O Conselho em Valfenda

–Quem é ela? - perguntou Gandalf à Elrond.

–Eu não sei dizer. Um grupo de batedores à achou perto ao portão. Ela estava desmaiada, no meio da lama, e tinham algumas manchas de queimado nela.

–Estranho...O que ela lhe contou?

–Primeiro, que o seu nome é Ana, depois que ela vinha de um lugar muito distante e diferente da Terra – Média. Depois, quando perguntei então como ela tinha parado aqui, ela me disse que simplesmente não sabia como, que tinha, não sabia como, acordado do nada em Imladris. Ela também me disse que teve sonhos que pareciam quase que reais. - nesse momento Elrond parou e olho Gandalf nos olhos. - Ela sonhou com Azog, o Profano. Ela sonhou com várias coisas de nosso mundo, que, de acordo com ela, nunca viu. - assim, voltou a andar. - E ela também escuta vozes enquanto dorme.

–Eu só a vi algumas vezes hoje, ela parecia curiosa sobre quem eu era.

–Se bobear ela já deveria saber.

Assim, os dois passaram por um alto arco, que deu em uma sala, a sala onde Galadriel e Ana tiveram aquela rápida conversinha.

–Mas, afinal, quem virá para o conselho. - disse Gandalf, quando percebeu a presença de alguém mais na sala.

Galadriel, como na noite passada, virou – se em cima da elevação.

–Lady Galadriel?

–Mithrandir! Élfico:[Já faz um bom tempo!]

–Élfico:[A idade talvez tenha me mudado...] - começou Gandalf, fazendo uma reverência. - [Mas não a Lady de Lórien.]- Assim, um sorriso amigável se fez no rosto da elfa. - Alguém mais era para estar aqui? - perguntou Gandalf, para Elrond.

–Eu. - falou uma outra voz.

Quando Gandalf ouviu essa voz olhou para trás, era Saruman.

–Saruman.

–Há quanto tempo, não é? Meu amigo. - falou Saruman, e Gandalf também fez uma referência.

Depois de um tempo de saudações entre os quatro, Gandalf e Saruman se sentaram à mesa, enquanto Galadriel e Elrond ficaram em pé. Galadriel, com seus cabelos longos e dourados como ouro, andava, fazendo o contorno da sala. Elrond, se apoiava em uma das pilastras que contornavam a sala, usando a sua túnica azul marinha e roxa.

–Por que uma garota chamaria tanta atenção à ponto de nos convocar para um conselho, Lord Elrond? - Saruman perguntou.- Ainda não sei exatamente a razão desse conselho...- Na verdade Saruman sabia do que se tratava, mas não entendia a razão de um conselho urgente só por causa de uma garota que parecia ser normal.

–A garota não pode ser normal... - falou Galadriel.

–Não especulem, por que ela não seria normal?

–Não são suas ações, mas algo nela não é certo. - disse Elrond. - E como ela mesma me disse, ela não é daqui.

–Mas qual é o problema disso? Podem existir outros lugares além da Terra – Média.

–Podem, mas não acha estranho que uma garota, com...visões e outras coisas estranhas venha parar aqui sabe – se lá como?

–É estranho, sem dúvida, mas coisas estranhas acontecem...Conte – me, o que mais de estranho ela tem?

–Ela parece mais velha do que é, para ser sincero, ela não tem cara de quem tem 18 anos, e ela sabe demais sobre o nosso mundo para quem não é daqui...ela sabe até falar em élfico, e de acordo com ela não existem elfos em seu mundo. É uma curiosa também, não pude deixar de notar que todos os dias ela ficava explorando tudo quanto é lugar. E quando não estava explorando, estava estudando alguma coisa.

–Não vejo coisas tão fora do comum assim...

–Ela possuía a pylacery.

–O que disse? - falou Gandalf.

–Ela geralmente estava usando um cordão com a pylacery de enfeite.

–A pylacery? Como?

–Exatamente.

–Essa pedra foi perdida à anos. - disse Galadriel.

–E isso não é tudo. Ela sonha sobre coisas que não conhece, mas que existem...Orcs chegaram ao ponto de invadir Imladris por causa dela...Ela definitivamente não é uma mera humana. Orcs raramente chegam muito perto de nossas fronteiras, mas nunca chegaram à ultrapassá – las. - disse Elrond, preocupado.

–Ela tem poderes que ainda desconhece, eu também pude sentir... - falou a elfa.

–Vai ver ela só está se fingindo de boa, e simplesmente é uma servidora dos orcs, ou até pior... - falou Saruman.

–Não, eu pude ver sua alma, e não há maldade em seu coração, mas sim, medo, angústia, preocupação...

–Vocês tem certeza de que é humana? Vai ver ela não é e ainda simplesmente não perceberam. - falou Gandalf.

–Ela me parecia quase que totalmente humana, Gandalf, fisicamente falando. - falou Elrond.

–Quase?

–Algo no seu jeito não era muito humano, mas não era nada que parecia ser considerado anormal.

–Acho o mesmo. - falou Galadriel. - Mas ainda é duvidável, algo nela é fora do comum... - deu uma pausa. - E ela é inteligente, conseguiu descobrir por que eu estava em Imladris, sem que eu necessitasse contá – la, mesmo não dizendo, eu pude perceber em seus olhos que ela sabia que eu tinha vindo por causa dela, e pior ainda...Ela pôde ler uma parte da minha mente, mas eu não consegui ler nada da dela. Como eu não conseguir ler a mente dela, não entendo...

–Isso aí não é possível, você devia estar sob algum poder estranho, e por isso não pôde ler a mente dela... - contradisse Saruman.

–Eu, por pouco consegui falar algumas poucas palavras em sua mente...

–Um estranho rumor está crescendo na Terra – Média...Será que tem haver com ela? - disse Gandalf, o cinzento.

–Rumores não são nada além de mentiras, nada mais. Você realmente acha... - foi falando o mago branco.

–Alguém está partindo de Rivendell no momento que estamos falando, se aproxima cada vez mais do portão... - disse Galadriel, mentalmente à Gandalf.

–Mas que não podemos deixá – la partir é certo...-começou Saruman.

–Quem? - perguntou Gandalf, mentalmente à Galadriel.

–Ela. - falou Galadriel olhando de volta para Gandalf.

–Gandalf?

–Sim.

–Seja lá no que estava prestando atenção, parece que não ouviu nada do que eu disse...

–Me desculpe Saruman, prossiga...

–Lord Elrond?

Nesse momento, todos os quatro viraram para ver quem tomara a palavra, era Lindir, que parecia ter alguma emergência a contar.

–Diga, Lindir.

–Ela se foi, foi embora.

Todos olharam com uma cara de “Pera aí...o que?”, Ana tinha ido embora, tinha ido embora mesmo. Mesmo que nenhum deles tivesse percebido a sua presença durante parte do conselho, ela tinha passado por lá, observado um pouco, e quando percebeu que tinha mesmo que partir, ela se foi, sem quase não deixar rastros. A única coisa que deixou, e que “sinalizou” a sua saída, foi um bilhete.

–Ela só deixou isso. - disse Lindir, entregando o papel do bilhete à Elrond.

“Querido Elrond, Lindir, Estel, Elrohir, Elladan e todos os outros que vivem no vale Imladris,

Gostaria de agradecer por toda a hospitalidade e por todo esse tempo que cuidaram tão bem de min. Os dias que passei aqui, em Rivendell, foram dias de paz, muita paz, e tranquilidade. Obrigada por tudo o que fizeram por mim, e espero um dia poder retribuir o favor.

Espero um dia poder ver Estel crescido, espero um dia poder rever todos vocês meus queridos amigos. Foi uma honra ter passado esse tempo em Karningul.

Gostaria de me desculpar pelo ataque dos orcs, um dia ainda vou descobrir por que ele aconteceu, e espero poder contar para vocês. Me desculpem se causei algum incomodo, não tive a intenção de causar nenhum mal. Gostaria de poder contar mais sobre mim, mas ainda há muito que preciso descobrir.

Espero que nos encontremos novamente.

Tenna' ento lye omenta

Ana.”

E era isso que estava escrito no bilhete. Elrond leu em voz alta, para que todos pudessem saber o que estava escrito. Depois disso, Gandalf afirmou:

–Me desculpem amigos, queria poder ficar mais, mas tenho que ir. O tempo é curto e a manhã se aproxima, e tenho outros assuntos à tratar.

Assim, Gandalf se retirou, saindo de Valfenda e indo em direção à mata dos Trolls.

Palavras/frases em élfico:

Tenna' ento lye omenta = Até o nosso próximo encontro