As Cores escrita por Isabell Grace


Capítulo 5
A Casa


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Primeiramente, um zilhão de desculpas por não ter postado esses dias, tive um final de semana super agitado. Mas ai vai mais um pra vocês.
Obrigada aos meus seis leitores e espero que vocês estejam gostando. Não se esqueçam de comentar, por favor, a opinião de vocês é super importante.
Espero que gostem desse capítulo.
Beijos Isabell



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O frio já não parecia tão intenso pela manhã. Thalia e eu acordamos e comemos algumas das barrinhas de cereal que eu tinha roubado na loja.

- Queria que tivéssemos alguma bebida quente. – eu disse enquanto comia um pedaço da barra.

- Está ótimo. – Thalia falou – É melhor do que nada.

Terminamos de comer em silêncio, pegamos os restos das embalagens e jogamos no lixo. Thalia achou uma vassoura velha, quase sem pelos, na rua ao lado e fizemos uma espécie de faxina no nosso beco.

- Thalia, o que aconteceu com a sua casa depois que você fugiu? O que fizeram com ela? – perguntei enquanto me sentava no chão, depois de terminar de varrer.

- Não sei. – ela respondeu se sentando ao meu lado – Não sei se venderam, se destruíram ou se está lá ainda sozinha.

- Não estaria sob decisão dos seus parentes? – supus. – Algum tio, avô...?

- Não, acho que não. – ela respondeu. – Minha mãe não costumava falar muito sobre eles. Só uma vez que ela disse que eles moravam acho que... – ela se esforçava pra lembrar – Inglaterra. É isso, na Inglaterra.

- Você não gostaria de descobrir que fim levou a sua casa? Se não for muito longe nós podíamos ir lá. Quem sabe ainda encontramos alguma coisa que não possa ser útil? – sugeri.

- Olha Luke, se você está pensando que podemos morar lá, esqueça essa ideia, é perigoso demais. Os vizinhos são muito enxeridos, vão querer saber por que tem duas crianças morando sozinhas e vão acabar chamando a polícia.

- Não, a polícia não. – eu não sei por que, mas até a palavra me assustava. Talvez fosse pelo medo de que as autoridades me levassem de volta para o orfanato – Eu quero dizer, apenas que, poderíamos dar uma passada lá, talvez pegássemos algum objeto que fosse útil, ou sei lá. O que acha?

Ela pensou por um momento mais acabou concordando. Pegou a mochila e colocou nas costas. Fiz o mesmo e então, seguimos caminho.

Até que a rua não era muito longe, ficava a umas dez quadras do nosso beco.  Era uma casa pequena, em uma rua quase deserta. Demos a volta por trás e entramos pela janela dos fundos que estava meio emperrada, mas com um pouco de força eu consegui abri-la. Caímos direto em um quarto e pude ver nos olhos de Thalia que aquele era o quarto dela. Era bem pequeno. A cama, o guarda-roupas e uma cômoda ocupavam todo o espaço. Tinha um violão pendurado na parede. O lugar estava totalmente empoeirado e com um cheiro de mofo, como se ninguém entrasse ali há anos, mas na verdade eram só alguns meses.

- Caramba! Eu quase me esqueci de tudo isso. – Thalia disse tocando em um porta-retratos. Eu me aproximei para ver a foto. – Era minha mãe. – Foi só o que ela conseguiu dizer antes de sua voz fraquejar.

A fotografia mostrava Thalia um pouco mais nova. Eu diria uns dois ou três anos atrás, ela usava roupas diferentes das atuais, mais coloridas eu acho. Estava abraçada a uma mulher, sua mãe. Era bonita, tinha os cabelos negros como os da filha, a mesma fisionomia, eram absolutamente idênticas. A única diferença eram os olhos. Ao contrário dos fascinantes olhos azuis de Thalia, sua mãe tinham olhos castanhos. Imaginei que essa característica viesse do pai.

Eu estava tão fascinado pelo retrato que eu mal percebi que Thalia estava chorando. Eu olhei pra ela, coloquei o porta-retratos de volta na cômoda e depois voltei a encara-la. Ela esfregava os olhos tentando disfarçar o choro, tentando parecer forte, mas foi em vão.

- Eu sinto falta dela, Luke. – ela disse soluçando – Eu quero ela de volta. Eu quero tudo isso de volta.

Eu não era muito bom em consolar as pessoas, nunca fui. Não sabia o que dizer. Mas vendo ali, aquela garota sempre tão forte e tão durona, agora tão frágil, era de cortar o coração. Abri meus braços e ela me abraçou. E então percebi que aquele foi nosso primeiro abraço. Talvez o primeiro realmente sincero que recebi na vida.

- Não chora. Vai ficar tudo bem. Eu vou ajudar você, está bem? Confie em mim. – Esse foi o máximo de consolo que consegui dar a ela.

Ela se soltou do meu abraço e sentou na sua antiga cama. Eu me sentei ao seu lado e ficamos por um minuto, em silêncio, olhando o pequeno espaço em torno de nós.

- Toca violão? – perguntei, quebrando o silêncio.

Ela não respondeu, pegou o violão na parede, tirou da capa e sentou novamente ao meu lado. Começou a dedilhar uma música que eu reconhecera como uma versão acústica de Use Somebody da banda Kings Of Leon. O mais impressionante é que ela não só sabia tocar, como cantava também e era ótima. Ao final eu bati palmas.

- Parabéns. É muito boa, muito boa mesmo. Onde aprendeu? – perguntei curioso.

- Obrigada. – ela deu um leve sorriso. Aquilo me deixou satisfeito. A música foi uma distração pra que ela esquecesse a saudades da mãe. Na verdade parecia que a música era sempre um refúgio pra tudo na vida dela. – Aprendi sozinha, só ouvi e fui tentando reproduzir. Fiz isso com todas as canções que sei tocar.

- Toca há quanto tempo?

- Desde os sete. Faz uns três anos.

- Três anos? Espera ai, você tem dez?

- Sim. Por que? Isso é algum problema?

- Não nenhum. É que eu achei que você fosse um pouco mais velha. Na verdade é que você parece madura demais pra ter só dez anos.

- A vida me ensinou a ser madura. – ela respondeu com seriedade – Não dá pra brincar de ser a princesa dos céus a vida toda, não é?


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