“I miss you.
Miss you so bad.
I don’t forget you.
Oh is so sad.”
(Narração Elisa on)
Acordei de manhã e olhei Bill, que continuava dormindo. Ele, com seus cabelos pintados de pretos (desde que eu tinha 4 anos), parecia um anjo negro. O meu anjo negro.
Ele é o meu melhor amigo. Sempre foi, desde que eu tinha 2 anos. Ele nunca ficou mal-humorado comigo, sempre me alegrou quando eu estava triste. Sempre, sempre podia contar com ele.
Então me deu vontade de abraçá-lo, e foi exatamente o que fiz.
Ele acordou com o meu abraço.
-Hã? Ah... Bom dia Lisa!
-Bom dia... Mackie! =]
Ele fez cara de bravo. Eu ri.
-Você sabe que não gosto quando me chamam de Mackie!
-Mackie, mackie mackie mackie! –cantarolei rindo.
-AAAAAAHRG!!!! – e então ele começou o ataque de cócegas em mim.
-Ah... Para Bill! Ahaha... PARA!
-Só quando você para de me chamar de Mackie!! –ele disse, rindo.
-Tá... Hahah... Não... aha... Chamo... ah!... Mais.
Ele parou. Respirei fundo. Fiquei sem fôlego de tanto rir.
(Narração Elisa off – Bill on)
-Então, vamos tomar Frühstuck? –perguntei.
-Ebaaa! Café-da-manhã! Sim! Sim!
Ela é tão alegre!!!! Por isso estou sempre alegre também.
Descemos até a cozinha e preparamos nosso Frühstuck: Leite com chocolate em pó para ela, e leite com morango em pó para mim. E comemos Waffles com calda de chocolate que minha mãe fez hoje de manhã.
Waffle com chocolate é uma das ÚNICAS coisas que gosto com chocolate.
Depois disso, me arrumei para o enterro sem me importar de ela estar olhando e levei ela até a sua casa, para que eu a mandasse colocar uma roupa preta.
-Mas eu não gosto de preto! –ela reclamou.
-É que vamos fazer... uma brincadeira!
-Qual? –ela disse alegremente, fingindo que ainda estava emburrada.
-Vamos ao cemitério, e muita gente vai ficar falando “meus pêsames” para você, e você, com cara de triste, vai agradecer. E no caixão, vai estar um boneco idêntico ao seu par. Pode ser? Não vale ficar rindo na hora!
-Pode sim! –ela disse, toda sorridente.
-Mas não fale para ninguém sobre isso ser uma brincadeira, tá bom?
-Por quê?
-Porque senão perde a graça!
-Aaaaatááá!
Eu dei um sorriso para ela.
É tão fácil ela acreditar em mim. Mas não estou me sentindo bem por ter mentido para ela. Mas vai ser para o bem dela.
Espero.
Fomos de bicicleta para o cemitério.
Ou melhor, ela sentou na garupa da minha bicicleta.
-Vai treinando sua cara de triste. –eu sugeri.
-Ok!
E ela então começou a fazer umas caras de triste, que até eu fiquei convencido de que ela realmente estava triste.
Chegando lá, peguei-a no colo, mesmo que ela já tenha 7 anos (e que eu não seja lá muito forte), e entramos na sala onde as pessoas estavam rezando e chorando em volta ao caixão aberto.
A mãe dela estava chorando e ficou assustada ao ver a filha no enterro.
Muita gente foi até nós dois, abraçou-a dizendo coisas como “meus pêsames” ou “seu pai era um grande homem”.
E ela, fingindo estar triste, agradeceu todas as vezes.
E então chegou a hora de irem enterrar o pai dela, e por isso levei-a para fora do cemitério.
-Vamos brincar de outra coisa agora? –sugeri.
-Sim! –ela respondeu. –cansou muito brincar seriamente de enterro. Estava parecendo-me muito real tudo aquilo! Só de pensar nisso, me dá um aperto no coração!
-Por quê?
-Porque meu pai não se despediu de mim antes de ir para a Lua!
E ela começou a chorar.
Eu abracei-a.
-Shhhh... Vai passar... –e beijei a testa.
“I had my wake up.
Won’t you wake up?
I keep asking why.
And I can’t take it.
It wasn’t faked.
It happened you passed by.
(…)
Sorry, I can’t bring you back.
(…)
Sorry, you’re not coming back!”