorri.

– Maldita criança….- Ela berra com ferocidade, porém a criança não deixa de sorrir. Uma gargalhada foge dos meus lábios e mistura-se com as gargalhadas da criança.

– Sorriem enquanto podem, porque quando eu matar Warner vocês deixarão de sorri.

Warner não pode morrer. Não. Warner tem de viver.

Deixo de sorri, mas a criança continua.

– Tu não irás magoa-lo.- Falo com firmeza.

– Quem irá impedir-me?- Um sorriso maquiavélico no meu rosto, não, é no rosto dela.

– Eu.- Eu farei de tudo para protege-lo.

– E o que uma ilusão pode fazer contra mim?

– Isto.- Empurro-a para dentro do espaço em branco. Tranco a porta.

– Juliette? Juliette? – Ela bate na porta com toda sua força.

Eu desejo que haja mais porta para fecha-la, e todas as portas alinham-se uma por uma para tranca-la dentro do seu próprio “quarto”. Grades cobrem a última porta.

Acordo e reparo que o menino dorme ao meu lado. Abraço-o e choro.


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Notas finais do capítulo

Desvendei um dos mistérios. Agora faltam 3. O que aconteceu em 27 de Outubro? Quem é a ninfa de cabelos brancos? E quem é o menino?

P-S---> irei tentar o apostar rapidamente o próximo capítulo, mas não prometo nada.
E também irei fazer um novo trailer x'DDDD



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