Doce Problema escrita por Camila J Pereira


Capítulo 4
Prisão


Notas iniciais do capítulo

Mais diversão para vocês.



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Bella

Xerife Cullen, quem ele pensava que era afinal? Ninguém tem o direito de achar que mereço uma lição, muito menos esse sujeito irritante. Claro, era óbvio que o seu ego estava muito inflado por ser a única autoridade policial desta cidadezinha e por ter uma boa aparência. Alguém deveria dizer a ele que na verdade ele é um imbecil! Ficar perto dele não fazia parte dos meus planos e eu nem suportaria mais um segundo olhando a cara cínica desse homem idiota. Em um impulso ergui-me, sobressaltando-o.

- Olhou para minha cara e achou que eu merecia uma lição. – Murmurei meio que para mim mesma, ele apenas me observou calado. – Sou uma vítima aqui, xerife. Se eu tenho culpa em algo é de ter tido um dia cansativo. Não imagina que tipo de batalha travei com aquela moto durante horas até chegar neste lugar absurdo. Estou exausta! Não imaginava que ao parar aqui, querendo apenas comida e um quarto para descansar, fosse motivo suficiente para o povo daqui me tratar como o inimigo número um! - Falei deixando clara toda a minha frustração.

O xerife Cullen permaneceu ainda calado por mais alguns segundos. Seus olhos não deixavam os meus e percebi que ele deveria estar pensando em algo sério. Seus olhos verdes, deveriam ser tão brilhantes? Aquilo me perturbava. Seus olhar tornou-se perspicaz sobre mim. Só espero que ele não esteja tramando mais uma maneira de me irritar. Já não agüentava mais, estava cansada da viagem e da confusão.

- O que me diz então é que enfrentou problemas para pilotar a moto?  - Ele perguntou com o rosto franzido. Eu estava muito zangada e disparei...

- Por Deus! Aquilo veio direto do inferno, está possuída pelo demônio! Não sei como cheguei viva aqui. As últimas horas foram torturantes e estava prestes a enlouquecer. - Desabafei. O xerife permaneceu sério.

- Imagino. - Ele falou sinceramente. – Gosto de motos assim como gosto de cavalos e sei um pouco sobre elas. Para mim aquela Harley é máquina demais para você, Problema.

- Há. - Soltei com uma careta de desdém. Abri a carteira e joguei uma nota de vinte dólares na mesa. - Finito. A minha carreira criminosa termina aqui.

- Fez uma bela carreira, não é mesmo?

- Sim xerife. Mas agora, por mais engraçada e excitante que tenha sido a experiência, sinto que está na hora de voltar à estrada. Com licença, xerife.

- Edward. - Ele corrigiu pela terceira vez, bloqueando a passagem. Eu o olhei nos olhos e bem fundo eu consegui ver uma inconfundível mistura de divertimento e simpatia. Nossos olhares se encontraram e ele alisou o queixo de um jeito despreocupado.

- “Está na hora de voltar à estrada.” - Ele repetiu devagar. – Paremos para pensar sobre isso. Se fizer isso a esta hora, montada nessa sua moto maluca, as chances de um acidente são muitas. - Ele falou parecendo realmente preocupado.

- Agradeço imensamente o aviso, mas dispenso totalmente a sua preocupação.

Arregalei minha boca ao vê-lo tirar um tablete de chiclete do bolso, desembrulha-lo e levou-o à boca, como se tivesse todo o tempo do mundo. Ele estava mesmo de brincadeira com a minha cara. Aquilo era um absurdo! Parecia que ele foi mandado realmente das profundezas para me irritar. Recompus-me e olhei para os lados, vi o olhar novamente assassino de Jéssica encarando-nos. Será que eles eram namorados ou coisa parecida e ela estava com ciúmes? Provavelmente, aqui não deveria ter muitas opções mesmo. Mas ela deveria ficar tranqüila, porque ele não me interessava em nada, pelo contrário eu o queria bem longe de mim.

- Com licença. - Ele barrou novamente a minha passagem quando dei um passo para o lado. Eu o encarei perplexa.

- Já ouviu falar em bom senso? Parece que não tem nenhum. Lamento informa-la que não poderei permitir que você siga viagem com esta moto depois que escurecer. Espere até amanhã, vamos exercitar o seu bom senso para que ele desenvolva. Ficando aqui, os outros motoristas terão mais chances de sobreviver também.

Irritava-me o fato do Cullen estar tão próximo, confinando-me como se ele não tivesse nada para fazer, exceto dificultar a minha vida. Talvez fosse exatamente isso, nessa cidadezinha esquecida pelo resto do mundo não deveria ter nada o que fazer além de se meter na vida um dos outros.

- Ainda não escureceu, xerife. - Falei calmamente.

- Pior. Está começando a anoitecer. Acontecem mais acidentes no crepúsculo do que em outros momentos. Isso é um fato documentado. E por falar nisso, é Edward. - Ele tentou ser engraçadinho.

- Documente o seguinte Xerife: Tenho mais o que fazer do que permanecer mais um segundo nesta terrível cidade.

- Sei, deve ter muito o que fazer. Parece ser uma garota aventureira... Por que não tenta algo diferente? Seja sensata. - Ele falou inclinando-se para mim e eu pude sentir seu hálito de menta em meu rosto.

- Não me acuse de insensata por querer ficar longe de vocês. Você vai me deixar sair ou não?

- Deus, não! - Ele disse olhando ligeiramente para o alto.

- Xerife Cullen, este é um país livre, eu sou livre e tenho o direito de ir r vir. Não pode me impedir de partir. Se você acha mesmo que sou um problema, deveria me deixar ir e livrar a sua pacata cidade de mim. - Ele apenas riu torto.

- Se você for realmente um problema como imagino, seria melhor eu a aprisionar de uma vez e livrar não só a minha pacata cidade, mas todas as outras de você.

- Xerife... - Choraminguei.

- Sem drama, Problema. - Ele pediu. Como assim?

- Está aí uma coisa que não sou, dramática. - Ele riu torto novamente.

- Importa-se de me mostrar a sua habilitação de motociclista, moça? Apenas para ter certeza de que está tudo em ordem. - Eu me calei sem saber o que responder.

- Minha o quê? - Pisquei várias vezes.

- Habilitação de motociclista. - Ele repetiu divertido.

- Tenho carteira de motorista... - Comecei a explicar.

- De moto. - Ele enfatizou. - Eu fechei os olhos e contei até dez. Merda! Finalmente ele tinha me pegado. Talvez se eu tentar explicar de maneira mais branda...

- Veja, ainda não tive tempo de tirar. Aconteceram muitas coisas em minha vida. E faz apenas dois dias que comprei a Harley. Fique certo de que cuidarei disso quando voltar para casa. - Tentei falar calmamente.

- Problema, terei que prendê-la. - Ele soltou simplesmente.

- Mas... Por qual motivo? Por ter esquecido de tirar a carteira de motociclista? Isso é um crime por aqui? Isso não é justo! Com tantos bandidos por aí e você quer logo me prender? - Falei um pouco alto pela histeria e algumas pessoas olharam, eu as ignorei.

- Anda fora da linha Problema e isso é muito grave, muito grave... - Respondeu sério e baixo. Isso era demais, meu sangue fervia! Joguei meus cabelos para trás em uma atitude clara de desafio.

- Sei dos seus truques e não pense que me assustará de novo com essa sua conversa. Não pode me levar para a cadeia por causa disso. Não pode!

Foi tudo muito rápido e não tive tempo de reagir ou sentir medo. Suas mãos se moveram com habilidade sobre as minhas e então percebi um brilho prateado e um clique. Não podia ser, eu estava algemada! Olhava para as algemas em completo espanto.

- Tem o direito de permanecer calada. - Levantei os olhos para encará-lo.

- O quê?! Que brincadeira é essa? Não pode me obrigar a ficar aqui, e sabe muito bem disso xerife. Poderia processá-lo por abuso de autoridade. Poderia... - Eu praticamente gritava e todos nos olhavam curiosos.

- Já sei. Poderia fazer com que eu perdesse o meu emprego. Começarei tudo de novo. Você tem o direito de... - Ele era louco?

- Se pensa que vai me assustar só porque usa um distintivo, saiba que...

Não consegui terminar a frase. Quando dei por mim, tinha sido suspensa no ar e colocada no ombro do xerife como se fosse um saco de batatas. Tudo o que conseguia ver era o piso vermelho e branco. Tentei levantar o rosto e vi que as pessoas divertiam-se com a cena. Eram todos loucos nessa cidade.

- As mulheres nunca sabem aproveitar o direito de permanecer em silêncio. - Ele pôs-se a caminhar, um braço prendendo-me firme pelas pernas. - Nem sei por que ainda me incomodo recitando essa parte.


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