-Deixe-me ver se entendi. –A garota ruiva de olhos azuis pronuncia enfaticamente em direção ao garoto louro, de olhos cinzentos, que a encarava de forma impaciente, como se explicasse inúmeras vezes, a mesma frase á uma criança. –Você, Scorpius Malfoy, quer que eu, Rose Weasley, o ajude á ser expulso de Hogwarts?

-Exatamente. –Malfoy diz enquanto descruzava as pernas, e batia palmas ironicamente, depois de quinze minutos tentando fazer a garota compreender o objetivo de Scorpius tê-la chamado para uma breve conversa, no Três Vassouras.

-Mas... Porque exatamente você quer ser expulso de Hogwarts, Malfoy? –Rose não sabia o porquê disse aquilo, então se calou rapidamente. Afinal, depois de todos esses anos, finalmente se libertaria da convivência marcada por antipatia que emanava de ambos.

-O por que. – Scorpius enfatiza a palavra. –Não é da sua conta, e nem vem ao caso nesse momento.

Rose franziu a testa e exclama em sinal de ofensa. Era algo realmente característico, tanto da família Malfoy, quanto a família Weasley conservar certa rivalidade entre ambas as famílias.

                E quando você pensa que essa rivalidade, que na verdade surgira nos tempos de escola entre Draco Malfoy e Harry Potter, e em consequência entre Rony Weasley e Hermione Granger, acabara, Scorpius Malfoy e Rose Weasley cruzam seus olhares, e para o orgulho de suas famílias, seguem a “tradição” familiar de se odiar que surgira á uma geração atrás.

Às vezes, os dois imaginavam se isso poderia ser algo genético, pois já haviam chegado nesse mundo, com a missão estrita, de se odiarem.

-E o que eu vou ganhar lhe ajudando? Afinal, que eu saiba, não lhe devo nada, Malfoy. –Rose pergunta com certo interesse na voz.

-Sempre visando primeiramente o lucro que levará em cima das coisas não é, Weasley? –Malfoy diz á uma ruiva com sorriso egocêntrico. Ele sabia que a garota não concordaria em ajuda-lo, se não obtivesse lucro sobre aquilo. Desde que conhecera Rose Weasley, Malfoy notara que a garota era extremamente interesseira. –O que quiser ruiva. É só pedir.

                Rose Weasley então franzira a testa pensativa, cogitando se essa troca de acordos era algo realmente justo, e que não a prejudicaria. De certa forma não, afinal, Malfoy havia explicado, que tudo o que os dois fizessem, a culpa seria dirigida estritamente á ele. E se aceitasse, poderia obter o que quisesse com aquele acordo. Mas não sabia exatamente o que queria naquele momento... Então seus olhos faiscaram na direção de Malfoy, que levantou uma sobrancelha, ato que exprimia desconfiança e arrependimento pelas palavras “o que quiser”.

-Já sei o que eu quero. –disse Weasley decididamente. –Quero que namore comigo.

                O susto foi tão intenso, que Scorpius se engasgou com a cerveja amanteigada, e demorou certo tempo para se recuperar, tanto de quase ter morrido engasgado, quanto das palavras antes pronunciadas por Rose, que o garoto acreditava ter entendido mal.

-Você está louca?!- ele exclamou, e várias cabeças se voltaram para aquela mesa afastada. –Exagerou na dose de hidromel? Você, Rose Weasley, está pedindo á mim, para namorá-la?

                Rose revira os olhos, e tenta ao máximo esconder seu rosto corado, das outras cabeças que riam da situação.

-Não seja tão dramático, Malfoy. Não é de verdade, seu asno. Deixe-me explicar, mas primeiro, vamos sair daqui, já chamamos atenção demais para nós neste lugar. –Rose dizia conduzindo Malfoy até a porta de saída do bar. –Lysander Scamender, estava me importunando sobre eu ser a única garota do sétimo ano que nunca beijou antes...

-Sério mesmo? –Malfoy exclama, e Weasley revira os olhos irritada pela interrupção.

 -Sério mesmo, Malfoy. –Ela diz ironicamente. –Então eu gritei sem querer, para todos ouvirem, que eu tinha um namorado, e é aí. –Ela pontua a frase, colocando o dedo, no tórax de Malfoy. –que você entra.

-Quer que eu faça o papel de seu namorado imaginário? –ele diz franzindo a testa, se perguntando se a proposta da garota estava no mesmo patamar que a dele. Para sua infelicidade, estava.

-Exato. –Rose sorri esperando a resposta do garoto ansiosamente.

                Então, Rose Weasley o ajudaria a ser expulso de Hogwarts, se Scorpius Malfoy fingisse ser seu namorado?

-E quando eu for expulso...

-Fingimos um término, eu choro por que você está indo embora, e tudo ocorre como o planejado.

                Malfoy tinha de admitir que fosse uma ideia brilhante, mas se perguntava se as pessoas acreditariam que a garota e o garoto que se odiavam, estavam repentinamente, em um relacionamento sério. Mas como ele não tinha nada a perder, - na verdade, tinha tudo a ganhar, pois finalmente “conquistaria” a garota considerada a mais difícil de Hogwarts. – e Rose Weasley, apesar de ser odiada por ele, era uma garota, e não deixava de ser bonita e atraente. Scorpius com certeza lucraria mais do que a garota então...

-Fechado. –Os dois selaram o acordo, com um aperto de mãos, certos de que haviam arquitetado um plano perfeito.

                Mas como todos os outros planos considerados “perfeitos”, havia falhas. O destino observou a cena de longe, aos risos.

                Afinal, estaria prestes a mudar a história do garoto e da garota que nasceram para se odiar. E que agora estariam prestes a amar.