Pov. Leah

Não dá mais! Não mais! Esse foi meu limite. Foi a última gota que eu pude aguentar. Quando o Jacob saiu da matilha pra lutar pela Bella, tive certeza de duas coisas. Primeira: ele é o amor da minha vida. Segunda: ele ama a Bella. Sim, ele me ama, e a ama.

Vê-lo arriscar a própria vida por outra. Morrer para salvá-la, é como mil facadas no meu peito de uma vez.

Saí correndo dali, sobre os protestos dos outros lobos. Nem liguei para eles. Corri até não poder mais, por que eu não ficarei mais nenhum minuto sequer aqui. Não aguento mais. Sofrer. Amar e não ser amada como gostaria. Isso é insuportável.

Já anoitecia. Olhei para as estrelas enquanto voltava a forma humana. Nem me importei com roupas. Estava nua em um penhasco. Me deitei em cima das rochas e me pus a observar a lua, deixando as lágrimas molharem meu rosto e descerem pelo meu corpo.

Eu me sinto tão... só... perdida no universo. Como um astronauta que viaja sozinho pelo espaço, apenas observando o brilho das estrelas.

Sim, estava só, só porque, nem Jacob sabe como eu me sinto.

Meu Deus, o que eu fiz para merecer isso? Será que alguém pode me ouvir? Será que alguém me entende? Eu estou clamando por ajuda, por uma mão que me ajude a levantar e me reerguer.

Então, nessa noite, eu clamo por todas as pessoas que sabem como é se sentir perdida e só no mundo. Como é difícil. A dor insuportável e imensurável que está no meu peito.

– Droga! - gritei ao léu, para aliviar um pouco, não que tenha ajudado muito.

Eu vou embora. Vou sai de La Push, porque aqui não é mais o meu lugar. Dane-se a matilha e minhas responsabilidades nela. Eu vou embora.

Estranho! Sempre achei essa atitude covarde, a cara do Jacob, mas agora, talvez eu seja mesmo covarde, talvez não seja forte como pensei.

Me levantei no mesmo segundo. Coloquei as roupas que estavam jogadas no chão. Fui a pé até minha casa, não queria compartilhar mais nada com a matilha.

Andei, corri, até cair no chão de tanto cansaço, mas me levantei e continuei minha caminhada até chegar na minha casa, onde o Seth não se encontrava, nem minha mãe que devia estar na casa do Billy.

Entrei pela janela do meu quarto e peguei a primeira mala que vi na frente. Coloquei algumas roupas e todo o dinheiro que eu tinha guardado, dinheiro que meu pai deixou pra mim antes de falecer. Ele não ficaria feliz de me ver assim, fugindo ao invés de lutar, mas eu não estou lutando porque não quero, e sim, porque já não tenho forças.

Escrevi um bilhete para minha mãe e Seth e deixei em cima da bancada da cozinha.

"Você não sabem o quanto eu os amo, por isso, peço do fundo do meu coração que me perdoem. Nunca tive a intenção de magoa-los, mas não posso mais ficar, nem tenho mais forças para isso. Não se preocupem comigo, eu vou ficar bem. Devem estar se perguntando por que? Por que eu fiz isso? Fiz isso porque eu preciso sair daqui, ficar sozinha, já sofri muito com Sam, sabem disso mais que ninguém, mas com Jacob, esse sofrimento mil vez pior. Por favor, não o culpem, nem digam isso para ele, não quero que ele se magoe, pois também foi ele o motivo de tantos sorrisos meus. Cada segundo que fiquei ao lado dele, valeu a pena no final. Amo vocês. Leah."

Olhei a casa pela última vez, peguei a chave do carro (presente do meu pai) e saí. Coloquei a mala no porta-malas e entrei no carro. Mas antes de ir, tenho que falar com ela. Tenho que colocar pra fora tudo o que sinto por Bella.

Enquanto via as arvores de La Push pela última vez, ouvia alguns uivos. Os lobos sabiam que eu estava no carro dirigindo, mas não sabiam que essa seria a ultima vez que me veriam.

Acelerei o carro para chegar logo na casa dos Cullen. As luzes da mansão estavam ligadas. Nem sinal do Jacob. Melhor assim.

Antes de me aproximar, Edward vinha em minha direção. Já devia saber o que eu vim fazer.

– Deixe-a em paz, Leah. - começou - Ela já está sofrendo muito.

– Então ainda não é o suficiente. - disse ríspida.

– Deixe-a entrar, Edward. - a voz leve da Bella chegou aos meus ouvidos. - Ela precisa falar. Nos deixe a sós. - olhei pra ele, que, com relutância, me deu passagem.

Entrei na casa. Na sala imensa só se encontrava Bella. Ao vê-la, minha vontade foi de arrancar fora seu pescoço, mas me contive, colocando toda minha raiva apenas nas palavras.

– Diga, Leah. Eu sei que me odeia, e agora tem a chance de dizer tudo na minha cara - ela disse sem emoção alguma. Olhando bem pra ela, estava num estado de pena. Magra, com uma barriga enorme, pálida, desnutrida. Mas isso não diminuiu um milésimo da minha raiva.

– Me diz, Bella. Por que? Por que faz isso com ele? Por que? Eu sei. Eu sei que mesmo tendo esse sanguessuga ao seu lado, você é incapaz de deixar o Jacob ir viver a vida dele. Você é mais que egoísta, é um mostro sem sentimentos que brinca com os do Jacob. Você não precisa de transformar para ser um mostro, já é um por si própria. O Jake te deu o coração dele, já até perdi a conta de quantas vezes, mas sempre você dava esperanças e depois esmagava, quebrava, destruía. Seu mostro! Largou ele para ir viver a eternidade como um mostro chupador de sangue ao lado do Edward, se casou com ele, depois voltou e ainda pediu que Jacob ficasse ao seu lado. Com que direito pediu isso? Hein? Eu amo o Jacob! Eu! Só que aquele cego não vê um palmo na frente dos olhos, só vê você. Aquele idiota! – só me dei conta de que as lágrimas rolavam no meu rosto quando meus olhos começaram a arder.

– Leah, eu nunca quis magoar o Jacob, mas não posso deixa-lo, não posso viver sem ele.

– Claro, você quer o Edward, mas também quer saber que tem um pneu reserva.

– Não é isso, Leah! - gritou.

– Então que porcaria você está fazendo?! - gritei tão alto, que acho que até os lobos escutaram. Ela me olhou confusa, sem palavras, mas ela não precisa dizer nada, eu sei a verdade. - Eu diria que ele merece ser feliz, por isso deveria libertá-lo - disse num fio de voz - mas já não tenho certeza se ele merece mesmo isso. - saí correndo daquela casa. Não queria dar uma de fraca na frente da Bella, e o cheiro nauseante estava acabando comigo.

Logo, Edward entrou para consola-la e eu entrei no meu carro. Antes de ligar a carro, encostei minhas mãos no volante e me pus chorar, com a cabeça sobre elas. Mas, não, nenhum deles merece uma lágrima minha. Enxuguei-as e liguei o carro.

Antes de sair definitivamente de La Push, eu quero lembrar de coisas boas que passei aqui. Quero lembrar que um dia, amei um garoto mais que qualquer outro. Eu amei Jacob.