De Volta escrita por Porcoelho


Capítulo 13
Verdades que Doem


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bem com vocês? Como andam as férias?

Peço desculpas pela demora. Mas voltei da praia toda feliz na terça-feira e quando cheguei em casa, adivinhem? Alguém colocou fogo num container de lixo da casa da frente da minha e acabou pegando fogo também no poste. Os fios do telefone arrebentaram. E, conclusão, fiquei sem net. Terminaram de arrumar hoje e eu vim correndo atualizar.

Capítulo dedicado à Deusa Nariko.
Muito obrigada pela linda recomendação! Significa muito pra mim.
Quem também quiser recomendar De Volta, fique a vontade haha

Bom, espero que gostem do capítulo.

Ah, por último, uma boa notícia (pelo menos pra quem quer saber o final logo): A fic só vai ter mais dois capítulos :D



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CAPÍTULO 12

Verdades que Doem

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—Então —começou Itachi, em tom malicioso. —, você e Sakura ãhn?

Sasuke revirou os olhos. Sua vontade era dar uma resposta atravessada ao irmão mais velho. Mas, ele sabia que, assim, só daria mais conversa a Itachi. Além disso, depois da melhor noite de sua vida, Sasuke estava de muito bom humor. Quase sorriu ao lembrar de Sakura e de tudo que eles haviam compartilhado na noite passada. Teve mais vontade de sorrir ainda, ao lembrar que ela ficaria em Konoha ao lado dele. Mas, o sorriso não chegou aos lábios de Sasuke, pois – ao não receber nenhuma resposta –, Itachi o questionou novamente. Sasuke encarou o irmão, e saiu andando em direção às plantações de soja, deixando-o para trás. Itachi não perdia uma oportunidade de encher o saco. Mas, mesmo que o irmão insistisse, ele não pretendia e nem iria falar sobre a noite anterior para ninguém. Muito menos para Itachi. O que havia acontecido entre ele e Sakura deveria ficar somente para eles. Os momentos incríveis que tiveram, pensava Sasuke, só diziam respeito aos dois.

Itachi acabou desistindo de saber os detalhes do que seu irmão e Sakura haviam feito no celeiro. Mas apertou o passo para alcançar o irmão mais novo e perguntar:

—Então, Sasuke... —ele disse, caminhando ao lado do outro — Quando exatamente você pretende contar ao resto da família, especialmente à dona Mikoto, que está planejando ir embora para a capital?

—Não pretendo.

—O quê? —indagou um Itachi surpreso.

—Não vou me mudar para Tóquio.

—Não vai? —questionou novamente, sem entender. —Achei que você amasse a Sakura.

—Ela não vai embora.

—Como assim?

—Sakura decidiu ficar em Konoha —Sasuke respondeu simplesmente, sem dar atenção à surpresa do irmão.

—Nossa. Se tinha uma coisa sobre a qual Sakura falava mais do que você, era sobre o sonho de ser uma médica e cuidar das pessoas —ele começou, e Sasuke não entendia onde o irmão queria chegar. — E agora ela decide abandonar tudo por você? —falou Itachi, abismado. —Você deve ter feito mágica ontem à noite, hein...

—Cale a boca.

O xingamento pareceu surtir efeito por alguns minutos. Vou mandá-lo se calar mais vezes, pensou Sasuke. Mas, logo o irmão falou novamente:

—Então... você já pensou em que parte da fazenda vai construir a casa?

Sasuke ergueu as sobrancelhas e encarou o irmão sem entender.

—Quer dizer —prosseguiu Itachi —, você não vai obrigá-la a morar no celeiro quando vocês se casarem, vai?

Dizendo isso, Itachi foi atender o chamado de um dos empregados da fazenda, finalmente deixando Sasuke a sós com seus pensamentos.

Casamento?, Sasuke se questionou. Bom, não era uma coisa sem sentido... Considerando que Sakura havia decidido ficar ali com ele; e que ele queria passar o resto da vida ao lado dela. É, talvez o irmão tivesse razão… Já estava na hora de começar a pensar sobre o assunto.

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—Sasori? —perguntou Sakura. A voz transbordava incredulidade e surpresa, combinando perfeitamente com o semblante da garota. —O que você está fazendo aqui?

—Vim te ver, meu amor —respondeu o ruivo, sorrindo.

—Sasori... —ela repetiu. Respirou fundo e fechou os olhos para se acalmar, torcendo internamente, para que quando os abrisse, Sasori tivesse sumido como em um passe de mágica. —Como assim veio me ver? —perguntou, passando a mão pela testa. —Depois de tudo o que eu te disse pelo telefone... Eu não entendo...

—Ah... aquilo? —ele falou, despreocupado. —Não se preocupe, não levei a sério.

—Como...? —Sakura questionou. Por Deus! Aquilo não podia estar acontecendo!, ela pensou.—Como não levou a sério, Sasori? —disse, a voz alterada, um tom acima do normal. Os dois tinham botado um ponto final na relação… não tinham?

Foi somente ao ouvir que alguém adentrava à porta, que Sakura notou que os pais provavelmente haviam ido para outra parte da casa para deixar que os dois conversassem a sós. Mas, agora, ela e Sasori já não estariam mais sozinhos...

Diante da surpresa ao ver Sasori; e de tentar esclarecer as coisas com ele, Sakura havia esquecido que Sasuke ia aparecer ali para almoçar.

—Sasuke...

—Oi – disse ele, desconfiado, o olhar cravado em Sasori. —Quem é esse cara, Sakura? —perguntou, aproximando-se da namorada.

—Ah, prazer — disse o ruivo, antes que a Haruno tivesse a chance de falar, estendendo a mão em um cumprimento, que não foi respondido pelo Uchiha —, sou o doutor Sasori Akasuna — completou, deixando a mão pender ao lado do corpo, meio sem jeito. —Sou noivo da Sakura.

O quê? era só o que Sakura conseguia repetir para si mesma. Olhou para Sasori totalmente incrédula. Noivo? Tudo bem, ela até era culpada pela situação que estava vivendo no exato momento. Tinha enganado os dois homens que se encontravam naquela sala, mas jamais havia dito sim ao pedido de casamento do ruivo.

Pensou em gritar com Sasori; fazer com que ele desmentisse a última parte. Não queria que Sasuke pensasse que ela tinha um noivo. Mas, do que adiantaria? Ela havia mentido, afinal.

Dizer que Sasuke estava surpreso era pouco. Só o que ele conseguiu fazer foi olhar para Sakura, em busca de uma resposta. Enquanto ela o olhava, se sentindo a pior pessoa do mundo.

—Sasuke… Eu... — ela tentou, mas se calou logo em seguida, não sabendo direito por onde começar.

O silêncio dela e olhar culpado disseram tudo a Sasuke.

O Uchiha ainda a encarou por alguns segundos, e depois saiu em direção à porta em passos largos.

Bastou um segundo para que Sakura caísse em si. Nem pensou duas vezes, e foi atrás dele. Sem se importar com Sasori, parado na sala da casa de seus pais. Sem se importar com o olhar furioso e decepcionado que Sasuke havia lançado a ela antes de sair.

Da porta, ela viu que o Uchiha já se afastava rapidamente. Então, correu atrás dele.

—Sasuke, por favor, espera — chamou ela. —Sasuke, por favor, deixa eu te explicar... —insistiu desesperada.

—Então explica, Sakura — falou, virando-se bruscamente para ficar cara a cara com ela. —Explica! —ele disse, irritado de uma forma que Sakura nunca tinha o visto.

Ela abriu a boca, mas não conseguiu dizer nada. Queria muito se explicar, se desculpar... Queria muito que Sasuke entendesse, que a perdoasse. Mas, diante do olhar decepcionado e furioso dele, era difícil falar qualquer coisa.

Sasuke parecia sempre tão calmo, frio e inabalável. Parecia que nada o tirava do sério. É claro que nesse tempo em que os dois tinham ficado juntos, Sakura havia descoberto outros lados dele. Sasuke era carinhoso, gentil e até mesmo bem-humorado – pelo menos, com ela, ele era. E agora, vendo-o tão bravo e fora de si, Sakura sentiu medo. Medo das reações dele. Mas, principalmente, medo de perdê-lo.

—Vamos, Sakura! Eu estou esperando —ele disse, impaciente.

—Eu... —ela finalmente começou. Se atrapalhando um pouco com as palavras. —Quando eu vim pra cá... para Konoha, eu estava namorando —confessou e baixou a cabeça, sem conseguir encarar os olhos negros acusadores dele. —Com o Sasori. —Sasuke soltou uma risada, totalmente sem humor. —Eu achava que gostava dele. —Fez uma pausa. —Mas descobri que não... Descobri que ainda amo você —confessou, encarando-o. —Sasuke eu... eu sei que agi errado. Mas, por favor, tenta entender... eu...

—Nem passou pela sua cabeça me contar que tinha um namorado? —interrompeu-lhe Sasuke.

—É claro que sim —ela se defendeu. — Eu me sentia muito culpada. Nunca quis magoar você ou o Sasori. —Viu o Uchiha travar a mandíbula, cerrando os dentes, quando pronunciou o nome do ruivo. —A primeira coisa que eu tentei fazer foi terminar com ele... Mas não consegui. Ele tinha me pedido em casamento e eu...

—Aceitou —completou Sasuke, frio.

—Não —interpôs ela. —Não aceitei. Eu estava completamente indecisa. Disse a ele que precisava de um tempo para pensar. —Fez uma pausa. Tentou avaliar a reação de Sasuke, mas o rosto dele parecia inexpressivo. E Sakura não sabia o que era pior: o Sasuke furioso e acusador ou o Sasuke inabalável e frio. —Como ia vir pra cá —ela prosseguiu, tentando manter a calma—, resolvi que ia pensar sobre o assunto enquanto estivesse aqui e tomar uma decisão...

—E enquanto isso você se divertia com o caipira aqui, não é?

—Não, Sasuke, claro que não. —Sakura já começa a se desesperar. Sasuke parecia querer acabar com todas as chances de explicação dela. Distorcia tudo. Como ele podia achar que tivesse sido apenas um passatempo pra ela quando, na verdade, ele era tudo? —Eu terminei com o Sasori —ela disse, tentando fazer com que Sasuke entendesse que era com ele que queria ficar.

—Quando —ele questionou lentamente, e Sakura pôde notar o esforço que ele fazia para se manter calmo —terminou com ele?

Ela suspirou, resignada. —Anteontem.

Anteontem? —ele contrapôs furioso, perdendo o controle. —Você terminou com ele anteontem? —Sasuke soltou uma risada debochada. Se deteve nela e olhou bem no fundo dos olhos verdes. —Nós já estávamos juntos há um mês, Sakura... —disse, baixo. Ele parecia decepcionado, e isso cortou o coração de Sakura.

Estávamos foi o que ele disse, e lágrimas se formaram nos olhos dela.

—Eu sei...—ela falou, tentando conter a emoção. Não podia chorar agora, precisava esclarecer tudo com Sasuke. — Eu...

—Você nunca quis ficar aqui, não é? —ele disse. E Sakura notou que aquilo não parecia uma pergunta. —Tudo o que você disse ontem à noite... Era tudo mentira, não era? — falou, em tom acusador. — Eu sou um idiota mesmo...

—Não, Sasuke — ela disse, balançando a cabeça em negativa. —Era tudo verdade, eu juro. —Se aproximou dele, tentando tocá-lo; mas Sasuke recuou, impossibilitando qualquer tipo de contato.

—Sakura, meu amor —chamou Sasori, parado nos degraus da varanda. — Acho que nós precisamos conversar... — O tom de voz alto, para ter certeza de que Sakura o ouviria.

Sakura virou a cabeça e olhou para o ruivo por cima dos ombros, nervosa, mas imediatamente voltou a encarar Sasuke. Explicar-se com ele era prioridade. Falaria com Sasori depois.

—Seu noivo está te chamando — falou o moreno, enquanto dava alguns passos para trás, afastando-se. Ao mesmo tempo, Sakura sentia os passos lentos de Sasori se aproximando.

—Sasuke, por favor — suplicou ela com voz embargada, enquanto recebia um último olhar de desprezo do Uchiha, antes dele se virar e partir.

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..

Sakura virou-se e se pôs a caminhar lentamente de volta à casa. Acabou encontrando Sasori no meio do caminho, e fez um sinal para que ele a seguisse até a varanda.

A garota respirou fundo, se preparando para iniciar uma conversa nada fácil com o ruivo – principalmente porque o que Sakura queria fazer agora, era correr o mais rápido possível até a fazenda Uchiha. Mas, ela sabia que precisava resolver as coisas com Sasori, e botar de uma vez um ponto final no relacionamento deles.

Ela abriu a boca para falar, mas foi ele quem se pronunciou primeiro:

—Já desistiu dessa ideia absurda? —ele perguntou, a encarando como se ela fosse uma criança birrenta.

Sakura o olhou sem entender. —O quê?

Sasori revirou os olhos. —Quero saber se você já caiu em si e desistiu dessa decisão idiota de terminar comigo... —ele explicou, como se fosse óbvio demais. —Vai voltar comigo para Tóquio?

—Sasori… Eu não vou voltar com você. —Respirou fundo. — Nosso namoro acabou.

—Você acha que ele ainda vai querer ficar com você? —ele indagou, referindo-se a Sasuke. Sakura não respondeu. —Nós vamos voltar para Tóquio. Vamos nos casar, e você vai esquecer esse cara.

—Eu traí você —ela disse devagar, com todas as letras, já que Sasori parecia não compreender a situação. —Como você ainda pode querer ficar comigo? Casar comigo?

—Não é como se eu já não tivesse feito isso —ele falou, tranquilamente.

—O quê?

—Não precisa ficar com ciúme, meu amor —ele disse, dando um passo a frente para se aproximar de Sakura, mas ela recuou. Sasori bufou irritado pela reação dela. Mas, continuou, de forma controlada: — Só você que importa pra mim. As outras eram só diversão…

Sakura suspirou. —Eu não estou com ciúme, Sasori. É só que… Você não percebe? —ela questionou, a voz soava cansada. —Eu amo o Sasuke, Sasori. E se você ficou com outras pessoas, tem que entender que a gente nunca daria certo. Porque nós não nos amamos.

Isso parecia estar tão claro pra ela. Sakura não entendia porquê não estava pra ele.

—Eu amo você sim —insistiu ele. — E se toca, Sakura, esse cara não quer mais saber de você. Pelo que eu ouvi da conversa, ele nunca vai te perdoar. —Sakura sentiu a garganta apertar não pelas palavras hostis de Sasori, e sim, porque sabia que provavelmente ele estava certo. Sasuke jamais a perdoaria. —Você não tem escolha. Aceite meu pedido de casamento. E vamos embora daqui.

O quê? A essa altura, Sasori ainda não havia entendido que ela não iria se casar com ele? Que não queria mais nada com ele? Que amava outro? E que história era aquela de ela não ter uma escolha? Esse era um lado de Sasori que ela não sabia que existia. Pelo visto, não conhecia muito bem o homem com que pensava que passaria o resto de sua vida há algumas semanas atrás. Passar o resto da vida ao lado do ruivo parecia algo totalmente fora de questão agora. E não era apenas por causa de Sasuke.

Desde quando Sasori havia se tornado tão controlador? Desde quando achava que tomava as decisões por ela? Às vezes Ino dizia que a amiga se deixava levar por Sasori. Fazia o ele queria; agia de acordo com o que ele pensava. De repente, Sakura deu-se conta de que ele nunca tinha sido o cara que ela havia idealizado. Talvez só estivesse deixando-se levar por um relacionamento que achava que era perfeito. Ela era médica, ele era médico. Tinham os mesmos sonhos. Mas, estava enganada. Estava enganando-se.

Além disso, ele também não a amava. Podia até dizer que sim, mas estava errado. Quem ama alguém não tem necessidade de ficar com outras pessoas; não tem olhos para outras pessoas. Era assim que ela se sentia com Sasuke. Sasori havia traído-a e ela também tinha feito isso com ele. No relacionamento dos dois já não podia existir mais confiança, lealdade... graças a falta de amor.

—Aliás, não sei como você pensou em ficar aqui —Sasori prosseguiu. —Dá olhada nisso, Sakura... —Sasori abriu os braços, mostrando a Haruno o que os cercava. —É o fim do mundo.

Sakura respirou fundo mais uma vez.

—Para mim, Konoha não é o fim do mundo, Sasori. Mas, a questão não é essa... O que você tem que entender é que nosso relacionamento não pode continuar.

—Como assim, Sakura? —Ele parecia surpreso. —Ainda pretende ficar aqui?

—Para ser sincera, eu ainda não sei —ela respondeu. —Só sei que não vou voltar com você nem casar com você.

—Sakura, você não pode estar falando sério, não é? —questionou sem acreditar. Mas Sakura captou algum nervosismo na voz dele. Talvez Sasori estivesse começando a entender que era o fim. —Será que você não vê que somos perfeitos um para o outro?

—Não, Sasori. —Ela deu um sorriso cansado. — Quem não está percebendo as coisas aqui é você —disse, firme. — Eu já tomei minha decisão e não vou voltar atrás. Sinto muito ter feito você vir até aqui. Achei que tivesse deixado tudo bem claro pelo telefone… Mas se não fui clara o suficiente, estou sendo agora: Acabou, Sasori.

Sakura viu que ele finalmente começava a compreender. E viu a raiva estampada nos olhos castanhos.

—Tudo bem —falou ele. —Fique aqui então, nesse fim de mundo. Sofrendo por aquele caipira idiota.

Sakura não rebateu. Deixou que ele desabafasse. Sabia que aquilo era apenas orgulho ferido. E também sabia que um dia Sasori ia entender que aquilo havia sido o melhor para os dois.

Ele foi até a casa, para pegar a mala que havia trazido. Quando voltou à varanda, Sakura achou que ele passaria reto por ela. Mas Sasori parou no último degrau da pequena escada da varanda, virou-se e a encarou.

—Sei que um dia você vai se arrepender, e vai implorar para voltar comigo. —Lançou-lhe um olhar fulminante. — Mas quem não vai querer você sou eu. —E dizendo isso, se virou e seguiu até o carro que havia alugado em Suna.

Sakura se sentiu mal por ele. Mesmo nunca tendo namorado sério antes, sabia que fins de namoro costumavam ser complicados. Porém, não queria que o relacionamento deles terminasse daquele jeito.

Mas, pelo menos, Sasori tinha entendido que tudo havia acabado entre eles. E que não tinha mais volta.

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..

Sasuke andava em direção à fazenda Uchiha. Mas, na verdade, não queria ir para casa. Não queria ver ou falar com alguém. Continuou caminhando, sem saber ao certo para onde ia, até que seus pés o levaram para um dos pontos mais elevados do terreno da fazenda – atrás das plantações de soja. Sasuke gostava muito daquele lugar. Da colina, ele podia ver boa parte dos campos de Konoha. Além disso, ninguém nunca o perturbaria lá.

Por um tempo, ele ficou ali; os olhos de encontro a todo o verde que se estendia pela pequena cidade. Não que ele estivesse realmente prestando atenção à vista linda que tinha à sua frente.

Agora que a raiva por Sakura já tinha passado – nunca conseguiria odiá-la por muito tempo –, sentia raiva de si mesmo.

Nunca havia gostado tanto de alguém. Nunca havia se declarado para alguém. Nunca havia se entregado tanto em uma relação como havia feito com Sakura. E tudo pra quê? Para ficar com cara de idiota.

Será que tudo o que os dois tinham vivido não havia significado nada pra ela?

Enquanto pensava sobre o assunto, uma ideia veio à cabeça de Sasuke: Será que Sakura tinha feito tudo isso por vingança?

Se sim, ela havia o enganado direitinho.

Nunca havia se sentido tão idiota em toda a sua vida. Na verdade, havia se sentido assim poucas vezes. Incrível como todas haviam sido por causa de Sakura. Sempre se sentia um imbecil ao desdenhar dos sentimentos dela; em não ter coragem para dizer que o amor dela era correspondido. Havia se sentido um imbecil ao deixá-la ir embora.

Mas agora, era diferente. Não estava se sentindo mal por ter feito algo errado. Era Sakura quem o havia enganado.

Ele sentou-se na grama, os olhos fixos ao longe enquanto a raiva dava lugar à decepção e tristeza.

Mas é claro que devia ter adivinhado. Agora que ela era médica e morava em Tóquio não tinha nenhum motivo para querer ficar com ele. Ele não tinha nada para oferecer. Principalmente se comparado ao tal doutor Akasuna...

Sasuke fechou a mão em punho só de pensar no outro cara.

Ele também deveria ter adivinhado que, depois de tanto tempo morando na capital, Sakura jamais escolheria viver em Konoha. Todo mundo dizia que a pequena cidade do interior era o fim do mundo. Sasuke não pensava assim, mas podia imaginar o que Konoha era, comparada a Tóquio. Por esse motivo, tinha se oferecido para ir embora com Sakura… Mas claro que ela nunca ia aceitar. Já tinha um noivo esperando por ela.

Em todo esse tempo, Sakura devia ter rido muito às custas dele.

Sasuke baixou a cabeça, apoiando-a na mão. Era incrível como pensar nisso machucava. Ele nunca havia se sentindo assim. Nem mesmo quando Sakura havia ido embora há oito anos.

O vento balançou os cabelos negros, e ele cerrou os dentes, decidido. Nunca mais queria ver Sakura. Não queria e nem precisava de explicações. Já tinha aprendido a lição. Enterraria os sentimentos para sempre.

.

..

Depois que Sasori se foi, Sakura se sentiu leve. Finalmente, havia esclarecido tudo. Não havia mais mentiras, nem remorsos. Todos já sabiam da verdade: Sasori, Sasuke e seus pais. Permitiu-se fechar os olhos e se sentir aliviada por um momento. Mas o instante de libertação durou pouco, pois logo Sakura sentiu um vazio e uma dor tão grande que parecia nem caber dentro do peito.

Sasuke a odiava.

E ela não sabia mais o que ia fazer da vida.

Sentando-se na escada da varanda, ela permitiu-se, então, chorar.

Após um momento, Mebuki apareceu. Abraçou-a e disse que tudo ficaria bem. Levou Sakura para dentro e deu o consolo que só uma mãe poderia dar à filha.

E durante algum tempo, Sakura não disse uma palavra… Apenas chorou no colo da mãe.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ;)
Até mais!



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