The End Is Coming escrita por Aya Ishikawa


Capítulo 1
Registro Número 152 - Começando




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Oi, sou eu novamente, Lorena, codinome: Aya. Esse provavelmente é o último registro que conseguirei fazer, as pilhas do gravador estão no fim e eu não sei mais quanto tempo eu e meu grupo vamos conseguir nos manter a salvo. Eu e o Sam estamos fazendo de tudo para manter todos seguros, então, por favor, assim que alguém achar esse registro venha até nós, dessa vez precisamos de ajuda. Primeiro preciso dizer como tudo começou, espero que eu tenha tempo de explicar toda a história.


Era um primeiro dia de escola como outro qualquer, isso já faz quatro anos, eu era apenas uma garota que havia acabado de completar seus quinze anos e estava extremamente ansiosa pelo ensino médio, não pelas festas, saída com amigos ou coisas desse tipo, mas sim pelas novas matérias que eu iria aprender e pela expectativa de estar cada vez mais próxima da faculdade. Sim, eu era uma nerd, e exatamente por isso eu nunca havia tido amigos, pelo menos até aquele ano.


Eu estava no corredor tentando achar minha sala, foi então que o vi pela primeira vez. Cabelos ligeiramente claros, algo que não se decidia entre o castanho e o loiro, olhos muito verdes, mais ou menos da mesma altura que eu. Pele clara, aparentava ser um ou dois anos mais velho, como ainda não tínhamos que usar uniforme ele estava com uma bermuda bem esportiva, camisa de malha cinza e chinelo de dedo, parecia bem à vontade, Ele passou e me encarou profundamente, por um segundo achei que ele queria me perguntar algo e talvez estivesse com vergonha, fui até ele e perguntei timidamente:


– Com licença, você quer alguma ajuda? – Mas que coisa estúpida, eu, uma novata oferecendo ajuda a um cara que parecia conhecer aquele colégio muito bem. Ele foi educado, deu um leve sorriso e disse:


–Não, não, só estou esperando o sinal.


Eu me senti confusa por um momento, por um lado eu queria me apresentar, conversar mais com ele, mas por outro minha timidez queria me fazer sair correndo dali o mais rápido que eu pudesse. Acabei indo até o bebedouro e fingindo estar com sede, enquanto eu bebia água nervosamente o sinal tocou. Vi-o entrando na sala 304, enquanto eu ia para minha aula dei uma olhada na porta e vi escrito: “História – segundo ano”.


Finalmente cheguei à minha aula, que naquele horário era de Artes, uma das minhas matérias favoritas, o trabalho do dia era sobre linhas, deveríamos fazer diversos tipos de linhas diferentes em uma folha de papel, isso servia para melhorar nossa coordenação, era um trabalho bem chato. Enquanto eu rabiscava minhas linhas aleatoriamente pensava no cara que eu tinha visto do lado de fora, se eu o visse novamente com certeza iria falar com ele.


Assim que os longos dois tempos de Artes terminaram fui pra sala de matemática, essa matéria eu realmente odiava, e os cinquenta minutos até o intervalo pareceram eternos. Assim que tocou o sinal saí o mais depressa que pude daquele lugar cheio de números e contas e fui para o pátio tentar encontra-lo em algum canto. Eu realmente queria falar com ele.


Andei por todo o colégio, olhei em todas as salas, quase não lanchei direito tentando encontrá-lo, mas ele simplesmente havia desaparecido. Terminei as aulas daquele dia me sentindo meio idiota por não ter falado com ele, por algum motivo ele parecia ser importante.


Durante todo o resto da semana eu tentei encontra-lo, porém não tive sucesso. Mais um mês se passou, eu, como de costume, não tinha amigos nem ninguém pra conversar, vez ou outra eu sentava com algumas pessoas na cantina, ou na quadra e fingia estar interessada no que elas diziam durante o intervalo, mas eu apenas estava procurando um jeito de passar o tempo. Foi em uma dessas vezes, quase dois meses depois do nosso primeiro “contato” que eu o vi novamente.


Eu estava distraída lendo um livro qualquer enquanto o Marcelo e a Érica conversavam sobre suas futuras profissões, com minha visão periférica notei mais alguém se aproximar e cumprimentar o Marcelo, pareciam velhos amigos, entretanto não me interessei em largar minha ocupação para ver quem era. Foi quando ouvi uma voz que eu sabia que já tinha ouvido em algum lugar antes dizer:


–Como é? Essa aí é muda?


Levantei disfarçadamente a cabeça para tentar ver se era comigo, mas que abuso! Era aquele mesmo cara do corredor! Ele olhou pra mim, profundamente com os olhos verdes e brilhantes e disse:


–É com você mesmo, você não fala nada não? Vai ficar aí longe de todo mundo?


Fiquei vermelha na mesma hora, balbuciei feito uma tonta qualquer coisa sobre eu ser tímida e sobre as pessoas não se interessarem pelo que eu falo, ele sorriu gentilmente e perguntou:


–E sobre o que você gosta de falar?


Marcelo e Érica haviam parado de conversar, toda a atenção deles estava voltada pra mim e para aquele cara, meu rosto ficava cada vez mais vermelho, respondi:


–Bom... Eu... Gosto de animes sabe... E músicas, tipo, Tuatha de Dannan, X-Japan, AC/DC... – Eu nunca havia falado tanto com alguém desde o 5º ano do fundamental, aquilo parecia muito estranho.


–Então, já temos algo sobre o que conversar.


Ele não parava de sorrir enquanto falava, E nem de olhar pra mim, aquilo era bom, mas por outro lado me incomodava um pouco. Dessa vez, escolhi tentar aproveitar o momento, continuei conversando com ele todo o resto do intervalo e até o convenci a ir pra mesma aula que eu, quando tocou o sinal de saída que me toquei, eu nem sabia o nome dele ainda e nem ele o meu. Aproveitei um momento de silêncio para perguntar:


– Bem, é meio estranho, estamos conversando há um tempão e eu ainda não sei seu nome...


– Sam, Sam Knight. E o seu?


Aquele era o nome mais legal que eu já havia ouvido, sem dúvida! Falei o meu meio que envergonhada:


– O meu é Lorena, não tem nada de especial, acho ele meio chato...


Como sempre, sorrindo, ele disse:


–Então eu irei te chamar de Aya, o que você acha? Te incomoda?


–Não, eu até que gostei... Aya.


Puxa um apelido, fazia tanto tempo que eu não tinha um, aquilo era divertido, realmente divertido, pena que em breve tudo iria mudar, antes que nos déssemos conta estaríamos vivendo um verdadeiro caos, e nós, eu e Sam seríamos de certo modo, responsáveis por isso.


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