O Choro Das Ninfas escrita por Pessoana33


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Aleluia, um novo Capítulo. Espero que gostem? x'DD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/400489/chapter/17

Warner

Ela adormeceu em meus braços. Seus olhos fecharam, mesmo eu pedindo-lhe para que ela não os fechasse. Ela dorme tão silenciosamente, que chego a pensar que ela partiu para longe de mim. A sua fraca respiração indica-me que não. Ela continua viva, mas aos meus olhos ela parece morta. E só de pensar em sua morte isso me entristece, afinal, bem no fundo, no mais fundo e escuro do buraco que esconde minha alma apodrecida, ainda existe um resto de humanidade em mim, algo que eu pensava que tinha perdido há muito tempo. Mas afinal ainda há um pouco de mim dentro do meu corpo de aço.

Puxo o seu corpo adormecido para mais perto de mim, seu sangue mancha minha camisa branca, mas isso não me incomoda, o que incomoda-me é perde-la para sempre. Perde-la mais uma vez. Tenho a sensação que a conheço há muito tempo, no tempo em que eu ainda podia sorrir, e o ódio ainda não tinha apoderado do meu corpo e nem da minha alma. Que tempo foi esse? Quando é que ela entrou na minha vida? Não sei ao certo se isso tem algum sentido, talvez eu esteja louco de verdade.

Pego nela e ela estremece em meus braços, ela parece pequena demais para mundo impiedoso demais. O senhor Ermeson e os outros soldados olham para mim como se não acreditassem no que vêm. O líder do sector R, o homem cruel, o homem que pode derrubar 100 ninfas de uma vez, e o homem que pode ter o mundo aos seus pés, perdeu a cabeça por uma mulher. E essa mulher não é nada mais do que uma escrava. Aposto que todos eles acreditam que eu enlouqueci.

– Vou leva-la. – Falo para o Senhor Ermeson, e tento não olhar para ele, porque se o meu olhar cair nele, tenho a certeza que ele será um homem morto.

– Warner, estas cometer um grande erro.- Eu posso ouvir o tom de ameaça em sua voz.

– Eu disse para manter a sua boca fechada se não quiser morrer, mas perece que esse é o seu desejo.- Olho para ele, e ele fica petrificado, não sei o que ele vê em meus olhos, mas coisa boa não deve ser.

Os restantes dos soldados ficam em silêncio, com os olhos pregados no chão. Eles estão com medo, e eles não estão errados, porque neste momento eu quero mata-los com as minhas próprias mãos, e fazê-los sofrer mais do que Juliette sofreu.

Saiu dentro do inferno de Juliette, e encontro Nakamura parado em frente da porta com os poucos soldados que eu trouxe comigo.

– Eu posso carrega-la.- Oferece Nakamura, mas eu não quero que nenhum homem toque nela.

– Não será necessário, eu mesmo irei carrega-la.- Os meus soldados ficam perplexos com minhas palavras, porque eu nunca antes tinha socorrido uma mulher, e muito menos demonstrei algum ato misericordioso.

***

Ela continua dormir, e não sei se algum dia ela irá acordar. Os vários médicos que a examinaram-na disseram o mesmo, e usaram as mesmas palavras: -“Talvez ela não irá sobreviver, é um milagre ainda estar viva”. Essas mesmas palavras corroeram-me por dentro. Fizeram um buraco gigante em mim.

E de novo sinto o vazio. E mais uma vez vou perder alguém.

Porquê que sinto-me deste jeito em relação a ela? Só conheço-a alguns dias. Ela não é nada, além de uma mera escrava. Não temos qualquer relação, e ela não é nada mais do que uma pedra em meu sapato.

Ouço som estridente do meu celular. Adam.

– Enlouqueces-te? Como pudeste ameaçar o senhor Ermeson, queres uma guerra entre sectores?

– O problema é meu, e eu resolvo-o. – Digo calmamente.

– Não me faças rir Warner, tu comprometeste a segurança do sector R por causa de uma simples mulher. Deixa o pai saber desta história e ele irá acabar com ela. – Ele sorri, porque ele sempre esperou por um deslize meu. Um erro, uma falha no “menino-prodígio”, e eis o momento que ele sempre esperou.

Desligo a chamada. Adam tem razão quando o senhor Anderson souber o que aconteceu, ele irá mover o mundo se for preciso só para encontrar a mulher que destruiu o filho, e quando acha-la ele irá destruí-la. Mas eu não posso deixar isso acontecer, tenho de protege-la de tudo e todos, e até do meu próprio pai.

– Posso entrar, senhor Warner?

Abro a porta, e vejo James com uma bacia de água. James é o menino de 13 anos que eu salvei a uns anos atrás, e como ele não tinha mais ninguém no mundo, eu fui obrigado a trazê-lo comigo, e desde então eu cuido dele. Ou talvez seja ele cuidar de mim.

Ele pára em frente de Juliette e olha fixamente para ela, e depois ele sorri para mim. - Senhor Warner tem bom gosto, ela linda. – Ele olha novamente para ela. – Ela é mulher mais linda que já vi em toda a minha vida. Qual é o seu nome?

– Juliette.- Respondo rapidamente.

– Eu tenho a certeza que um dia, Juliette irá acordar.

Eu quero acreditar nisso, mas olhando para jeito que ela dorme, sinto como se ela não quisesse mais acordar. Talvez seja melhor assim, porque não terei mais distracções, e voltarei a ser do jeito que eu sempre fui.

– É melhor limpa-la, ela está suar muito.- Ele fala casualmente, e depois sorri amplamente.

James pega no pano encharcado de água e aproxima-se dela. Eu agarro no braço dele, antes de ele chegar a toca-la.

– Eu faço isso. – Pego no pano da mão dele, e ele dá um passo para trás.

– Nunca vi senhor Warner desse jeito.

– Que jeito?

– Nunca vi o senhor preocupado com alguém, isso é estranho e um pouco assustador.

– Tens razão é um pouco assustador.- Olho para ele, e um sorriso sem graça escapa dos meus lábios.

– Afinal de contas o senhor Warner, também é humano.- Há uma expressão estranha em seu rosto. Compreensão. Talvez ele chegou a pensar que eu fosse outra coisa e não humano- Se precisar de alguma coisa é só me chamar.- Ele acrescenta e depois deixa-nos a sós.

O meu olhar prende no rosto de Juliette. Será que ela também pensa que eu não sou humano? - Achas que eu sou monstro ou coisa pior?- Pergunto para uma Juliette adormecida. – Ao teu lado eu sou um homem comum, e eu odeio ser esse homem.

Desabotoo um por um os botões da camisa que cobre o corpo de Juliette. Sua pele é pálida, e seus abundantes seios são rosados. Já vi tantas mulheres nuas, de tantas formas, mas nunca tinha visto nada como ela. Sua beleza é estranha, e só de olhar para o seu corpo despido, eu fico constrangido. Sinto que não devo olha-la, que é errado contempla-la.

Pego no pano encharcado de água e mergulho em sua pele. Passo pano em seu pescoço, e água caminha nas curvas do seu corpo.

Eu não deveria de toca-la enquanto ela dorme, isso não é certo, mas não posso deixar mais ninguém tocar nela, ninguém mais irá machuca-la.

Reparo numa cicatriz desbotada cravada num dos seus seios. E depois dessa reparo em todas cicatrizes desenhadas em sua pele. Raiva cresce rapidamente dentro de mim, só de imaginar em todas as histórias que há por trás delas.

Visto-lhe uma camisa limpa. Deito-me ao seu lado, e observo o seu sereno rosto enquanto ela dorme.

– Acorda Juliette.- Sussurro as palavras em seu ouvido, e espero que essas mesmas palavras chegam até ela.

***

Já passou três meses desde que Juliette chegou aqui. Ela ainda dorme. Tenho a sensação que ela irá dormir para sempre. Ela se foi, e não vai voltar. Mas eu ainda quero acreditar no impossível. Quero acreditar nela. E por ela eu irei enfrentar as maiores tempestades. Por ela ficarei contra o mundo. Contra tudo.

Nos últimos meses só houve tempestades para eu enfrentar. Meu pai. Senhor Ermeson. Marie. E os Superiores. Todos vieram contra mim numa só vez, mas eu não deixei eles quebrarem-me.

Meu pai ameaçou-me, torturou-me, só para saber o paradeiro de Juliette, mas de mim ele não conseguiu nada. Ele jurou que iria encontra-la, e eu jurei que mataria- o se ele a encontra-se.

Senhor Ermeson tornou-se o líder do sector R. Depois do que aconteceu, ele contou aos superiores que eu estava instável, e que eu era perigo para os outros e para mim mesmo, e assim eu fui afastado do sector R e voltei para as ruínas do sector C.

Marie tentou matar-me diversas vezes, mas sem sucesso.

Os superiores afastaram-me do caso da ninfa de “27 de Outubro”. Na altura fiquei indignado, e fiquei com raiva de Juliette, por destruir a minha vida. Na verdade ainda estou com raiva dela.

Abro porta do antigo quarto de Eric, mas agora é de Juliette. E para minha surpresa encontro-a de pé, a vasculhar uma gaveta de um velho móvel. Observo-a, e acho que os meus olhos estão sonhar, e a imagem da bela garota de pé é de mentira. Uma bela ilusão que irá passar.

– Eu pensava que ficarias a dormir para sempre, ainda bem que eu estava enganado.- Ela estremece ao som da minha voz.

Aproximo-me dela, e ela afasta-se. Aproximo mais e ela afasta-se ainda mais. Um sorriso colossal forma-se em meus lábios. Não há forma de ela fugir de mim. A parede trás dela impede de ela escapar.

– Estás com medo de mim, Juliette?- A minha voz soa profunda. Ela fecha os olhos, e eu prendo-a com o meu corpo. Deveria de me afastar, e lhe dar espaço, mas eu não consigo, parece que meu corpo é atraído pelo dela.

– Nem imaginas o quanto eu esperei por este momento.- Afago em seus cabelos, e sinto o seu agradável perfume.

Ela não diz nada, e o seu silêncio magoa-me.

Juliette levanta o braço, e quase apunhala-me pelas costas. Troço o seu braço, e o punhal cai no chão num baque surdo. É o punhal de Eric. Como é que ela o encontrou?

– Juliette, não de deverias de brincar com este tipo coisas.- Apanho o punhal, e posso ver o quanto ela esta descontente por não ter conseguido apunhalar-me. Sorrio, e Juliette lança-se contra mim, e desfere golpes frenéticos em meu abdómen. Gargalho porque os seus pequenos punhos não me podem ferir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

e o que acharam do Warner mais doce?? x'DD