Never Too Late. escrita por ElizaWest, TheEvilQueen


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews, eu e a TheEvilQueen ficamos muito, muito feliz com eles *---* Boa leitura!



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- E como ótima observadora que é não pôde deixar de pegar no meu pé por isso – Emma virou os olhos enquanto sentava-se à sua mesa que ficava em frente à de Regina.

Geralmente, enquanto se ajeitava na cadeira, Emma era bombardeada com “bom dia” e “olá, detetive”, entre outras saudações, mas naquela manhã estava tudo silencioso. Tão silencioso que a loira jurava poder ouvir uma mosca voando a alguns metros de onde ela estava. Colocou a bolsa no chão em baixo de sua mesa, como sempre fazia, e repousou a pasta com os arquivos perto de seu computador.

- Pegar no seu pé? - e só então direcionou o olhar para a loira. Teve vontade de sorrir ao vê-la, mas continuou apática. Bom, apática até arquear a sobrancelha esquerda. - Cobrar de você um pouco de responsabilidade incomoda? Não faço a mínima ideia de como você continua aqui - murmurou meio irritada, voltando a ler os papéis do novo caso.

Permaneceram em silêncio por alguns instantes, algo que agradava Regina. A mulher precisava procurar entender o que era aquilo que as fotos mostravam e o silêncio a deixava focada. Isso, claro, até ouvir Emma novamente.

- Essa manhã está tranquila demais para ser normal – comentou. – Algo novo?  

- Tranquila e normal? – Regina indagou, levantando-se. Caminhou lentamente até a mesa da loira à frente, colocando os papéis ali. – Espero que tenha tido um excelente café da manhã – sorriu docemente, batendo duas vezes seguidas com a ponta do indicador na foto que havia deixado por cima. A mesma foto que havia revirado seu estômago. Continuou ali, de braços cruzados, observando atentamente cada mínimo detalhe das feições da outra detetive.           

                Emma engoliu em seco e fechou os olhos, virando lentamente a cabeça para o lado.

- Obrigada, meu bem, muito gentil da sua parte – disse secamente enquanto andava até a janela. A sala não era grande, mas era boa o suficiente para as duas; suas mesas, uma de frente para a outra de modo a facilitar a comunicação, ficavam encostadas à uma parede pintada com uma coloração marrom extremamente deprimente e um vaso com uma grande folhagem que Emma não conseguia identificar fora colocado alguns passos atrás de sua mesa, para “alegrar o ambiente”. Tentativa falha, é claro. Um armário médio de madeira ficava na parede perto da porta, que era seguida por uma extensa janela de vidro com as persianas fechadas. Aquela janela dava a visão para o resto do departamento, mas havia uma outra que as permitia olhar para o céu. Emma abriu esta janela e respirou um pouco de ar puro. Se virou para Regina que tinha um sorriso debochado nos lábios, mas ignorou isso e andou novamente até sua mesa, sentando-se e segurando as fotos em mãos. – Já tem alguma ideia do que seja?

Não pôde deixar de se divertir com tudo aquilo. Apesar de aparentar ser durona, Emma às vezes agia como uma colegial. Regina também não pôde evitar o sorrisinho de puro deboche que parecia crescer a cada passo que a loira dava em direção à janela; e não o desfez quando ela a encarou, parecendo meio irritada. A morena não havia movido um único músculo até então, não até Emma voltar à mesa, quando posicionou uma das mãos na cintura e permitiu que a outra pendesse ao lado de seu corpo.

 - Não sei – pareceu ponderar bastante antes de prosseguir. - Mas tenho um pressentimento ruim sobre isso – e suspirou pesadamente. Após uma longa pausa que Regina fez para olhar para a paisagem de concreto que até então as persianas cobriam, finalizou, levando uma das mãos ao queixo de Emma e curvando-se um pouco sobre a mesa, de maneira que pudesse ficar um pouco mais perto e então olha-la nos olhos. - Devemos tomar muito cuidado... – murmurou, mas até para sua própria surpresa, seu tom havia soado mais como uma súplica do que como uma sugestão.

                Os olhos verdes de Emma se demoraram na imensidão negra que eram os olhos da outra detetive. Elas estavam... Próximas demais. Não que ela não gostasse daquela proximidade, é claro. Talvez ela gostasse mais do que deveria. Um meio sorriso surgiu nos lábios da loira antes que ela se afastasse e voltasse sua atenção às fotos.

- Isso parece... Horrível – Emma respirou fundo com as sobrancelhas franzidas. Embora ela já tivesse visto de tudo dentro e fora daquela delegacia ela ainda conseguia se surpreender com certas coisas, e a sopa de ossos daquela foto era uma delas. – Já temos um local, detetive?

Por algum motivo, Regina sentiu o coração vacilar. Queria se aproximar mais, ou talvez não quisesse... Talvez apenas soubesse que deveria se afastar enfim. Por essa confusão interna toda, sentiu-se grata quando Emma afastou-se. Acabou pigarreando antes de voltar à postura anterior, novamente apática, embora estivesse com o olhar fixo na loira.

- Parece? - irônica, forçou um sorriso, tentando expulsar a imagem das fotos que (infelizmente) já havia gravado. - Seu senso é ótimo – comentou, seguido de um longo suspiro. - Esse é outro ponto incômodo. Sabe o hotel que estão construindo? O super hotel de luxo, na 29 com a quarta avenida - corrigiu, levando uma das mãos à testa, de maneira que a massageasse lentamente com a ponta dos dedos antes de prosseguir. - É ali. Por isso precisamos ter o máximo de descrição. Tem noção do inferno que seria se a mídia descobrisse isso? Desacreditariam totalmente na força policial daqui... E as coisas ficariam piores ainda - dizia, convicta. Ao fim, acabou encostando-se a própria mesa, tornando a cruzar os braços.

                Emma assentiu, ainda com o olhar fixo na foto. Não queria olhar para a morena, não agora. Não agora que tinha conseguido um pouco de simpatia logo de manhã. Isso não era comum, embora fosse maravilhoso. E a loira estragou isso, como sempre estragava tudo. “Idiota...” pensou. 

- Entendo, e concordo – disse deixando que os papéis repousassem sobre a mesa novamente. – Então teremos que ser discretas. Extremamente discretas – ela coçou o queixo, pensativa. – Bom, que pena para o assassino. Somos ótimas no que fazemos.

Levantou-se e abriu sua gaveta, pegando a chave do carro da polícia que ambas usavam. Sorriu para a morena que não tinha uma cara muito boa. Ofereceu seu braço a ela. – Me acompanha, Senhorita Mills?

Permaneceu em silêncio, pensando em algo. Ou tentando. Ainda sentia-se desconfortável pelo excesso de proximidade que havia causado. Mas, do que adiantava? Mordiscou levemente o lábio inferior e apenas a seguia com o olhar, não dizendo uma única palavra que fosse até ela aproximar-se. Tornou a encara-la no fundo dos olhos dela, permitindo agora que um sorrisinho escapasse. Seria essa uma provocação ou um sinal de nervosismo?

- Eu dirijo – foi apenas o que disse antes de, habilmente, passar pela loira de maneira que pudesse tomar a chave e seguir à frente. Antes de sair da sala, pegou o sobretudo e o vestiu, colocando as mãos dentro dos bolsos já ocupados por seus próprios pertences. Desceu a escadaria em passos lentos, mas bastante firmes. Na recepção, passaram pela Granny, que acenou e desejou boa sorte na missão. Ao contrário de Emma, que esbanjava simpatia, Regina apenas assentiu e continuou com a mesma cara de poucos (pouquíssimos, nenhum) amigos até chegarem ao carro, um impala azul marinho. Um ótimo disfarce. A morena não esperou a parceira entrar para ligar o carro.


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Notas finais do capítulo

E aí, curtiram? Espero que sim!

Kisses ♥



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