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Olá queridos!

O inverno tem trazido a adorável neve para forrar a vida lá fora enquanto nos aquecemos com as fofocas mais sórdidas aqui dentro. Hermione Granger tem se aquecido de um modo muito interessante com Viktor Krum, aliás. Draco Malfoy parece estar se aquecendo solitariamente com whisky de fogo, mas que pena. Nós estamos aqui, garotão.

E falando no loiro mais cobiçado de Hogwarts, eis que escolhi um assunto típico hoje para falarmos. Não agüentava mais confrontá-lo todos os dias sem que comentássemos sobre ele: enredos previsíveis e falta de lógica em Dramione. Sim, porque, se pensarmos bem, todas as fanfics são iguais, mudando apenas o modo como o autor escreve. Querem provas disso? Vamos lá.

Antes de começarmos: Por que as dramiones? Bem, essa é a categoria em que mais encontramos histórias mal feitas. Eu também já li Krumiones, Fremiones, Guimiones e qualquer outro par com o qual coloquem a grifa, e as pessoas aparentam maior senso nessas. Já o Eleito e sua cabeça-de-tomate fêmea me soa muito meloso, muito fácil de se concretizar. Ronald Weasley jamais vai entrar na minha cabeça como um ser sexuado, desculpem garotas. Para mim ele sempre será um vomitador de lesmas.

∙ ANALISANDO ENREDOS DE DRAMIONES ∙

Como os personagens principais são:

Draco Malfoy sempre é um sujeitinho arrogante e rico, completamente revoltado contra a inocente Hermione Granger, colecionador de mulheres e sem defeitos. Pós-Hogwarts ela geralmente é uma solteirona enfiada no trabalho, geralmente em bibliotecas e departamentos do Ministério da Magia, ou namorada/casada com o ‘pobretão’ Weasley. Existem casos em que ambos são viúvos ou divorciados e seus filhos tentam uni-los (isso quando não estão se pegando também). Em fanfics que se passam no mundo trouxa, é comum Draco ser chefe de Hermione ou precisar de uma esposa de mentira pra agradar seus pais.

Como se notam:

Eles se cruzam por qualquer motivo que seja – até um pudim. Geralmente brigam, já que ela tenta ser simpática e ele é um trasgo, e cada um sai para um lado. A partir daí, começam a se flagrar admirando um ao outro e suas ‘mentes’ passam a alertá-los de que isso é errado. Em algumas fanfics eles até mesmo conversam com suas vozes interiores (depois Lovegood é a maluca). "A Granger é diferente (...). Não, Draco! De quê importa como a sangue-ruim está?" e "Talvez Draco não seja tão mal assim (...). Por que estou pensando nessa doninha? Ou, melhor, por que ele está falando comigo? Será que é amor?", são frases que sempre aparecem.

Como se aproximam:

Draco, garotão esperto, resolve agarrar a garota para ver se ela realmente é boa. Claro, utilizando sem moderação a desculpa do ‘estou te pegando só porque sou garanhão’. Hermione reage com a questão usual: Por que diabos ele está aqui se eu sou a sangue-ruim? Ele não sabe responder ou usa clichês prontos. Ela, certinha, tenta evitar, mas não resiste a ele. Às vezes as autoras facilitam os encontros com coisas como: ambos serem monitores; Hermione ir pra Sonserina ou tornar-se Comensal (ultrajante); Draco virar um membro da Ordem (ainda mais ultrajante); ou Draco consolar Hermione após alguma decepção amorosa com Ronald-vomitadordelesmas–Weasley.

Como se relacionam:

Às escondidas. Na frente de todos se tratam com ódio, sozinhos só faltam se devorar canibalmente falando (porque no outro sentido...). Como ele não sabe explicar o motivo de se relacionarem, ela começa a se questionar se é amor. E, claro, jamais aceitam que estão apaixonados, mesmo que se peguem preparando poções do amor com o nome do outro em sua mente. Afinal, deve ser tudo intriga da oposição. Draco geralmente tende a crer que Harry quer roubar Hermione pra ele, assim como ela tende a crer que todas as garotas de Hogwarts - em especial, Pansy - resolveram conspirar contra seu relacionamento com Draco. Não é difícil Ronald resolver, de repente e do nada, querer amá-la. Um bônus interessante são as cenas de ciúmes e provocações em que se torna óbvio que Draco e Hermione estão juntos, mas onde só Gina parece perceber.

O que os separa:

Em fanfics que retratam a guerra bruxa, Voldemort e/ou os Malfoy. Nas demais, garotas como Pansy ou os grifinórios que começam a se interessar por ela nas horas mais impróprias possíveis. Às vezes, o trabalho deles ironicamente manda cada um para um país o mais longe possível. Existem casos em que Hermione resolve não querer mentir ou magoar os amigos, terminando o relacionamento, só pra receber o conforto de Harry, que banca o simpático dizendo que não é contra.

Como se separam:

Draco decide brilhantemente que se afastar dela no dia seguinte (ao que transaram loucamente) é o melhor a se fazer. Assim, sem dizer nada. Ocasionalmente, ele faz uma grande idiotice apenas para ela ficar com raiva e esquecê-lo. A questão é que nenhum dos dois se esquecem e ainda ficam se remoendo aos cantos, sempre esperando que o outro se aproxime. Ou ainda, com um flagra sórdido de traição. Existe também a hipótese de alguém armar desavenças envenenando os pobres pombinhos calientes.

O que aparece no epílogo:

Eles se casam, tem uma lua de mel adorável, filhos bonitos que são exatamente a mistura das melhores coisas neles. Ambos começam a aceitar as amizades do outro, por mais que seja mais freqüente que ele aceite as dela; Hermione raramente é obrigada a conviver com sonserinos. Vivem confortavelmente em meio à riqueza abundante. Geralmente, na mansão dos Malfoy – e os pais dele somem magicamente, não?

∙ ANALISANDO O CASAL DRAMIONE ∙

Bem, essas são as características básicas que tornam horrorosas a maior parte das fanfics dramiônicas (cerca de 97%). De todo modo, Dramione poderia até ser um casal surpreendente, se desconsiderássemos pontos principais. Num mundo de ilusões, eles poderiam ser os opostos que se atraem, o bem e o mal, a coruja e o pergaminho, o certo e o errado. Essenciais e diferentes ao mesmo tempo. Poderiam ser uma gama infinita de possibilidades a ser trabalhadas, como o shipper mais abrangente e que melhor permitiria agitações ao longo da história.

E se tudo isso ainda não te fez desistir de vez desse, que constitui um dos mais ilógicos shippers potterianos, apresento-lhes o raciocínio sobre o por quê de Dramione ser ridículo e impossível, tal como Drarry, Druna, Drinny, Runa e afins: Não faz o menor sentido!

Nenhum desses casais JAMAIS daria certo. Sabem o que torna Drastoria, por exemplo, interessante? Ninguém sabe nada sobre ela e esse mistério é adorável. Ela não era parte dos amigos de Draco Malfoy, nem dos 'fãs' de Harry Potter. Ela não esteve em lado nenhum da guerra, porque seus pais permaneceram neutros. E depois de tudo o que o garotão sonserino passou, acho que ele precisava mesmo de um recomeço. De algo totalmente diferente. De alguém que gostasse dele de verdade e que olhasse pra ele sem ver todas as marcas do passado - tanto as boas quanto as ruins.

E você, gosta de Dramione por quê? Acha bonitinho eles ficarem naquela melação de "te amo, mas não posso", como escrevem nas fanfics? DRACO NÃO É O SEVERUS, NÃO QUEIRAM REPETIR A HISTÓRIA! Ele nunca teve nenhum tipo de ligação com a Hermione, fora o nojo pelo sangue dela e ódio por ela ter aquela falsa fama heróica. Aí me dizem: "Mas já disseram numa entrevista que eles se gostavam em silêncio". Me poupe. Disseram isso porque sabem que fanfics Dramiones são a maioria no mundo e, não sejamos hipócritas, a dona da entrevista vive de fãs.

Draco é sonserino, sangue puro, proveniente de família aristocrática, membro da elite bruxa, Comensal, naturalmente arrogante, apegado unicamente à mãe, com nojo de grifinórios e sangue-ruins pelo que representam falsamente num universo fictício de heroísmo e idolatria dos demais. Acham mesmo que ele seria capaz de se apaixonar por Hermione Granger, queridos? Ela é grifinória, de sangue impuro, proveniente do universo trouxa com pais comuns e nenhuma experiência mágica. Não possui uma situação financeira muito avantajada, tenta ser simpática, mas acaba quase sempre sendo irritante, seja com seu falatório incessante ou com sua eterna mania de querer ser um livro ambulante. Ela se enfia em livros porque quer compreender o universo bruxo ao seu redor - visto que está sendo inserida nele de repente -, o que demonstra medo, receio, fraqueza no seu inflado ego, o qual usa pra proteger-se (vê-se isso claramente nos acontecimentos do início de sua amizade com Harry e Ron). Sendo grifinória, aprende a detestar sonserinos e pessoas que possam vir a disputar com seu ego.

Opostos só se atraem na física.

Chega de previsibilidade! Não queremos que as histórias sejam convulsões malucas de acontecimentos sem nexo, mas é mesmo tão difícil assim estabelecer um eixo que atenda a ambas as necessidades? Como escritora, eu não considero nem um pouco difícil escrever entre o previsível e o fora do costume, queridinhos. ‘Bom senso’ é como se chama. Sinto dizer que autores precisam ter isso se realmente querem sê-lo, não há outro jeito.

As melhores histórias são aquelas que fazem o leitor querer ler desesperadamente o próximo capítulo. Esse tema eu trabalharei numa outra hora, mas, depois de um imenso puxão de orelha nos autores à la Molly Weasley, não posso deixar de citar: LEITORES, FAVOR DEIXAR COMENTÁRIOS DECENTES! Essa parafernália de “Adorei! *-*”, “Gostei *===* Maaaaaaaais” e afins merecem um sincero e polido ‘vá tomar no seu cu, biscate preguiçosa’. Sou sincera, nós pensamos algo assim quando lemos tais comentários.

Nada no planeta é pior do que você se dedicar horas a escrever algo – porque é isso que ocorre, ninguém escreve em minutos – e ler algo assim. Sejam gratos, ninguém escreve para as paredes e se você teve tempo e vontade de ler, certamente será capaz de fazer um comentário decente. E já que o nome é ‘comentário’ façam o que ele sugere: COMENTEM! Citem o que gostaram, o que não gostaram, um trecho que te deixou surpreso ou ansioso, algo que achou que fosse ocorrer, mas não ocorreu. Isso é ser leitor, não ficar correndo os olhos por linhas e no final clicar em ‘próximo capítulo’. Amigas autoras, o recado de vocês foi dado!

E leitoras que não comentarem suas fanfics a partir de hoje, serão molestadas pelo tio Slugh.

Até o próximo artigo, queridinhos! Não esqueçam de me enviar suas corujas – cuidado com o parágrafo acima. hihi