No meio da Guerra escrita por Camyarsie


Capítulo 5
Perseguição


Notas iniciais do capítulo

" De repente, percebemos uma movimentação grande ao nosso lado esquerdo, onde tinha uma floresta. Paramos por um breve instante... Bem a tempo. "



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ALAN

– O quê? – perguntei perplexo e assustado ao mesmo tempo com a repentina mudança no clima.

– Ela... Está vindo. E sabe onde estamos. Onde todos estão em todos os lugares. Temos que dar o fora daqui! Senão ela acabará com a gente! – Alex diz, tentando se levantar do colchão, trêmula.

– Opa, calma lá, americana. – David se interpõe. – Ela quem?

Alex o encara sem emoção. – Gaia, a nossa inimiga, a inimiga de todos que vivem sobre sua forma.

David olha pra mim com um terror que pensei nunca ver em seus olhos.

– C-como? Gaia... Nem acordou! Ela não pode estar vindo pra cá! – David diz com uma voz aguda.

Ainda estava paralisado para fazer qualquer coisa.

– Acabei de chegar aqui, mas até eu sei que ela é muito poderosa. Explico para vocês mais tarde, mas o fato é: se continuarmos aqui vamos morrer! Ou pior, enlouquecer! Vamos logo!

Finalmente saí do meu estupor e comecei a pegar as mochilas que deixáramos no canto. David ajudou Alex a se levantar e pegou uma das mochilas, e eu subi a escada para abrir o alçapão; fiz isso e estava prestes a sair quando percebi que não seria tão fácil assim.

O fogo grego que tínhamos jogado nos esqueletos mais cedo dominara o local. Árvores e solo estavam sendo destruídos, e a parte de cima da porta também. Fechei-a rapidamente.

– Temos um problema. Lá fora está tudo em chamas. Não podemos sair sem nos queimarmos.

– Cara, você que é o esperto daqui! – David fala me olhando sem acreditar que poderíamos estar com tanto azar. – O que temos que fazer?

– Não é tão fácil assim! O.K, eu sou filho de Atena, mas não sou uma Wikipédia ambulante!

– Mas tenta pensar, já que você é melhor nisso do que a gente. – David quase está implorando. Alex o olha, magoada.

E o pior é que ele tinha razão. David podia ser muito bom em batalha, contudo não era bom estrategista. Alex poderia ser inteligente, mas era novata em termos de perigo de semideus. O único concorrente que sobrava era eu.

Pense – disse a mim mesmo. O que fazer quando precisa sair de um lugar que está em chamas? Água, precisávamos de água. Mas, de onde? Ali não tinha em lugar algum. Segunda alternativa: sair correndo o mais rápido que pudermos dali. Suicídio. Ou não. Arrisquei dar mais uma olhada nas chamas. Ainda não estava em todos os lugares e poderíamos sim tentar correr por alguns lugares quase intocáveis. Mas a Alex estava ferida. Ela e David se atrasariam, ou não, novamente. Quando fugimos dos esqueletos, eles correram até que bem rápido.

Era uma ideia maluca. Porém a única alternativa.

Contei a eles o plano. Os seus olhos se esbugalharam. Começaram a protestar, contudo os interrompi.

– É isso ou nada. Se quiserem ficar aqui sintam-se à vontade. Mas eu não quero enlouquecer e muito menos morrer. – de má vontade, assentiram, se preparando para o pior.

Me preparei para abrir a barreira, acenei com a cabeça e empurrei o alçapão.

Depois, foi tudo uma correria de um bando de desesperados. Desviando do fogo mais intenso, corremos o mais rápido que podíamos para fora do caos. Saímos tostados, mas vivos.

Arfando, eu e David ameaçamos parar para descansar, porém a Alex deixou evidente de que teríamos que nos afastar mais. Estávamos no meio da estrada sem nenhum carro, sem nenhum perigo para nos incomodar e com o fogo bem atrás.

– E até quando vamos correr? – perguntou um David bem mal humorado.

– Não podemos ficar parados. Ela...

De repente, percebemos uma movimentação grande ao nosso lado esquerdo, onde tinha uma floresta. Paramos por um breve instante... Bem a tempo. Do nada, uma árvore foi arremessada para o meio da pista, daquelas maiores. Desabou a um metro na nossa frente. Por um momento ficamos parados, chocados, encarando o tronco. O pulamos e foi aí que as coisas pioraram.

A princípio, quando vi a névoa na minha frente, pensei que era uma mensagem de Íris, porém quando a suposta mensagem se tornou a imagem de uma mulher, nós recuamos. David tropeçou no próprio pé e caiu pra trás, derrubando também a Alex na tentativa de se manter ereto.

A mulher se tornou mais sólida e se tornou não uma simples ilusão, mas sim uma verdadeira pessoa na nossa frente. Ela vestia uma longa túnica vermelha e deixava o cabelo preso. Seus olhos estavam fechados durante todo esse tempo, contudo agora se abriram, me dando um calafrio nas minhas costas quando me encararam. Eles enxergavam tudo, sabiam de tudo e continham um poder devastador.

Estou despertando, e nada irá me deter – uma voz sussurrou na minha mente. Alex soltou um pequeno gritinho quando Gaia virou-se para ela, avançando na sua direção calmamente. Nada irá me deter. Seus esforços são inúteis, assim como as suas vidas.

David sacou a espada e a atacou com um golpe letal, mas a lâmina passou pelo peito da titã como se ali não existisse nada. Ela soltou um risinho e desapareceu, indo parar mais adiante na estrada e sempre se tele transportando cada vez mais longe até desaparecer por completo, sempre nos encarando.

Só quando ela se foi que percebi que tremia. David continuou com a arma em punho, olhando para todo lugar da escuridão da floresta. Alex continuou no chão, encarando a estrada onde Gaia partira, respirando forte e rápido.

David foi o primeiro a retomar a consciência. Percebendo nosso estado, tocou levemente no nosso ombro e nos disse para sairmos da estrada, caso algum carro passasse. Sem dizer uma palavra, comecei a andar e só parei quando alcancei um tronco de uma árvore, desta vez ajudando a Alex.

Depois de mais ou menos uns vinte minutos em puro silencio, resolvi falar alguma coisa; aquele clima tenso estava me matando.

– Que diabos... Aconteceu ali? – minha voz tremeu um pouco, mas não liguei – Alex... Com que você sonhou?

Ela permaneceu encostada na árvore olhando para baixo, em choque. Lembrei-me do que dissera antes da correria: Se continuarmos aqui vamos morrer! Ou pior, enlouquecer! Não morremos, embora a imagem daquela mulher fosse me assombrar por um bom tempo dali em diante.

– Alex. – David chamou-a seriamente. – Conte-nos como foi o seu sonho.

Ela respirou fundo antes de explicar tudo o que sabia.

– É... Difícil de entender. Várias imagens vinham e saíam com a mesma velocidade no meu sonho, só me dando a chance de ver o que era aquilo, sem me deixar elaborar uma ideia do que exatamente era a imagem. Vi várias tropas marchando para diversos lugares, semideuses e monstros. Vi o tal acampamento que vamos em breve, cheio de semideuses se preparando para a batalha, e também vi o romano, vazio. Mas a última visão que me alertou de Gaia. Ela nos encarava no abrigo, preparando-se para nos matar. Depois, vi uns... Uns... Espíritos dourados, vagando por perto. Eles sussurravam uma língua estranha... E tinha uma floresta também...

Tentei encaixar as peças. A imagem das tropas foi fácil de entender. Significava que a guerra realmente iria acontecer. A dos acampamentos, igualmente fácil, os romanos também iriam atacar. Mas as últimas... De Gaia, por exemplo, era mais complicada. O que queria dizer os espíritos em volta dela? Não era nenhum monstro que conhecesse.

David parecia igualmente confuso. Ficamos em silêncio, refletindo.

Até que ouvimos sussurros, vindo de todos os cantos. Senti um vento frio, uma brisa congelante no calor do verão.


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