Você ainda está irritada? _o original perguntou, parado na calçada da rua, encarando a vampira que estava de costas para ele.

“Você ainda está me mandando sozinha para New Orleans?”

Sim. _ele afirmou, sem pensar duas vezes.

Então estou. _Katherine respondeu, ainda sem olhar para a direção do vampiro.

Ela sabia que esse não era o melhor modo de resolver as coisas e que ela estava, provavelmente, agindo bem infantil, mas ela não se importava com nada disso naquele momento.

Como se já não fosse ruim o suficiente ela ter que sair, de onde ela esteve durante quatro meses, para uma mansão em uma cidade quase destruída, ele não estava indo com ela.

Ele não estava indo com ela. Ele ia mandar Rebekah levá-la.

Rebekah.

E depois, ela iria ficar perto do Klaus.

Porque ele não coloca ela em um quarto de três metros quadrados junto com Klaus e uma estaca e vê o que acontece?

Fala sério... _a vampira disse com o seu tom de voz que era sua marca assinada, finalmente se virando para encará-lo. _Você realmente acha que Klaus vai concordar com isso e que tudo vai ficar bem o final?

Sim, eu gosto de pensar isso. _Elijah falou indiferente, vendo a garota bufar em resposta.

Os dois estavam parados na esquina da rua do apartamento da vampira, que ficava em um condomínio fechado em uma pequena cidade perto de Mystic Falls, esperando por Rebekah.

Depois do último breve encontro das duas, no quarto de Katherine com Elijah, a loira tinha ficado fora do radar, nem mesmo voltando para dormir.

Apesar disso, nenhum dos dois ficou preocupado: Katherine simplesmente não se importava e Elijah já tinha visto isso acontecer demais nos últimos mil anos para se surpreender.

Por isso, desde que a Mikaelson chegasse na hora combinada para a viagem até New Orleans, estava tudo bem. Infelizmente, ela já estava quarenta minutos atrasada e não parecia que iria dar sinal de vida tão cedo.

Neste ponto, Katherine já estava rezando para ver a Barbie Mikaelson aparecer em seu porsche prateado e levá-la para o mundo das maravilhas.

Tudo.

Repetindo, tudo era melhor do que ter que lidar com Elijah e toda a situação Kalijah acontecendo.

E sim, Kalijah.

Agradeça ao Dean por esse nome estúpido. E o pior, era que ele tinha agarrado de verdade na cabeça da morena.

Bem, não vai ficar tudo bem._ela disse._ Acredite, eu aprendi por experiência... E você devia ter aprendido também.

Eu não acho que eu vou aprender um dia._ Elijah falou sinceramente, logo completando, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo:

“É minha doença.”

É sim. _Katherine concordou, olhando para o vampiro._ Nós dois sabemos isso muito bem...

Ela sabia que era verdade.

Ambos sabiam.

Mas ela não achava que isso era uma doença. Pelo menos não o tempo todo.

Ela sabia que essa “doença” era o que fez ele amá-la por quinhentos anos sem parar. Que era o que fez eles terem uma segunda chance alguns meses atrás. Que era o que podia fazer eles terem terceira chance no futuro.

Isso se eles não estragarem tudo com o orgulho dos dois. Porque, ele eram orgulhosos. Isso sempre foi um problema na relação.

Saindo de seus pensamentos, ela voltou a conversa para Klaus, Rebekah e o resto de New Orleans.

Então, quando você vai aparecer na mansão do Drácula?_a vampira perguntou, tentando parecer desinteressada.

Não vai te acontecer nada de mal. _o original disse, não exatamente respondendo a pergunta inicial, mas parecendo ter certeza absoluta do que estava afirmando.

Isso chamou a atenção da vampira.

Não vai? _ela perguntou, com as sombrancelhas levantadas. Ela tentava permanecer séria e imortalmente invulnerável, mas você podia muito bem perceber o sorriso que queria sair.

Não... Eu te dei minha palavra, não dei?_Elijah afirmou, certo de si mesmo, sem tirar o olhar de cima dela.

A morena sabia que isso não era uma resposta direta para o que ela tinha perguntado inicialmente, mas ela também sabia que era exatamente a resposta que ela precisava ouvir.

A resposta que ela precisava ouvir dele.

Ela não estava surpresa com ele também saber de todas as coisas acima. Ele a conhecia bem demais para não saber.

“Sim, você deu.”

Essa foi a última coisa que foi dita antes da tão esperada chegada de Rebekah, que nem se deu o trabalho de sair do carro e usava a mesma roupa que tinha saído na noite passada.

Parecia que ela não tinha dormido na velha mansão dos originais em Mystic Falls como Katherine tinha achado. Ela teria tido tempo de mudar de roupa e até de comprar sapatos novos se tivesse feito isso.

Rolando os olhos, a grávida suspirou, enquanto observava a loira olhar para ela com cara de “O que você está esperando?” e começar a mexer no seu celular.

Trocando um último olhar sofrido com o ex-namorado, e não recebendo nenhum sinal de piedade, ela bufou, ajeitando a bolsa de couro no ombro e andando em direção ao carro.

Essa seria uma longa viagem. 

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Elijah viu as duas garotas saindo com o carro, sabendo que elas estavam, provavelmente, ou se provocando ou se ignorando e não pode evitar-se de revirar os olhos.

Ele não conseguia entender o motivo delas se odiarem tanto sem nem mesmo se conhecerem. Tudo que elas sabendo uma da outra era a reputação de cada uma, mais nada.

Por mais que ele quisesse que pelo menos um membro de sua família não odiasse a mãe de seu filho(a), ele não ia se meter no meio disso.

Ele era esperto o suficiente para não entrar no meio de duas garotas que se odeiam a não ser que seja inevitável.

Essa foi uma das poucas regras que ele seguia desde humano, e ela funcionava.

Pelo menos na maioria das vezes.

Ouvindo o celular fazer o ‘bip’ de mensagem, o homem de terno pegou o celular, suspirando quando viu de quem era a mensagem.

Stefan.

Assim que ele tinha chegado em Mystic Falls o vampiro tinha contado a ele que Damon tinha recebido uma “visita” de outro vampiro que parecia estar interessado na situação Katherine e que não queria dizer a ele o que aconteceu com detalhes.

Detalhes como quem ele era.

Esse era o único motivo pelo qual ele iria deixar Katherine ficar perto de Klaus sem ele estar lá. Por mais que ele não gostasse nem um pouco da idéia, alguém podia estar planejando algo e ele precisava de cuidar disso antes de qualquer coisa.

“Descobri onde ele e Elena estão. Por favor, não pegue pesado.”

O resto da mensagem era o endereço de um hotel em Nova York.

Aparentemente, o Salvatore mais novo esperava que se ele avisasse, o impacto seria menor do que se ele não avisasse e o Mikaelson descobrisse sozinho.

Mas ele também parecia demonstrar algum tipo de culpa, como se estivesse tentando fazer a coisa certa dessa vez.

Mesmo assim, Elijah não estava nem um pouco mais a favor de deixar Damon intocado.

Só de pensar no Damon botando em risco a vida de Katherine e do bebê para salvar Elena fazia ele querer arrancar a garganta do vampiro.

E é, ele amava Elena e blah, blah, blah, mas ainda assim, ele não tinha direito de fazer isso e nem mesmo contar que para alguém que ambos podiam estar em perigo.

E bem, o fato de ter sido tudo para salvar Elena fazia sua raiva ainda maior.

Tudo para salvar Elena.

A mesma Elena que mentiu para ele e matou seu irmão caçula Kol e ajudou a matar seu outro irmão, Finn.

Havia uma época em que ele achava que ela era de valor para o mundo. Ele não queria ver o mesmo que aconteceu a mulher que ele amava acontecer a ela, então tentou ajudá-la. Mas isso tinha passado.

Como ela ousou fazer ele se sentir mal por Katherine matar Jeremy para pegar a cura quando ela havia matado seu irmão e uma geração inteira de vampiros pelo mesmo motivo? Ela tinha feito algo até mais grave.

Naquela tarde, quando o relacionamento “Kalijah” -segundo Dean- afundou, ele tinha estado abismado com as ações da vampira recém nascida, falando do relacionamento dos dois como se soubesse de algo.

E pior, falando como se fosse muito melhor do que Katerina.

Sua Katerina.

O único motivo dele não ter ficado violento era saber que isso causaria uma séria batalha com os Salvatores das qual sua família podia não sair inteira.

Mas é claro que, mesmo assim, ela conseguiu colocar dúvidas na cabeça dele. Se já era difícil para ele confiar na “quase-namorada”, era ainda mais quando ele estava descobrindo por outra pessoa que ela tinha mentido para ele.

Aquilo tinha sido a faca que cortou o último fio de confiança que ele ainda tinha nela.

E além do mais, ver Elena esfregando tudo aquilo na cara dele o fez se sentir estúpido e como alguém que era facilmente manipulado.

Ele não estava acostumado a se sentir assim, a não ser quando se tratava de sua familia.

Elijah olhou com atenção o endereço, o decorando e fechou a mensagem, indo para o seu carro logo em seguida.

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Enquanto andava pelo corredor de um dos melhores hotéis de luxo de Nova York, parando em frente a uma determinada porta, ele podia ouvir o barulho do chuveiro sendo fechado e as risadas entrecortadas vindas de dentro do quarto.

“Bom que eles estão se divertindo...” _o vampiro pensou.

Ainda era difícil para ele acreditar que Damon tinha sido estúpido o suficiente para fazer o que fez.

Finalmente, depois de esperar uns dois minutos ou mais –o que é uma eternidade para qualquer vampiro- , a porta do quarto abriu, mostrando uma Elena Gilbert, de repente, bem apavorada.

“Então junto com a humanidade, voltou o senso de perigo...” _Elijah pensou, não podendo evitar um sorrisinho.

Ele estava tão feliz pelas pessoas estarem começando a se lembrar sobre quem elas deveriam temer.

Elijah... _ Elena disse, abrindo a porta e respirando pesadamente, sem saber o que falar.

A garota usava um vestido comum e o seu cabelo ainda estava molhado do chuveiro, que ela tinha estado secando com a toalha que estava na mão.

Eu..._ a garota tentou outra vez, agarrando novamente. Ela tinha esquecido o quanto um original poderia ser assustador.

Olá... _ Elijah disse, meio que se divertindo em vê-la assustada.

Quem que é? _Damon perguntou brincalhão, entrando saindo do interior do enorme quarto de hotel e ficando sério quando viu do que se tratava.

“Merda, Stefan... Você, sua boca gigante e sua culpa acumulada...” _o homem de olhos azuis pensou, se aproximando da porta com o cabelo também molhado.

Damon... Vai me deixar entrar ou nós vamos tratar disso aqui fora? _Elijah perguntou, com a voz civilizada, mas fria como gelo.

Entra aí. _o vampiro convidou sem muita escolha, puxando a namorada para mais perto dele, como se ele fosse conseguir impedir ela de se machucar.

O que você quer?_Elena criou coragem para perguntar.

Eu acho que vocês dois sabem, certo Damon?_ele respondeu perguntando.

“É, nós sabemos.”

Katherine?_a cópia perguntou como aquilo fosse ridículo, fazendo o original olhar para ela sério, com irritação e cansaço de todos julgarem seu relacionamento.

Não vai ficar bravo, né? Ela provavelmente só pensa o mesmo que todos._ Damon falou arrogante, em uma tentativa de voltar a atenção do vampiro para ele.

Deu certo.

E o que é que todos pensam, Damon?_Elijah perguntou, com a voz irritada, em um tom mais alto que o normal.

Que você não o pai da criança, obviamente. _ele disse desafiador, conseguindo ver somente um vulto preto, antes de cair no chão grunindo em dor.

Colocando a mão na testa, ele sentiu o sangue quente deslizar pelo seu braço. Por que ele tinha provocado mesmo?

Assim que sua visão voltou a ficar nítida, ele se levantou, apoiando na parede por suporte enquanto o fazia. Procurando um lugar para limpar o sangue, ele teve uma visão clara das outras duas pessoas que estavam no quarto.

Elena estava parada, não tendo feito mais nenhum movimento depois do grito ensurdecedor que tinha soltado. Ela parecia assustada, observando Damon com um olhar de preocupação, mas ela também olhava para Elijah com um olhar mortal.

E este, também estava parado, agindo como se nada tivesse acontecido.

Eles continuaram nestas posições, em silêncio, até que o vampiro original viu o que Damon estava procurando e pegou uma toalha que estava em cima da cama pela ponta e estendeu-a na frente do outro vampiro.

O que você quer aqui? Se eu não abri a boca pra ninguém até agora, não vou abrir pra você também. _ele falou, pegando a toalha com um gesto bruto e frustrado.

Mesmo?_Elijah perguntou, nada convencido.

Cara, eu não vou falar._Damon respondeu, em um tom óbvio.

“ “Cara”?... Sério?”_pensou, balançando a cabeça negativamente levemente.

Com isso, o original tirou o paletó, sobre os olhares interrogativos do outro. Stefan tinha pedido para ele não fazer o que ia fazer, mas... Fazer o que? Ele tinha tentado ser pacifico.

Não estava funcionando.

O que você está fazendo?_o Salvatore perguntou, olhando estranhamente.

Você vai ver._o outro respondeu, antes de avançar em direção a Elena, prendendo-a na parede pelo pescoço. Ouvindo o vampiro atrás dele ir avançar, ele olhou para trás, o jogando para a outra parede do quarto em seguida sem soltar o pescoço da outra.

Você não é o primeiro a usar ameaças. Por que você acha que eu não posso contar?_Damon perguntou sem folego e ainda jogado no chão, fazendo Elijah soltar a vampira e deixar ela cair no chão livre, quase morta.

Enquanto Elena recuperava o ar que lhe faltava, ele atravessou o quarto até o outro vampiro, parando em sua frente e agarrando o braço dele, ajudando-o a levantar e voltando para recolocar seu paletó, deixando ele totalmente dependente da parede que agora, se encontrava rachada.

Se esse “alguém” fez uma ameaça, ele não vai ter chance de cumpri-la. _Elijah falou, perdido em seus pensamentos enquanto ajeitava a manga do paletó._ Eu posso afirmar isso.

Olha, eu nem sei quem ele é! Não é como se ele tivesse me ameaçado durante o nosso chá com bolinhos! _Damon exclamou, finalmente encontrando força para ficar em pé sozinho._ Esquece.

Ou você me diz o que sabe, ou eu vou tirar isso de você._Elijah falou, ameaçando. _Em qualquer um dos casos, você tem todas as razões para me temer dez vezes mais do que você teme quem quer que esse vampiro seja.

Esquece._Damon disse.

Ouvir essa palavra e ver o vampiro dar as costas para ele.

Isso foi tudo que Elijah precisou ouvir.

Ele não ia ficar ali implorando e ameaçando por informações.

Cansado de pedir, o original agarrou Damon, que estava perto de Elena á ajudando a se recuperar e olhou nos seus olhos, compelindo-o a dizer tudo que ele queria e precisava saber.