As Cores escrita por Isabell Grace


Capítulo 4
Amigos


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo! Mais um capítulo para vocês. 4 leitores uau :D. Obrigada galera, o carinho de vocês é sempre maravilhoso pra mim. Não deixem de comentar, favoritar, ler, recomendar. Tudo isso me deixa muito feliz. Espero que gostem do capítulo de hoje. Beijos, Isabell.



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- Luke C-Castellan. – era só o que eu conseguia dizer. Meus dentes estavam batendo por causa do frio.

- Por que não vamos pro outro lado da rua? Tem a fogueira lá e aposto que está mais quente do que aqui. – assenti com a cabeça.

Thalia me ajudou a levantar e pegou minha mochila.

- Caramba, você está congelando. – ela falou tocando em meus braços – Vem, eu vou te ajudar. Aposto que suas pernas estão duras. Conheço essa sensação. Já passei muito frio antes de aprender a ascender uma fogueira.

Thalia me guiou calmamente até o outro lado da rua. Minhas pernas doíam e eu mal conseguia andar. Acho que era uma mistura do frio com o tanto que eu tinha corrido no dia de hoje.

Ela ajudou-me a sentar ao lado da fogueira no latão de lixo e me enrolou em uma coberta velha. Depois pegou outra pra si, se enrolou e sentou ao meu lado. Ficamos em silêncio por uns minutos até eu absorver o calor, me esquentar e parar de trincar os dentes.

- Por que está me ajudando? – perguntei, finalmente quebrando o silêncio.

- Eu disse. Acho que seria melhor se colaborássemos um com o outro. Vejo que você tem facilidade pra conseguir comida e preciso da sua comida, assim como você precisa da minha fogueira e das minhas cobertas. Não seria legal te deixar ali morrendo de hipotermia.

- Então não é verdade que consegue fácil o que comer?

- Não. – ela respondeu cabisbaixa – Digamos que a comida das lixeiras não é a melhor do mundo.

Concordo com a cabeça. Puxo minha mochila e tiro de dentro um pacote de plástico fechado com um sanduíche frio e uma lata de Coca-Cola. Os olhos azuis de Thalia brilham.

- Pode comer, eu não estou com fome agora. – eu digo entregando a comida pra ela.

Ela abre o saquinho violentamente e devora o sanduíche em pouco tempo.

- Cuidado, vai engasgar. – eu digo rindo – Parece que não vê comida tem muito tempo né?

- Não vejo comida boa desde que vim morar na rua. Onde conseguiu isso?

- Digamos que...eu roubei. No Walmart. – eu não estava lá muito orgulhoso de ter roubado e bem pensei que talvez ela não iria querer um amigo como ladrão, mas devido as circunstâncias talvez sim.

- Faz isso sempre? – ela perguntou depois de tomar uma golada de Coca-Cola.

- Primeira vez. – respondi. Achei que não seria conveniente contar sobre os furtos no orfanato. – Quando tropecei em você, eu estava fugindo dos alarmes da loja.

- Dos alarmes? – ela estranhou – Não seriam dos seguranças?

- Acho que não. Eles nem me perseguiram, ficaram parados, como se nem estivessem me visto ou como se estivessem simplesmente me deixando roubar a comida.

- Sério? – ela olhou espantada. – Os seguranças de lá parecem durões, sempre com a cara fechada. Até me assusta passar lá perto.  – ergui os ombros – Há quanto tempo você mora nas ruas Luke?

-Há umas três horas. – confessei. Contei toda a minha história pra ela. Sobre o orfanato e como fugi de lá e de ainda ter medo que alguém me encontrasse e me levasse de volta pra lá.

- Fica tranquilo, ninguém vai achar você aqui. –ela disse me acalmando – Eu moro nesse beco faz uns cinco meses e ninguém, nunca, me achou.

- O que aconteceu? Por que veio morar aqui? – perguntei curioso.

- Minha mãe morreu em um acidente de carro. Eu estava na escola quando recebi a notícia. Disseram-me que agentes do conselho tutelar iriam me buscar. Mas eu fiquei com medo e resolvi fugir. Passei em casa, peguei algumas das coisas que eu mais gostava e fugi pra rua. Ninguém me achou até hoje. – ela contava.

- E o seu pai? Onde ele está?

- Eu não sei. Nunca o conheci, nunca vi uma foto dele e nem ao menos sei o seu nome. Minha mãe nunca disse nada por mais que eu perguntasse.

Eu tive a sensação como se ela estivesse falando da minha vida, do meu pai. Lá no orfanato, também ninguém nunca me disse nada sobre ele nem sobre quem tinha me deixado lá, mesmo que eu nunca tivesse perguntado.

Thalia e eu tínhamos histórias parecidas. Mãe morta, pai desconhecido.  Quase compartilhávamos a mesma experiência de vida e o mesmo medo de alguma autoridade nos encontrar. Além disso, ela foi a primeira pessoa que realmente pareceu se importar comigo. A primeira pessoa que eu acreditava poder chamar de amiga.

E eu sentia que ia precisar da amizade dela por muito tempo.


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