The Neighbor escrita por Ann k


Capítulo 1
capítulo I - 8:13 da manhã


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Aproveitem o capítulo ♥



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Domingo - 8:13 da manhã

A praia estava deserta, ventava tanto que parecia que ia ser levada junto aos grãos de areia, a roupa branca que vestia me era estranha e a pessoa que vinha de longe ficava cada vez mais fora de foco apesar de estar se aproximando.

As batidas foram ficando mais fortes, tirando-me do sono. Abri os olhos lentamente e pensei que quem quer que fosse iria desistir, mas pensei errado. Ao tirar a coberta do rosto sou atingida pelo raio de sol entrando pelas frestas da janela, ao me sentar na cama percebo a bagunça que estava o meu quarto, eram pares de sapatos espalhados por todo o chão, roupas tomavam a cadeira e a penteadeira estava tão lotada de maquiagens que não sabia que tinha tanta. 

Me levantei cambaleando e pela forma como tropecei em meus pés no pequeno trajeto até a porta percebi que os vestígios de álcool da noite passada ainda não haviam saído do meu sistema. Destranquei a fechadura e dou de cara com James, meu irmão mais novo.

— Até que enfim, achei que ia morrer batendo - reclamou.

— Realmente, seria uma pena - ironizei.

— Hilária você, não entendo como não é comediante ainda - rebateu.

— Fala logo o que quer, não dormi nem duas horas pra você estar aqui me acordando.

— Mamãe e papai saíram para visitar alguns amigos e eu vou jogar basquete com meus amigos - respondeu.

— E o que eu tenho com isso James? Pelo amor de Deus, foi pra isso que você me acordou?! - era inacreditável.

— Mas que porra Holly, você não me deixa terminar! - apenas rolei os olhos e fiz com a mão pra ele prosseguir - Como ia dizendo, não vai ter ninguém em casa e mamãe deixou uma torta no forno que é pra ser entregue aos novos vizinhos... por você - disse sorrindo.

— Por que você não entrega? A quadra não vai sair correndo - disse enquanto ia em direção a minha cama.

— Porque não está pronta e também porque ao contrário de você, eu não saí pra beber ontem e estou com uma puta ressaca - riu.

— Vá a merda - Gritei jogando um travesseiro em direção a James que conseguiu fechar a porta a tempo.

Não podia acreditar, minha mãe ainda tinha essas coisas antiquadas de levar torta de boas-vindas para novos vizinhos. Havia anos que ninguém se mudava para nossa rua e admito que estou curiosa pra saber quem se mudou para antiga casa dos Woods, eram velhinhos simpáticos e pelo que sei enjoaram da vida aqui em Santa Monica.

Fiquei deitada enrolando por mais alguns minutos e ao ouvir a porta de entrada bater me lembrei da maldita torta. Desci as escadas agarrada no corrimão com medo daquela vodca de ontem resolver dar um "oi sumida" e eu rolar degraus abaixo. A última coisa que queria eram ossos quebrados, já me bastava a dor de cabeça da ressaca monstruosa que eu estava, realmente tinha muito para beber ontem.

Abri o forno e aquele cheiro me atingiu, definitivamente era hora de desligar, uma pena mesmo eu estar com o estômago tão embrulhado porque amo as tortas da minha mãe. De qualquer forma não importava, era para os vizinhos e então lembrei de mais um problema, não fazia ideia do que dizer quando chegar lá, com certeza eles não vão estar esperando esse tipo de visita até porque não estamos mais em 1950. Bom, pelos móveis que vi saindo daquele caminhão de mudanças semana passada,  eles devem ser mais um casal de velhinhos como o Sr e a Sra. Woods. 

Peguei um copo de água e uma aspirina, ao retornar ao meu quarto vi que não tinha pra onde correr, era hora de arrumar aquela bagunça. Engoli o comprimido e lá vamos nós, prendi os cabelos em um rabo e comecei a catar os sapatos guardando no closet, em seguida separei as roupas sujas e dobrei as limpas guardando-as com o resto. No meio daquela bagunça achei meu celular e vi várias mensagens e chamadas perdidas: duas de Jenny, uma de Carly e algumas mensagens de um número desconhecido. Definitivamente era o menino que tinha ficado ontem, logo as excluí porque não ia rolar outra vez, não tem porquê iludir o pobre coitado. Segui arrumando meu quarto e quando me dei por satisfeita fui tomar um banho.

Abri o registro e a água gelada começou a cair, fiquei uns bons cinco minutos criando coragem para entrar, até que o fiz e daí bateu o arrependimento de ter enchido a cara na noite anterior. Depois de um tempo já havia acostumado com a temperatura e os flashes de ontem ficaram vindo, não lembrava de muito, sequer de quem era a casa ou a festa, mas me lembro perfeitamente daquele menino estranho com as tatuagens e os olhos azuis, era de fato um colírio para os olhos e eu nunca havia o visto por aqui. Resolvi parar de pensar nisso e sair do chuveiro, já podia ouvir a voz do meu pai em minha cabeça dizendo "não somos donos da companhia de água".

Vesti uma roupa decente e penteei os cabelos, obviamente não ia secá-los, não tinha vontade nem de estar em pé quanto mais de me arrumar para conhecer velhinhos. Peguei meu celular e minhas chaves, desci para pegar a torta e vi que minha mãe havia deixado instruções para embalá-la. Era só o que me faltava. Fiz o meu melhor (que não era tão bom assim, mas valia a intenção) e rumei para casa dos novos vizinhos, não era exatamente perto da minha, ficava do outro lado da rua algumas casas abaixo.

Ao chegar toquei a campainha e ninguém vinha atender, esperei mais um pouco e então toquei mais algumas vezes até que a porta abre revelando uma figura masculina e eu fiquei tão chocada que se não fosse por obra de Deus aquela torta já estaria esparramada no chão.

Pisquei uma, duas, três vezes até perceber que eu devia estar parecendo uma boba. Era ele mesmo, o menino da festa de ontem, as tatuagens eram as mesma e os olhos. Tentei voltar a mim mesma e vocês devem estar se perguntando o que tem demais em ser ele e sinceramente, não tem nada, portanto tratei de fazer o que tinha ido ali pra fazer.

— Hm, oi. Eu e minha família moramos algumas casas acima e resolvemos trazer essa torta de boas-vindas para você e sua família - disse de forma monótona.

— Ah sim, obrigado - respondeu.

Quando menos esperei o menino já havia tomado a torta de minhas mãos só restando tempo de ver a porta batendo. Fiquei ali parada assimilando o que havia acontecido e se arrependimento matasse eu já estaria morta, virei e segui para minha casa pensando no erro que foi não ter comido tudo e depois mentido que entreguei. Esse dia mal havia começado e eu já estava cansada.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Ai meu Deus do céu, que nervoso!
E então, o que acharam? sejam sinceros.
Deixem comentários porque é muito importante mesmo.
Quero saber de vocês se devo colocar um link de como vejo os personagens no próximo capítulo que reescrever, porque apesar de eles serem os mesmos personagens, minha visão fisica deles mudou, por isso quero saber.
É isto, estou muito contente por ter voltado ♥