Doce Problema escrita por Camila J Pereira


Capítulo 37
Rumo


Notas iniciais do capítulo

Gente, pensei que tivesse postado esse capítulo...Que bom que vi que não.
Respirem fundo novamente.
Beijos.



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Bella

Estava arrasada, por opção, eu sei. Edward me ofereceu tudo, mas eu não consegui aceitar, da mesma maneira que não aceitei de todo o amor de Jacob. Cheguei em St. Paul e procurei um hotel para me hospedar. Na primeira noite não consegui fazer nada, tomei um banho e deitei na cama olhando para o teto. Acho que nem se eu quisesse conseguiria me mexer.

No dia seguinte tentei me animar um pouco, algo pouco provável, mesmo assim visitei a Catedral de St. Paul, não sei exatamente o porquê, talvez estivesse em busca de paz. Depois vaguei pelo Centro Histórico tentando entender a história do lugar. Em todos os momentos ficava imaginando o que o Xerife Cullen estaria fazendo. Talvez ele estivesse com tanta raiva que já tenha decido esquecer-se de mim. Isso era o que eu queria... Eu acho. Passei apenas dois dias lá e depois segui para Rochester que fica no Condado de Monroe em Nova Iorque. Estava ficando mais próximo do inverno, era quando eu ficava mais sensível. Ótimo! Agora curtiria melhor a minha fossa.

Em Rochester tive a oportunidade de conhecer um dos vários Parques da cidade e pude notar que a vida noturna dela nos dava muitas opções, era bastante agitada, mas apenas nesse horário visitei os restaurantes. Uma semana se passou e já estava na hora de seguir. Meus pensamentos continuavam insistentemente em Hope Falls e em seus moradores singulares, principalmente é claro em um. Nada que eu fizesse impedia que parasse de pensar em Edward, nem em todas as pessoas maravilhosas que conheci.

Mandei uma mensagem para Emmet falando rapidamente que estava bem, mas nada mais do que isso. Em todo o tempo mantinha o celular desligado e escondido. Acredito que isso era também para eu mesma não ligar para Edward.

Mesmo que eu tentasse me ocupar parecia que os dias passavam mais lentamente, as horas se arrastavam, era um tormento. Não conseguia me livrar da dor, da saudade. Mas eu ainda acreditava que ficando longe dele seria o melhor. Edward era muito especial e eu preferia ficar longe dele do que perdê-lo depois, definitivamente. Mas era tão difícil, e estava ficando difícil também respirar, sem ele isso era absurdo.

Eu daria tudo para senti-lo novamente perto de mim, sentir seus beijos e carinhos. Com ele eu fui tão mais solta, verdadeira. Ele quis me prender na cidade e o que ele fez, no entanto foi libertar um pouco esse meu lado. Tinha dito a ele coisas que não tive coragem de falar com Jacob. Falei o que sentia. Me entreguei a paixão, deixei isso bem claro e depois disse com todas as letras que o amava, o que era a mais pura verdade. Mas nem isso poderia me prender lá, isso muito menos. Tinha tanto medo de que ele desaparecesse. Assim como meus pais, Becca e Jacob. Era certo que não suportaria mais essa dor. Por isso eu deveria me resignar com esse sofrimento que é pequeno em comparação ao que poderia ser. Mas eu não podia evitar de me sentir extremamente solitária, muito mais do que antes. Sentia ímpetos de voltar a Hope Falls e me instalar na casa dele, mas isso tudo era ilusão, eu tinha que acordar e encarar a realidade.

Tinha que me movimentar o mais depressa possível, estava tendo pensamentos errados. Arrumei a minha mochila já decidida para onde ir. Logo estaria em Nova Iorque, passaria uns dias lá. Um lugar maior e com mais distrações, eu precisava disso, muitas distrações. Livrar-me desa ânsia de voltar para os braços dele, me livrar desses pensamentos, dessa dor.

Fiz o mesmo procedimento das outras cidades. Acomodei-me no hotel e sai para visitar o lugar. Eram seis da tarde quando decidi dar um passeio pelas redondezas do hotel. Minha primeira parada foi num café. Imediatamente me lembrei do meu primeiro dia em Hope Falls. Acho que não comecei bem.

Sentei em uma mesa no fundo, a mais afastada que tinha das outras pessoas. Uma garçonete muito simpática me atendeu. Ela tinha cabelos castanhos que prendia em um rabo de cavalo alto e suas sardas no rosto lhe conferiam um ar infantil. Li em seu crachá: Lauren. Pedi um café e umas rosquinhas.

Logo, ela voltou com o meu pedido e eu pude comer tranquilamente. O lugar não estava cheio e não tinha muitas coisas para focar a minha atenção, o que me fez pensar em coisas que não queria, nem deveria.

– Nossa! Você está tão distraída! - Ouvi uma voz perto de mim. Pisquei algumas vezes e Lauren estava a minha frente.

– Des-desculpe? - Ela deu um risinho infantil.

– Estava perguntando se queria que lhe servisse um pouco mais de café. - Ela repetiu.

– Claro obrigada. - Lauren despejou um pouco mais do líquido escuro e fumegante em minha xícara.

– Não pude deixar de notar você. Sabe, parece muito com aquela atriz... Kristen Stewart. - Engasguei com a rosquinha e beberiquei o café para aliviar. As lembranças iriam me perseguir dessa maneira? Assim é covardia.

– Obrigada, eu acho.

– Ela é muito bonita, e você também. Mas... Perdoe-me e indiscrição. Está chateada com algo? - Ela pegou-me desprevenida. Respirei fundo para tentar responder.

– Não... Não. - Ela sorriu maliciosa.

– Acho que está sim e deve ser algum problema com o coração, um amor. - Ela falou a última palavra num sussurro.

– Por-por que pensa isso?

– Eu conheço esse olhar. Quando uma mulher esta com esse olhar é porque está tendo problemas no amor. E sabe o que é bom para isso? - Balancei a cabeça em negativa. - Você tem que liberar toda essa energia em outra atividade.

– Que seria...? - Perguntei desconfiada e curiosa. O que estava dando em mim em permitir que ela, uma desconhecida puxasse um assunto desses comigo? É... Hope Falls deve ter me mudado mesmo.

– Uma atividade física. Esporte. Que tal defesa pessoal? - Um lampejo me veio a mente, palavras ditas para me amedrontar e aprisionar.

– Sabe, o juíz costuma ser mais condescendente com as mulheres. Você poderá ser solta dentro de um ano, ou mais até, por bom comportamento. Luta caratê?

Eu o encarei incrédula, recolhendo as minhas mãos. Aquilo tudo era surreal de mais para mim. Se alguém me contasse que passou por uma situação dessas eu riria e não acreditaria, mas vivendo-a a vontade que eu tinha era de estapear alguém.

– O quê? - Finalmente perguntei.

– Caratê. Defesa pessoal ou qualquer coisa parecida. Acredite ou não, as penitenciárias femininas são tão ou mais violentas do que as masculinas. Seria bom dar uma recapitulada nos golpes que você aprendeu. - Ele só poderia estar brincando, mas não via nenhum vestígio que indicasse isso no rosto dele.

Era como se eu estivesse tendo um dejavú, um não, muitos. Talvez vir para Nova York não tenha sido uma boa ideia. De repente uma cidade tão grande e desenvolvida estava muito mais parecida com uma cidadezinha interiorana.

– E então? Eu tenho aulas de Defesa Pessoal, segundas e quartas. Além de um exercício físico, também serve para me sentir mais segura nessa cidade. Usei meus conhecimentos apena uma vez. Um homem estava querendo passar dos limites, coloquei ele no chão. Posso te levar lá, estou largando daqui a pouco. - Eu a olhei um tanto desconfiada. Parecia que agora eu teria muito facilidade de encontrar pessoas que queriam de alguma forma me ajudar.

– Por que não? - Perguntei mais para mim mesma. - Bom... Onde fica o lugar?

– É aqui pertinho. Podemos ir andando. A primeira aula é gratuita. Assim você pode decidir se faz ou não.

– Eu me interessei. Acho que vou aceitar a sua proposta. - Falei sorrindo o que fez ela praticamente pular em minha frente, lembrando-me de Alice.

Terminei de tomar o meu café enquanto Lauren tirava o seu uniforme para logo depois seguirmos para o local da aula, que realmente não era distante. Fui recebida muito bem pelo professor que era bastante educado e atencioso. Só existiam mulheres, no total 8, bom...9 comigo. O lugar era agradável, fazia parte de uma academia. Uma hora depois eu estava fazendo a minha inscrição, a partir daquele dia faria parte daquela turma. Lauren e eu trocamos telefone, com certeza nas segundas e quartas iríamos juntas para as aulas.

Só quando cheguei ao hotel que me dei conta de tudo o que se tinha passado. Deixei que uma pessoa estranha se aproximasse, permiti que ela me influenciasse, claro, aceitei o conselho dela e me inscrevi em uma turma de Defesa Pessoal, algo fixo. Teria que passar muito mais tempo na cidade agora. Isso me assustou um pouco. Sentei na cama meio tonta pelas descobertas, pelas... Mudanças... Eu fiz algo que me prenderia em um local sem nem perceber...

No dia seguinte tomei café e dei mais um giro na cidade. Caminhei pelo Central Park observando as pessoas se exercitando nos campos de esportes ou simplesmente correndo ou caminhando pela grande área verde. Parei para admirar os jardins e o lago e continuei a caminhar pela cidade, descobri um lugar que dava aulas de história da arte. Não sei o porquê, talvez o ambiente agradável tenha me inspirado a entrar e minutos depois me via fazendo a inscrição do curso. Sai de lá e entrei em um shopping, e lembrei-me do dia maravilhoso que passei com Rosie, Alice e os gêmeos, nós nos divertimos muito aquele dia. Entrei em algumas lojas e comprei alguns casacos, pois estava ficando frio. Por impulso compre uma câmera fotográfica e já sai tirando fotos de todos os locais visitados.

Naquele mesmo dia voltei para o Café e conversei um pouco com Lauren. No dia seguinte fui para a aula com ela. O professor disse que eu tinha muito energia em mim e que isso me deixava muito inquieta, não me permitindo agir com tranquilidade e sim precipitadamente. Ele me indicou fazer ioga, para que eu controlasse a minha energia. Sai de lá e me inscrevi no curso de ioga.

Quando a semana acabou eu estava inscrita em outro curso: Paisagismo. Eu decidi fazer tudo o que me agradasse e tudo o que me fizesse esquecer de Edward e de todos de Hope Falls. Estava gostando da minha nova rotina, ás vezes eu tinha que sair correndo de um curso para ir para outro. A mente estava ficando ocupada, mas com mais coisas, porque as antigas continuavam ocupando seu espaço na minha cabeça. Pelo menos a noite eu ficava muito cansada e dormia logo.

Na semana seguinte decidi procurar um apartamento para me instalar. Já que eu passaria o inverno na cidade eu teria que ter um espaço só meu, algo que me desse mais liberdade e conforto. Vi alguns, mas não gostei de nenhum. Descobri que as minhas manhãs estavam livres demais. Uma mulher que fazia ioga comigo disse que trabalhava num abrigo de mulheres que deixavam seus filhos lá para procurar emprego ou mesmo trabalhar. Era uma boa opção para mim. Mas cuidando daquelas crianças eu me dei conta da falta que os gêmeos faziam. Todo aquele barulho e disposição. Imaginei se eles estariam sentindo a minha falta. Bom... Mesmo que estivessem eles eram muito novinhos e logo esqueceriam.

Dias se passaram e eu enfim encontrei um lugar decente para se morar. Era um apartamento minúsculo, um kitchenette. Mesmo sendo melhor que os outros precisava de alguns reparos, mas eu tinha gostado e acabei ficando com ele. Tinha que ligar para Emmet e avisá-lo que estava bem e pedir para que mandasse algum dinheiro para o banco e foi o que eu fiz. Ele pareceu espantado e quando me fez mais perguntas inventei que estava ocupada e que precisava desligar. Tinha que admitir que estava morrendo de saudades dele, morrendo. Mas parecia, sei lá, que antes de qualquer coisa eu tinha que encontrar um rumo. Tinha que fazer isso, por mim.


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