Seaweed Brain escrita por SeriesFanatic


Capítulo 27
Dédalo




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– Mamãe, olhe! – exclamou uma menininha.

A garotinha tinha cabelos loiros como o sol e olhos cinza como a lua. Deveria ter uns quatro anos de idade e usava uma túnica branca com uma cinta de ouro. Ela corria feito qualquer criança: sem parar. Sua mãe tinha cabelos negros e os mesmos olhos cinzentos e acariciava a túnica azul, que cobria a barriga de grávida. Seu marido tinha cabelos loiros com algumas mechas cinza por causa da idade, usava uma túnica azul escura. O trio estava na praia, curtindo um belo dia de verão, a menina havia colocado um pedaço de água nos cabelos, fazendo os pais rirem.

– Está linda, princesinha! – respondeu o homem, sorrindo.

A menina correu para os pais, que estavam construindo um castelo de areia. A mãe a puxou para o seu colo, mesmo com a barriga grande e lhe fez carinho. Ela usava um colar simples de ferro com uma coruja. A garotinha não viu de onde o rapaz veio, mas logo ele estava sentado ao lado do pai, usando uma túnica verde pérola e com um sorriso brincalhão no rosto. O rapaz tinha cabelos negros e rebeldes, com olhos de um cinza idênticos ao da irmã menor e da mãe. Em sua cinta de couro, uma adaga de bronze celestial e segurando a túnica, a medalha que era de seu avô, Zeus. Tinha os olhos sérios, pois sempre estava pensando em algum trabalho, mas um sorriso maroto no rosto que deixava bem claro que ele estava querendo se divertir, mesmo com a cabeça a mil.

– Dédalo! – a menina sorriu ao ver o irmão mais velho e foi abraçá-lo.

– Oi boneca! – o irmão sorriu.

Dédalo a abraçou como todo irmão adolescente quase adulto faria com sua irmãzinha criança. A garota ficou tentando brincar com ele, que respondia lhe fazendo cócegas. O casal riu da brincadeira de seus filhos. Era um dia perfeito na praia, em família. Então o piquenique começou; enquanto seus pais e seu irmão terminavam a refeição, a pequena foi brincar com o filhote que pertencia a seu irmão, a Sra. O’Leary (ela nunca entendeu de onde o irmão tirou esse nome) e a cadela terminou indo em direção as pedras.

– Annabeth, cuidado para não se machucar. – gritou a mãe.

– Sim senhora. – a garotinha respondeu.

Ela seguiu a Sra. O’Leary, mas não sem sair da vista dos pais. A cadela ficou fuçando uma piscina bem pequena no meio das pedras, o mar estava longe, mas Annabeth podia sentir os respingos das ondas que batiam nas pedras em seu rosto. Ela ficou alisando o pequeno filhote de pelos negros e olhando para o mar e foi quando viu algo estranho. Um garotinho que parecia ser de sua idade nadava em alto mar sem nenhuma dificuldade. Os cabelos negros balançavam ao vento e a faziam lembrar-se de seu irmão mais velho, mas os olhos do menino eram tão verdes quanto o mar. Ele mergulhou e levantou uma calda azul de peixe, o que fez com que ela achasse que estava ficando doida.

– Annie, vamos. O almoço já deve estar pronto. – o pai chamou.

Mas a menina não respondeu. O casal se entreolhou e o filho mais velho foi até as pedras pegar a irmã e a cadela.

– Ei Sabidinha, vamos. – Dédalo chamou a poucos passos dela.

– Você viu...? – ela apontou para o mar com o rosto sem uma expressão certa.

– Vi o que? – ele fingiu não ter entendido, afinal é fácil enganar garotinhas de quatro anos quando se tem quinze, mas na verdade havia visto sim o pequeno tritão.

– Deixa pra lá. – disse a menina intrigada.

Annabeth acordou suando frio. Ela se lembrava daquele dia, mas não de ter visto o menino tritão. O quarto estava escuro e frio por causa do inverno. Desde que Atena tinha declarado guerra a Roma, Annabeth passou a dormir no quarto da mãe, não por ela ser a escolhida como futura rainha, mas por sentir saudades do cheiro de Atena. Havia dez anos que a guerra de três meses contra Roma acabou. A rainha de Atenas sentou-se na cama com o estômago parecendo uma máquina de lavar, o vômito subindo e descendo por sua garganta. Ela passou a mão no pingente de coruja em seu colar e derramou uma lágrima.

– Tudo bem? – perguntou Percy.

Ele estava saindo do banheiro e tinha uma cara de sono imensa.

– Acho que sonhei com uma memória da minha infância. – ela disse ainda em choque.

– Bem, eu não tenho essa sorte. – ele sentou ao lado dela na cama e deu um beijo em seus cabelos.

– Percy... eu acho que já nos conhecíamos antes do naufrágio. – ela terminou contando o sonho.

– Bem, se meu pai não tivesse me forçado a beber água do Lete, eu poderia saber de alguma coisa, mas infelizmente, eu não tenho nem essa e nem outra memória.

– E todos que estavam comigo naquele dia estão mortos.

– Você trás mais mau agouro que o Nico. – ele brincou ganhando um murro da esposa.

Durante a guerra, Percy foi gravemente ferido e ficou a beira da morte, Poseidon mandou o filho de volta à Atlântida para que Anfitrite pudesse cuidar dele (resumindo, foi briga pra tudo quanto é canto). Percy ficou em coma por quase um ano e quando acordou, Tyson era o rei da cidade submersa, Thalia era a imperatriz da toda Grécia, Roma havia perdido, Belona e sua filha Hylla foram envenenadas pelos faraós Sadie e Carter, Clarisse havia acabado de ganhar os Jogos Olímpicos e Will estava publicando seu primeiro trabalho: Romeu e Julieta. Pelo que lhe foi dito, Annabeth usou as últimas doses da planta “humano/sereia” para ir visitá-lo. Como recompensa por ter lutado bravamente contra os Romanos a ponto de receber um machado na cabeça, Tyson congratulou o irmão com pernas e pulmões (magia feita pelo tridente).

– Pode ter sido só um sonho, Sabidinha. Só porque tá na sua memória, não quer dizer que seja completamente verdade.

Annabeth concordou e colocou a cabeça no colo dele. Percy cantarolou uma música (mesmo com sua voz sendo horrível, Annabeth apreciava o esforço dele por tentar fazer com que ela se sentisse melhor). Então a porta do quarto entreabriu, a luz do corredor iluminou o local, um garotinho usando uma simples túnica branca e carregando um ursinho panda de pelúcia, adentrou no quarto com cara de sono.

– Mamá, bampás. – disse o garoto de cinco anos.

(quer dizer “mamãe e papai” em grego).

– Dédalo, o que foi? Teve outro pesadelo? – perguntou Percy.

O menino fez biquinho e concordou com a cabeça, Annabeth abriu os braços e o menino correu até a mãe. Ela alinhou o filho e fez cafuné em seus cabelos. A loira não havia ficado grávida como Percy achou que ela ficará anos atrás. Na verdade, eles tentaram muito ter um filho depois que ele acordou do coma, mas não conseguiram, consultaram até o Oráculo de Delfos, mas nada. Então, do nada, Annabeth engravidou há cinco anos. Eles decidiram dar o nome do garoto de Dédalo porque era o irmão em comum que Annabeth quase nem lembrava e Percy, pelo que ele sabia, não chegou nem a conhecer.

– Sonhei com um navio. O tio Leo estava nele, com vocês, tia Piper e o Jason. E o filho do tio Grover e aquele cara com olhos puxados e grandão, com uma menina de cabelos encaracolados... aqueles dois espiões amigos de vocês... – disse Dédalo ainda assustado com o sonho.

Percy e Annabeth se entreolharam. Leo, Piper, Jason, Hazel, Frank, eles e Hedge em um navio? O menino com toda certeza ia parar de comer queijo antes de dormir.

– Foi só um sonho, yiós. – Annabeth beijou os cabelos do menino.

– Posso dormir com vocês? – ele perguntou abraçando o panda de pelúcia.

– Claro campeão. – sorriu Percy.

Os cabelos encaracolados de Dédalo eram idênticos ao de Annabeth, só que mais loiro; com os olhos verde iguais aos de Percy. O menino era o oposto do tio, cabelos loiros e olhos verdes, enquanto o filho de Atena e Poseidon tinha cabelos negros com olhos cinza. Mas Annabeth não ligava para isso, ela amava o filho e o marido e finalmente sua vida estava calma. Ela sentia falta dos pais, dos irmãos, dos tios e dos primos, mas estava com Percy e isso valia tudo pelo que ela passou, valer a pena.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer a todos que favoritaram, comentaram e recomendaram e a todos que irão favoritar, comentar e recomendar!