Naquela noite, Rony foi para cama cedo, pois não queria falar com ninguém, mas ainda assim demorou o que pareceram horas para dormir. Quando finalmente pegou no sono, teve sua mente atormentada por um sonho...

Ele estava correndo. Correndo pelo que parecia ser uma floresta silenciosa, escura e fria. Ele tropeçou e deu de cara com o chão coberto de neve. Levantou e continuou correndo, mas não encontrava nenhum sinal de vida e a floresta não tinha fim. De repente, ele parou cansado e avistou uma luz. De início, parecia apenas um ponto luminoso, mas conforme ela se aproximava, dava para perceber os contornos de um animal. Era um patrono de uma corça. Então, sem saber porquê, Rony sentiu algo radiar em seu peito: esperança, confiança... seja o que fosse, ele sabia que tinha que segui-la. E foi isso que ele fez! Quando chegou na margem de um rio congelado, viu que havia alguém dentro d'água que parecia estar se afogando. Ele estendeu a mão na direção do rio, mas o sonho de repente mudou...

Ele se encontrava em um porão úmido e fétido, amarrado e deitado de mal jeito. Sentiu uma mão fria no seu ombro e percebeu que era sua mãe. Ele olhou para ela e seus olhos estavam cheios de lágrimas, e mais continuavam a escorrer. Rony perguntou "O que foi mãe? O que aconteceu?" Mas a expressão de Molly não mudou. Era como se ela não conseguisse ouvi-lo, era quase como se ele não estivesse ali. Rony insistiu, mas ninguém o ouvia. A imagem foi ficando cada vez mais nebulosa, parecendo fumaça e então, ele acordou...

Rony sentou na sua cama, olhando para os lados e tateando ao seu redor só para ter certeza de que seu sonho não era real. Ele olhou para o relógio digital em seu criado mudo: eram 2 horas. Rony suspirou inquieto, se levantou e foi para a cozinha, pois tinha certeza de que não conseguiria dormir. Lá, ele fez uma chá e foi se sentar na varanda, que estava fresca. 

Depois de alguns minutos sozinho, Rony ouviu a porta se abrindo. Se virou e viu que era Hermione. Ela sentou ao seu lado, ficou olhando as estrelas por um tempo e depois perguntou:

– O que está acontecendo aqui Rony?

– Em um dia eu vou para a Austrália procurar meus pais, e no outro eu volto e ta tudo uma bagunça...

– Aaah, então foi isso que você foi fazer?! - interrompeu Rony

– Claro, eu te disse que eu...

– Você simplesmente fugiu - interrompeu Rony novamente - você e o Harry... covardes, é isso que são!

Hermione nunca havia ficado tão confusa quanto estava naquele momento. 

– O que você quer dizer com isso? Eu... eu e o Harry estamos muito preocupados com você. Você não é assim! Não sei o que te deu na cabeça para deixar o Draco pôr os pés na sua casa.

– ELE É MEU AMIGO!

– E EU E O HARRY SOMOS O QUE?

Houve uma pausa, em que Hermione recuperava o fôlego e Rony olhava para os próprios pés, e então ela disse: 

– Quando se sentir confortável para se abrir comigo, que sou sua amiga desde os 11 anos, estaria aqui por você!! Eu SEMPRE estarei aqui... 

– Você leva a palavra 'sempre' muito a sério - disse Rony.

– É, talvez eu leve! - terminou Hermione

Ela saiu pisando firme, deixando Rony sozinho. Ele esperou por um tempo, só para ter certeza de que ela já tinha voltado e pegado no sono novamente, e então foi para o quarto.

Lá, deitado em sua cama, percebeu o quanto tinha sido idiota. Aqueles falsos, que só sabiam mentir tinham machucado sua família. Agora fingiam serem seus amigos... por que ainda estavam vivos? Por que ele ainda não os matara? Viu que aquele era o melhor momento para isso.

Rony se levantou, pegou sua varinha e foi em direção a porta, mas antes que seus dedos tocassem a maçaneta, suas pernas cederam e ele caiu. Ele tentou se levantar, mas seu corpo não obedecia ao comando.

Imediatamente, sua cabeça começou a doer e girar, latejando muito, como se uma voz gritasse dentro dele. Mas ele estava realmente gritando!! A voz em sua cabeça pareceu tomar controle de sua própria voz. 

Draco acordou assustado com o escândalo do ''amigo'' e foi ajuda-lo, mas Rony estava fora de si. Quando viu a aproximação de Draco, gritou e partiu para cima dele, pronto para arrancar seus olhos, se possível, mas um par de mãos o seguraram. Era Hermione.

Ela olhou em seus olhos, segurando seu rosto, e disse com a voz suave, tentando acalmá-lo:

– Rony, Rony! Acalme-se... sou eu, está tudo bem!

Pouco a pouco, seus músculos foram se relaxando e ele caiu nos braços de Hermione, já sem consciência.