Kyodai - The Awakening Of Chaos (Interativa) escrita por Wondernautas


Capítulo 78
68 - Marks of the past, emblems of the future




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– Eu?! – questiona Yukino, perplexa.

O local é a sala da direção de Kyodai. Aqui, estão reunidos, junto da soberana das águas, Luka, Kenny, Lygis, Sugaku e Yuki – quem, inclusive, acabara de impactar a todos com sua saída da direção e sua indicação para a nova diretora do colégio. Diante disso, Yukino está mesmo bem espantada.

– Sim. – afirma Yuki. – É você quem deve assumir este colégio. Eu particularmente não tenho mais condições de me manter neste cargo e vejo somente você como uma pessoa apta para me substituir.

– Isso não é repentino demais não? – questiona Lygis.

– Eu já estava cogitando a possibilidade de sair da direção há dias, mas ainda não tinha encontrado ninguém para o meu lugar. – determina ele. – Agora que minha mãe retornou e está do nosso lado, só tenho mesmo que pensar que ela é a escolha ideal.

– Sabemos o quanto sua mãe merece isso e o quanto tem força e pulso firme para reger uma escola como a nossa, mas seria injusto com os outros que estão atuando aqui há mais tempo. – opina Luka. – A Sugaku, por exemplo, sempre fez de tudo pela organização e por Kyodai.

Todos direcionam suas faces para a professora de Matemática. Séria, ela nada diz, nem reage ao que escuta. É assim que Kenny articula:

– Concordo. Isso deveria ser pensado melhor. Aliás, deveria ser decidido por votação e de forma justa.

– Não tenho interesses em assumir a direção de Kyodai. – lamenta Yukino, fechando seus olhos por alguns momentos. – Sinto muito, mas não me vejo nesse direito.

– Muito menos eu. – afirma Sugaku. – Por mais que eu tenha encontrado alguém como Dark em meu caminho, cometi vários pecados imperdoáveis na minha trajetória de vida.

– Vocês precisam deixar o passado para trás, afinal, já passou. – comenta o irmão mais velho de Gingamaru, alternando seu olhar entre as duas. – Até quando irão ficar se culpando?

– Não é essa a questão. – alega sua mãe, suspirando. – O fato é que realmente não posso aceitar depois de tudo.

– Com isso, ficamos em um impasse. – diz Kenny, assentando-se. – O que faremos?

– Uma votação, como sugeriram. – determina Yuki. – Pensando bem, será mesmo justo e é recomendável que envolva os nossos alunos. – completa, referindo-se ao grupo de humanos avançados que ainda se encontra nas dependências do colégio. – Assim que Sugaku ou Yukino for nomeada, me retirarei do cargo.

– Você tem mesmo certeza da sua decisão? – pergunta Sugaku, séria, retirando seus óculos com sua mão direita.

– Certeza absoluta e inquestionável. Minha escolha não está aberta a discussões. – articula o pai de Juli, voltando sua face para a professora de Matemática.

Por alguns momentos, o silêncio paira na sala. Os presentes se entreolham como se esperassem a manifestação de alguém aqui. É quando Yuki decide fazê-lo, comentando:

– Já que é uma medida importante... – e se levanta do seu lugar. – Vamos definir isso agora!

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Oito jovens: Kaoru, Lucy, Sayuri, Daisuke, Yuong, Akemi, Eric e Anthony. No momento, esses se encontram juntos em determinado ponto do jardim da escola. Pensativos, desde que se depararam uns com os outros neste local, permaneceram: e em silêncio quase soberano – seria se a flautista presente não estivesse tocando uma bela melodia. É algo que vem se estendendo faz bons minutos. Tudo o que os estudantes fazem é observar o vasto céu que recobre suas existências enquanto a colega expressa seus dons artísticos.

– Kyodai ressurgirá. – afirma Sayuri, abrindo seus olhos, até o momento selados, parando sua música.

Daisuke, do lado direito dela e do esquerdo de Yuong, alterna seu olhar entre ambos – primeiro fita ele, depois fita ela. E quando direciona sua atenção total para a amiga, questiona:

– Como assim?

– Certas mudanças profundas farão desta escola um lugar inédito. É tudo o que sei. – afirma ela. – Por enquanto, não sei de mais nada.

– Mudando de assunto, você deve estar realmente feliz com o retorno do Gingamaru, não é? – indaga Lucy, ignorando as palavras da mais velha, estando do outro lado da artista.

– Sim. – articula, sorrindo e olhando para a mais jovem. – Ainda não tive coragem de me retratar com ele sobre tudo. Mas... – suspira, dando uma pausa. – Quando for a hora certa, eu...

– Vê se faz isso logo! – exclama Eric, cruzando os braços e fazendo bico. – O cara voltou bem mais maduro e nunca foi de se jogar fora.

– Está insinuando que vai dar em cima dele? – questiona Sayuri, um pouco irritada, encarando-o com um olhar fatal.

– Longe de mim. – afirma, balançando sua cabeça negativamente. – Até porque a palavra “dar” não existe no meu vocabulário, gatinha. O que estou querendo dizer é que ele, que já era bem popular antes, pode ficar mais ainda.

– Concorrência... – articula Akemi, fazendo bico.

– Bem, sobre o fato dele ter mudado, acredito que o Gingamaru-kun se protegia com uma armadura durante todo o tempo que convivemos com ele. – opina Kaoru. – Ele passou por muitos problemas no passado e tudo o levou a tentar se proteger.

– Disso não tenho dúvidas. – determina Yuong, cruzando seus braços. – As pessoas costumam fazer isso quando não sabem como enfrentar a própria dor.

Daisuke, firme, direciona a ele um olhar tão fatal quanto o que Sayuri direcionou para Eric há pouco. O mais velho percebe isso, mas apesar do aperto em seu peito, disfarça, desviando seu rosto. O dilema que surgiu entre os dois por causa de Amaya não foi resolvido, aliás, nem mesmo discutido. Por outro lado, Daisuke está se sentindo diferente em relação à Tsubaki. Ela, porém, ainda está confusa com tudo isso.

– O importante é que ele alcançou o que, sem nem mesmo saber, buscou por toda a sua vida. – afirma Sayuri, sorridente, chamando para si todos os olhares, referindo-se ao reencontro de mãe e filho. – Nem mesmo me importo se Gin-kun não me amar como o amo ou se for se apaixonar e ficar com outra pessoa. Basta, para mim, que ele seja feliz.

– Essa é a mais bela forma de amor. – opina Lucy, abaixando sua face, exibindo um sorriso melancólico. – Fico feliz por saber que fui capaz de aprender essa lição, algo que nem mesmo anos e anos de pesquisas e estudo me ensinariam.

Todos os presentes notaram que o astral da garota mudara de uns dias para cá. A verdade é que já estão cientes de que Lygis Pégasus devolveu a ela os seus poderes especiais. Por outro lado, ninguém teve coragem de tocar no assunto. Todos acham que é algo particular demais pelo fato de que, de determinada maneira, Lucy liga o momento em que perdeu suas habilidades à morte de Saito. E, ainda no fundo, a “cientista maluca” sente muita falta dele.

– A vida sempre pode ser proveitosa, basta querer. – garante Anthony, sendo o único que volta a olhar para o céu.

– É verdade. – concorda o irmão de Saori Tohara.

Repentinamente, Daisuke se levanta do seu lugar. Sayuri e Eric olham para ele e o melhor amigo de Tsubaki diz:

– Vou procurar Tsu-chan. Preciso falar com ela.

Quando o garoto dá meia volta, leva um leve susto: Kenny acabara de surgir perante seus olhos.

– Que susto! – exclama o garoto, levando sua palma direita na direção do coração. – Você é mesmo sempre assim, né?

– O diretor está convocando todos para uma discussão importante. – fala o irmão mais velho de Senshi, alternando seu olhar entre os presentes. – É muito importante.

Todos os outros se levantam. Akemi, colocando sua mão direita na cintura, questiona:

– Sobre Kyodai, sobre a Carmesim ou sobre o tal Dark?

– Sobre várias coisas, inclusive, sobre o fato da Carmesim não existir mais. – revela Kenny, surpreendendo seus ouvintes.

– Não existe mais?! – indaga Eric, espantadíssimo. – Isso é verdade mesmo?

– Venham comigo. – pede o mais velho. – É melhor que todos nós estejamos lá para ouvir diretamente do diretor. – e suspira, pensando: – Ou melhor, ex-diretor...

– Eu irei depois. – fala Anthony. – Preciso resolver um assunto particular.

Todos, com exceção dele, se juntam a Kenny. Sério, o braço direito de Yuki Arima determina:

– Não demore.

– Certo, pode deixar. – diz Anthony, sorrindo.

Na sequência, com a habilidade especial de Kenny, todos eles deixam este local, indo para o auditório. Somente fica aqui Anthony, quem suspira profundamente, tornando-se sério, quando se vê sozinho.

– Um garoto como você não deveria andar sozinho em tempos de alarde. – recomenda uma voz feminina que brota de certo ponto atrás do jovem.

Surpreso, ele dá meia volta. E dá de cara com duas pessoas: Grade Lark e Raphael Dawson, os aliados de Edward Strauss.

– Será que sua solidão é uma marca do seu passado? – questiona ela, sorrindo maquiavelicamente enquanto o encara.

O garoto se coloca de prontidão. Contudo, mais que depressa, a mulher lança turbilhões de sombras contra ele. Apesar disso, Anthony consegue saltar para trás e escapar da investida.

– O que querem comigo? – pergunta ele, destemido, alternando seu olhar entre os dois inimigos.

– Sabemos que você é uma mente bem ávida quando o assunto é química ou matemática, assim como Lucy Rouvier. – alega ela, vestindo seus trajes de secretária.

Raphael direciona sua face para a mulher. Enquanto ela vai falando, ele pensa, analisando-a da cabeça aos pés:

– Acho que ela incorporou mesmo o personagem... Ou será que personagem era o papel de antes?

– Queríamos obter um aliado como vocês, mas foi realmente vaga nossa procura. – explica ela, gesticulando um pouco, mantendo seu sorriso malevolente. – Foi quando pensei: se, cedo ou tarde, vocês terão que ser capturados mesmo, por que não seja cedo para que possam ser úteis aos nossos planos?

– Seremos capturados? – questiona ele, arqueando sua sobrancelha esquerda.

– Ainda está para ser aprovada a lei contra humanos avançados. – articula o aliado dela, voltando sua atenção para Anthony, atraindo a dele para si. – Caso seja, os humanos avançados que representarem perigo para a sociedade serão retirados dela. E, claro, Edward Strauss está usando seus métodos mais eficazes para levar a crer que todos neste colégio são ameaças em potencial.

– Em outras palavras, se a lei for aprovada e entrar em vigor, teremos o auxílio direto das forças governamentais para capturar todos vocês. – a Lark resume, deixando seu ouvinte pasmo. – Entretanto, temos metas além dessas e para alcançá-las, não podemos esperar. É por essa razão que estamos aqui.

– Querem uma espécie de favor meu e da Lucy, é isso? – questiona, erguendo as sobrancelhas por breves momentos. – Até parece que iríamos fazer parte da sua corja!

– Não. – nega ela. – Afinal de contas, vocês não têm escolha.

– Somente um dos dois é necessário. E como é você quem está aqui, como um pássaro indefeso fora da gaiola, escolhemos a sua existência para contribuir com o futuro negro que desejamos criar. – explica o outro aliado de Edward Strauss.

– Precisamos de uma bomba e será você quem irá fazê-la para nós. – conta Grade.

É aí que Anthony se lembra do que foi dito, anteriormente, sobre a visão de Sayuri com uma bomba sendo detonada em Konton. Perplexo, ele agora entende que tal bomba é obra da gangue suja de Edward Strauss. É assim que indaga:

– Vocês querem destruir a cidade?

– Espalhar a destruição é meu maior objetivo! – esbraveja a mulher, com seus olhos bem arregalados, impactando tanto seu alvo quanto seu aliado. – Essa cidade patética será somente o estopim!

Ela ergue os braços para o alto. Com sua face para o céu, conta:

– Desejo, do mais profundo das minhas entranhas, aniquilar tudo o que tem forma. Quero ver o caos despertando e assolando tudo o que encontrar em seu caminho. Anseio ver a mais perfeita destruição ardendo em realidade!! – e pausa, gargalhando, redirecionando sua expressão facial sádica para o estudante. – Dark-sama me levará para este futuro. E, para isso, eu farei tudo por ele! Farei o que for necessário pelo meu sonho!

– Você é louca! – proclama Anthony. – Nunca vou ajudar vocês, nem que me matem!

– Sim, eu sou louca, louca pela devastação, pelo caos! – exclama, elevando ainda mais o seu tom. – O que vivi no passado serviu para me ensinar que a humanidade não merece nada além do seu derradeiro fim!

– Não! – ele discorda. – Existem pessoas boas que merecem o melhor desta vida!

– Tudo o que as pessoas merecem é o sofrimento. – articula ela.

Grade se entrega às gargalhadas. É quando, perante isso, Anthony se joga contra a mulher. Caindo sobre o corpo dela, o garoto prende os pulsos da aliada de Dark no chão com suas mãos.

– Me solte. – exige ela ao parar de rir, encarando-o com um olhar mortífero.

– Cinco segundos! Com o meu poder especial, acabarei com você nesse intervalo. – declara ele, sem medo de encará-la olho no olho. – Cinco segundos e adeus para a sua vida.

Grade se cala, Raphael permanece imóvel. A verdade é que não demonstra interesse em ajudar Grade, ou talvez considere a ameaça de Anthony como algo irrelevante. E, durante bons segundos, ela permanece estática no chão.

– Morreu... – pensa ele, observando a expressão fria e inerte da mulher.

Ela começa a rir, para a surpresa do garoto. Com isso, fitando-o, fala:

– Eu já estou morta.

Vários turbilhões negros atacam o corpo do garoto, lançando-o para o alto. Logo depois, ele cai de bruços ao chão e desmaia: um feixe de sangue corre da sua narina esquerda e pinga sobre a grama verde.

– Ridícula a sua tentativa. – opina ela, levantando-se e colocando-se ereta, dando leves tapas no contorno de sua saia para retirar a poeira. – Como se eu fosse ser abatida por isso...

O celular em seu bolso toca. Usando sua mão direita, pega o aparelho e dá meia volta enquanto Raphael vai até o inconsciente Anthony.

– O que foi? – pergunta a mulher, atendendo.

– Lark-sama, tenho duas novidades. – fala um dos cientistas do laboratório secreto, do outro lado da linha.

Raphael ergue Anthony, envolvendo o próprio pescoço com um dos braços deles. Virando-se para Grade, anda em direção a ela e se coloca ao lado esquerdo da mesma. A mulher, por sua vez, ignora sua atitude e continua falando ao telefone:

– Quais são?

– Fênix despertou e Alaska Snow fugiu. – corresponde o cientista.

Por alguns momentos, Grade permanece paralisada. Porém, logo depois, desliga e guarda seu aparelho em seu bolso. Voltando sua face para seu aliado, determina:

– Precisamos ir.

Sombras envolvem o trio. Em pouco tempo, eles desaparecem. E sem deixar rastros...

/--/--/

Ao mesmo tempo, no auditório...

Nagashi, Senshi, Tsubaki, Gingamaru, Daniel e Sherry. Juntos, eles são os últimos a chegarem ao local. Já em seus devidos assentos, estão Reiko, Sayuri, Juli, Daisuke, James, Lucy, Kaoru, Saori, Amaya, Yuong, Julie, Arin, Christopher, Eric e Akemi. Perante tais jovens estão Yuki, Yukino, Sugaku, Luka, Kenny e Lygis.

Quando os recém-chegados escolhem seus lugares e se assentam, Yuki começa:

– Acho que estão todos aqui, não é? Então vou começar. – fala. – Temos muitas novidades relacionadas ao colégio e a medidas que decidimos tomar por tudo o que está acontecendo em torno de nós.

Yukino e Sugaku – a primeira ao lado direito e a segunda ao lado esquerdo – passam a observar Yuki atentamente. O diretor de Kyodai, então, prossegue:

– Antes de tudo, devo dizer que não sou mais o diretor da escola.

Todos os estudantes ficam pasmos, mas não conversam entre si, nem nada. Ele continua:

– Abri mão do meu cargo para que uma outra pessoa me substitua. E temos duas indicadas: Yukino Arima e Sugaku Megumi.

O espanto dos alunos toma maiores proporções ainda. Olhando para cada um deles, o irmão mais velho de Gingamaru alega:

– Eu não tenho mais condições de ficar à frente de Kyodai. Quero retomar uma vida feliz com minha filha, ao menos, tentar.

Ele direciona seu olhar para Juli. Os olhos da garota tremulam enquanto seu coração dispara. Está feliz por saber que seu pai deseja se dedicar mais a ela, mas triste por saber que ele está desistindo da direção da escola. Por outro lado, mesmo sem nenhum poder fora do comum, a ruiva tem ciência de que há muitas coisas em jogo a essa altura do campeonato. Importar-se com detalhes tão pequenos seria algo banal demais de sua parte. E, afinal de contas, a garota quer mudar, pois abandonara a armadura que criara em torno do seu coração, o que usou no passado para se proteger do que lhe fazia mal.

– Teremos uma votação entre vocês para escolher entre as duas candidatas. – conta Yuki. – Sei que há muitos outros assuntos importantes a serem discutidos, mas por enquanto, isso é essencial para a resolução de outros temas.

O diretor, suspirando, cruza seus braços. Perante seus estudantes, pronuncia:

– Então está é a questão: Sugaku ou Yukino? Quem escolherão, quem será a nova diretora e responsável pelo futuro de Kyodai?


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