Kyodai - The Awakening Of Chaos (Interativa) escrita por Wondernautas


Capítulo 13
Capítulo 12 - Castle ice crystal


Notas iniciais do capítulo

Repetindo notas finais anteriores:

Pessoal, para quem lê as notas finais, o que estão achando dos seus personagens? Estão gostando? Tem alguma crítica, pedido, observação? Preciso saber, pois se for o caso, alterarei algumas coisas nos caps já escritos. Bem, é isso.

E quem acompanha, mas não comenta (fic interativa). Interaja! kk, nem que seja para falar "Ah que lixo" rsrsrs.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/397407/chapter/13

A noite cai. Kyodai, apesar de tudo, parece voltar ao normal. Minos Tsuyoshi desapareceu sem deixar rastros e todos os estudantes abordados por ele já passam bem. Segundo os responsáveis do internato, os seguranças foram encontrados dormindo no expediente e, por tal razão, demitidos e substituídos por outros. Para não causar pânico aos demais alunos, nem prejudicar a imagem do colégio, a direção pediu para os envolvidos que não divulgassem o ocorrido. Em outras palavras, na teoria, Senshi e os demais desmaiaram por razões secundárias. Para todos os efeitos, o estranho músico não existe.

A água molha o escultural corpo da jovem de 16 anos. Seus belos cabelos, tão claros que chegam a ter sua cor confundida com branco, se espalham por suas atraentes curvas. Sayuri Kishimoto aproveita cada minuto do seu banho, ignorando toda e qualquer outra coisa no mundo. A terceiranista mantem seus olhos cerrados, enquanto sente como se todas as impurezas do dia fossem varridas para o ralo.

– Sayuri-kun, ficará ai até quando? – pergunta Sophia, batendo à porta – Preciso tomar banho também.

– Só mais alguns minutos... – responde, apaziguada pela água que a purifica.

– Você, por acaso, viu a Lucy-san? Ela não está por aqui e já passa das nove!

– Já procurou na biblioteca?

– Na verdade não, apenas queria saber de você... – encerra, se afastando e voltando a deitar de bruços para sua cama.

Sophia apoia seu rosto em suas palmas, cruzando suas pernas, dobrando uma sobre a outra. Pensativa, ela se lembra do que vivenciou mais cedo, do medo que lhe corroeu, da sensação de que a morte estava a lhe abraçar. Memórias que, a todo custo, gostaria de não ter.

Seu olhar pousa sobre a janela aberta. Por ela, observa as estrelas do céu. Belíssimas.

– Pronto. – a voz de Sayuri lhe chama a atenção.

A flautista, totalmente vestida, caminha para fora do banheiro, enquanto enxuga seus cabelos úmidos com uma toalha branca. Erguendo-se da cama, a outra se coloca de pé, sorridente.

– Me ajuda a encontrar ela?

– A Lucy?

– Isso.

– Está preocupada com ela? – indaga Sayuri, se aproximando da própria cama e se assentando nela, de costas para Sophia.

A mais nova, compreendendo a situação, vai até ela. Posicionando-se atrás da flautista, leva ambas as mãos para os seus cabelos. É a produção da indispensável trança.

– Para falar a verdade, estou.

– Ouvi dizer que você e alguns outros alunos do colégio passaram mal no jardim. Não foi exatamente isso o que aconteceu, não é mesmo?

– Não, foi apenas o que pediram para que falássemos. Afinal, ninguém acreditaria que um homem nos deixaria sem consciência apenas com uma música. Até mesmo eu tenho dificuldade para acreditar na história e olha que eu estava lá... – conta, começando a trançar as madeixas da mais velha.

– Então foi isso o que aconteceu...

– Não está achando que estou ficando louca, não é? – pergunta, notando a estranha naturalidade no timbre de voz da companheira de quarto.

– Não, é claro que não. Acredito em você.

– Mesmo? – interroga Sophia, observando a face de Sayuri por alguns segundos.

– Na verdade, coisas estranhas vêm acontecendo comigo também...

– Estranhas como?

– É um pouco difícil de explicar. Prefiro falar sobre em outra hora.

As duas, mesmo quando a trança é concluída, continuam a conversar por mais alguns minutos. Contudo, logo decidem procurar pelas dependências do colégio, juntas, a outra parceira de quarto. Pois, considerando os ocorridos do dia, Kyodai não é um lugar tão seguro quanto muitos julgam ser...

/--/--/

Um primeiranista caminha por um corredor na ala masculina, com o objetivo de chegar a seu quarto. Pensativo, ele observa o chão, com cada passo lento que só.

– Preciso descobrir... Preciso descobrir... – mentaliza Saito, se lembrando das pesquisas estranhas de Lucy. – Tenho certeza de que é algo grande!

O garoto se lembra dos comentários do dia em toda a escola. Um dos assuntos mais debatidos foi a “possível” aparição de um “músico assassino”. Por mais que a direção de Kyodai tenha tentado segurar a situação, o controle de algo do tipo não é perfeita.

O estudante, que de bobo não tem nada, ligou os pontos: as pesquisas de Lucy, as poucas palavras que conseguiu ouvir dela, os boatos dos outros alunos e o interesse do internato em abafar o caso. Há uma conexão em tudo isso?

– Eu vou descobrir sim, custe o que custar! O seu mundinho está cristalino demais... – fala consigo mesmo, enquanto caminha, pensando na cientista menor de idade – Farei com que ele se despedace.

Apesar do interesse do garoto na verdade escondida pela novata, não é essa a única razão que o estimula a procurar respostas. Saito não saberia explicar, mas é como se a aluna do segundo ano possuísse uma aura estranha, fora do comum. Uma espécie de “invulnerabilidade”, que oferece a impressão de que Lucy se acha superior, de alguma forma. Algo que o tira do sério, sem ao menos entender o porquê.

– Vadia! – alguém grita, fazendo com que o garoto olhe para a direção de onde ele mesmo veio.

Juli, enfurecida, anda apressada, quase correndo, na verdade, resmungando sem parar. Das poucas palavras que o primeiranista compreende, a maioria são xingamentos contra alguma pessoa.

– O que houve? Por que está aqui na área masculina? – se vira, colocando-se no caminho de sua colega de classe.

A ruiva tem seu andar interrompido pelo garoto. Fitando-o, ela exige:

– Saia da minha frente! Vá importunar outras pessoas, aprendiz de idiota!

– Não antes de você dizer o que está acontecendo. – exige, ignorando a grosseria.

– Não te devo satisfação, imbecil! – exclama, enlouquecida de raiva por alguma razão. – Cuide de você mesmo e vai ver se estou na esquina.

Para quê confrontá-la? Não há um motivo para isso, afinal de contas. Por isso, Saito se afasta dela, lhe devolvendo o caminho para seguir. Juli prossegue, irritada. Ele a observa, parado.

– Todos aqui me fazem de boba. Aquela perua metida da Nagashi tentou me bater. O Yuong sempre me dispensa como se eu fosse lixo e o Jayden sempre está atrás dele como se fosse um cachorrinho. Até aquela desgraçada da Lucy, que me ignorou totalmente. Quem eles pensam que eu sou?

Juli acessa outro corredor, cada vez mais distante do novato. Ainda assim, sua voz continua perceptível, tal como suas reclamações. Ele chega a achar cômico, em pensar que a mesma pessoa causou irritabilidade tanto em si quanto na “patricinha número um” do colégio.

– Não devem existir muitas pessoas normais nessa escola... Essa ai é um exemplo clássico de que vagas no hospício deveriam ser distribuídas por aqui. Seria uma ótima atitude social! Ainda assim... Ela é bem bonitinha. Se não fosse tão irritada, quem sabe eu poderia tentar alcançá-la...

Suspirando, o estudante coloca suas mãos nos bolsos de sua calça. É quando, de repente, as luzes do corredor se apagam. Tudo fica escuro, o que faz com que Saito não enxergue um palmo diante dos seus olhos.

– Mas o que é isso? Um blecaute? – supõe, cessando seus passos mais uma vez.

– Saito Urushihara, cuidado com a beleza de um castelo...

O garoto fica pálido, assim que ouve a tenebrosa e desconhecida voz. Não sente medo, afinal, mas sente que algo nada bom pode lhe acontecer.

– Quem é?

– Castelos podem fascinar, a primeiro momento. Mas o que fazer quando o mais belo de todos eles se revela ser mera ilusão?

– Fala logo quem você é! – grita o garoto, exaltado, vítima da escuridão total. – Não sou do tipo que gosta de joguinhos...

Ninguém responde. Em poucos instantes, a luz retorna às lâmpadas do local. Ele olha para todos os lados, mas não encontra ninguém. É como se tivesse ouvido a voz de um fantasma... E esse mesmo fantasma, voltado para o mundo de onde veio.

– O que foi isso? Será que estou pirando?

O exótico par de olhos do estudante encontra algo caído ao chão, o que parece ser uma fotografia. Distante dela por alguns metros, ele resolve se aproximar com calma e atenção. Quando já se encontra a poucos centímetros, para, constatando que se trata, de fato, de uma foto.

– O que significa? – se pergunta, se abaixando para que sua mão direita recolha a imagem.

O adolescente a analisa, pasmo. É Sophia Cianno, sorridente e alegre, ao lado de uma bela mulher. É provável que seja sua mãe. Sobre a imagem, o nome da estudante, e uma frase, que foram gravadas com o que parece ser sangue. Atordoado, ele não sabe o que deve fazer. É quando lê a mensagem:

– “O primeiro castelo de cristal está prestes a ruir...”

/--/--/

Lua cheia. A noite se torna especial graças à completa forma da Lua. Assentado na grama, um dos estudantes do internato a observa. Jayden Valentine abraça suas pernas e apoia o queixo em seus joelhos.

– No que está pensando? – pergunta alguém, que se aproxima dele.

– Em muita coisa. – responde, já ciente de quem se trata, ao reconhecê-lo pela voz.

– Para falar a verdade, eu também. – admite Kaoru, que se aproximara por trás, assentando ao seu lado direito e assumindo uma posição semelhante.

Por alguns instantes, ninguém diz nada. O brilho da Lua é fascinante demais para ser ignorado ou deixado de lado.

– A Saori sempre adorou observar a Lua. – comenta o grande parceiro de Saito – Ela deve estar fazendo isso agora, quem sabe...

Os dois estudantes de Kyodai são amigos. Apesar disso, não costumam conversar muito. Jayden sempre está com Yuong. Já Kaoru, quando não se encontra sozinho, está na companhia de Saito. Entretanto, as raras conversas entre eles são sempre produtivas, fato qual levou o irmão de Saori Tohara a revelar o seu amor por ela. Apenas para ele, Kaoru abriu seu coração. Pensando nisso, decide questionar:

– Será que o amor é uma maldição?

Assim que Jayden escuta essa pergunta, seus olhos se arregalam e são lançados para o seu autor. É a primeira vez, em tanto tempo de convivência, que seu amigo demonstra duvidar da força de um verdadeiro amor. Qual a razão, e por que logo agora?

– Hein, o que você acha? – insiste o loiro, fitando-o. – Será que o amor não é uma maldição? Veja o meu caso, acabei me apaixonando por minha irmã gêmea...

– Talvez... O amor é sempre tão controverso. – fala, em um tom deprimido – Devo confessar que me iludi muito com o que chamam de amor. Às vezes, chego a acreditar que ele nem existe de verdade... Pode ser que seja mesmo real, mas uma maldição de fato. Quem saberá, ao certo?

– Tudo isso me faz pensar no sentido da vida. – alega o outro, retornando seu olhar para o céu – Viver vale a pena quando a única certeza que temos é que vamos sofrer?

– Eu não sei. Ultimamente, minha fé nesse tal amor e na vida, estão perdendo a força. Nem sei no que devo acreditar...

– Acredite naquilo que seu coração pedir... – recomenda uma voz feminina.

Os dois garotos olham para trás. Sophia Cianno se aproxima e, sem pensar duas vezes, se assenta bem no espaço entre eles. De longe, Sayuri observa o trio, sem o interesse de interferir. Mas não por muito tempo, já que agora ela se afasta. Procurará por Lucy sozinha.

– Como assim no que meu coração pedir? – indaga Jayden.

– As pessoas sofrem. – fala a garota, sendo direta. – E isso me fazia sofrer também.

– Ao que se refere? – Kaoru se manifesta, sem encontrar sentido nas palavras de Sophia.

– Estou falando do amor. – afirma ela – O amor não pode ser levado como a cura divina e suprema, pois infelizmente ele também faz sofrer, apesar de que eu não sou uma grande perita nisso... Se pensarmos nele como a salvação extraordinária, podemos vir a sofrer ainda mais. Vejam bem: nós, humanos, somos como prédios ou casas.

– Prédios ou casas? – Jayden, com cara de quem está cada vez mais confuso.

– Sim. Como prédios e casas, precisamos de pilares para nos mantermos firmes. Esses pilares são tudo o que temos de mais valioso em nossa vida. Seja sonhos, amizades, amores... Seja o que for.

– É uma forma inteligente de se pensar. – opina o companheiro de quarto de Daisuke e Yuong. – Mas ainda não entendi aonde você quer chegar nos dizendo isso.

– Vocês acham que uma casa será firme e segura, sustentada apenas por um único pilar?

Os dois amigos pensam, pensam e pensam, mas não respondem. Qual seria a resposta ideal? Existe alguma?

– Não. – ela se antecipa, instantes depois de espera-los para ouvir algo, sem sucesso – Nem mesmo o amor pode levar credibilidade para ser um único pilar de alguém. Precisamos de outros pilares, pois quando as tribulações chegarem, estaremos firmes o suficiente para suportar.

– Então você concorda se eu disser que o amor é uma maldição? – lança Kaoru, analisando o frágil rosto da defensora dos animais.

– Claro que não. Isso pelo mesmo motivo por qual não devemos nos sustentar apenas nesse sentimento.

– E qual motivo é? – Jayden, mais uma vez.

Sophia inspira, absorvendo para si o ar ao seu redor, que entra por suas narinas, oferecendo-lhe uma gelada e prazerosa sensação. Afinal de contas, pedir a Sayuri que ela procurasse Lucy por conta própria, tendo como, então, conversar com a dupla de amigos... Sim, não foi uma escolha incorreta.

– O motivo é que nós somos amor.

A frase da garota se repete algumas vezes na mente de Jayden e na mente de Kaoru. Estaria ela certa ao afirmar tal coisa?

– Nós, humanos, temos a capacidade de desenvolver laços. Faz parte da nossa natureza se socializar e conviver com outras pessoas. Ter e viver o amor... É o que faz sermos humanos de verdade.

Sophia tem absoluta certeza no que diz. Talvez, há alguns dias atrás, ela não falaria tudo isso, por ter passado tanto tempo recusando o fato de que existe injustiça, sofrimento e tristeza no mundo. Entretanto, a convivência com pessoas como Tsubaki, Samasha, Senshi e até mesmo Nagashi fez com que a garota abrisse os seus olhos para a verdade: fugir da escuridão não fará com que ela deixe de existir. O que toda e qualquer pessoa precisa entender é que a melhor opção é lutar. É lutando que a legítima luz de um coração sobrepuja as mais obscuras trevas.

Antes, o mundo de Sophia era frágil, como se fosse feito de um delicado cristal. Ao mais simples toque, tudo poderia ruir. Não apenas ela, mas muitas são as pessoas que vivem em realidades sensíveis. Porém, as novas amizades conquistadas deram a jovem visionária o que lhe faltava para alcançar seus sonhos e transformar a sua própria realidade em um universo mais resistente: determinação.

– É preciso ter alguém ao seu lado. – declama ela. – Enquanto tiver com quem compartilhar seus sonhos, sua força de vontade jamais cederá.

– Resumindo: sem ninguém para nos apoiar e trilhar o caminho junto a nós, não somos humanos. E não sendo humanos, somos fracos para enfrentar a escuridão que há no mundo, ou até mesmo a que pode estar em nosso interior. – conclui Jayden. – Estou correto na minha interpretação?

– Isso mesmo, está sim. – confirma ela, entre risos.

– Você é bem esperta. – opina Kaoru, rindo como ela. – Até mais do que parece ser.

– Digamos que eu tenho “o dom da palavra”...

Mais risos, de ambos. Os segundos avançam, os minutos passam. Mas nem mesmo a ditadura do tempo é ameaça para o que os três pretendem continuar fazendo: observar o magnífico oceano celestial de estrelas. No qual cada brilho parece ser como um sorriso sincero, na caminhada chamada “vida”...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Abraços!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Kyodai - The Awakening Of Chaos (Interativa)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.