De Volta escrita por Porcoelho


Capítulo 14
Alegrias e Tristezas


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Quem é vivo sempre aparece, não é?
Pois é, cada estou eu, atualizando minha fic depois de muuuuito tempo, e só o que posso fazer é pedir mil desculpas a vocês. Junto das aulas, comecei a fazer estágio em março. O tempo ficou muito curto. Faço jornalismo, então na maioria dos trabalhos da faculdade, tenho que ler muito, escrever, fazer crônicas resenhas, reportagens, artigos e ainda escrevo matérias no trabalho. Então, neste semestre, quando eu tinha algum tempo livre, tudo o que menos queria fazer era escrever. Sei que você devem estar chateadas, mas agora que estou de férias, prometo fazer o meu melhor para poder atualizar as fics.
Agradeço muito a quem ainda está acompanhando a história! Sério, MUITO OBRIGADA!
Sem mais delongas, vamos ao capítulo.



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CAPÍTULO 13

Alegrias e Tristezas

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Sentada na cama, de frente para a janela, Sakura via a chuva cair. Era uma chuva de verão. Daquelas que não levam nem trazem nada. Daquelas que, quando passam, deixam tudo como estava. E Sakura sabia que, àquela altura, nem mesmo uma reviravolta que pudesse ser comparada a um temporal mudaria alguma coisa na vida dela.

Há alguns dias, tudo estava maravilhoso. Sua vida não podia estar mais perfeita. E parecia que o futuro ia ser muito melhor do que ela poderia ter imaginado ou sonhado um dia. Mas, então, de repente, ela não tinha mais nada. Nem mesmo suas escolhas.

Além de ter perdido o homem que amava, Sakura não sabia se sua decisão de permanecer na cidade em que havia crescido – Konoha era o lugar dela, ela havia redescoberto – poderia ser uma opção depois de ter brigado com Sasuke.

Com toda certeza, o Uchiha estava querendo vê-la bem longe dali.

Se ela se conformasse com o fato de que Sasuke, provavelmente, nunca fosse perdoá-la, poderia começar a fazer suas malas e voltar para a capital definitivamente após o casamento de Hinata e Naruto. Mas a questão é que mesmo que a esperança que Sakura tinha de que ele a perdoasse fosse um grãozinho de areia dentro do coração, ela ainda a possuía. Talvez fosse o amor verdadeiro e imenso que sentia por ele – e que havia crescido ainda mais no último mês – que fizesse a garota pensar dessa forma mesmo com o desprezo do Uchiha.

Ter algo que nunca imaginou que poderia ter tido; ter sido mais feliz do que havia pensado que fosse se sentir um dia fazia com que Sakura ainda quisesse lutar por Sasuke. Pelo relacionamento que, pra ela, ainda não tinha acabado. Ela não podia perder esse amor. Ela não poderia desistir dele.

Mesmo sabendo que o Uchiha devia estar odiando-a, e que tinha motivos para isso, ela não iria desistir dele. Não queria desistir. Mas cada vez mais a suas esperanças diminuíam.

Naquela semana, já havia tentado falar com Sasuke repetidas vezes. Ia até a fazenda Uchiha mais de uma vez por dia... Só para não ser recebida por ele.

Na maioria das vezes, era a mãe de Sasuke quem falava com ela. Sempre muito gentil e atenciosa, dona Mikoto tentava encontrar desculpas plausíveis para acobertar o fato de que o filho nunca estava em casa quando Sakura ia até lá – estrategicamente nos horários em que sabia que Sasuke estaria em casa. A verdade, que ela não precisava confirmar com ninguém, era que o Uchiha não devia nem mesmo querer suportar a presença dela. Mas dona Mikoto sempre a tratava bem até demais para uma pessoa que havia mentido para seu filho. Os sorrisos da senhora Uchiha sempre faziam Sakura se perguntar se ela não sabia do que havia acontecido; não sabia que ela havia mentido e traído Sasuke. Porém Sakura duvidava disso. Em uma cidade pequena, com poucos habitantes como Konoha – onde as pessoas não tinham muito com que se distrair –, as fofocas se espalhavam rápido.

Em uma de suas visitas rotineiras à fazenda vizinha, porém, Sakura não precisou ir bater na porta onde mais uma vez seria recebida com um sorriso gentil. Daquela vez, na sua décima primeira visita em quatro dias, ela havia o encontrado.

—Sasuke!— Sakura falou assim que o viu. Felicidade e esperança estampadas no rosto.

Mas ele não respondeu. Nem a olhou. Avisou Itachi que ia para a lavoura e ignorou-a completamente. Passou pela garota como se ela tivesse tornado-se invisível.

Isso a machucou, de tal forma, que ela nem foi atrás dele enquanto o via se afastar.

—Sakura… Tente entendê-lo, ele… —Itachi começou.

—Tudo bem, Itachi —disse ela, a voz era baixa e soava triste. Ela abaixou a cabeça, e quando tornou a erguê-la, exibia um sorriso fraco. —Eu já vou indo. Obrigada.

Itachi assentiu. —Tchau, Sakura.

Essa havia sido a única vez que Sakura o vira em todos aqueles sete longos dias. E agora, vendo a chuva cair, a Haruno já havia decidido que não iria atrás dele hoje. Na verdade, ela sabia que nem ia fazer diferença. Sasuke não queria vê-la e a garota não estava mais aguentando ser rejeitada pelo homem que amava. Ela era culpada sim, e sabia disso. Mas, poxa, será que ele não podia ouvi-la? Será que não podia conversar com ela?

Será que não queria vê-la nunca mais?

Pensar nisso doía e Sakura afastou o pensamento. Talvez, ela ponderou, Sasuke só precisasse de um tempo sozinho. Talvez, ele quisesse assimilar as coisas. Era melhor que ela desse um tempo a ele.

Quem sabe Sasuke não viesse atrás dela?, pensou uma esperançosa Sakura.

Mas logo afastou esse pensamento também. Esperança era uma coisa; iludir-se era outra.

E Sakura decidiu que iria dar a Sasuke o tempo que ele parecia querer, mas depois daria um jeito de conversar com ele. Sasuke teria que ouvi-la. E ela não desistiria até que isso acontecesse.

Queria ficar ali. Queria passar o resto de sua vida em Konoha, com Sasuke.

Ela sorriu ao sonhar com o futuro que os dois poderiam ter juntos.

E sorriu ironicamente de si mesma ao lembrar da pessoa que era há algumas semanas. A Sakura que já tinha sua vida planejada na capital – com um emprego e um noivo – já não era a mesma de hoje. E isso só provava a rosada de que as vezes nosso destino nos reserva coisas diferentes... E de repente a vida que você tinha não é a mesma que você quer agora.

O homem com quem achava que ia se casar não era mais o mesmo. A paixão que ela acreditara ter superado estava cada vez maior dentro do peito. O sonho de ficar com o amor de infância tinha se tornado real. A cidade em que havia crescido era o lugar de onde ela nunca mais queria sair. E, quem diria, até seu emprego dos sonhos tinha mudado de endereço...

Pouco depois de decidir ficar em Konoha e antes da briga com Sasuke, a Haruno decidiu ir até o posto de saúde da cidade. Na verdade, ela já estava querendo ir até o local há muito tempo, mas ao lado de Sasuke acabava esquecendo de quase tudo... Havia aproveitando, então, pra ir enquanto o namorado trabalhava e ela voltava da fazenda Hyuuga após ajudar Hinata com a decoração da festa de casamento.

O posto era simples, pequeno e modesto – típico de uma cidade do interior –, mas era também muito organizado e bem cuidado. Os funcionários eram apenas uma garota do Ensino Médio que agendava as consultas, uma enfermeira que morava em Suna, e a doutora Chiyo, uma velha senhora que Sakura conhecia como a avó de seus colegas de escola Gaara e Temari.

Chiyo havia ficado muito feliz com a visita da Haruno. Segundo ela, esperava há muito tempo que alguém a substituísse para que pudesse usufruir de sua aposentadoria em paz. Ela contou a Sakura que jovens médicos formados nunca queriam ir trabalhar em uma cidade como Konoha, mesmo com o bom salário oferecido. E com um sorriso, disse que ensinaria tudo o que a rosada não havia aprendido na faculdade.

Sakura se despediu quando um paciente chegou ao posto para ser atendido. E se deu conta de que poderia realizar seu sonho longe de Tóquio. Enquanto tivesse a vontade de ajudar pessoas, de salvar vidas, e o amor pela profissão dentro dela, qualquer lugar seria o ideal. Saiu do posto de saúde com um sorriso no rosto e com a sensação de que tudo em sua vida estava indo bem...

É claro que ela ainda precisava terminar com Sasori na época. E, naquele dia, ela nem podia imaginar o que aconteceria...

E enquanto um trovão rugia lá fora, Sakura torcia para que o tempo passasse mais rápido. Para que o tempo voasse em direção ao dia que ela estivesse com Sasuke novamente.

É claro que se tudo dependesse apenas do tempo seria muito mais fácil.

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...

Itachi não aguentava ver aquilo ser fazer nada. Nos primeiros dias, ele acreditara que era melhor nem tocar no assunto, pois via que o irmão ainda precisava de um tempo para processar as coisas. Sabia que Sasuke não era muito de falar normalmente, imagine falar sobre a briga com Sakura.

Era verdade que ninguém na fazenda Uchiha havia descoberto a história pela boca do irmão. Mas, em Konoha, as fofocas se espalhavam mesmo que os terrenos tivessem mais de um hectare separando-os dos outros. E, claro, Itachi nem precisava saber de toda a história para perceber que algo estava errado com Sasuke. Ele estava mais fechado do que o normal. Isso se comparado ao normal dele de algumas semanas atrás. Desde a volta de Sakura e, principalmente, desde o namoro com ela, Sasuke era outro cara, menos carrancudo e menos mal-humorado; e esse outro cara era o completo oposto do Sasuke que ele via agora.

Seu irmão não precisava falar nada pra que Itachi compreendesse que havia algo errado. E não precisava falar nada para que Itachi visse que Sasuke estava sofrendo; do jeito orgulhoso e calado dele, mas estava sofrendo.

E também havia Sakura. Vendo as tentativas frustradas da garota de tentar falar com o irmão dele, Itachi não podia evitar se sentir mal por ela. Ela estava tão mal ou pior que Sasuke.

Por isso agora ele tentava falar com o irmão.

—O que você faz aqui? —falou Sasuke. Itachi encarava o irmão escorado na cabeceira da cama e olhando pela janela. —Diga que não quero falar com ela.

—A Sakura não está aqui —explicou Itachi. —Ela não veio hoje. Deve ter se cansado de ser rejeitada. —Sasuke pareceu não ouvir, mas Itachi sabia que ele prestava atenção. —Vim aqui porque quero falar com você.

—Eu não quero falar com você, Itachi.

—Ok —fez o irmão mais velho. —Então você vai só ouvir.

—Vai embora. Eu não estou com saco pra isso...

—Qual é o problema, hein Sasuke? Porque você não querer falar com a Sakura por enquanto, eu até entendo. Mas não querer conversar com mais ninguém? —Sasuke não disse nada e Itachi suspirou. —O que aconteceu entre vocês dois?

—Como se você não soubesse... Como se toda Konoha não soubesse...

—Esse é o problema? —Itachi questionou. —Tudo mundo saber?

—Não, Itachi! O problema é ela ter a droga de um noivo. Esse é o problema!

—Pelo que fiquei sabendo, eles eram só namorados.

—Isso faz diferença? —Sasuke bufou.

—Acho que o que faz diferença é ela não ter ficado com esse cara enquanto estava contigo. Ela pode ter traído o cara com você, mas não te traiu com ele.

—Não me traiu? —perguntou Sasuke. —Ela me enganou! Já estava com outro!

—Deixa de ser orgulhoso, Sasuke! E daí se ela já ficou com outro cara, se ela dormiu com outro cara antes de você?

—Ela não dormiu com outro cara.

—Ah, é? E como você pode saber disso?

—Eu sei.

—Como você pode saber? Ela te disse? Como você pode ter certeza?

—Eu fiquei sabendo de outra forma, Itachi — ele disse, com ênfase no outra forma.

—Ah—fez Itachi. —Entendi.

Como Sasuke ficou em silêncio, Itachi prosseguiu: —Isso não prova que ela ama você?

—Não. Ela me enganou. Eu fui uma vingança. Ou um passatempo.

—Talvez se você deixasse ela se explicar saberia qual duas opções se encaixa pra você —Itachi argumentou. — Ou talvez descobrisse que significa mais do que isso pra ela.

—Desista, Itachi. Eu não vou falar com ela; você não vai me convencer a fazer isso. Sakura morreu pra mim.

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Vendo a amiga entrar na igreja, Sakura estava feliz como não se sentia há dias. Hinata estava linda e emocionada ao entrar e dando uma olhada para Naruto, a rosada percebeu que o noivo parecia ainda mais emocionado. O olhar dos dois estava conectado e eles nem prestavam atenção ao redor. Quando o pai de Hinata passou a mão dela a Naruto, os olhos da morena transbordavam de amor e Sakura ouviu ele dizer “Você está linda, Hina”. Uma lágrima fujona escapou dos olhos verdes ao vê-los ajoelhados diante do altar. Ela estava feliz pelo casal, mas ao mesmo tempo sentia-se triste. Ela queria viver algo assim um dia. Mas sabia que aquilo estava longe de tornar-se real, pois o homem que amava e que estava a seu lado no altar como padrinho da noiva, nunca havia parecido tão frio e distante.

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—Será que você me dá a honra desta dança, senhorita?

—É claro, pai —respondeu Sakura, levantando-se da cadeira e seguindo com Kizashi até a pista de dança.

Hinata e Naruto dançavam. O loiro, espalhafatoso como sempre, rodopiava a noiva até quase deixá-la tonta; mas, a agora senhora Uzumaki, não parecia se importar, pensou Sakura, vendo o enorme sorriso que a amiga estampava no rosto. Era bom ver os amigos juntos; era bom ver que alguém estava tendo um final feliz.

Sakura deu um sorriso fraco ao começar a acompanhar o pai nos passos de dança. Ela queria poder se sentir mais feliz pelos amigos. Estava se esforçando, mas era difícil sorrir quando Sasuke a ignorava completamente. Depois de alguns dias sem vê-lo – já que havia se mantido ocupada ajudando Hinata com os últimos preparativos do casório – seu coração havia batido acelerado quando entrara na igreja e o vira parado do lado direito do altar. Ele estava tão lindo: vestindo um terno preto e com os cabelos molhados arrumados. O olhar dele encontrou o dela por alguns segundos e o coração de Sakura pulou pra garganta. Mas quando ele desviou o olhar, como se estivesse com nojo, ela havia se sentido novamente aquela menininha que corria atrás dele só pra ser rejeitada.

Durante aquele dia, Sakura perguntou-se muitas vezes se ele apareceria na igreja para ficar a seu lado no altar. Ele havia concordado de bom grado em ser padrinho de Hinata junto com a rosada, mas isso era antes... Então, ela realmente havia ficado surpresa ao vê-lo e não pôde evitar sentir-se esperançosa também. Será que ele havia ido até lá por que queria vê-la? Ou pelos não a odiava mais a tal ponto de não querer ficar ao lado dela?

Ledo engano, Sakura descobriu a seguir. Quando se postou ao lado dele no altar, e disse “Oi, Sasuke” com a voz transbordando de expectativa, tudo o que recebeu foi silêncio. Bem, não só silêncio, ele também havia dado um passo para o lado distanciando-se dela. E, agora, mesmo que tentasse, ela não conseguia evitar ficar olhando pra ele, sempre o procurando com os olhos pelo salão.

—Eu danço tão mal assim, minha filha? Você está com uma cara...

—É claro que não, pai. Você dança bem. É só que... não estou no clima.

—Não desamine, filha. Tenho certeza que as coisas entre você e Sasuke vão se acertar.

—Eu não tenho tanta certeza assim —ela disse cabisbaixa, vendo sua prima Karin se aproximar da mesa do Uchiha.

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Sentada sozinha em uma das mesas do salão, Sakura observava Sasuke, sozinho também. Os pais dele, assim como os dela, estavam na pista de dança. Aliás, os dois pareciam ser os únicos naquela salão que não estavam dançando. Sakura queria ir até lá falar com ele, mas pressentia que seria rejeitada novamente e o que ela menos queria era causar algum tumulto no casamento de Hinata e Naruto. Pelo menos, ele também havia rejeitado Karin, já que a prima o deixara para dançar com um parente distante de Hinata.

—Sakura?

—Oi, Hina —Sakura disse enquanto Hinata olhava na direção em que atenção da Haruno estivera voltada antes.

—Vocês não se falaram?

Sakura fez que não. —Ele me odeia.

—Não diga isso, Sakura. Você sabe que não é verdade. Vocês vão acabar se acertando, e eu vou ser madrinha do casamento.

A rosada tentou sorrir.

Hinata suspirou. —Bem, só vim me despedir —ela disse. —Eu e Naruto já estamos indo para Oto. As passagens estão marcadas para as 18 horas.

—Aproveitem bem. Ouvi dizer que lá tem praias lindas.

—É o que dizem —a morena concordou. —Espero te ver aqui quando eu voltar, Sakura —disse, se despedindo da amiga com um abraço.

Sakura assentiu. —Boa viagem.

E enquanto via amiga se afastar e acenava uma despedida a Naruto, a rosada se perguntava se ainda estaria em Konoha dali a uma semana.

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Enquanto o sol se punha, Itachi e Sakura andavam em direção ao celeiro da fazenda Uchiha. Assim que Sasuke havia ido embora do salão, seu irmão mais velho se aproximara de Sakura. Convidou-a para vir com ele, e explicou que daria um jeito de ela falar com Sasuke.

A Haruno havia aceitado a ajuda e Itachi torcia para que os dois se acertassem de uma vez. Ele não sabia dos motivos que haviam levado Sakura a fazer o que havia feito. Mas de uma coisa ele sabia: Ela amava Sasuke.

E ele esperava que seu irmão caçula e cabeça dura se desse conta disso logo.

—Boa sorte, Sakura. —Ele piscou pra ela.

A Haruno sorriu para ele, agradecida.

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Sentindo-se um pouquinho mais corajosa com o incentivo de Itachi, ela abriu a porta do celeiro.

Avistou Sasuke sentado na cama, olhando pela janela. Ela subiu à escada que levava até o quarto dele. Lembranças da última vez que ela estivera ali preencheram sua mente.

Ele estava de costas pra ela, o paletó e a gravata que usara mais cedo estavam jogados pela cama.

Sasuke não disse nada, mas ela sabia que ele havia notado sua presença.

—Sei que você não quer me ver — ela começou — ou falar comigo, mas vai me ouvir.

Ele continuou em silêncio. Decidida, Sakura tomou aquilo como um consentimento para que continuasse.

Durante toda aquela semana, ela havia ensaiado suas falas na cabeça. Mas agora, ali tão perto dele, já nem sabia o que dizer. Incerta, resolveu começar pelo início então.

—Eu sonhava com o dia que você se declararia pra mim desde os meus dez anos. Você tem ideia de como eu me senti quando isso aconteceu? —a voz dela já parecia trêmula. —Eu fiquei tão confusa... Mas no fundo sabia que nunca tinha deixado de amar você. Não queria admitir isso e fiquei assustada ao descobrir que todos os sentimentos que eu havia me esforçado tanto para trancafiar dentro de mim voltaram quando você disse que também me amava.

“Eu não podia ficar com você, mas, ao mesmo tempo, isso era tudo o que eu mais queria. Tudo o que eu sempre quis.” Fez uma pausa, e respirou fundo. “Eu tentei te contar a verdade. Pensei em pedir para que você me esperasse… Esperasse até que eu terminasse meu relacionamento com o Sasori. Mas não consegui. Tive medo de te contar a verdade. Tive medo de que você desistisse de mim.”

—Então, quando não consegui fazer isso, tentei terminar com o Sasori. Mas foi tão difícil. Não é uma coisa fácil de se dizer, ainda mais pelo telefone. Não queria que ele ficasse magoado comigo. Mesmo depois do que aconteceu, eu o considero muito; sinto um carinho por ele. Mas não passa disso —completou rapidamente. —Ele é um amigo. Vejo isso agora. Alguém com quem eu estava quando não podia ficar com a pessoa que realmente amo — ela confessou. —Você.

Sakura se calou, cheia de expectativa. Ele não disse nada.

—Sei que é difícil entender, mas... Sasuke, por favor, me perdoa.

Ela ficou olhando para ele, esperando alguma reação. Esperando qualquer coisa.

Mas nada veio. Sasuke continuou parado, sem ao menos olhar pra ela.

—Você não vai dizer nada? —ela perguntou, desapontada. Qualquer traço de esperança que pudesse ter existido dentro dela já sumia.

Ela olhou para o chão.

—Tudo bem então. Eu estou indo embora, Sasuke. Vou te deixar em paz.

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...

Sentado debaixo de uma árvore, Sasuke encarava o nada pensativo. Não conseguia tirar da cabeça as palavras que Sakura tinha dito a ele há dois dias.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo irmão.

—Vai deixá-la mesmo ir embora?

—O quê? —Sasuke questionou sem entender.

—Vai deixar Sakura ir embora? —Itachi disse novamente. —Ela está voltando para a capital.

O quê? Sakura iria embora... de Konoha?

Eu estou indo embora, Sasuke. Vou te deixar em paz.”

—Quando ela vai? —perguntou aparentemente calmo.

—Konan me disse que ela já está indo. Mas se correr, você inda pode alcançá-la.

Então quando disse que iria embora, ela estava falando sério? Sakura estava partindo, deixando-o...

Talvez fosse melhor assim. Talvez o lugar dela fosse em Tóquio, e o dele em Konoha. Talvez os dois não devessem ficar juntos. O que ele tinha para oferecer a ela, afinal? Uma vida simples na pequena Konoha, onde ela jamais seria feliz na carreira de médica. Talvez fosse melhor que ela voltasse e ficasse com aquele outro cara. Sasuke não podia dar a Sakura a vida que ela merecia.

—Talvez seja melhor assim.

—Melhor assim pra quem? —falou Itachi. —Pra você? Para a Sakura? Acho que não. Eu conheço você, meu irmão. Sei que se faz de forte, mas está mais parecendo um morto-vivo nesses últimos dias. E a Sakura não está em uma situação melhor. Você gosta de vê-la sofrer? Você sabe que ela está indo embora por sua causa. Sakura não está desistindo de você; ela está indo embora porque você desistiu dela.

O Uchiha mais novo apenas encarava o irmão.

—Vá atrás dela, Sasuke. Não a deixa ir.

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—Promete que liga quando chegar?

—Eu prometo, mãe —respondeu Sakura. —Ligo assim que chegar ao apartamento.

As duas deram um último abraço de despedida.

—Você vai voltar logo, filha?

—Ainda não sei, mãe.

Kizahi colocou a cabeça pra fora da janela da caminhonete: —Vamos?

Sakura assentiu e entrou no carro do pai.

Acenou um tchau para a mãe antes de seguirem rumo à estrada que lhe levaria até o aeroporto de Suna.

Sakura respirou fundo, sabendo que quando chegasse em Tóquio teria que tomar algumas decisões sobre sua vida, sobretudo sobre sua carreira. Mas enquanto via as árvores do acostamento passando quase como um borrão, ela não tinha vontade de pensar em nada daquilo.

Encostou a cabeça no vidro do carro e teve de segurar às lágrimas que insistiam em cair.


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Notas finais do capítulo

Sei que o capítulo foi - acho - o mais deprê dessa fic, mas espero que tenham gostado.
O próximo - e último - capítulo deve sair na quarta-feira.
Qualquer dúvida que tiverem sobre a história, podem me perguntar, ok?
Se quiserem me xingar pela demora, também podem hahaha
Vejo vocês nos comentários!
Beijos!

PS: Para quem acompanha Uma Ótima Dupla, vou atualizar a fic amanhã sem falta.



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