Angels And Nightwalkers escrita por Annie ONeal


Capítulo 8
Digno Visitante


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoas o/
Esse veio rapidinho né? lol
Quem aí está a fim de intrigas e de conhecer o tão falado Heaven?
u.ú
Curtam ;3



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  Quando Crouser abriu os olhos era cedo. Ele podia ver o relógio na mesa de cabeceira indicando sete da noite. O sol mal havia se posto. Então ele notou outra coisa. Algo que fez seu sangue gelar. River não estava no posto costumeiro ao lado da sua cama, com o sorriso bobo e os olhos brilhantes. Aquilo devia ser um mal sinal, ele sempre-...

  - Me procurando...? – A voz suave e subitamente próxima subir um arrepio pelas costas do vampiro. Ele então se deu conta que River não estava do lado da sua cama como sempre, mas do seu lado na cama. O que era, claro, muito melhor.

  Ele se virou para encarar o anjo seminu ao seu lado e deixou um sorriso torto se espalhar por seus lábios ao lembrar da noite anterior. E pensar que ele achava anjos seres frios... River tinha provado ser o extremo oposto noite passada. O anjo pareceu ler-lhe os pensamentos e um leve rubor subiu por sua face.

  - Não me olhe assim. – River desviou os olhos encabulado e Crouser teve que rir. Ele passou um dos braços pela cintura do anjo o puxando para perto e enterrando o rosto na curva do pescoço do anjo. Lembrou-se de como fora difícil não mordê-lo na noite anterior. Os pedidos sussurrados de River também não ajudaram, claro. Mas ele tinha uma pontinha de orgulho de ter conseguido se controlar. Ainda não era o momento.

  - Eu nunca tinha me sentido tão vivo... – Crouser murmurou surpreso com sua própria sinceridade. Era a presença angelical que o fazia ficar assim, pensou.

  - Nem quando estava em batalha? – River provoca com um sorriso passando os braços ao redor do pescoço do vampiro.

  - Não. No campo de batalha o que vale é a sobrevivência, adrenalina no limite e controle absoluto das emoções. De lá é preciso sair vivo, ontem eu me senti vivo. – River deu um sorriso afetado, adorava quando Crouser deixava ele ver esse lado mais sensível dele.  Queria se abrir também, dizer que sentira o mesmo, vivo depois de tanto tempo, mas seu passado era algo complicado demais.

  - Eu... – Ele não conseguia dizer o mínimo de si. Era alguém muito mais sombrio do que Crouser pensava. Não queria estragar a imagem de anjo puro que o vampiro tinha dele, essa adoração quase sagrada que ele havia aprendido a aceitar. Podia ser egoísmo. Ou podia ser apenas para protege-lo.

  - Você o que? – Mas que cara insistente. Antes que River pudesse pensar em uma resposta inventada convincente, ele sentiu uma presença se aproximar. A gargantilha de metal vibrou de leve e a aura que ele sentia era parecida com a de Crouser, só mais ativa. Ele se separou do outro tentando se afastar. Crouser o segurou com certa força. – Ei o que foi?

  - Seu irmão. – River falou rápido e se soltou, saindo dos braços do vampiro mesmo que cada célula do seu corpo angelical implorasse para voltar. – Ele está vindo pra cá.

  Crouser franziu a testa. Como ele podia saber? Anjos podiam sentir presenças, mas não tão especificamente assim.  Mas se era mesmo seu irmão era melhor eles se largarem mesmo. Não ia ser bom um alto membro do Conselho pegar um Guardião e um Protegido na mesma cama naquela situação. Aliás, em situação nenhuma.

  River já tinha posto as calças jeans brancas e abotoava a blusa quando ergueu os olhos violeta-azulados para encarar Crouser.

  - Tire esse sorriso bobo da cara ou Ager vai desconfiar. – Ele riu, vendo o outro ficar vermelho. – Ele pode não ser tão próximo de você, mas ele não é idiota. Qualquer um veria que você-...

  - Já entendi. – Crouser o interrompeu, assumindo a máscara da frieza. Estava ficando cada vez mais difícil fingir perto do anjo. Assim que River afivelou o cinto ambos ouviram uma batida rápida na porta.

  - Crouser? Está acordado? – O vampiro olhou para o anjo com uma expressão de “como você faz isso?” que River respondeu com um dar de ombros maroto. Não era tão difícil.

  - Estou. – Ager abriu a porta do quarto e fez uma rápida mesura antes de entrar. Crouser se sentou na cama puxando os lençóis para junto de si desacostumado com expressões de respeito vindas do irmão. Ager tinha uma expressão bem humorada e parecia ansioso de um jeito bom.  

  - Desculpe, não queria te acordar. Sei eu você costuma dormir até mais tarde, mas não pude evitar. Tenho ótimas notícias que achei que você fosse querer ouvir o mais rápido possível. – Crouser assentiu para que ele continuasse. Deviam ser boas mesmo já que ele estava falando quase tão rápido quanto River.

  - Descobri um jeito de diminuir sua pena...! Se você concordar em fazer um trabalho comunitário voluntariamente... O Conselho vai diminuir até três meses de reclusão. – Crouser franziu as sobrancelhas. Parecia simples demais para ser verdade. Se fosse assim só sobraria mais três meses, já que um já havia passado praticamente.

  - Que tipo de trabalho é? – Porque a pegadinha devia estar aí certo? Devia ser algo tipo limpar banheiros ou organizar a biblioteca ou algo igualmente insuportável.

  - Voce teria que ser o tutor da classe de iniciantes.

  - O que...? – Crouser não podia estar mais surpreso.

  - É, a classe dos guerreiros iniciantes, os adolescentes que querem sair por aí salvando o mundo, mas não sabem nem segurar uma espada direito ainda. A classe é sedenta por conhecimento e eles meio que me lembraram você nessa idade... – Ager tinha um ar esperançoso e um sorriso nostálgico. – Voce é um dos, se não o melhor, dos guerreiros então achei que não ia ser tão pesado pra você. O que acha?

  Crouser estava surpreso. Não se lembrava de quando fora a última vez o irmão pensara tanto nele, tivera tanta consideração. Era estranho, importar tanto assim, de uma hora para a outra. Mas ele podia ver que Ager estava tentando, e muito reestabelecer um relacionamento entre eles. E quer uma hora melhor que essa? Por que ele sempre evitara o irmão dizendo que tinha que ir lutar. Era seu jeito de manter distância. Agora que a distância tinha sido reduzida a força, era a melhor hora.

  - Eu aceito, claro. – Parecia surreal.

  - Ah, e River, você está dispensado a partir de amanhã. – Ager disse casualmente se dirigindo ao guardião pela primeira vez.

  - O que? – Ele perguntou confuso.

  - Os superiores vão dar o cargo a você. Não sei o que os fez mudar de ideia assim tão rápido, mas você fez alguma coisa que aparentemente os agradou, o cargo de Anjo de Platina é seu. – River de repente estava muito pálido. Foi a vez de Ager ficar confuso. Não era isso que ele queria?

  - O que é esse lance de Platina? É tipo um posto? – Crouser parecia desconfiado. River desviou os olhos e se esforçou para fazer a voz sair.

  - É o posto mais importante dos anjos da classe guerreira e protetora. – Ele murmurou. – É algo como ser parte do Conselho ou ser um superior de batalha... – River mantinha os olhos no chão sentindo o olhar acusador, raivoso de Crouser sobre ele. Ele tinha todo o direito de ficar com raiva.

  - Ah, então era isso? – A frieza na voz de Crouser ardeu como um tapa. Voce não se voluntariou por ser bonzinho nem porque queria, era puro interesse. Amizade uma ova, era só fingimento não é?

  - Não! – River ergueu os olhos desesperado por uma chance de explicar que bem, sim, tinha começado assim, mas era tudo diferente agora. – Me deixa explicar-...

  - Não precisa. Voce não precisa explicar nada, não deve mais nada a mim. – O tom frio agora estava ácido. Crouser se levantou se vestindo com rapidez. Ager fitava a discussão perdido.

  - Crouser...

  - Era só uma missão certo? E você já cumpriu. Então pode ir. – Com um ultimo olhar em direção ao anjo ele se virou e saiu do quarto rapidamente empurrando Ager no caminho. Antes que qualquer um dos dois o seguisse, ele se desmaterializou.

        

  Como ele pudera ser tão estupido, se deixar levar tão fácil pela conversa fácil e a tagarelice? Crouser andava de um lado para o outro feito uma fera enjaulada apesar de estar no ar livre do jardim dos fundos. A noite escura estava calma e uma brisa fria agitava as copas das árvores, mas não era capaz de esfriar o interior borbulhante do vampiro.

  Claramente tinha sido só diversão para River, um mero passatempo e era o que deveria ter sido para ele também; então o que era aquela sensação horrível de perda que o consumia por dentro? Poderia ele ter se apaixonado? Não. Não podia ser. Aquilo era só o sentimento colateral por River não ter contado antes e.... Mas que raio de diferença isso faria?? Sentia-se perdido sem o guardião.

  Mas que inferno. Por que ele tinha que se apegar tão rápido? Com Heaven fora a mesma coisa e depois de tudo a culpa por não ter conseguido salvá-lo ainda queimava. Ele se sentia no limite.

  De repente, no meio do seu surto de raiva, ele sente uma presença. Está prestes a se virar e mandar River, Other, Ager ou quem quer que fosse pro inferno quando percebe o brilho leve e o perfume marcante... Um que ele pensou que nunca mais ia mais sentir. Claro, para a noite ficar completa só lhe faltava isso. Ele se virou lentamente com medo de espantar o espectro de...

  Heaven.

  Podia mesmo ser ele? O humano parecia translúcido, envolto em um luz leve diferente da luz que River emitia. Estava do jeito que Crouser se lembrava: os cabelos claros, quase brancos, caindo de um jeito bagunçado sobre os olhos negros que contrastavam tão bem com a pele pálida. Parecia estar mais pálida agora, talvez devido à situação.

  - Você. – Crouser disse quase num sussurro. – Você morreu.

  Heaven abriu o sorriso sarcástico que Crouser sentiu tanta falta.

  - Até parece que você não sabe que existe o Phace. – Ah, sim, o purgatório de julgamento do submundo. – E com a guerra digamos que tenha ficado cheio e minha audiência demorou um pouco...

  - Porque você foi pra lá? Você devia ter ido direto para o Paraíso ou algo assim. – Crouser queria se aproximar, mas tinha medo que Heaven sumisse. Precisava olhar para ele, absorver o máximo da pessoa cujo tempo cruel o tinha afastado, tinha sentido tanta saudade. Ele tinha sido levado de um jeito estúpido e injusto e tudo que Crouser queria fazer era abraçá-lo e retomar as coisas do ponto que tinham parado. Mas isso já não era possível. Existia algo profundo e indefinido que os separava agora, que eles tinham aprendido a duras penas a chamar de morte.

  - Você não me conheceu antes. – Heaven desviou os olhos do vampiro a sua frente de começou a caminhar pelo jardim, passando as mãos pelas folhas das plantas até parar perto da fonte. – Quando você me encontrou... Digamos que eu estava pagando pelos meus pecados.

  - Cala a boca! Você nunca deveria ter passado por aquilo, não importa o que tivesse feito! Você tem um bom coração. –

  - Você me tornou bom. Você fez eu me arrepender do que eu tinha feito, me deu esperança. Foi por sua causa que me foi concedido uma oportunidade de redenção. – O olhar de Heaven pareceu atravessar-lhe a alma.

  - Ah. Fico feliz. – Crouser enfiou as mãos nos bolsos e se aproximou se sentindo enjoado. Ele nunca fora o lado bom. Era o filho mais rebelde, tão diferente do certinho Ager, e tinha certeza que a última coisa que teria dado aos pais quando eram vivos era esperança.

  - Eu voltei para o mundo real apenas brevemente por que precisava ter ver, te agradecer por ter me salvado.

  - Agradecer pelo que? – Perguntou o vampiro com raiva. – Eu falhei. A prova disso foi que você morreu.

  - Eu morri por que tinha chegado minha hora, não por que você não fez tudo o que podia, por que pelos deuses, você fez. Você fez o que ninguém faria, e por um simples humano... – Ah, a mentalidade tipicamente nórdica que humanos eram o fundo da pirâmide social.

  - Não foi o suficiente.

  - Foi o suficiente sim. Eu vim para dizer para você parar de se culpar e arriscar sua vida para me vingar. Voce já me salvou o que é bem mais do que eu merecia. Estou bem agora.

  - Como você soube? Estava vendo o que eu fazia?

  - Não, mas ouvi dizer. O pessoal do Phace fala sabe. Mas não importa. Voce tem que parar com isso, parar de se culpar. Seu Sith é achar que pode consertar tudo sozinho, mas você não pode. O que você fez foi mais do que o suficiente mesmo que você não ache. – Crouser revira os olhos desistindo. Nunca fora fácil discutir com Heaven e não era depois da morte que ele ia conseguir.

  Os dois ficaram algum tempo em silêncio. Crouser queria saber o que ele tinha querido dizer quando disse que estava pagando os pecados, mas não queria insistir num assunto que claramente Heaven não queria se aprofundar. Era o passado afinal.

  - Senti sua falta. – Foi tudo que ele conseguiu murmurar. Heaven ergueu os olhos e sorriu.

  - É, também senti a sua. É difícil ficar sozinho depois de se acostumar com alguém te enchendo o saco vinte e quatro horas. – Crouser imediatamente soube como ele se sentia, mas não queria pensar em River no momento.

  - Como vai se redimir do... O que for que você fez?

  - Vou me tornar um anjo por algum tempo. Fazer coisas boas, sabe, quem sabe a santidade da raça melhore um pouco o que eu fiz. Agora que eu morri, perdi a essência humana e posso ser o que me mandarem ser, então...

  Era a solução perfeita! Crouser abriu um sorriso esperançoso e fitou o espectro à sua frente.

  - Quer uma boa missão? Que tal cuidar de um vampiro rebelde retido? Ouvi dizer que isso conta muitos pontos. Em um mês você se torna um Anjo de Platina. – Crouser não conseguiu esconder o tom ácido da mágoa nas últimas palavras. Mas se tudo desse certo, Heaven podia voltar a vida, voltar para ele... Só de pensar em abraçá-lo novamente já enchia o vampiro de alegria. Coisa que era meio rara para ele.

  - Não é assim, Crouser. Primeiro que isso é um processo demorado, complicado e com alguns riscos. Não posso simplesmente encarnar num anjo da noite pro dia entende? – Não, Crouser não entendia. Queria Heaven de volta só isso. Simples assim. – E depois... Eu sei que você se magoou com o seu Guardião atual, mas ele não teve intenção. Ele só está confuso e se preocupa com você. – Crouser se afasta irritado. Estava tentando não pensar nisso, por que ele tinha que tocar no assunto... Aliás, como ele sabia?

  - Como você pode saber? Ganhou o dom da vidência quando morreu? – E se arrependeu das palavras assim que elas saíram de sua boca. Heaven suspirou e deu um sorriso cansado.

  - Não é preciso ser vidente para saber isso. River já esteve no Phace e é meio que famoso por lá, eu apenas estou presumindo coisas baseado no que eu ouvi.

  - Como assim... Já esteve no Phace?

  - Esse não é o ponto. Tente perdoá-lo, e entender. Se você estivesse no lugar dele você falaria? E aceite o que você sente por ele também, isso pode facilitar as coisas. – Crouser sentiu um calor subir pelo rosto.

  - Eu-... Eu nunca... Quero dizer, você.... – Pela primeira vez ele estava sem palavras. Mas se recuperou rapidamente. – Você foi, e ainda é, o único macho por quem eu vou me apaixonar. – Heaven riu.

  - O problema não é o fato de ser macho ou não. Eu sei o que você sentiu por mim, e eu senti por você, etc. Mas está na hora de deixar o passado no passado e seguir em frente.

  - Não.

  - Voce não vai estar me traindo nem nada assim. Como você disse, eu morri.

  - Mas você vai voltar! – Crouser se exaltou

  - Mas eu não sei quando! Nem mesmo se! Virar anjo não é receita de bolo sabe, é um processo longo que pode ser questão de dias, semanas ou anos! Eu não quero que você desperdice esse tempo me esperando, preso a mim, quanto sua vida, seu amor, passam por você! Não quero que você o perca. – Heaven respondeu alto no mesmo tom.

  - River não é meu amor! – Crouser grita. – Você é! Eu te-... – Crouser para de gritar e baixa a voz para terminar a frase sussurrando: - Amo. – Ele finalmente verbalizara o que nunca pode dizer ao humano em vida, que só tinha percebido quando ele se fora.

  - Amou. – Heaven corrigiu suavemente. – E eu te amei e nós dividimos algo único, mesmo que por pouco tempo. Mas isso acabou. Eu agradeço imensamente tudo o que você fez por mim, mas aceite que já acabou.

  - Não. – A teimosia de Crouser persistia.

  - Você precisa. É o único jeito... – O espírito o olhou como se desejasse dizer muitas coisas. – Desculpe não ter mais tempo, eu preciso ir.

  - Não!

  - Eu volto quando passar pela transição.

  - Mas isso pode durar dias, semanas ou anos! – Crouser repetiu as palavras de Heaven.

  - Mas eu volto. É uma promessa. E eu sempre cumpro minhas promessas não é? Eu voltei da morte para te ver, isso deve contar pra alguma coisa.  – Heaven riu daquele jeito fácil que Crouser amava. Sua figura começou a ficar mais translúcida e Crouser se desesperou. Ele não podia ir tão cedo.

  - NÃO! – Ele lançou os braços em volta da figura que desaparecia, mas tudo que suas mãos tocaram foi o vazio.

  - Eu te amo... – Heaven sussurrou antes de desaparecer por completo.

  E tudo que restou foi a bruma fria da noite e o ardor de lágrimas nos olhos de um vampiro que tinha jurado nunca mais chorar.

      

                


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Notas finais do capítulo

Aai, ai. E aí? Gostaram do H?

Já querem me bater?

Reviews por favor!

Adoro vcs, até o próximo! o/



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