No dia seguinte logo após o desjejum, Lucia ordenou que seus servos providenciassem dois cavalos assim que ela e o rei se retiraram do palácio. Enquanto caminhavam em direção aos cavalos, a rainha e o rapaz conversavam tranquilamente sobre o próprio rei Caspian X.

- Então, majestade! –disse Caspian andando ao lado da mulher de estatura media. – Pode me falar mais sobre esse tal titulo de navegador?

- Caspian X era o senhor de Cair Paravel, Imperador das Ilhas Solitárias. –ela respondeu em tom formal evitando empolgar-se demais. – Ficou conhecido como Caspian, o navegador ou ainda Caspian, o Explorador dos mares, por conta de suas inúmeras viagens marítimas em seu majestoso navio, o Peregrino da Alvorada! –ela sorriu.

- Ele ainda existe? O navio?

- Sim! Mas infelizmente não está em condições de velejar. O Peregrino enfrentou inúmeras batalhas em alto mar, e sofreu muito com isso. Atualmente apenas parte dele ainda reside ancorado em uma das ilhas de Nárnia.

- Gostaria de vê-lo um dia! Se puder...

- Se ficar aqui tempo suficiente eu mesma faço questão de mostrar tudo que você desejar conhecer em Narnia! –ela disse parando diante de Caspian.

O moreno depositou seus olhos negros sobre os olhos claros da moça a sua frente e ambos permaneceram em silencio apenas se vendo um nos olhos do outro até que fossem interrompidos pelos servos que trouxeram seus cavalos.

- Quer escolher seu cavalo? –disse ela sorridente.

- Por favor. –ele estendeu a mão dando a ela a opção.

- Certo! Sugiro que fique com o trovão! –disse apontando para um animal de pelo negro e crinas transadas.

- Trovão? –ele questionou um pouco inseguro.

- O chamamos assim por ser extremamente rápido! Mas é um cavalo extremamente amável!

- Certeza? –ele sorriu erguendo uma sobrancelha.

- Eu jamais colocaria o rei em risco!

- Tudo bem! –ele sorriu abertamente mostrando lindos e parelhos dentes brancos. – E como se chama o seu?

- Aurora! É uma fêmea! –disse sorrindo enquanto acariciava os pelos da égua branca.

- Tem uma razão para chamá-la assim?

- Ela nasceu em um final de tarde debaixo de uma aurora boreal! Suas crinas brancas costumam assumir sutilmente as cores da mesma quando a noite se aproxima. É quase imperceptível, mas é encantador! –mais uma vez o sorriso aberto da rainha ficou evidente.

- Tudo parece tão diferente aqui. –ele olhou encantado para a linda égua. – É... Tudo tão encantador. –disse encarando a rainha.

- Nárnia é um lindo lugar. Você verá parte disso em nosso passeio. Mas vamos... O sol está radiante e temos um lindo dia pela frente.

- Está certo. Quer ajuda pra montar?

- Ah! Sim eu aceito.

Caspian se afastou por um instante de seu cavalo e ficou diante de Lucia que logo levou um dos pés calçados com sapatos de salto razoavelmente baixos, mas não tão baixos a ponto de deixar seus pés retos, até o estribo direito onde o encaixou. Caspian se aproximou ficando as costas da rainha e tocando-a na cintura envolvendo seus dedos ao redor da mesma enquanto sentia um perfume leve dos cabelos dela que estavam contra o vento, assim como o cheiro de rosas que vinha do próprio perfume que ela usava. Lucia respirou profundamente ao sentir o toque mais intimo das mãos do rei sobre sua cintura e então tomou impulso para subir na égua, mas talvez por descuido ou por um estribo mal preso nas cordas a rainha acabou deixando seu pé escorregar sobre os ferros do estribo fazendo assim com que ela caísse para trás batendo com as costas contra o peito de Caspian que instintivamente abraçou Lucia tentando evitar sua queda. Ela pronunciou um leve manifesto pelo susto enquanto sentia os braços do moreno ao redor de si, e erguia a face parcialmente olhando por cima de seu ombro e encarando o rei de uma proximidade bastante perigosa. Os olhos de ambos se fitaram enquanto seus narizes estavam apenas alguns centímetros, longe um do outro, e então Lucia sorriu sem jeito e disse ao tentar ficar ereta:

- Céus! –ela riu. – Me desculpe. Já tem certo tempo que eu não monto.

- Tudo bem! –disse em um tom calmo e suave. – Por sorte eu estava bem aqui pra evitar sua queda.

- Obrigado. –disse totalmente corada ao se recompor e ficar de pé.

- Algum problema com os estribos majestade? –disse um dos servos.

- Dê uma olhada Theodrio! –respondeu Lucia. – Meu pé escorregou do estribo.

- Ah sim majestade. –respondeu o homem logo se curvando ao lado da égua. – Está frouxo. –este a apertou e disse ficando novamente ereto e interrompendo os olhares entre o casal. – Mil perdoes pelo descuido majestade.

- Tudo bem, mas tome mais cuidado da próxima vez, se não fosse por Caspian eu poderia ter me machucado.

- Não acontecerá de novo majestade. –o servo se curvou e pediu licença.

- Bom! –sorriu Caspian. – Vamos de novo?

- Dessa vez sem cair! –ela riu e ele acompanhou com seu lindo sorriso.

Ambos se aproximaram mais uma vez, e dessa vez Lucia conseguiu ser colocada sobre a égua sem problemas. Em seguida foi a vez de Caspian montar sobre o lombo do Trovão, que pareceu meio inquieto no inicio, mas logo depois se acalmou ao sentir as mãos do rapaz lhe tocarem o pelo.

- Você vai ser gentil comigo não vai Trovão? –perguntou Caspian sorrindo para o animal.

- Só não aperte os estribos demais contra a barriga dele, ele pode entender isso como um incentivo para correr! –avisou Lucia. – Ele é muito aventureiro.

- Tentarei manter meus pés bem longe de sua barriga meu amigo! –ele disse se dirigindo ao cavalo.

- Pronto? –sorriu Lucia.

- Quando quiser majestade!

Lucia apenas sorriu e então incentivou sua égua a dar os primeiros galopes. Assim que a rainha passou pelo cavalo de Caspian, este sugeriu ao seu animal que seguisse as fêmeas! E assim este o fez logo dando galopes tranquilos conduzindo o rei até o lado da rainha.