Observei um pouco os quatro conversando. Eles discutinham sobre o que fazer comigo, se eu era normal ou não, essas coisas. O tempo ia passando, e eu lá olhando. Foi quando Saruman tocou no assunto de não me deixar partir que eu lembrei que tinha de ir, era uma pena, eu queria poder ver a Terra – Média além de Rivendell, conhecer as pessoas de lá, conhecer aquele elfo, será que ele era mesmo Legolas? Ele parecia e ao mesmo tempo não parecia com ele...

Me levantei, bom que já tinha colocado o bilhete no quarto de Elrond... Kryn tinha me alertado para eu não contar nada a ninguém, por isso tinha que partir agora, agora já! Se vissem o bilhete antes de eu chegar no arco de entrada, estava ferrada.

Fui rapidamente em direção ao arco, chegando no pátio de entrada dei de cara com o cavalo preto. Ele era lindo, na verdade, ELA era linda (sim, era uma égua). Ela era grande, tinha o corpo todo preto, sua crina era longa, e tinha as pontas douradas, seus olhos, sabe – se lá como, tinham um tom amarelado meio dourado.

–Qual é o seu nome? - falei acariciando a crina dela. Olhei um pouco para ela, e decidi chamá – la de Fênix. - Fênix parece um bom nome, não acha?

Falando isso, montei nela. Eu já tinha alguma prática em andar em cavalos, não era uma amazona mas sabia andar.

–Élfico:[Vamos, precisamos ir logo.] - falei, e Fênix começou a correr em direção ao arco.

Ao atravessar o arco e passar um pouco dos limites de Rivendell, eu parei, olhei para trás e desejei volar para lá um dia.

Depois, continuei cavalgando. Parei ao ver várias árvores à frente, era o início da Mata dos Trolls. Desci do cavalo e fui pegar a bola de cristal na minha bolsa.

Na certa tinha acabado de começar o dia seguinte, mas isso era um tanto imperceptível, pois estava um breu tremendo lá.

Ao pegar a bola, ela não brilhava, o que significava que Kryn não estava disponível.

–Me parece que eu terei que esperar.

–Creio que você deve ter achado muito inteligente fugir no meio da noite..! - foi aí que o meu coração quase pulou da boca para fora.

Olhei para o lado assustada, era Gandalf!

–Ga – Gandalf?!

–Sim, esse é o meu nome, e você deve ser Ana, creio eu.

–Si - sim, meu nome é Ana. - falei, gaguejando.

–Nós não nos conhecemos pessoalmente, mas você sabe quem eu sou.

–Assim como você sabe quem eu sou.

–Precisamente.

–Não quero ser rude mas...o que você está fazendo aqui?

–Eu estava só passando pela mata...

–Gandalf...não minta...eu sei que você nunca faz coisas só por fazer. - falei, e ele me olhou surpreso, e eu só pensei “Tenho que parar de abusar dos meus conhecimentos!”.

–De minha noção é o que estou fazendo aqui, mas, se me permite perguntar, o que é que você está fazendo aqui?

–Muitas coisas...respirando, falando... - falei, recebendo de resposta uma cara zangada. - Ok, desculpa. Já que quer tanto saber, eu digo, mas você também terá que dizer porque está aqui.

–Tudo bem, estou aqui pois tenho assuntos a tratar no Leste e no Oeste.

–E eu tenho que esperar, e é por isso que estou aqui. - falei, quando escutei um grito. - O que foi isso?

–Na certa, coisas dos Trolls. O nome de Trollshaw não é só para assustar viajantes minha cara. - falou, se sentando.

–Eu sei...Mas quem andaria por essas áreas assim...Digo, por que alguém se aventuraria na Mata dos Trolls sem estar preparado para...matar trolls, ou pelo menos fugir deles.

–Trolls podem não ser as criaturas mais inteligentes do mundo, nem as mais rápidas, porém são grandes...e se precisa ter esperteza o bastante para não passar por sua região de noite.

–Porque de manhã eles estão em suas cavernas...

–Exatamente. Se sabe disso, o que fez você ter vindo até aqui na escuridão?

–Caso você não tenha percebido estamos bem perto de Rivendell, na fronteira da floresta. - falei, me sentando ao seu lado. - E essa é com certeza uma parte que Trolls não viriam.

–Não tenha tanta certeza disso. Pelo que sei, e você também já deve saber, nem o Vale de Imladris é tão seguro agora.

–Não há essa coisa de lugares seguros ou não, só são lugares. Seja lá o que tenha de assuntos a tratar, acho que deveria ir logo, porque, cedo ou tarde eu terei que ir embora, e ainda tenho coisas a fazer por aqui.

–Sem problema. - falou, e nós nos levantamos. - Foi um prazer.

–Digo o mesmo. - falei, mandando – lhe um sorriso. - Espero que nossos caminhos se encontrem novamente um dia.

–Um dia, com certeza! - falou, sumindo na escuridão da floresta.

Por que eu tinha o deixado sair assim? Eu não tinha tempo, tinha que acabar as minhas preparações para a viagem, e uma forma de falar com Kryn urgentemente. Mas teria que esperar ele aparecer, mas não saberia quando isso seria, então o melhor a fazer foi pegar o meu diário e começar a escrever os acontecimentos dos dias anteriores...