Uma garota nos meus sonhos escrita por Saber


Capítulo 6
Eu me lembrei da primavera


Notas iniciais do capítulo

Capitulo novo! Espero que gostem ;]
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/397686/chapter/6

#6 Eu me lembrei da primavera

8:00 a.m

Eu suspirei mais uma vez olhando para a janela, já era segunda feira de novo. Uma semana sem nem sinal de Victoria. As mais mirabolantes histórias já tinham sido criadas por ai. E eu não era a mocinha em nenhuma delas, como se isso fosse alguma surpresa.

Só que nada disso importava, eu só queria saber onde ela estava... E isso estava me mantando por dentro.

- Caramba! – Eu dei um pulo da minha cadeira, alguém tinha acabado de jogar um monte de cadernos na mesa do meu lado. O que deveria ser impossível, primeiro: todos estavam engajados demais me ignorando e segundo porque eu pensei que não veria mais aqueles cachos dourados.

- Oi, eu estou atrapalhando? – Victoria estava ali, com um sorriso tímido, SENTADA DO MEU LADO. Eu quase tive uma epifania. Eu acenei com a cabeça e ela se acomodou continuando a falar – sabe você me chateou...

Arregalei os olhos. O que diabos eu poderia ter feito?

- Sabe... Eu acabei de ler o livro... - Ah o final, eu pude relaxar um pouco, de certa forma ela estava brincando, mas ainda parecia incomodada com algo. – E eu odiei o final, você podia ter me falado...

- Hey, você não queria saber, e não é porque algo não acabou do jeito que você queria que seja ruim... – Eu realmente estava me divertindo. Ela tinha uma aura ao redor dela que já dizia que o estilo dela eram finais felizes, desde o começo imaginei que ela reagiria assim. – se chatear quando as coisas dão errado é coisa de criança.

Ela entrou na brincadeira e encheu as bochechas de ar, como se estivesse emburrada. Aquilo me fez abrir um sorriso enorme. Só olhar pra ela me fazia esquecer de todos os problemas.

- Humpf, eu não concordo, ele devia ter continuado lutando, e mesmo quando não tivesse escolha ele não deveria ter deixado ela de lado... - Victoria estava tão empolgada em discutir aquilo que nossos rostos estavam a centímetros de distancia. Eu prendi a respiração e me segurei para não tocar em algo dos cachos dela. Era como se aquela semana não tivesse existido – Eu nunca faria isso.

- Pessoas são muito influenciáveis, você acabaria cedendo. Geralmente é muito menos doloroso só seguir a multidão... - Eu não pude deixar de lembrar do primeiro dia em que ela me ignorou. E ela percebeu que eu não estava mais falando do livro – foi o que eu tinha falado, no fim pessoas são só pessoas.

Ela me olhou triste por um instante. E olhou para o lado, onde as amigas dela estavam sentadas e cochichavam entre si. E eu nem precisava de muito esforço pra descobrir qual era o assunto.

-... As pessoas podem ser assim, mas nem todas. Às vezes algumas exceções precisam só de um tempo para conseguir descobrir o que elas realmente querem. – Ela olhou fundo nos meus olhos e eu entendi, era um pedido de desculpas. Desnecessário já que eu tinha a perdoado no instante em que ela se sentou perto de mim.

- Bom, pessoas assim são raras, então não acho que você deveria culpar o livro. – Eu sorri para que ela entendesse que eu não iria discutir sobre semana passada. Ela pareceu aliviada, mas sabia que ia continuar discordando de mim. – As pessoas já escondem o que são por medo de palavras de outras, imagine quando se inclui a violência.

- Eu não gostaria disso, eu lutaria. – Ela estava perto demais de novo, e eu podia sentir o perfume dela. Victoria me lembrava o começo da primavera, a leveza que eu não tinha. Eu queria entender porque eu estava assim.  Era como se ela desligasse meu cérebro. Eu estava... encantada? Eu mal conhecia a garota e ainda assim cada palavra que ela dizia era preciosa pra mim... É eu estava encantada, eu prefiro essa definição por enquanto.

Ainda mais quando Jessica acabava de cruzar a porta da sala de aula. E quando se juntou as outras foi que percebeu Victoria do meu lado, e pior ainda que estivesse ainda tão absorta na nossa conversa que mal olhou para elas. Haha, Jessica fez uma cara que por um segundo parecia que ela tinha engolido um porco espinho. Não pude deixar me sentir satisfeita...

-E você o que faria? você desistiria do que ama? - Victoria ainda insistia nisso, e parecia não perceber o ataque de pelanca das amigas dela do outro lado da sala.

Eu podia ter dado uma resposta normal, ou continuado levando tudo na brincadeira, só que eu falei sem pensar, talvez sendo sincera demais.

- Eu morreria de primeira. Seria único jeito de desistir da minha vida e de ficar longe da garota.

Ela ficou me olhando, como se não esperasse por isso, como se não tivesse pensado nessa possibilidade. Não teria como o assunto não ficar serio depois disso. E pra minha sorte, antes que as coisas ficassem estranhas, o professor entrou e as aulas começaram.

E eu não aprendi nada, ou melhor, depende do que você julga útil. Agora eu sabia que ela era canhota. Que adorava folhas coloridas e cada matéria tinha uma diferente. Senti uma pontinha de vergonha do meu caderno surrado e cheio de adesivos de animes e bandas na capa. Ela gostava de prestar atenção na aula, ela era séria apesar de tudo. Só que depois de um tempo se cansava e ficava desenhando espirais nas margens, e de vez em quando escrevia alguma piadinha sobre o professor nas minhas folhas.

Só que ai o intervalo chegou, e eu tinha que almoçar com meu avô. E ela ficaria sozinha com o bando de hienas, ops... eu quis dizer o bando Jessica, ou bando da JES como Rony falava (Jovem Egocentrica Superproduzida)  . Já senti meu estomago revirar pensando que ela poderia escutá-las de novo. Me arrastei para a sala do meu avô, como se estivesse indo para forca.

- Hey, seu avô não pode ser tão ruim, ele só é um pouco rígido. – Ou lunático, paranoico, você quis dizer. Mas eu não ia explicar pra Victoria o porquê eu estava incomodada, então só sorri e disse um até logo.

Mal cheguei à porta e um grupo de garotas estava a estava cercando. Agora não dependia mais de mim.

A tarde tinha passado voando, como minhas aulas eram diferentes da Vicky depois do almoço ela não estava mais na minha turma. Ela tinha se inscrito para muitos cursos como musica e francês e assim só algumas duas aulas por semana batiam. Na segunda, História durante toda a manhã. E a prática de biologia e parecia que agora eu tinha uma dupla. Se não tivessem feito uma lavagem cerebral nela enquanto eu almoçava. Eu sempre tinha achado legal que no Saint Edwiges por ser pago, você pudesse montar o seu dia e os professores dariam aula quando você escolhesse, apesar de que aulas particulares fossem mais caras. Só que isso me deixava longe da Victoria. Mas ao mesmo tempo eu não via mais ninguém da minha turma já que tinha montado meu horário pra não ter muito contato com pessoas. E todo mundo gostava de escolher as mesmas matérias.

Elitizado, esse era o Saint Edwiges, eu não gostava daqueles garotos que olhavam para o mundo por cima. Já que vida para eles era simplesmente beber o leitinho de pera. E eu teria continuado assim, se não tivesse saído de casa no ano passado e visto que nada gira em torno do meu umbigo. Eu usaria o dinheiro da minha mãe para deixa-la orgulhosa, eu estudaria com ele para depois montar a minha vida com meu esforço. E é claro eu compraria um jipe, teria um cachorro gigante e comeria o que eu quisesse com o meu salário, porque ninguém é de ferro.

- E ai gata, se perdeu do seu pelotão? – O garoto com sardas me tirou do turbilhão de pensamentos. Rony estava sendo uma companhia ótima, mesmo sendo mais novo que eu a gente se dava bem conversando sobre invasões zumbis, aliens e seriados durante o fim de tarde, antes que eu tivesse que voltar para o dormitório. Só que ele não concordava muito com as minhas roupas, e fazer piadinhas era o seu passatempo.

Só porque eu estava com uma calça com as cores do exercito, e ainda rasgada nos joelhos.

- Já sei! você veio do futuro, para nos salvar da invasão das máquinas?- Cara ai eu lembrava que ele era uma criança. Exterminador do futuro?  Serio, tantos comentarios melhores...

Dei uma ombrada nele e continuamos andando em direção ao carro.

- Cala boca mano!- Ele fez uma careta e fingiu ter ficado ofendido, mas um segundo depois já começou a me contar em como ele ganhou uma aposta no almoço.

Estávamos indo para a lanchonete, comprar alguns refrigerantes e ficar jogando pedras no lago que ficava a uns 20 minutos do Centro, enquanto escutávamos algum rock barulhento.  E eu precisava me distrair já que parecia uma eternidade o tempo passar e eu encontrar Victoria de novo. E naquela hora eu não sabia que seria bem antes do que eu esperava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por favor me digam o que acharam! ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma garota nos meus sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.