Ela ficou imóvel por alguns minutos encarando o vazio. Seus pensamentos estavam tão enrolados de uma forma que nem ela mesma conseguisse decifrar o que se passava na sua cabeça. Duvidas e perguntas apareceram de repente, perguntas que ela precisava encontrar uma rápida resposta... Mas, não sabia como. Precisava ver Jake amanhã, e juntar-se a ele pra tentar descobrir algo sobre o perigo que a cercava. Estava em perigo, não? Os pais deram a entender isso, mas de quem? Queriam fazer algum mal a ela? E por quê?

Ela levantou-se devagar, e andou pelos corredores. Algumas empregadas que trabalhavam, olhavam-na e sorriam para ela, que retribuía o sorriso. O carinho das empregadas a alegrava, mas não podia perder seu foco. Sem perder mais tempo, tentou pensar em algo pra descobrir um pouco de seu passado. Qualquer pessoa que queira fazer algum mal a ela, já teve tê-la conhecido, ou conhecido alguns de seus parentes antes de ela ter nascido. Era disso que ela precisava: saber onde ficavam escondidos os documentos de seus ancestrais. Em algum lugar do palácio estava ela apenas não sabia onde.

Subiu rapidamente as escadas que davam aceso ao segundo andar do palácio, e caminhou silenciosamente até o quarto dos pais. Não havia sinal de uma alma viva naquele andar, e aquela era sua chance. Andou calmamente até a porta, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Olhando mais uma vez em volta, segurou a maçaneta com a mão direita e a girou, fazendo a porta de abrir.

O quarto era tão grande quando o dela, mas esse não era o foco agora. Fechou a porta, e andou até a cômoda, abrindo as gavetas e procurando qualquer coisa que pudesse ser útil, mas ali apenas tinham gravuras, pinturas e nada de muito interesse, nenhuma carta ou algo escrito que pudesse ajudá-la. Depois de procurar em todas, aproximou-se da mesinha de canto da cama, que também não tinha nada.

Virou-se irritada pra sair do quarto, mas ouviu um barulho no corredor. Se a pegassem ali, estaria ferrada. Não tinha permissão para entrar no quarto dos pais. Sem pensar muito, correu e se enfiou debaixo da cama. Já que a colcha era longa, cobria os pés da cama, a deixando escondida. Ouviu passos de uma das empregadas entrarem no quarto, junto de outra. As duas riam e conversavam.

- Ei, ficou sabendo que o Rei deixou a Lorena de castigo?

- Sério? Mas por quê? A menina é tão bem educada e não faz nada de errado.

- Ela saiu escondido do palácio.

- Isso é um erro terrível.

- Você acha? Mas não acho que seja motivo para ser castigada, ela é jovem, quer conhecer o mundo.

Enquanto ouvia, Lorena podia as ouvir abrir a porta do extenso guarda roupas, provavelmente guardando roupas já limpas. E ao mesmo tempo se questionava o por que de elas serem tão intrometidas.

- Eu trabalho pro rei há anos, e a Lorena não pode sair, por um motivo.

Lorena sentiu seu coração acelerar. Tentou fazer o mínimo de barulho possível, e sua respiração em um som alto para ela, já começara a irritar.

- E você sabe que motivo é esse, Magda?

- Não faço idéia, ninguém além do rei e da rainha deve conhecer o verdadeiro motivo.

Sentiu um desapontamento com aquelas palavras que ouviu, mas realmente fora ingênua demais para acreditar que uma simples empregada soubesse esse segredo.

Assim que ouviu as duas saírem, rolou imediatamente para fora da cama. Levantou-se, e tirou um pouco da poeira do vestido com as mãos, e sorrateiramente, deixou o quarto dos pais. Ali não deviam ter informações valiosas, já que as empregadas entravam e saiam constantemente do quarto, eles não seriam tão tolos de deixar rastros ali.

Lorena precisava da ajuda de alguém, e esse alguém precisava ser Jake. Ela acreditara que sabe de coisas que ela nunca nem sonharia, procuraria em lugares em que ela nem imaginaria ter algo haver com o perigo que a cercava. Precisava vê-lo, mas como?