— Então...? — insistiu June sentando-se na minha cama enquanto eu retirava a maquiagem em frente ao espelho.

— Só isso.

— Como “só isso”? — cruzou os braços. — Alguma coisa mais deve ter acontecido!

— Não. Foi só isso mesmo. — dei de ombros, agora retirando meus sapatos.

— Tá, mas admite, ele tem jeito. — lançou-me aquele sorriso maroto. Virei para encará-la.

— Er... Pode ser. — fui em direção ao guarda-roupa pegar alguma peça confortável. Optei por uma blusa regata colorida e um short bege

— Hum... — Olhei para June novamente.

— Que foi?

— Nada. — respondeu com cara de inocente.

— Pode falar. — adiantei as coisas.

— É que você finge que não dá a mínima para o Mason, mas finge muito mal. — olhei incrédula para June.

— Como?! — garota, eu posso arrancar sua cabeça!

— Leah, você entendeu muito bem.

— O que você acha que aconteceu, June? Que ele me pediu em casamento? — perguntei sarcástica.

—Leah, ele tá completamente na sua. Dê uma chance pra ele!

Leah... Não desista de mim...A voz de Jacob entrava na minha cabeça como um sussurro ao pé do ouvido.

— Leah! Tá me ouvindo? — June me trouxe para realidade estralando os dedos.

— Er... Sim. — virei de costas para June e troquei rapidamente de roupa. Logo, por algum motivo me veio a imagem de Rox. Naquele dia a tinha visto preocupada, parecia triste. — June, e sua mãe? Como está?

— Bem... — suspirou — Na verdade, nem eu sei. Ela continua tomando os remédios dela, mas... Esses dias, ela não conversa, não se abre com ninguém... — fui em direção à cama e sentei ao lado de June.

— Ela vai ficar bem. Ela é forte. — lembrei quando a vi pela primeira vez. Parecia tão alegre, feliz, se June não tivesse me dito que ela era doente, nunca desconfiaria.

— Eu sei. — sorriu. Mas seu sorriso não era feliz como costumava ser. Estava triste e isso era evidente. — Mas nem pense que a senhorita conseguiu mudar de assunto, dona Leah. — revirei os olhos. — Nossa conversa ainda não acabou. — levantei-me.

— Acabou sim, porque agora vou pegar um copo d’água. — saí do quarto em direção à cozinha.

— Traga um pra mim, por favor.

— Tá bom. — respondi já do lado de fora do quarto.

Passei pelos corredores. Lembranças da festa invadiram minha mente. Foi um dia cheio de emoções. De manhã, pensei o dia inteiro na minha família, nas coisas e pessoas que deixei para trás. Depois, Mason me convidou para um festa, da qual eu rejeitei da pior maneira possível. Em seguida, coloquei para fora toda minha dor desabafando com June, que por sua vez, me apoiou como uma irmã. O problema que ela me convenceu a ir à uma festa cheia de desconhecidos e usar vestido só para me acertar com o irmão dela. Logo, eu me encontrei com Mason que se declarou.

Que dia, meu Deus!

Quando dei por mim, já estava quase chegando ao meu destino. Inspirei o ar profundamente. Aquele cheiro caseiro me acalmava. Mas junto com o cheiro caseiro, veio o cheiro de Mason. De novo, não. Continuei caminhando agora a passos lentos. Cheguei à cozinha e dei de cara com aquele sorriso leve. Não parecia estar bravo ou magoado. Simplesmente estava... Sereno.

— Oi. — disse abrindo a geladeira.

— Oi. — retribuiu o cumprimento.

Concentrei-me em pegar a água e manter minha atenção nela, assim, evitava mais uma declaração.

— Então... — meu coração se acelerou ao imaginar o que ele diria. — Gostou da festa? — respirei aliviada.

— Nem aproveitei. Passamos o tempo todo no jardim.

— Eu sei. Estava só tentando conversar. Não quero que fique esse clima estranho entre a gente só porque eu disse que...

— Eu também. — impedi-o de completar a frase. Ele tragou o ar com certa violência.

— Imagino que esteja muito confusa. — minha vez de tragar o ar com violência.

— E estou. — fui sincera.

— Só quero que saiba que estou aqui. — sorriu — Mas acho que você sabe, não é Lee-lee. — ele riu com aquele apelido, mas eu fiquei séria.

— Quieto, Jacob! Foi pra isso que me fez ficar?

— Relaxa, Lee. Essa semana com você está... — fingiu pensar na palavra — suportável.

— Sério? — perguntei com deboche — Pois essa semana com você está... — fingi pensar — Insuportável. — ele riu.

— Então tá. Você venceu, Lee-lee.

— Afff. Odeio esse apelido que você inventou. Se contar pra matilha eles nunca vão me deixar em paz, então para de me chamar desse jeito! Lee eu ainda suporto, Lee-lee não.

— Como quiser. Vamos caçar, Lee-lee. — arquejei de raiva.

Ele percebeu minha expressão séria e se aproximou.

— O que foi? — colocou uma mão em meu obro e outra na minha face.

— Na-nada — gaguejei tentando controlar as lágrimas. Que droga! Virei um poço de lágrimas agora?!

— Pode falar, Lee-lee. — abriu um sorriso largo — O que foi?

Vê-lo tão perto não estava me fazendo bem. Aquele cheiro que ele exalava... Aquele hálito... Aquele corpo... O calor... A pele... Cabelo preto... Sorriso cativante...

Fechei os olhos e vi Jacob me olhando. Ele sorria e acariciava meu rosto com as mãos.

Lee-lee... Eu te amo.

Sem me dar tempo para pensar, ataquei sua boca com meus lábios. Senti sua boca completar a minha e nossos narizes se roçaram de leve. Toquei seu rosto com minhas mãos e acariciei sua nuca. Logo, envolvi meus braços em seu pescoço e o puxei para mais perto. Ele me agarrou pela cintura enquanto nosso beijo se tornava cada vez mais urgente e quente. Nossas línguas dançavam na boca do outro. E o que eu achei que não aconteceria mais, estava acontecendo naquele momento. Estávamos nos beijando.

Quando o ar faltou, nossas bocas se afastaram só um pouco, mas nossas testas continuavam coladas.

— Jacob... — sussurrei.

— Jacob?! — abri os olhos e levei um susto. Ele se afastou na hora. — Você me beijou pensando no Jacob?!