Cuida De Mim? escrita por Bruna Moraes, JP Saraiva


Capítulo 8
Capítulo 8 - De que lado você está?


Notas iniciais do capítulo

Hey, pequenos gafanhotos! Eu sei, eu sei. Sumi. Mas apareci kkkk
Maiores informações para quem quiser, nas notas finais.
Agora vão ler logo! Fiz com muito carinho esse capítulo, não me matem!!



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Pov Percy

Finalmente chegara o dia do meu encontro com a Annabeth. Quase não consegui dormir. Por volta das 6h30 eu já estava de pé. Resolvi surpreendê-la com um café da manhã. Qual é? Sou um romântico às antigas. Fiz suco de morango, algumas torradas (e geleia caseira) e cortei algumas frutas. Coloquei tudo em uma bandeja e levei até o quarto dela. Abri lentamente a porta do quarto e a encontrei dormindo feito um anjo. Seus cabelos desgrenhados, seu nariz arrebitado, seu peito que subia e descia ritmadamente. Deixei a bandeja no criado mudo, peguei a sua mão e a chamei. Seus incríveis olhos cinzas fitaram-me. Logo esboçou um grande sorriso.

— Bom dia, Percy.

— Bom dia, Annie.

Ela se sentou e me abraçou.

— Que horas são?

— São 7:45. Relaxa. Preparei para você – apontei para a bandeja.

— Percy, não precisava. Muito obrigada!

Ela levantou, pediu um minuto e foi ao banheiro escovar os dentes. Voltou saltitante. Pegou uma torrada, passou geleia e mordeu um pedaço. Fechou os olhos deliciando-se.

— Hum… Isso está muito bom. Foi você quem fez a geleia? Está divina - ri da sua expressão.

— Sim, foi eu. Receita da família - dei umas batidinhas ao meu lado e ela se sentou.

Comemos sem trocar muitas palavras. Eu apenas ria da sua expressão a cada comida experimentada. Parecia uma criança comendo doce. Quando terminamos, ela me ajudou a lavar a louça e disse que ia se arrumar. Falei para não ter pressa, afinal, eu ainda tinha algumas coisas pendentes. Assim que ouvi o barulho do chuveiro, procurei logo me arrumar. Já tinha separado a roupa no dia anterior. Saí correndo de casa. Precisava passar na casa de Nico para pegar as bicicletas. Sim, bicicletas. Eu não sabia ao certo como fazer esse encontro. O dinheiro estava curto, eu estava sem carro e, às vezes, a criatividade me falta. Nico me ajudou nessa parte, sugeriu um passeio de bicicleta até a cidade.

Havia um local que descobrimos em uma dessas andanças por lá, era simples, mas possuía uma bela visão. Seria próximo de um “morro”, um pequeno elevado que dava para ver a floresta que circundava a cidade e a saída para o mar ao fundo. Tudo estaria arrumado no local pela Thalia. Andei por uns três ou quatro quarteirões, toquei a campainha de uma casa simples e no estilo rústico.  Nico abriu a porta segundos depois, vestia apenas uma bermuda preta.

— Pô, pensei que não vinha mais.

— Sabe como é, demorei um pouco com a Annabeth – ele abriu um sorriso malicioso.

— Não, não sei como é – ele bagunçou os cabelos e saiu da casa.

Segui ele até os fundos e lá haviam duas bicicletas. Uma era toda preta e a outra rosa. Um contraste bem interessante.

— A preta é minha, e essa rosa... Foi o que eu consegui arranjar – disse revirando os olhos – Mas vai ter que servir. E é isso, tenham juízo. Tchau, não me liga.

Só deu tempo de gritar um “Valeu” antes dele entrar novamente na casa. Peguei as bicicletas e fui empurrando até a minha casa. Chegando perto, vi a figura de Annabeth na varanda. Ela estava deslumbrante. Vestia um short branco, uma blusa rosa bebê e sapatilhas. Perdi o ar por alguns segundos.

— Hey, Annie. Você está linda!

— Você também não está nada mal.

— Eu queria que isso fosse diferente, mas como não estou com o carro aqui, vamos ter que ir de bicicleta. Tudo bem?

— Que isso, está tudo perfeito – meu sorriso não poderia estar maior. Entreguei a bicicleta rosa a ela e apenas disse que o nosso destino era a cidade. Lá eu guiaria ela.

 

***

 

O trajeto era um pouco longo, estava preocupado com a possibilidade da Annie achar tudo muito exaustivo e de que se arrependesse de ter aceitado esse encontro. Contudo, toda vez que eu a olhava, ela estava sorrindo e isso causava uma estranha sensação no meu estômago. Íamos o mais rápido possível, sempre apostando uma corrida até certo ponto. Os seus cabelos loiros reluziam sob o sol, o vento bagunçava eles em todas as direções, o que só a deixava mais bonita. O encanto com tamanha beleza quase me fizera ir para o meio da pista diversas vezes.

Ficamos lado a lado em um momento, comecei a cantarolar o mais alto que pude: (Steppenwolf - Born to be wild)

“Get your motor runnin' (Ligue seu motor)

Head out on the highway (Vá para a autoestrada)

Looking for adventure (Procurando por aventura)

In whatever comes our way (No que vier pelo nosso caminho)”

Annabeth sorriu de lado e continuou:

“Yeah, darlin', gonna make it happen (Sim, querida, vou fazer isso acontecer)

Take the world in a love embrace (Abrace o mundo com amor)

Fire all of your guns at once and (Dispare todas as suas armas ao mesmo tempo e)

Explode into space (Exploda espaço afora)”

Sua voz era tão doce e afinada, enquanto a minha era grotesca. Mas não deixei me intimidar:

“I like smoke and lightnin' (Eu gosto de fumaça e relâmpagos)

Heavy metal thunder (O trovão do Heavy Metal)

Racing in the Wind (Correndo com o vento)

And the feeling that I'm under (E a sensação que ele provoca em mim)”

E então ela cantou novamente:

“Yeah, darlin', gonna make it happen (Sim, querida, vou fazer isso acontecer)

Take the world in a love embrace (Abrace o mundo com amor)

Fire all of your guns at once and (Dispare todas as suas armas ao mesmo tempo e)

Explode into space (Exploda espaço afora)”

Já no refrão, eu cantava a plenos pulmões. Pedalávamos o mais rápido que podíamos. Os carros passavam zunindo por nossos ouvidos (mais rápidos que nós, claro), mas não nos importávamos, aquele era o nosso momento. Por mais ridículo que possa parecer, aquele momento foi único, mágico. Ríamos e cantávamos sem nos importar com o quão bobo parecíamos naquelas bicicletas.

“Like a true nature's child (Como um verdadeiro filho da natureza)

We were born, born to be wild (Nós nascemos, nascemos para ser selvagens)

We can climb so high (Nós podemos escalar tão alto)

I never wanna die (Eu nunca quero morrer)

Born to be wild (Nascemos para ser selvagens)”

Não demoramos muito e logo chegamos à cidade. Já estávamos bem perto do local onde seria o nosso encontro. Reconheci a praça perto de lá, paramos e eu a avisei que passando essa praça chegaríamos ao nosso destino. Terminei de dizer e ela falou:

— Quem chegar por último, lava a louça – sem ter uma reação rápida, levei um tempo para processar isso.

Annabeth já havia subido em sua bicicleta e estava atravessando a rua. Enrolei-me um pouco para montar na minha bicicleta novamente, quando consegui, ouvi um som alto, como se fosse uma batida. Olhei para frente e vi Annie caída no meio da rua, sua bicicleta estava debaixo de um carro que nem me dei ao trabalho de olhar, só queria socorrer ela o mais rápido possível. Corri ao seu encontro, ela parecia ainda estar consciente.

— Annie, está tudo bem? – muito idiota de se perguntar na hora, mas eu estava preocupado!

Coloquei a mão para apoiar a sua cabeça e senti seu cabelo molhado, seus olhos se arregalaram e fiquei com medo de estar machucando-a, mas então ela desmaiou.

— Annabeth, fala comigo! – gritei a plenos pulmões. Uma risada ecoou nos meus ouvidos.

— Vejam se não é o salvador Perseu Jackson – olhei para trás e vi Max tarde demais, um cara ao seu lado tinha uma pedra em mãos e me acertou com ela. Minha visão ficou turva e então não vi mais nada.

***

A minha cabeça latejava. Era uma dor excruciante. Eu queria abrir os olhos, mas parecia um esforço inútil. Talvez permanecer imóvel e naquele estado fosse o melhor. Sucumbir àquela dor parecia uma ótima opção, aquela seria só uma dor e me pouparia várias outras se eu não me movesse. A escuridão já me consumia, uma voz dizia “não resista, apenas se entregue” e era isso o que eu estava fazendo, estava na direção daquela voz. Era sedutora, me fazia acreditar que era o certo. Já estava quase entregue quando uma outra voz disse “Você disse que cuidaria de mim”. Essa segunda voz... Ela era mais forte do que a primeira, muito mais sedutora e cativante.

Um rosto me fez recobrar a consciência. Essa voz, eu conhecia a dona dela, era Annabeth. A vaga lembrança trouxe à tona os últimos acontecimentos. O nosso encontro, o passeio, a batida e... Max! Aquele desgraçado pegou a Annie. Ele deve estar com ela, o que será que já não fez? Tantas coisas passaram pela minha cabeça, violência, estupro, tortura e tantas outras coisas. Eu não poderia deixar que ele encostasse mais um dedo sequer nela. Reuni todas as forças que me restaram e abri os olhos.

Eu estava em uma sala escura. Como em uma cena de filme, havia somente uma lâmpada sobre mim, e eu estava sentado em uma cadeira, meus braços amarrados para trás, meu tronco e pernas também amarrados à cadeira. Minha visão ainda estava turva, porém vi a porta a frente e em um baque silencioso, uma pessoa entrou: uma garota. Não pude distinguir muitos detalhes, mas portava uma seringa em mãos. Seus passos eram sutis.

— Percy, me perdoe. Acredita em mim, por favor.

Ainda estava zonzo, reparei apenas na cabeleira ruiva. Não me eram estranhos, mas o seu rosto... Não o reconheci. Ela chegou perto e enfiou a agulha no meu braço. Nem com tal proximidade soube dizer quem era. Haviam machucados em sua mão, seu rosto apresentava hematomas e alguns cortes, estava totalmente desfigurado. Tentei fixar o olhar, mas logo após a escuridão me consumiu e, novamente, estava inerte e com a primeira voz seduzente nos meus ouvidos.

***

Minhas bochechas queimaram, senti um ardor em cada uma. Um estalo. Passos apressados ecoavam.

— Qual é, Jackson? Vai me fazer esperar até quando?

Abri os olhos e Max estava naquela sala comigo. Andava inquieto de um lado e para o outro. Os punhos cerrados socavam a parede vez ou outra. Tentei me soltar, mas era em vão. Agora as minhas mãos estavam algemadas. Uma fita prendia a minha boca.

— Ah é, não consegue falar. Bora ver se isso ajuda – dito isso, ele se aproximou e puxou a fita de uma vez. Meu rosto doeu – Agora responde! O que você pensa que estava fazendo com a minha namorada? Estava de gracinha para cima dela?

— Sua namorada? Me poupe, Max. Se poupe. Nos poupe. Annabeth não é mais a sua namorada!

Um tapa foi desferido contra o meu rosto, que já se encontrava vermelho de raiva. Agora toda minha face queimava, seja de dor, seja de ira. Como ele ousa falar assim da Annie?

— CALA A BOCA, JACKSON! ELA TAMBÉM NÃO É SUA. E ELA ME AMA, SÓ AINDA NÃO PERCEBEU! ENTÃO PARA DE FICAR CERCANDO ELA.

— Você é doente, Max. Vai se tratar! A Annabeth devia estar fugindo de você quando a encontrei!

Sua mudança de humor era repentina, numa hora estava berrando alto e socando o que visse, na outra estava rindo.

— Fugindo? E o que você sabe dela? Ela poderia apenas ter se perdido de mim. Não fale do que você não sabe. Você não é nada para ela. Eu sou o namorado dela e você não é nada.

Foi a minha vez de rir amargo.

— E onde ela está agora? Vai, me diz. QUE TIPO DE AMOR É ESSE QUE VOCÊ SAI ATROPELANDO ASSIM? ELA PODIA TER MORRIDO.

— Ela não é da sua conta, mas ela está bem. Não interfira na nossa relação – e socou a parede ao lado – Para acabar com esse seu ego e para aprender a não se meter onde não é chamado, eu proponho uma luta.

— E a que isso levaria, seu doente?

— A nada, só não gosto de bater em gente indefesa. Você vai levar a maior surra da sua vida. Eu volto daqui à pouco para isso. Preciso resolver umas coisas.

Não tive tempo de discutir. Ele simplesmente me deu as costas e saiu. O que eu faria? Tenho noção de briga de rua, mas nada tão aprofundado. Max era bem maior do que eu e provavelmente com mais experiência. Imagino em quantos ele já não deve ter batido... Eu não poderia ser mais um número para ele. Precisava me esforçar, por mim, pela Annie. Annie... Como ela está? Ele falara que ela estava bem, mas a batida, o sangue, precisava de cuidados! Eu precisava me soltar e encontrá-la, não podia esperar. Comecei a me debater na cadeira. Tentei pelo menos soltar os meus pés, porém era em vão.

Ouvi um barulho de porta e alguém entrou na sala. Vi outra cabeleira ruiva. Era a garota de antes. Suas mãos agora estavam enfaixadas. Um de seus olhos estavam roxos, o seu rosto apresentava vários curativos.

— Oh, Percy. O que ele fez com você? – ela se ajoelhou na minha frente, e então reconheci.

— Rachel! Você... Mas como pôde? Nós confiamos em você e mesmo assim nos traiu? – uma repulsa surgiu em mim.

— Não é o que você está pensando, mas agora eu não tenho tempo para explicar. Só peço que confie em mim, por favor!

Ela tirou do bolso uma chave e abriu as minhas algemas. Rápido desfez o nó das cordas e em poucos segundos eu estava livre.

— O que você está fazendo?

— Já disse, não dá tempo. Ele está para voltar. Foi ver como a Annabeth estava, mas logo vem aqui. Eu preciso que me escute – pegou o meu rosto com as duas mãos – Eu vou te levar até a saída, de lá preciso que você corra o mais rápido que puder.

— Mas e a Annabeth? Eu não vou embora sem ela! – disse decidido.

— Ela está segura, por hora. Ele não fez nada com ela, ainda. Eu preciso que você procure ajuda e volte o mais rápido possível. O tempo é precioso, Percy.

Ela acariciou o meu rosto e me puxou pela mão, saímos da sala e entramos em um emaranhado de corredores até à saída. Tentei memorizar o caminho, mas foi em vão. Qualquer esforço além de andar era uma dor insuportável. Minha cabeça ainda doía muito. Meu corpo reclamava. Quando finalmente saímos, já era noite. Olhei para Rachel e esta me encarava seriamente. Em um movimento inesperado, ela agarrou o colarinho da minha camisa e puxou para si, selando os nossos lábios. Fiquei atônito. O que aquilo queria dizer? Era estranho. Nos separamos logo.

— Agora vá. Naquela direção vai dar direto na estrada – ela me empurrou para andar, voltando logo em seguida para aporta.

— Você não vem?

— Não, alguém tem que ficar – mesmo com o rosto macucado, sorriu de lado.

— O que ele fará com você? Venha logo.

— Eu sei me virar, Percy.

— Afinal, de que lado você está?

Ela riu. Uma gargalhada de verdade. Acenou e entrou novamente na casa. Eu saí correndo (ou cambaleando, como queiram) o mais rápido que pude. Agora o tempo era o meu inimigo principal. Precisava buscar ajuda. Precisava resgatar a Annie. Precisava acabar com o Max.


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Notas finais do capítulo

E então?? Mereço reviews?? Falem aí o que acharam e o que esperam que vai acontecer!
Aliás, tenho uma notícia não muito boa para dar: a fic está chegando ao fim. Sim, é isso o que você leu, está acabando. Triste, eu sei. Mas poxa, foram 4 anos para terminar kkkk Eu me ausentei bastante, por motivos pessoais, e agora, finalmente, vou finalizar ela. Meus planos nunca foram para uma long fic e sim para uma short fic (que foi bem além do que eu esperava). Ainda estou terminando de escrever os demais capítulos, contudo, pelas minhas contas, restam no máximo uns dois ou três capítulos.

Dependendo de como terminar, talvez eu faça uma continuação, ou não, pois estou com ideias para outras fics, fora que estou postando mais duas (o que me consome bastante), então não sei. O futuro é incerto e o amanhã a Deus pertence.
E é isto.
Beijocas.
Não desistam de mim!



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